segunda-feira, 31 de maio de 2021

CRUELLA (2021). Dir.: Craig Gillespie.


NOTA: 10



Devo dizer que desde o seu surgimento, no começo da década passada, os novos live-actions da Disney tem dado o que falar. Até o presente momento, fomos presenteados com novas versões das animações clássicas do estúdio, algumas boas e outras ruins. No entanto, uma coisa é justa: todos foram sucesso de bilheteria.

 

Pois bem, hoje vou falar sobre um deles, de cara, um dos melhores: CRUELLA (2021), filme de origem de uma das maiores vilãs do estúdio.

 

O que posso dizer sobre ele? Bem, vou ser direto. É um filme espetacular! Sem duvida, um filme onde tudo contribui a seu favor, e consegue deixar qualquer um de queixo caído.

 

Cruella é magnifico, um verdadeiro show de extravagância, cores, luzes, e, principalmente, estilo. É sério. Quem conhece a personagem sabe que ela tem estilo sobrando para dar e vender, mas, ter a oportunidade de ver de onde tudo surgiu e como começou é uma experiência única. Ou seja, Cruella é um filme de origem.

 

Todos nós sabemos que são filmes de origem, e, francamente, alguns são até dispensáveis. Mas, esse não é o caso. Confesso que Cruella é aquela personagem que não precisa ter seu passado mostrado, mas, aqui, eles conseguiram fazer isso de uma forma brilhante, sem apelar para o óbvio. E o melhor, não transforma a personagem em uma vítima, ou sugere que ela no fundo é incompreendida. Não. Aqui, temos a verdadeira Cruella De Vil, a Rainha da Maldade, esbanjando glamour e... crueldade.

 

Eu confesso que desde o primeiro trailer, a minha empolgação estava lá em cima, e após assistir ao filme, eu pude ver que eu estava certo. O filme é tudo aquilo que prometeu e um pouco mais. É divertido, tenso, dramático, engraçado e cheio de ação. E não passa pano nas maldades de sua protagonista, conforme mencionado. E no fundo, está certo. Se uma personagem é má, deve-se mostra-la como tal, e não tentar apresentar um argumento fajuto de que ela foi mal interpretada.

 

O que temos aqui é o nascimento daquela Cruella que nós conhecemos e amamos, sempre esbanjando glamour e estilo com toda a pompa. E que estilo. Os figurinos são espetaculares, cada um melhor que o anterior. Um verdadeiro desfile na tela, literalmente.


A direção de arte e o design de produção também merecem pontos. A Londres da década de 70 é muito bem retratada, toda colorida e exuberante.


E a própria direção é fantástica. O diretor Gillespie fez um excelente trabalho e arrancou performances inspiradas de seu elenco, principalmente de Emma Stone e Emma Thompson, nos papeis de Cruella e da Barones, respectivamente. Ambas as atrizes brilham nos papéis, assim como o restante do elenco.

 

Devo dizer que o filme respeita, e muito, os materiais de origem, no caso, a animação de 1961, e o livro de Dodie Smith, sem apelar para easter eggs forçados. Aqui, temos, sim, easter eggs, mas são aqueles easter eggs respeitosos, que aparecem porque devem aparecer, e não para lucrar em cima do material original. Além disso, o roteiro não dá quase nenhuma dica explicita a respeito da historia original, apenas apresenta seus personagens principais, mas não dá tanto destaque; então, sim, aqui temos Roger e Anita, mas eles são reduzidos a coadjuvantes, uma decisão mais do que acertada. E quem conhece a história, seja da animação, seja do live-action de 1996, sabe que Cruella e Anita têm uma relação de longa data, algo mostrado aqui de maneira rápida, mas também acertada.

 

E o que é de Cruella sem os dálmatas? Bom, não espere os 101 dálmatas da história original. Aqui, nós temos apenas três, e já é o suficiente para estabelecer a relação da vilã com eles. Aliás, relação essa que vem desde o passado, conforme mostrado no prólogo.

