sábado, 20 de abril de 2024

LEATHERFACE – O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA III (1990). Dir.: Jeff Burr.

 

NOTA: 6


Em 1990, a franquia O Massacre da Serra Elétrica foi parar nas mãos da New Line Cinema, e o estúdio lançou LEATHERFACE – O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA III, com direção de Jeff Burr, que teve como objetivo dar uma mudança na franquia.

 

E foi aí que os problemas começaram, ao meu ver.

 

O Massacre III é um filme confuso na sua concepção, porque ele não sabe se quer ser um remake, ou um reboot, ou uma continuação do Clássico de Tobe Hooper, e isso já fica evidente já no texto de introdução, onde o narrador nos conta o que aconteceu com Sally Hadersty, a protagonista do filme original, e aparentemente, esquece o que aconteceu no filme anterior.

 

Na minha opinião, isso não ajuda, porque, em certo momento, o filme fica com cara de remake, porque apresenta as mesmas situações vividas pelos personagens do filme de Hooper, em especial na sequência do posto de gasolina.

 

Passada a cena do posto, somos apresentados a uma história diferente, mas, ainda assim, com os seus problemas, conforme mencionado acima.

 

O maior problema disso tudo é a presença de Leatherface, que, como nós sabemos, passou por maus bocados no final de O Massacre 2, e o roteirista aparentemente se esqueceu desse detalhe, ou então, o estúdio encomendou um reboot – ou um remake – mas, o mesmo roteirista apresentou elementos vistos anteriormente na franquia.

 

Então, qual é a desse filme?

 

Mas, apesar do grande problema, eu ainda acho que é um filme bom, visto que ainda consegue divertir e provocar um pouco de medo, principalmente porque temos que levar em conta que essa franquia não envolve nada de sobrenatural, e sim, o terror real.

 

A sequência de perseguição na floresta é a mais tensa do filme, porque nós não sabemos aonde está o assassino, nem quando ele vai atacar, então, ficamos com o coração batendo de medo, enquanto os personagens procuram se salvar do maníaco da motosserra.

 

Os personagens são interessantes também, mas o melhor deles é o personagem Benny, interpretado por Ken Foree, um nome conhecido do gênero. Seu personagem foi um soldado que se tornou especialista em sobrevivência, e faz de tudo para escapar da família canibal, ao mesmo tempo que tenta salvar a protagonista. A melhor cena é o confronto com o personagem do Viggo Mortensen, onde ambos soltam frases absurdas demais, que beiram ao engraçado.

 

A protagonista também funciona, e como de costume, ela passa por maus bocados nas mãos da família, e aqui, ela sofre – não tanto quanto a Sally, mas é quase isso. Ela é aquele típico personagem que muda de arco ao longo do filme – ela começa boazinha, e incapaz de ferir alguém, mas no final, ela sofre uma mudança brusca.

 

O restante do elenco também está bem, principalmente o ator Viggo Mortensen, que interpreta um dos membros da família canibal. Seu Tex consegue ser amistoso quando quer, mas quando se torna ameaçador, ele muda completamente, e se torna um personagem assustador.

 

No entanto, apesar dessas qualidades, o filme tem também os seus problemas. A direção de Jeff Burr não é ruim, mas o resto da técnica é questionável. O principal é a casa da família canibal, que se parece com uma casa comum e tem só um cômodo cheio de ossos velhos; o certo seria o contrário, fazer a casa inteira ser cheia de ossos velhos. A fotografia tem os seus méritos, mas a montagem não se salva, principalmente nas cenas violentas. Aparentemente, o filme foi censurado pela MPAA, então, não temos grandes efeitos aqui, sendo que o maior problema ficou na cena da marreta, que voa em direção ao rosto do personagem, mas acontece um corte antes de vermos o rosto dele ser destruído.

 

Os efeitos especiais ficaram a cabo da KNB Effects, e eles são quase inexistentes, conforme mencionei acima. Acredito que o melhor seja na sequência em que a protagonista tem as duas mãos perfuradas com pregos na cadeira.

 

E claro, no final, temos a mesma sequência de jantar, que funcionou nos dois primeiros filmes, mas, se você levar em conta o que foi escrito aqui, vai achar estranho.

 

Foi lançado em DVD no Brasil na coleção O Massacre da Serra Elétrica, da Obras-Primas do Cinema, com muitos extras.

