sexta-feira, 26 de agosto de 2022

TUBARÃO 3 (1983). Dir.: Joe Alves.

 

NOTA: 8.5



Em 1975, Steven Spielberg lançou Tubarão, que rapidamente, tornou-se o primeiro blockbuster da historia, arrecadando mais de US$ 100 milhões em bilheteria. O sucesso do filme inspirou a Universal a produzir uma sequência, lançada quatro anos depois, que também foi bem-sucedida. E quatro anos depois, o estúdio lançou uma nova sequência.

 

Podem me julgar, mas eu adoro TUBARÃO 3! Para mim, é o meu favorito da franquia Tubarão, porque foi o filme que eu mais vi quando era criança.

 

Talvez o motivo seja porque eu não me assustei tanto com ele como me assustei com o primeiro filme, até porque, este aqui tem um clima diferente. Ao contrario dos anteriores, que se passam em Amity Island, aqui a ação é transferida para a Flórida, para um parque aquático, uma espécie de Sea World.

 

Além disso, ao meu ver, o filme não tinha tantas cenas assustadoras assim, e o tubarão-fêmea não metia tanto medo assim também.

 

Bom, então, como puderam ver, eu gosto desse filme e me divirto toda vez que o vejo, principalmente com as cenas envolvendo o tubarão-fêmea, mais detalhes sobre isso adiante.

 

Conforme mencionado acima, Tubarão 3 estava em desenvolvimento pela Universal, inclusive, por Richard D. Zanuck e David Brown, os produtores dos dois primeiros filmes. Segundo Brown, a ideia original era fazer uma parodia do gênero, mais focada na comédia; eles tinham inclusive um título – Jaws 3 X People 0 - ; um roteiro – escrito por John Hughes, que pode ser encontrado na internet – e um diretor em mente – o diretor Joe Dante, que fez Piranha em 1978.

 

No entanto, as ideias de ambos foram descartadas e o filme foi mandado para o Limbo. Coube então ao roteirista Carl Gottlieb – que escreveu os dois primeiros – a tarefa de reescrever o filme, com ajuda do mestre Richard Matheson – autor de Eu Sou a Lenda. Entretanto, conforme mencionou em uma entrevista, Matheson declarou que suas ideias para o filme não foram aproveitadas, mas seu nome foi mantido. Por qual motivo, jamais saberemos...

 

O fato é que aqui temos um filme completamente diferente do que havia sido apresentado na franquia – tanto que existem teorias que dizem que o filme nem deveria ter se chamado Tubarão 3, por causa do distanciamento do Clássico de Spielberg.

 

Se isso é verdade ou não, não sei. O que eu sei é que este é um ótimo filme; tem seus problemas, tem, mas nada que impeça a gente de se divertir com ele, e não leva-lo tão a sério, como muitas pessoas devem fazer.

 

Vamos aos problemas. Em certo momento do filme, dois ladrões entram no parque para roubar corais e vender no mercado ilegal, mas acabam sendo mortos pelo tubarão. Certo. No entanto, tal evento nunca mais é mencionado, nem o veículo dos homens é apreendido ou encontrado... Então, não havia motivo para essa sequência toda estar no filme. Esse problema já foi apresentado em outros lugares, e eu concordo com quem o considera um furo de roteiro. Outro problema é o 3D, muito comum na época para filmes de terror que entravam em sua segunda sequência, conforme mencionei antes. Aqui temos o velho artificio de jogar coisas na lente, como gotas d´água e pedaços das presas do monstro. E quando um filme em 3D é convertido para 2D, em lançamentos em mídia física, o efeito na imagem fica muito estranho... No entanto, na minha opinião, os piores problemas são os golfinhos – Cindy e Sandy – e algumas cenas entre Brody e Kay, sua namorada. Os golfinhos se tornam quase onipresentes, chegando ao ponto de ajudar os protagonistas no final do filme... Além disso, Kay é muito apegada a eles. Eu entendo isso, mas acho que aqui ficou muito exagerado. E as cenas entre ela e Mike às vezes ficam muito forçadas também, tanto que eles não funcionam como casal.