 

Aliás, o prólogo é outro acerto do roteiro, mostrando o passado conturbado da protagonista, sua relação com as pintas e como conheceu seus capangas, Horácio e Gaspar. Inclusive, o roteiro adota uma sacada que, acredito eu, nunca havia sido abordada antes: Cruella, Horacio e Gaspar se conhecem há muito tempo e são velhos parceiros no crime.

 

Aliás, crimes é o que não faltam, principalmente roubos. Então, além de ser um filme origem, é um filme sobre roubos, no melhor estilo do gênero, e do tipo que empolga.

 

Eu confesso que fiquei empolgado nas cenas de ação, justamente porque elas são muito bem feitas. E o que seria de Cruella sem um pouco de ação, não é? Vimos isso na animação e também nos dois live-actions. E mais uma coisa: não espere cenas para crianças, porque temos algumas que realmente não são apropriadas para menores – mas sem nada muito pesado.

 

Para finalizar, vou repetir: o filme cumpriu as minhas expectativas e as superou desde a primeira cena.

 

Enfim, Cruella é um filme excelente. Divertido, empolgante, engraçado, dramático e cheio de ação. Figurinos espetaculares, combinados com uma direção de arte maravilhosa, uma direção firme e um elenco afiado, formam uma excelente combinação e criam um filme que enche os olhos. Maravilhoso e cheio de surpresas e diversão. Excelente. 





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quinta-feira, 27 de maio de 2021

DRÁCULA – O PRÍNCIPE DAS TREVAS (1966). Dir.: Terence Fisher.


NOTA: 10



Entre 1958 e 1974, a Hammer Films produziu uma série de filmes protagonizados pelo Conde Drácula, criado pelo escritor Bram Stoker. Ao todo, foram nove filmes, sete deles estrelados pelo grande Christopher Lee, no papel que o consagrou como astro do horror. Somente dois filmes não contaram com o astro no elenco.

 

DRÁCULA – O PRÍNCIPE DAS TREVAS, o terceiro filme da série, é o segundo filme que contou com o astro no elenco. Lançado em 1966 e dirigido por Terence Fisher, em seu último envolvimento com a série, este é o melhor filme de todos os nove, melhor até que o primeiro filme, O Vampiro da Noite (1958). E motivos para isso não faltam.

 

É um filme muito bem feito, com todo o charme presente nos dois filmes anteriores, além de contar com uma ótima direção e ótimos atores. Impossível encontrar um defeito, mesmo porque eles não existem.

 

É um filme onde tudo acontece na hora certa, sem apelar para sustos artificiais e efeitos especiais duvidosos. Pelo contrário, aqui temos um verdadeiro filme de terror gótico, com tudo que o gênero soube trazer para nós.

 

A começar pela atmosfera. O filme tem aquela atmosfera interiorana que é sempre muito agradável e convidativa e que parece ficar melhor a cada revisão. Em seguida, quando os personagens já estão dentro do castelo, temos aquela atmosfera de medo e mistério que nunca vai embora, e depois, retornamos para a atmosfera anterior.

 

Outra coisa que torna o filme espetacular é a direção de arte. O castelo do conde é o melhor cenário do filme, com sua ambientação isolada e abandonada, mas mesmo assim, banhada na cor vermelha. O mosteiro também é um dos melhores, principalmente o escritório do Padre Sandor, que possui um aspecto familiar. E as paisagens também não ficam atrás, com a floresta e a choupana. Realmente, é o tipo de coisa que não se vê mais hoje em dia.

 

E claro, não posso deixar de citar o elenco. O diretor Fisher é um ótimo diretor de atores, e soube arrancar atuações realistas de seus interpretes; nenhum dos atores atua de maneira forçada ou caricata e os personagens são realmente criveis. No entanto, quem rouba a cena, é o astro Christopher Lee, em sua melhor interpretação do conde. Mesmo com pouca presença em tela, Lee conseguiu criar o melhor Drácula da série, com seu ar maligno e perverso. E o melhor, ele não precisou dizer nada. Diz a lenda que o astro não gostou do roteiro, e aceitou participar do filme apenas com a condição de que iria aparecer depois de 50 minutos de rodagem e que não diria uma palavra. Bem, dito e feito. O conde aparece somente após a metade do filme, mas enche a tela com sua presença. Maravilhoso, sem dúvida.