 

Enfim, O Massacre da Serra Elétrica III é um bom filme, apesar dos seus defeitos. Uma história de horror contada de maneira honesta, com uma direção competente. O maior problema é o roteiro, que não sabe exatamente qual caminho seguir, e acaba repetindo elementos anteriores, e criando momentos que não fazem muito sentindo. Um filme problemático, mas decente.


Créditos: Obras-Primas do Cinema.


sexta-feira, 12 de abril de 2024

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA 2 (1986). Dir.: Tobe Hooper.

 

NOTA: 9


Podem me julgar, mas eu gosto muito de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA 2, lançado em 1986, produzido pela Cannon Group, e novamente dirigido por Tobe Hooper.

 

Eu tenho algumas memorias desse filme, quando assisti a algumas cenas na TV aberta há alguns anos, mas não o filme todo, porque fiquei com muito medo. Eu me lembrava do primeiro homicídio, com Leatherface em cima da caminhonete; e de Stretch no covil da família, com uma máscara de pele.

 

Anos depois, eu tive a oportunidade de assistir ao filme por completo, e gostei muito. Eu acho este aqui tão bom quanto o primeiro, mas, claro que não se compara ao anterior; mas mesmo assim, eu me divirto muito toda vez que assisto.

 

Acredito que o principal motivo para isso seja a direção de Hooper, que soube contar a história com firmeza. Apesar de estar com a credibilidade baixa na época, em virtude da sua parceria com a Cannon, Hooper fez um ótimo trabalho aqui.

 

No geral, O Massacre 2 é um filme bem competente, e não a bomba que muitos ilustram, na minha opinião. É um daqueles casos de uma continuação que não ofende a obra original.

 

Outra coisa que faz deste um filme muito legal, é o roteiro. Ao invés de focar 100% no terror, temos aqui uma obra voltada para o humor negro, com situações absurdas e piadas pesadas. O humor se deve muito em conta por causa de algumas das atuações também e personagens, principalmente, os membros da família de Leatherface, aqui, batizados de Sawyers.

 

Mais uma vez, a interação entre eles é caótica, com todos os membros sendo agredidos verbalmente pelo velho cozinheiro – Drayton – e mais uma vez, descobrimos um pouco mais sobre a dinâmica dos membros da família.

 

Além disso, temos um Leatherface diferente do anterior, um pouco mais dócil e bobo, principalmente quando está ao lado da protagonista Stretch. O vilão gosta da personagem, e rende momentos absurdos, que até hoje, são comentados por fãs de terror, principalmente, uma cena em especifico.

 

Ao contrário de seu antecessor, aqui temos um filme focado no sangue e no gore, graças aos efeitos do mestre Tom Savini. Desde o primeiro assassinato, o gore está presente, e segue até o final do filme. Temos cabeças arrancadas, peles esfoladas e sangue jorrando das paredes. Os efeitos de Savini são muito bons, e quase não precisam de comentários, porque sabemos da qualidade dos mesmos. Savini fez grandes coisas aqui, desde o cadáver utilizado por Leatherface na cena da ponte; até a placa de metal na cabeça de Chop-Top.

 

Deixe-me também contar sobre a cena que mais me vem à mente quando eu lembro desse filme, a cena da ponte. Na minha opinião, é a melhor cena do filme, simplesmente por causa da maneira como é mostrada na tela. Leatherface está em cima na caminhonete, vestido com um cadáver putrefato, e com a serra nas mãos. Ele faz um grande estrago no carro dos adolescentes ricos, arranhando a lataria e decepando a cabeça de um deles, tudo ao som de Oingo Boingo.

 

E claro, assim como seu antecessor, a produção aqui foi tomada por problemas. Segundo o diretor Hooper, um dos cenários foi tomado por fogo, e eles quase perderam o set; o ator que interpretou Leatherface, em certo momento, contraiu pneumonia; sem contar o comportamento de Dennis Hopper no set.

 

Foi lançado em Blu-ray no Brasil pela Obras-Primas do Cinema, em versão remasterizada, na coleção O Massacre da Serra Elétrica, com vários extras. Atualmente, tal edição está fora de catálogo.