 

Mas, deixando os problemas de lado, vou me concentrar no tubarão-fêmea agora. O monstro é a melhor coisa do filme, com seus 10m de comprimentos e fome por carne humana. Desde o seu surgimento – que demora um pouco – ela se mostra como uma máquina de matar, que não poupará ninguém que estiver em seu caminho. O design do animal também é muito legal, não lembrando nada o design de Bruce e seu colega Scarface. Eu particularmente gosto muito do tubarão-fêmea, e as cenas dela são as melhores, principalmente o pandemônio que ela causa no parque diante do público apavorado; o ataque a FitzRoyce também me agrada muito; e o final quase épico nas instalações do parque. Além da fêmea, também temos o seu filhote, que desencadeia toda a trama antes do surgimento da ameaça principal. Ele protagoniza um dos melhores momentos do filme, quando os personagens decidem leva-lo para o parque para estuda-lo, numa sequência de mergulho noturno arrepiante.

 

Mas o melhor fica após que a fêmea aparece, e provoca pânico e destruição no parque, começando pelos esquiadores diante do público e terminando nos tuneis. Eu adoro essa sequência, principalmente por causa dos gritos das pessoas ali presentes, algo que me agrada muito nos filmes – o medo do público impotente diante de uma situação de terror. A sequência nos tuneis também é muito legal, novamente com o pânico das pessoas.

 

Antes de encerrar, deixe-me comentar sobre os polêmicos efeitos dos tubarões. Eu pessoalmente não vejo nenhum problema com eles, visto que eram os efeitos comuns da época, principalmente por causa do orçamento limitado. E os efeitos no final do filme, considerados os piores da história, também são bem legais, com direito até a stop-motion. Hoje em dia temos efeitos especiais muito piores, em filmes muito piores.

 

Tubarão 3 estreou em 22/jul/1983, e foi bem de bilheteria, arrecadando US$ 88 milhões. Em compensação, as criticas foram – e continuam sendo – negativas, e o filme recebeu cinco indicações ao Framboesa de Ouro, incluindo a de Pior Filme. Chegou a ser lançado em VHS e DVD no Brasil, mas atualmente está fora de catálogo.

 

Enfim, Tubarão 3 é um filme muito divertido. Uma história de suspense com toques de claustrofobia, que diverte o espectador, apesar de seus defeitos.  Os efeitos especiais do tubarão são a melhor coisa do filme e rendem cenas muito legais e memoráveis. O meu filme de tubarão favorito. Muito divertido. Recomendado.



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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

O PERVERSO CLÉRIGO (H.P. Lovecraft).

 

NOTA: 8.5



Assim como já elogiei Stephen King várias vezes aqui, também faço meus elogios a H.P. Lovecraft, o autor que o inspirou.

 

Mesmo não tendo seguido o caminho de novelista, Lovecraft era um mestre na arte de contar pequenas historias, sejam elas bem pequenas ou grandes, até.

 

O PERVERSO CLÉRIGO é mais um exemplo de uma historia pequena, mas que consegue prender o leitor.

 

Em poucas paginas, Lovecraft cria uma trama de mistério que rapidamente se transforma em algo inusitado, e leva, tanto o leitor, quanto o seu protagonista, para um caminho sem volta.

 

Pois bem, é isso que acontece com o protagonista – cujo nome nunca é revelado, como de praxe nas tramas do autor – que vai narrando a sua chegada ao sótão, até seu encontro com entidades de outra dimensão, pelo menos, é a minha interpretação; mas isso também não impede de ser uma historia de fantasma.

 

Mas o fato é que o básico da trama é esse. O protagonista entra no sótão, encontra um pequeno objeto e por fim, após tocá-lo, depara-se com o horror.

 

O melhor fica para o final, com plot-twist de cair o queixo ou provocar arrepios.

 

Mas o mais interessante é o mistério presente aqui. Ao meu ver, temos aqui outro caso de um objeto ou lugar maldito, que traz azar para quem estiver com ele. Essa foi a sensação que o conto me passou, visto que o personagem do velho sabia a respeito daquelas entidades, principalmente da entidade que dá nome ao conto. Um mistério assustador, devo dizer.

 

Mas, enfim, O Perverso Clérigo é um ótimo conto de terror, com uma atmosfera de mistério que vai aumentando à medida que a historia avança. A escrita de Lovecraft é o grande atrativo, e o autor prova que mais uma vez consegue contar uma grande historia, mesmo com poucas paginas. 



H.P. LOVECRAFT

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terça-feira, 9 de agosto de 2022

O BICHO-PAPÃO (Stephen King).

 

NOTA: 8.5



Eu já disse várias vezes que Stephen King é um mestre na arte de contar histórias, seja através de livros ou contos.

 

O BICHO PAPÃO, presente na antologia Sombras da Noite, é mais um exemplo da sua genialidade. E que conto.