 

E o astro protagonizou cenas memoráveis. Minha favorita é quando ele sai do castelo atrás da mocinha, com a capa voando com o vento e se abrindo como asas de morcego. Uma cena que mostra a elegância do ator e do personagem. E como de costume, temos também o Drácula sedutor, que hipnotiza suas vítimas antes de ataca-las e cobre-se com a capa quando vai mordê-las. O Drácula Clássico.

 

Bem, como mencionado, esses são os atributos que fazem deste um grande filme de terror, e um dos melhores filmes de vampiro de todos os tempos.

 

Foi lançado em DVD no Brasil em três ocasiões. As duas primeiras, em edições individuais; a terceira, no Box Drácula – The Ultimate Hammer Collection. Lá fora, foi lançado em Blu-ray duas vezes, em versões maravilhosamente restauradas e coloridas.

 

Enfim, Drácula – O Príncipe das Trevas é um filme excelente. Uma obra assustadora e fascinante, com cenas que prendem a atenção e enchem os olhos. Christopher Lee entrega sua melhor atuação como Drácula, sem a menor dúvida. O melhor filme da série do Drácula da Hammer Films, e um dos melhores filmes do estúdio, com todo o charme que somente eles sabiam fazer. Altamente recomendado.



 

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FARSA TRÁGICA (1964). Dir.: Jacques Tourneur.


NOTA: 9.5 



Não há dúvidas que a American International Pictures foi responsável por alguns dos melhores filmes de terror dos anos 60, muitos deles, parte do fantástico Ciclo Edgar Allan Poe, de Roger Corman, estrelados por Vincent Price.

 

Pois bem, hoje vou falar sobre um dos filmes do estúdio, que não faz parte do Ciclo Poe, mas é estrelado por Vincent Price e por outros grandes atores do cinema de horror: FARSA TRÁGICA (1964), dirigido por Jacques Tourneur, responsável pelo clássico Sangue de Pantera (1942). Devo dizer que este é um dos melhores filmes de terror que já tive o prazer de assistir.

 

Justamente por ser uma produção da A.I.P., de James H. Nicholson e Samuel Z. Arkoff, que, como já comentei em outras resenhas, trouxe de volta o terror gótico para o cinema, e este aqui é um de seus melhores exemplares. Mas espere, não vá encontrar castelos empoeirados a beira-mar; pelo contrário. Aqui nós temos uma pequena comunidade da Nova Inglaterra como cenário, mais precisamente, uma casa funerária, administrada pelo Sr. Trumbull e pelo Sr. Gillie, dois agentes funerário completamente idiotas.

 

Sim, esta é uma comédia de horror, e uma das melhores, graças ao roteiro inspirado, que coloca os momentos cômicos na hora e na medida certas, quase sem apelar para exageros. Mas não se engane, pois mesmo se tratando de uma comédia, ainda assim, este é um filme de terror com tudo que tem direito.

 

A começar pela própria ambientação. A história toda se passa dentro da casa funerária de Trumbull e Gillie, além de conter cenas ambientadas no cemitério envolto em nevoas e em casarões antigos; dois dos principais elementos presentes no terror gótico daquela época. E além disso, temos também um elemento importante que configura no gênero, um morto que volta à vida, não como zumbi, mas por se tratar de alguém catalético. E todos esses elementos funcionam muito bem, porque cada um tem o seu proposito dentro da história.

 

O roteiro de Richard Matheson é afiado, conforme mencionado acima e consegue divertir e assustar na medida certa. E temos grandes cenas de humor, todas protagonizadas por Price, que entrega uma ótima atuação, sendo perverso e engraçado – principalmente engraçado – ao mesmo tempo. O restante do elenco também é inspirado e não parece caricato nunca.