 

Enfim, O Massacre da Serra Elétrica 2 é um filme excelente. Um longa que consegue ser tão bom quanto seu antecessor, mas, claro, não se iguala a ele. A direção de Tobe Hooper é segura, e o diretor consegue criar cenas tensas e engraçadas ao mesmo tempo. Os efeitos especiais de Tom Savini são o destaque, graças às técnicas milenares de um dos maiores maquiadores do cinema. Um filme muito divertido. Altamente recomendado.


Créditos: Obras-Primas do Cinema


segunda-feira, 8 de abril de 2024

O GALEÃO FANTASMA (1974). Dir.: Amando de Ossorio.

 

NOTA: 8.5


Entre 1972 e 1975, o diretor espanhol Amando de Ossorio lançou a sua quadrilogia dos mortos-vivos cegos, que se tornaram cults graças à originalidade do cineasta ao criar os seus zumbis.

 

Hoje, vou falar sobre O GALEÃO FANTASMA, terceiro filme da quadrilogia, lançado em 1974, e considerado o mais trash e tosco de todos, graças aos efeitos especiais simplórios.

 

Ao contrário dos filmes anteriores, aqui temos outra explicação para os zumbis cegos templários, visto que agora os mesmos estão ligados ao mar, habitando um navio fantasma, uma alegoria muito comum nas histórias de terror.

 

Mais uma vez, Ossorio se mostra um cineasta competente, e faz um belo trabalho, tudo graças às suas técnicas próprias, com o uso de câmeras e lentes especiais, além da clássica trilha sonora, e o visual dos zumbis.

 

Assim como nos anteriores, os zumbis são apresentados com o visual clássico, os esqueletos com capas e bigodes que andam lentamente, e escutam suas vítimas pelo batimento cardíaco. O cineasta sabe fazer uso dos monstros sempre que possível, apresentando-os aos poucos, e quando eles surgem, tomam conta da tela.

 

O roteiro do cineasta faz uma espécie de crítica à indústria de modelos, visto que os personagens trabalham em uma agência de modelos de renome, e uma das mulheres se preocupa com a amiga, e decide procurar por ela, após descobrir que a mesma está em um barco à deriva com outra mulher, como parte de uma campanha publicitária. Após essa apresentação, o roteiro nos leva ao mundo dos zumbis templários, e ficamos sabendo que se trata de um filme da série dos zumbis cegos.

 

Deixe-me destacar também a ambientação do navio fantasma. Ao contrário das ambientações terrestres dos dois filmes anteriores, temos aqui uma ambientação marítima, com um clima fortemente gótico e claustrofóbico, com o navio envolto em nevoa e escuridão.

 

Mesmo sendo levados para outro ambiente, a claustrofobia ainda é muito forte, visto que a câmera de Ossorio foca em determinados pontos escuros e sombrios do navio, e passam a sensação de um lugar fechado, ao mesmo tempo que passa uma sensação de falta de segurança e medo.

 

No entanto, apesar da ótima mudança de ambiente, o diretor novamente faz questão de banalizar o corpo da mulher, apresentando-a como um objeto para os homens tarados que as rondam. Tal característica fica evidente logo na primeira cena, com três modelos de biquíni posando para uma campanha. Mais adiante, a modelo Noemi é tratada como pedaço de carne por um personagem masculino que tenta assediá-la; além disso, o dono da agencia também a trata com desrespeito. Em tempos do politicamente correto, cultura do cancelamento, e outros, fica evidente que a quadrilogia jamais seria realizada nos dias atuais.

 

Antes de encerrar, deixe-me falar um pouco a respeito dos efeitos especiais, que são, na opinião dos especialistas, o grande defeito do filme. Eu já mencionei que os zumbis cegos são a melhor coisa do filme, então, não irei me repetir; o foco aqui são os efeitos do navio. Ossorio faz muito uso de miniaturas na hora de mostrar seu galeão por inteiro, e talvez para os mais exigentes, soe muito falso. Para mim, não há muito problema; eu gosto da ideia de que o cineasta dispunha apenas de miniaturas, visto que construir um navio em tamanho real, seria problemático, e com certeza geraria problemas de orçamento.

 

Não vou dizer o que acontece no final, mas digo que o melhor momento do filme, e envolve os zumbis cegos numa praia.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Os Mortos-Vivos Cegos, que conta com os quatro filmes da franquia, além de um depoimento do diretor como extra.