 

Em poucas páginas, ao autor foi capaz de escrever uma historia verdadeiramente arrepiante, capaz de nos provocar pesadelos.

 

Tudo começa na base da sugestão, narrada pelo protagonista, um homem atormentado pela morte de seus três filhos. Deitado no divã de um psiquiatra, ele vai contando tudo sobre sua vida, desde de seu casamento prematuro, passando pelo nascimento dos filhos e concluindo com suas mortes trágicas; e bem trágicas.

 

A princípio, parece que vamos ler uma historia sobre alguém que assassinou os filhos, conforme ele mesmo diz no começo, mas, conforme a leitura vai avançando, vamos descobrindo que se trata de muito mais. O homem é atormentado por uma criatura que seus filhos chamam de “Bicho-Papão”. E segundo ele, foi o monstro o responsável pela morte dos filhos. E o autor também faz questão de mostrar o quão desagradável é o protagonista, graças a suas opiniões controversas sobre certos assuntos; o que também não nos faz ser tão solidários com ele.

 

E a medida que vamos lendo, vamos mergulhando ainda mais nessa historia de horror, com o personagem contanto em detalhes como os filhos morreram e como ele os encontrou. Eu pessoalmente fiquei arrepiado, visto que o autor não nos poupa de cenas tensas.

 

E de fato temos cenas bem tensas aqui, principalmente que o protagonista descreve os elementos associados ao monstro: um som estranho, um odor peculiar... Tudo descrito com a maestria do Mestre Stephen King. E o melhor ele deixa para o final, mas não vou entrar em detalhes para não entregar spoilers.

 

Enfim, O Bicho-Papão é um conto muito bom. Uma pequena historia de horror com cenas dignas de pesadelos, tudo contado com a maestria que somente Stephen King possui. Uma historia rápida, mas arrepiante, que prende o leitor desde as primeiras linhas e o deixa largar até o final. Um ótimo conto de horror. Altamente recomendado.


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terça-feira, 2 de agosto de 2022

O GATO DE NOVE CAUDAS (1971). Dir.: Dario Argento.

 

NOTA: 9.5



Entre 1970 e 1971, o diretor Dario Argento lançou sua Trilogia dos Animais, que se tornaram um marco no Giallo italiano.

 

O GATO DE NOVE CAUDAS é o filme do meio dessa trilogia, e o meu favorito, embora não seja melhor do que o anterior, o Clássico O Pássaro das Plumas de Cristal (1970).

 

Por que é o meu favorito? Bem, o principal fator é a relação entre os protagonistas, o jornalista Carlo Giordani, e o criador de enigmas Franco Arnò, interpretados por James Franciscus e Karl Malden, respectivamente. Mas não é só isso.

 

O filme é um dos mais bem dirigidos pelo diretor, que aqui começou a apresentar algumas de suas características da carreira. Além disso, temos também uma das melhores variações do Giallo clássico, visto que aqui, não temos a presença das luvas pretas. Conforme mencionei em outras resenhas, eu gosto das variações do gênero, mas prefiro muito mais o clássico, com as clássicas luvas pretas e a navalha. No entanto, O Gato de Nove Caudas me agrada muito por ser um filme do mestre Argento, considerado um dos principais nomes do gênero.

 

Esse é o truque. Eu já vi algumas variações do Giallo, algumas dirigidas por especialistas, mas elas não me agradaram muito. Este aqui é diferente, porque estamos vendo o nascimento do gênero pelas mãos de Dario Argento, então, a meu ver, tais alterações são bem-vindas.

 

Além disso, temos também os personagens, que são muito criveis e simpatizantes, e quando algum morre, é um pouco triste até, porque todos possuem sua importância para a trama. Os melhores são os quatro protagonistas, principalmente a menininha Lori, que acompanha Arnò o tempo todo, porque o personagem é deficiente visual.

 

Além de um Giallo, temos aqui também um filme com elementos de espionagem, visto que após a invasão no instituto, todos começam a suspeitar que foi algo envolvendo espionagem, porque uma das pesquisas era muito secreta, e poderia trazer problemas – a existência do cromossomo XYY, que poderia levar o ser humano a desenvolver tendências criminalísticas, algo que o próprio diretor e o roteirista Dardano Sacchetti pesquisaram antes de desenvolver o roteiro.