 

Temos também a direção de Jacques Tourneur, especialista no gênero, responsável por filmes memoráveis, muitos deles produzidos pela RKO. Tourneur se mostra um grande diretor, e conseguiu criar cenas ótimas, principalmente por conta do orçamento da qual dispunha. Devo destacar também a direção de arte, que criou cenários fabulosos, principalmente o cemitério e as mansões grandiosas.

 

Mas, vamos falar do humor. Conforme mencionei, o humor deste filme é mais focado nos diálogos e atuações do que em ações, então, não espere muitas pessoas caindo e tropeçando – temos isso, sim, mas não aos montes. Ao invés disso, os atores são os responsáveis por arrancar risos do espectador, especialmente Price, que se mostrou um grande ator de comédia. Suas cenas são impagáveis, com destaque para a cena do jantar após o funeral que deu errado. Toda vez que eu assisto, eu dou risada, porque é muito engraçada mesmo. Há outros momentos assim, mas esse é o meu favorito.



 

Outra coisa que merece destaque é o elenco, formado por grandes astros do horror. Além de Price, temos também Peter Lorre, Basil Rathbone, Joe E. Brown, e Boris Karloff. Loree, Rathbone e Karloff são velhos conhecidos do gênero. Lorre estrelou o clássico M (1931), de Fritz Lang; Rathbone interpretou Sherlock Holmes no cinema em 14 produções, entre elas, O Cão dos Baskerville (1939) e Boris Karloff... Karloff tornou-se famoso pela sua interpretação como a Criatura em Frankenstein (1931), de James Whale. Então, é, ou não é um elenco de astros do horror? E como já mencionei, todos estão perfeitos nos papeis, principalmente Karloff como o velho Amos Hinchley, e Rathbone como o Sr. Black, o dono do imóvel que recita Macbeth antes de dormir. Eles também têm suas cenas hilárias, principalmente no final do filme.

 

Como em toda comédia, aqui temos velhos truques para tornar o filme mais engraçado, sendo os mais utilizados, sons de assobios e baques; e o efeito de acelerar a cena, utilizado no início e no final do filme. Ambos os efeitos são bem executados e não soam artificiais.

Bem, conforme mencionado, esses são os aspectos que fazem desse um filme muito divertido e arrepiante na medida certa. É uma comédia cheia de erros – não erros técnicos, mas erros nas ações dos personagens – que a deixam mais engraçada.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Obras-Primas do Terror – Vol.3, após anos fora de catalogo.

 

Enfim, Farsa Trágica é uma verdadeira comédia de horror. Grandes astros do terror, juntos em uma história muito engraçadas, cheia de erros, trapalhadas, personagens idiotas e sustos. Um filme de terror gótico, com tudo que tem direito. Diverte sem apelar para truques. Muito bem feito, assustador e divertido. Excelente. 


Créditos: Versátil Home Vídeo


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quarta-feira, 26 de maio de 2021

AS PROFECIAS DO DR. TERROR (1965). Dir.: Freddie Francis.

 

NOTA: 8.5 



Desde sua fundação, em 1962, a Amicus tornou-se um dos maiores estúdios de cinema britânicos de todos os tempos, rivalizando com a Hammer Films. Porém, ao contrário da Hammer, o estúdio tornou-se especialista em produzir antologias de horror, apesar de lançar outros filmes, a maioria voltados para o horror. Ao total, foram sete antologias, todas maravilhosas.

 

AS PROFECIAS DO DR. TERROR foi a primeira delas. Lançado em 1965, foi dirigido por Freddie Francis, e estrelado por Peter Cushing, Christopher Lee e Donald Sutherland. O estúdio se inspirou no Clássico Na Solidão da Noite (1945), a primeira antologia lançada nos cinemas. Dr. Terror é uma das melhores antologias da Amicus e uma das minhas favoritas, e como todo exemplar do gênero, é composto por pequenas histórias, aqui, contadas pelo personagem título, interpretado por Cushing.