 

Enfim, O Galeão Fantasma é um filme muito bom. O filme que marca a mudança de ambiente na franquia de Amando de Ossorio, mas que ainda mantém a atmosfera gótica e claustrofóbica presente desde o primeiro filme. Os zumbis cegos são o grande destaque, com seu visual clássico e amedrontador, que provocam calafrios no espectador. Um ótimo filme de zumbis e um dos melhores dos anos 70.


Créditos: Versátil Home Vídeo.

sábado, 23 de março de 2024

PAVOR NA CIDADE DOS ZUMBIS (1980). Dir.: Lucio Fulci.

 

NOTA: 9


Entre 1980 e 1981, o diretor Lucio Fulci realizou a sua Trilogia do Inferno, em parceria com a atriz Catriona MacColl, que também se tornaram um marco em sua filmografia.

 

PAVOR NA CIDADE DOS ZUMBIS é o primeiro filme dessa trilogia, e o que faltava ser comentado aqui.

 

Já irei começar pelo obvio, e dizer que este é um dos melhores filmes do diretor, que estava dando seus primeiros passos no terror, um ano após o lançamento de Zombie, sua obra-prima.

 

Mais uma vez, Fulci se reuniu com o roteirista Dardano Sacchetti, e juntos escreveram outro filme de zumbis, mas desta vez, os mortos-vivos não são os protagonistas da trama, sendo transformados em coadjuvantes; o foco principal são os eventos sobrenaturais que assolam a cidade de Dunwich, após o suicídio do padre local.

 

Conforme pude averiguar na internet, a Trilogia do Inferno é composta por filmes que possuem apenas um fiapo de trama, e o foco são as maluquices presentes no roteiro. Eu pessoalmente acredito que os filmes têm, sim, uma trama, e que os acontecimentos estão relacionados a ela, e aqui não é diferente.

 

O suicídio do Padre Thomas, apresentado logo no início do filme, é um estopim para os acontecimentos sobrenaturais que começam, e Fulci e Sacchetti brincam com tudo que querem para contar sua história, o que deixa ainda mais divertida a cada revisão, assim como fizeram nos dois filmes posteriores dessa trilogia.

 

O filme marca a primeira parceria entre Fulci e a atriz Catriona MacColl, e ela está muito bem aqui, interpretando a vidente Mary Woodhouse. Sua interpretação não é exagerada, e ela transmite tudo aquilo que o roteiro pede, com naturalidade.

 

O restante do elenco também não faz feio; os atores secundários atuam daquela maneira exagerada que estamos acostumados a ver em filmes italianos, mas nada que prejudique a experiência de assistir ao filme.

 

A direção de Fulci também é muito boa, e o cineasta mostra que tem o domínio do gênero, criando cenas tensas e sequências antológicas, graças às suas técnicas criativas para criar terror, com destaque para o próprio padre, que sempre aparece com uma iluminação vinda de baixo, o que aumenta seu aspecto assustador.

 

Este é um filme de zumbis, e como não poderia deixar de ser, eles não ficam para trás. O visual das criaturas é aquele putrefato que se tornou característica de Fulci, com uma maquiagem carregada. Além do visual marcante, eles também podem se tele transportar e possuem um método bem específico que matar suas vítimas.

 

Falando em cenas antológicas, devo destacar a cena do carro, onde uma jovem regurgita suas vísceras, após avistar o padre. É uma cena que demora o tempo certo para acontecer, e começa de uma maneira bem simples, com a personagem vertendo lágrimas de sangue, até chegar ao ápice.

 

E além das cenas, temos também a trilha memorável de Fabio Trizzi, um dos colaboradores de Fulci.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo na coleção Zumbis no Cinema Vol.2, que conta com um making of como extra.

 

Enfim, Pavor na Cidade dos Zumbis é um filme arrepiante. Uma história fascinante, com ar de pesadelo, repleta de momentos indigestos, com muito sangue e escatologia. Um filme de zumbis putrefatos, com excelentes efeitos de maquiagem e gore. A direção de Lucio Fulci é segura, combinada a um roteiro bem escrito, e uma trilha sonora assustadora. Um belo exemplar do cinema de zumbi italiano, e uma grande obra do Padrinho do Gore, Lucio Fulci.


Créditos: Versátil Home Vídeo.


segunda-feira, 18 de março de 2024

AS LÁGRIMAS DE JENNIFER (1972). Dir: Giuliano Carnimeo.