 

E a trama toda se desenvolve a partir dessa invasão, porque a partir daí, temos o Giallo clássico, com inúmeros suspeitos, cujas peças vão se encaixando aos poucos, até a conclusão, onde o culpado é revelado. Eu confesso que fiquei surpreso na primeira vez que vi o filme, pois eu não sabia que aquele personagem era o culpado, algo que o gênero faz com maestria, independente do cineasta.

 

E como de costume, temos também os personagens estranhos e engraçados: o barbeiro; Gigi, um ex-condenado especialista em arrombamentos; Morsella, o detetive que adora falar sobre receitas; e alguns dos cientistas do instituto, como por exemplo, o Dr. Braum, que se torna um dos principais suspeitos. Desses personagens, os meus favoritos são Morsella e Gigi, o Perdedor, porque eles protagonizam as cenas mais engraçadas do filme.

 

Temos também o elemento do romance, que se desenvolve entre Giordani e Anna, a filha do dono do instituto, o Dr. Tersi. Pode parecer meio obvio que os dois acabariam se envolvendo, mas eu gosto, acho muito bacana. Os dois protagonizam uma das melhores cenas do filme, uma perseguição de carro por toda a cidade, apenas para despistar a polícia.

 

Mas o que mais impressiona é a técnica. Diferentemente do que veríamos no futuro, aqui temos um Argento ainda em fase de desenvolvimento como cineasta, com seus truques de câmera para simular a presença do criminoso, no caso, a câmera em POV e closes nas pupilas, algo que seria recorrente em sua filmografia. Com sua câmera, o diretor cria cenas verdadeiramente carregadas na tensão, visto que nunca vemos a figura do criminoso, nem mesmo quando há a presença de objetos, como cigarros e seringas, por exemplo. A câmera em POV seria também utilizada por outros diretores nos Gialli futuros, e acabou se tornando também uma característica do gênero; tanto que acabou migrando para os EUA nos Slashers.

 

Além de tudo isso, temos também a relação entre os protagonistas, para mim, a melhor coisa do filme. Desde o primeiro encontro, os dois personagens se dão super bem, e rapidamente começam a investigar o ocorrido, mesmo que isso signifique correr riscos. Como eu disse, é a melhor coisa do filme, e uma inspiração para mim como escritor, porque me lembra de dois personagens que eu e meu irmão criamos quando éramos crianças. Inclusive, essa é outra característica do gênero. Os dois não são policiais e decidem bancar os detetives, porque nos Gialli, a polícia nunca é eficiente, e cabe ao protagonista descobrir a identidade do criminoso. O melhor momento é quando Giordani pede ajuda ao seu amigo Gigi para entrar na casa de Tersi a fim de descobrir alguma pista.

 

E como em todo Giallo, temos as cenas de morte. Aqui, como de costume, o diretor Argento transforma as mortes em espetáculos visuais, principalmente a cena do trem, violenta ao extremo. Mas não se engane, são cenas muito boas de se ver, e o diretor começa a dar os primeiros passos em direção às cenas de assassinatos grandiosos.

 

Não posso concluir essa resenha sem falar da cena mais tensa do filme inteiro, a cena do cemitério. Em determinado momento, Arnò se lembra do relógio que a noiva de uma das vítimas usa, e conclui que ali pode estar a peça-chave do enigma. Então, ele e Giordani vão ao cemitério encontrar o relógio, o que culmina na cena com o jornalista trancado dentro da cripta escura. Mesmo sendo uma cena que dura poucos minutos, é uma cena muito tensa, pois dá para sentir o medo no protagonista. Segundo o roteirista Sacchetti, a cena lhe serviu de inspiração para criar outras cenas tensas no futuro.

 

Como mencionado acima, O Gato de Nove Caudas é o filme do meio da Trilogia dos Animais, produzida entre 1970 e 1971, com todos os filmes dirigidos pelo mestre Dario Argento, que se tornaram clássicos em sua filmografia e no gênero Giallo.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo na coleção A Arte de Dario Argento, em versão restaurada com áudio em italiano.

 

Enfim, O Gato de Nove Caudas é um filme excelente. Uma história de mistério com toques de espionagem e cenas de ação que o deixam ainda mais divertido. Um verdadeiro quebra-cabeça, onde as peças vão se juntando aos poucos e revelando o mistério para o espectador. Aqui, temos ainda um Dario Argento em fase de desenvolvimento cinematográfico, mas que mostra sua capacidade como cineasta. Um dos melhores filmes do diretor e um clássico dos Gialli italianos.


Créditos: Versátil Home Vídeo

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O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA – O RETORNO (1995). Dir.: Kim Henkel.

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