 

A primeira, Werewolf, fala sobre um arquiteto que retorna para a antiga casa de sua família, a fim de realizar reformas para o novo proprietário. Durante a reforma, ele descobre o tumulo de um antigo lobisomem, que acreditava estar desaparecido. Quando o lobisomem retorna, o arquiteto precisa correr para enfrenta-lo, antes que ele mate novamente. No entanto, o que ele não imagina é que outro lobisomem está mais próximo do que ele pensa.

 

Na segunda história, Creeping Vine, uma família retorna para sua casa após um período de férias. Rapidamente, o marido descobre que uma trepadeira está agindo de forma estranha, atacando a todos ao seu redor. Ele então recorre aos cientistas para descobrir o que está acontecendo. Quando um deles é morto pela trepadeira, a família se vê presa em sua própria casa, talvez sem a possibilidade de fuga.

 

Em Voodoo, um músico viaja com sua banda até as Antilhas, a fim de fazer um show num clube local. Após o show, o trompetista descobre a respeito de um deus local, e movido pela curiosidade, decide assistir a uma cerimônia, e acaba fascinado pela música tribal, e decide se apropriar dela, apesar dos avisos dos sacerdotes. Durante uma apresentação em Londres, coisas estranhas acontecem no clube, mas o músico não se intimida. No entanto, ele acaba descobrindo as consequências de seu ato.

 

Na história seguinte, Disembodied Hand, um severo crítico de artes é humilhado por um artista durante uma exposição. Tomado pelo ódio, ele o atropela, causando a perda de sua mão, levando-o a depressão e ao suicídio. Porém, o crítico passa a ser perseguido pela mão decepada do artista, o que traz consequências desastrosas.

 

A última história, Vampire, é sobre um médico recém-casado que retorna a Nova Inglaterra com sua esposa. No início, as coisas ocorrem bem, mas, logo um garotinho surge no consultório com estranhas marcas no pescoço, chamando a atenção de outro médico. Nas noites seguintes, novas coisas estranhas acontecem, levando o segundo médico a chegar a uma conclusão: o rapaz se casou com uma vampira. Hesitante, ele decide matá-la, mas não imagina as consequências terríveis de seu ato.

 

Uma antologia básica, não é mesmo? Com histórias curtas, com poucos personagens e que vão direto ao ponto, certo? Isso mesmo. Mas, o que faz desse um filme muito bom é a sua execução. Dr. Terror é um filme muito bem feito, com ótimos atores, um roteiro direto, e momentos verdadeiramente arrepiantes. É aquele tipo de filme que, mesmo sendo simples, consegue alcançar seu objetivo, e o faz muito bem.

 

Eu gosto muito desse tipo de filme, que faz uso de coisas e cenas simples para assustar o espectador, e a Amicus faz isso muito bem. Além disso, mesmo sendo dirigido por um único diretor, cada história apresenta um aspecto diferente, o que deixa o filme ainda mais atraente, e melhor a cada revisão. O diretor Freddie Francis conseguiu criar um filme digno de nota, colorido, divertido e assustador. O diretor é um antigo colaborador da casa, tendo sido responsável pela direção de A Maldição da Caveira (1965), As Torturas do Dr. Diabolo (1967), Contos do Além (1972), As Bonecas da Morte (1966), entre outros filmes do estúdio, além de ser o responsável por Drácula – O Perfil do Diabo (1968) e O Monstro de Frankenstein (1964), da Hammer. Um especialista no gênero.

 

Eu sou um admirador de antologias, justamente por conta da simplicidade. São filmes de longa-metragem, mas que contam com histórias curtas, com poucos personagens, e que conseguem contar muito mais do que um filme próprio. E tudo era feito da forma mais simples, mas real possível, capaz de prender a atenção do espectador, e assustá-lo sem fazer muito esforço. E o mais interessante, é que cada história parece transitar em gêneros diversos, apesar do filme como um todo ser um filme de terror, o que também é muito comum nas antologias, principalmente nas antologias que eu já vi.