 

NOTA: 8.5


Eu sou fã dos Gialli, principalmente dos exemplares tradicionais do gênero, com o assassino trajado com sobretudo e luvas.

 

AS LÁGRIMAS DE JENNIFER, lançado em 1972, com direção de Giuliano Carnimeo, é um desses exemplares, e um dos meus favoritos.

 

O filme é muito bem feito, com uma direção inspirada e um roteiro bem escrito, aliado a um elenco de peso, que atua muito bem.

 

Quando o longa foi lançado, no inicio dos anos 70, o gênero estava em seu auge, com diversos exemplares clássicos, desde os mais tradicionais, até as variações criativas, e este aqui pegou carona no movimento e acertou na mosca.

 

Primeiramente, Jennifer foi escrito por Ernesto Gastaldi, um dos grandes nomes do cinema popular italiano de gênero, e o roteirista acerta em cheio em sua narrativa, apostando no clima de suspense, com diversos suspeitos e cenas de morte criativas. Além disso, Gastaldi aposta principalmente no personagem Andrea, interpretado por George Hilton, como principal suspeito, visto que ele conhece o prédio onde os crimes aconteceram e tem aversão ao sangue, o que, segundo os policiais do filme, pode ser um motivo para torna-lo um assassino.

 

Aliado a esse roteiro, temos uma direção afiada de Carnimeo, que também aposta no clima de suspense, mas faz uso de ângulos e lentes criativas para contar sua história, ao mesmo tempo em que se mostra um ótimo diretor de atores, visto que nenhum membro do elenco está atuando de maneira exagerada ou caricata.

 

Conforme mencionei acima, o filme é um exemplar clássico do gênero, então, temos um assassino clássico também, com sua roupa e máscara pretas, além de uma máscara da mesma cor para esconder sua identidade, e uma faca característica. No entanto, apesar do figurino, aqui não temos um psicopata com luvas de couro pretas, pelo contrário; o criminoso utiliza luvas marrons de borracha, semelhantes àquelas luvas de cirurgião. Eu pessoalmente não vejo nenhum problema, porque, como eu mesmo já disse, sou um adepto do Giallo Tradicional, com o assassino de luvas, então, qualquer par de luvas é bem-vindo.

 

Além disso, temos outras características clássicas do gênero: a misoginia, a forte sexualidade, e a polícia ineficiente. Esta é a melhor coisa do filme, a polícia ineficiente, formada por um comissário viciado em selos e seu parceiro tapado. O parceiro tapado é o melhor personagem do filme, porque é exatamente isso que ele é. O personagem não é muito eficiente no seu trabalho e faz sempre cara de bobo. Eu me divirto com esses dois. E claro, não são eles quem resolvem o crime.

 

O filme foi produzido por Luciano Martino, irmão do diretor Sergio Martino, outro especialista no gênero. Provavelmente o maior fator que comprova que o filme foi produzido pelo irmão Martino, é a presença dos atores Edwige Fenech e George Hilton, que formavam grandes casais em diversos filmes do gênero. E aqui, eles não fazem feio, aparentemente repetindo os mesmos papéis que interpretaram em outros filmes. Hilton é sedutor e Edwige é sensual; e como de costume, os dois ficam juntos no decorrer da narrativa.

 

No entanto, apesar do roteiro afiado no suspense, existe um problema na narrativa. Em determinados momentos, Jennifer – personagem de Edwige – é assediada pelo ex-marido stalker, que está disposto a tudo para não perdê-la. Até aí, tudo bem, mas, eles fazem parte de um grupo que pratica o amor livre, e, do meu ponto de vista, a ideia desse grupo atrapalha o desenvolvimento da trama, visto que o mesmo grupo não tem muita relevância.

 

Mas, deixando esse problema de lado, Jennifer é um ótimo exemplar do Giallo, e um dos meus favoritos.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Giallo Vol.7, com áudio italiano, que conta com um depoimento de George Hilton como extra.

 

Enfim, As Lágrimas de Jennifer é um filme muito bom. Um Giallo clássico, com todos os elementos, contado de maneira ímpar, a partir de um roteiro afiado, aliado a uma direção criativa e um elenco de peso. Um filme que apresenta todos os elementos presentes no gênero, além de subverter alguns deles. Um filme que fica melhor e mais divertido a cada revisão. Um dos meus exemplares favoritos do gênero. 


Créditos: Versátil Home Vídeo.


sábado, 9 de março de 2024

MORGIANA (1972). Dir.: Juraj Herz.

 

NOTA: 8.5


O diretor Juraj Herz foi um dos cineastas mais criativos de todos os tempos, e seus filmes possuíam um toque experimental e assustador.

 

MORGIANA é outro filme do cineasta, e um dos mais assustadores que já vi, e motivos para isso não faltam.

 

Desde a primeira vez em que o assisti, fui tomado por uma sensação de pavor, misturada com desconforto e fascínio, tudo isso graças, principalmente, à sequência dos créditos iniciais, que é banhada com uma trilha sonora arrepiante, combinada a imagens desconcertantes. Eu confesso que toda vez que penso em assistir ao filme, eu fico com receio por causa dessa sequência inicial, mas logo tal sensação passa, e sou capaz de apreciar o longa, ainda que tenha que enfrentar certos momentos arrepiantes.

 

Além de ser um dos mais assustadores que já vi, o filme é também um dos mais impressionantes, graças às técnicas de direção de Herz, que faz uso de métodos criativos e bizarros para contar sua história, como por exemplo, o uso de lentes grande-angulares e distorção de cores.

 

Mas não é apenas a técnica de direção que deixa o filme belo; a direção de arte e o figurino também contribuem para isso, e nos fazem entrar naquele mundo gótico europeu do século XIX. Sempre que assisto ao filme, eu presto atenção a esses detalhes, porque eles me deixam ainda mais imerso na experiência.

 

Agora que já mencionei a qualidade técnica, deixe-me falar sobre seu elenco, com destaque para a atriz Iva Janzurová, que interpreta as gêmeas Klara e Viktoria. A atriz está excelente em seus papéis, e confesso que é difícil não imaginar se são duas mulheres diferentes dando vida àquelas personagens, visto o grau de diferença de atuação. Iva se transforma nas personagens de modo impressionante, e nós sentimos simpatia pelas duas irmãs, apesar de sabermos que Viktoria é perversa.

 

Sobre as irmãs, digo o seguinte. O filme é a clássica história do gêmeo bom e do gêmeo mal, e fica fácil saber qual das irmãs é a boa, e qual é a má. Viktoria é a gêmea má, e isso fica evidente logo em sua primeira cena. A personagem é excelente, sempre vestida de preto, com sua maquiagem e rosto pálido como papel. Klara é a gêmea boa, sempre vestida com roupas coloridas, com ar de ingenuidade e bondade presentes em sua personalidade.

 

Ainda sobre Viktoria, ela é a encarnação da maldade, praticando atos ruins apenas porque é malvada, prejudicando a todos ao seu redor e se mostrando gananciosa e disposta a tomar a parte da herança que Klara recebeu do pai. Ela é uma das melhores vilãs que já vi em um filme.

 

Klara, por outro lado, é doce e sensível, e acredita na bondade das pessoas. Por isso, quando ela é envenenada, nós sentimos pena dela, pois sabemos o que aconteceu e o motivo pelo qual aconteceu; o mesmo acontece quando ela passa a sofrer os efeitos do veneno, sendo acometida por visões terríveis e disformes. O maior problema disso tudo, é que ela é obrigada a ficar sob os cuidados de uma freira assustadora e severa.

 

A trilha sonora também é um ponto positivo para o filme. É difícil classificá-la com precisão, mas digo que é uma verdadeira trilha sonora de filme de terror, que provoca arrepios no espectador; pelo menos para mim é assim sempre que assisto ao filme.

 

O filme também é cheio de momentos arrepiantes, escuros e desconcertantes, e é difícil dizer qual é o mais arrepiante. O que todos têm em comum, é que todos são protagonizados por Viktoria, o que aumentam seus graus de maldade.

 

Segundo o diretor Herz, o filme foi encarado por ele como um exercício para ele não perder suas habilidades de direção, visto que foi proibido de exercer a profissão por motivos políticos.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Obras-Primas do Terror 14, dedicado ao terror europeu, com um depoimento do cineasta como extra.