 

E claro, contavam com um grande elenco. Aqui, nós temos a dupla de cavalheiros do terror, Christopher Lee e Peter Cushing, além de Michael Gough, e Donald Sutherland, e cada um tem seu próprio mérito, principalmente Cushing, que entrega uma performance arrepiante como o Dr. Terror, o vidente que prevê o futuro dos quatro homens dentro da cabine, futuros terríveis, diga-se de passagem. Dos quatro personagens, o melhor é o Sr. Marsh, o crítico de arte interpretado por Lee, arrogante e cético até o ultimo fio de cabelo, até mesmo quando tem seu futuro revelado pelo doutor. Os outros personagens também são muito bons, cada um com sua peculiaridade.

 

E as histórias? As histórias também são muito boas, cada uma a sua maneira. Como é de praxe nas antologias, temos histórias assustadoras e quase sempre uma história absurda, e aqui não é diferente. As minhas favoritas são a primeira e a última, que falam sobre lobisomens e vampiros, respectivamente. E como acabei de dizer, tudo feito de maneira simples e rápida, mas eficiente.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Obras-Primas do Cinema, na coleção Amicus Productions – Vol.2, em versão remasterizada.

 

Enfim, As Profecias do Dr. Terror é um filme muito bom, que consegue assustar o espectador sem esforço. Uma das melhores antologias de terror, produzidas de maneira simples, mas eficiente, que conta uma ótima direção e um elenco de estrelas. Um clássico da Amicus Productions e um de seus melhores filmes. Altamente recomendado. 


Créditos: Obras-Primas do Cinema


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sexta-feira, 7 de maio de 2021

SEXTA-FEIRA 13 - PARTE 2 (1981). Dir.: Steve Miner.

 

NOTA: 9



Segundo os produtores do primeiro Sexta-Feira 13, nunca houve a intenção de produzir uma sequência, muito menos de apresentar o personagem Jason, uma vez que no primeiro filme, quem distribui as facadas é sua mãe, Pamela Voorhees, que estava disposta a se vingar dos conselheiros pela morte de seu filho. Bom, até aí, tudo bem, mesmo porque o primeiro filme tinha uma história redondinha, com começo, meio e fim. No entanto, como sabemos, o final dá uma dica para uma possível continuação, agora focada no garoto que se afogou em Crystal Lake.

 

Bom, dito e feito. No ano seguinte ao lançamento de Sexta-Feira 13, fomos brindados com a sequência. Mas não se engane. SEXTA-FEIRA 13 – PARTE 2 é tão bom quanto o primeiro, e o melhor de tudo, seguiu os passos do primeiro e se tornou um filme ainda focado na tensão e no suspense, ao invés do banho de sangue. Mas isso não significa que o filme não tenha sangue. Mas, vamos falar sobre isso adiante.

 

O fato é que o filme é um dos melhores da franquia, e o meu favorito, talvez por ser um dos primeiros que eu vi, não me recordo bem. Mas seja como for, é um filme que eu gosto muito e me divirto toda vez que assisto.

 

Mas por que ele é tão bom? Pessoalmente, além dos detalhes mencionados acima, eu diria que é porque é bem escrito e bem dirigido, além de contar com bons atores que dão vida a personagens convincentes; mas, principalmente, eu diria que o filme é muito bom por causa de Jason, aqui em sua primeira aparição real na franquia. Mas, vamos por partes.

 

O roteiro, escrito por Ken Rutz, é redondo, com uma ótima trama focada no suspense nos primeiros atos, para depois focar nos assassinatos, assim como foi feito no primeiro filme. Como eu já disse várias vezes, é um tipo de filme de terror que eu gosto muito, uma vez que prepara o espectador para o que virá no futuro, e constrói o suspense de maneira convincente. Infelizmente, como sabemos, não é mais assim que se faz filmes de terror hoje em dia, então, é um ponto positivo. Outro é a direção de Steve Miner, aqui estreando. O diretor conseguiu fazer um ótimo trabalho, e as cenas são muito bem dirigidas, com ótimos enquadramentos e planos abertos. O elenco também não fica atrás. Assim como no primeiro filme, aqui, nós temos personagens bem escritos, que se parecem muito com pessoas que vemos no dia-a-dia. Novamente, é outra coisa que faz falta no cinema de terror atual – salvo algumas exceções. No entanto, a melhor personagem é a protagonista, Ginny, interpretada por Amy Steel. Ela é uma ótima personagem, e protagoniza as melhores cenas do filme, principalmente no final, quando fica cara a cara com Jason. Com certeza, é a melhor final girl da franquia.


No entanto, o melhor mesmo é o Jason, e já em sua primeira aparição oficial na franquia, ele está em sua melhor forma. Ao contrário do que veríamos nos filmes seguintes, principalmente após o ator Kane Hodder ter assumido o papel, aqui nós temos um Jason mais caipira, que vive no mato, numa casa improvisada, que usa um macacão e camisa xadrez. Não sei os demais fãs, mas eu gosto mais desse visual do personagem. Além disso, temos também um Jason atlético, que corre pela mata atrás de suas vítimas – assim como foi feito nos dois filmes seguintes – diferente o brucutu que anda calmamente até chegar às vítimas. E claro, não posso deixar de mencionar que, aqui, ele não está com sua clássica máscara de hóquei; ao invés disso, ele adota um saco na cabeça, com um buraco para o olho, e também não temos o clássico facão; temos aqui diversas armas, sendo as mais populares um forcado e uma picareta. E por fim, o rosto do vilão é o melhor da franquia inteira. Sem dúvida, aqui nós temos o melhor visual do personagem de toda a franquia.

 

Esses são os pontos positivos do filme. Devo também mencionar os efeitos especiais e as cenas de mortes. Infelizmente, aqui não pudemos contar com o mestre Tom Savini, mas o responsável pelos efeitos também fez um ótimo trabalho, e criou cenas de mortes memoráveis, com destaque para a cena da lança, completamente chupada do clássico Banho de Sangue (1971), do Maestro Mario Bava, além da cena da facada no rosto, também chupada do filme de Bava. Sim, o filme não tem muitas cenas de mortes, mas elas são muito boas, por causa dos efeitos especiais e da maneira como foram filmadas. No entanto, infelizmente, elas sofreram cortes da censura, talvez para evitar uma classificação indicativa maior, coisa muito comum na época. Hoje em dia, essas cenas podem ser encontradas na internet.

 

Mas apesar disso, Sexta-Feira 13 – Parte 2 é um filme muito bom, e além de contar com ótimas cenas de mortes, também conta com cenas bem tensas, principalmente no final. Assim como foi feito no primeiro filme, aqui foram utilizadas câmeras objetivas para simular o POV do assassino, e apenas suas mãos foram mostradas em cena, com uso de planos detalhes e enquadramentos estratégicos, para depois mostrar o vilão por completo nos momentos finais. Além disso, a cena em que a protagonista vê o personagem se aproximando de sua casa por uma janela é arrepiante e me dá calafrios toda vez que eu vejo. Tais técnicas foram utilizadas também nos dois filmes seguintes.

 

Assim como o anterior, foi distribuído pela Paramount, que possuía dos direitos da franquia, e foi distribuído no exterior, inclusive aqui no Brasil, pelo estúdio, ao contrário do que aconteceu com o primeiro. Foi lançado em VHS e DVD por aqui, mas atualmente está fora de catálogo. Lá fora, recentemente foi lançado em um box gigante em Blu-ray com todos os filmes da franquia; se tal box chegará aqui, talvez nunca saberemos.

 

Enfim, Sexta-Feira 13 – Parte 2 é um filme muito bom. Uma história redonda, com cenas de mortes memoráveis e momentos de pura tensão, que conta também com uma ótima direção. Um dos melhores da franquia, que fica melhor a cada revisão. A primeira aparição oficial de Jason Voorhees na franquia, em sua melhor forma. Um ótimo exemplo de uma continuação que não fica atrás do filme original e consegue ser tão boa quanto. Altamente recomendado.




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O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA – O RETORNO (1995). Dir.: Kim Henkel.

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