 

Enfim, Morgiana é um filme muito bom. Um filme de terror com imagens e cenas arrepiantes, que prendem a atenção do espectador, e podem causar pesadelos sem o menor esforço. A atriz Iva Janzurová é o grande destaque, com sua atuação magistral, no papel das gêmeas Klara e Viktoria. Um filme verdadeiramente assustador, e um dos melhores filmes de terror do cinema europeu.


Créditos: Versátil Home Vídeo.


quinta-feira, 7 de março de 2024

TUBARÃO 4 – A VINGANÇA (1987). Dir.: Joseph Sargent.

 

NOTA: 5.5


Todos nós temos as nossas contas e boletos para pagar.

 

Acredito que essa é a melhor forma de definir TUBARÃO 4 – A VINGANÇA, lançado em 1987, com direção de Joseph Sargent, que contou com a participação do ator Michael Caine no elenco.

 

O filme é considerado um dos piores do mundo e também é o responsável pelo sepultamento da série, porque foi um fracasso de bilheteria.

 

Eu pessoalmente não o considero o pior filme do mundo, mas admito que o mesmo tem seus problemas.

 

A começar pela trama sem sentido de vingança, porque não fica claro quem está se vingando de quem; se é o tubarão que se vingando da família Brody; ou se é Ellen quem está vingando do tubarão... Isso nunca fica claro em momento nenhum do filme, e poderia ser mais explorado. Isso acontece na novelização do longa, que dá uma explicação ainda mais absurda para a trama de vingança.

 

O outro principal problema é a ausência dos envolvidos na série desde o primeiro filme, o que contribuiu para deixá-lo ainda mais deslocado. Não sei o motivo que levou os realizadores optarem por novos caminhos, mas o fato é que graças a isso, o filme meio que se torna um reboot, visto que ignora os eventos do filme anterior.

 

Essa ideia de reboot fica evidente na idade dos personagens, porque Sean é muito mais novo do que no filme anterior; o mesmo vale para seu irmão Michael. Além disso, a trama começa em Amity, novamente filmada em Martha’s Vineyard, e não faz nenhuma menção ao parque aquático e o emprego e a namorada de Michael. E temos aqui o retorno de Ellen, agora viúva, que acredita que o tubarão que matou Sean é descendente do tubarão que foi morto por Brody, e que está perseguindo sua família.

 

Após essa introdução em Amity, a trama se muda para as Bahamas, onde Michael vive com sua nova família. A ambientação é muito boa, e as locações são convidativas, com o sol e o calor sempre presentes, fazendo um contraste com o inverno em Amity.

 

A direção de Joseph Sargent até que é competente, e o diretor conseguiu arrancar boas performances do seu elenco; a única exceção é quando Lorraine Gary está triste pela morte do filho, e a atuação dela passa um pouco do limite, principalmente na cena da balsa.

 

Sem dúvida, o grande destaque do filme é a presença de Michael Caine, como o piloto Hougie, o interesse amoroso de Ellen. Impossível assistir a esse filme e não pensar que o ator tinha algumas contas para pagar e aceitou o papel por causa do dinheiro. O próprio ator admite que não se lembra do filme, mas se lembra da casa que comprou com o dinheiro que ganhou. Na época, ele havia sido indicado ao Oscar® de Melhor Ator Coadjuvante por Hannah e Suas Irmãs, levou o prêmio, e não pôde receber porque estava filmando este filme.

 

Outro grande problema do filme são os efeitos especiais. O tubarão não é convincente e é absolutamente inexpressivo. É até triste assistir ao Clássico de Spielberg e depois este, e ver como os efeitos decaíram fortemente. A única sequência boa na minha opinião, é quando o peixe persegue Michael dentro do navio e o filho de Ellen escapa utilizando o tanque de oxigênio de maneira inteligente. E as cenas de ataque são muito mal editadas e não fazem muito sentido.

 

Enfim, Tubarão 4 – A Vingança é um filme regular. Um filme com uma trama absurda, mas que é compensada pelo elenco carismático e uma direção competente. Os efeitos especiais não convencem e é possível perceber o quanto eles caíram em relação ao primeiro filme. Um encerramento sem inspiração para a série.



 

LEATHERFACE – O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA III (1990). Dir.: Jeff Burr.

  NOTA: 6 Em 1990, a franquia O Massacre da Serra Elétrica foi parar nas mãos da New Line Cinema, e o estúdio lançou LEATHERFACE – O MASSACR...