sábado, 12 de outubro de 2024

GEMINI (1999). Dir.: Shinya Tsukamoto.

 

NOTA: 8.5


GEMINI é um dos melhores filmes de terror que eu já vi.

 

Não apenas isso; é um dos filmes mais perturbadores e sujos que já vi, graças à técnica de direção de Shinya Tsukamoto. Mais detalhes sobre isso logo depois.

 

Primeiro, deixe-me dizer que eu tinha um certo preconceito com o cinema de terror oriental, principalmente porque eu achava que não era o tipo de cinema que eu fosse gostar, mais por causa das diferenças em relação ao cinema ocidental.

 

Mas, hoje em dia, tais preconceitos não existem mais, e já me considero um fã de filmes de terror orientais, em especial, do cinema de terror japonês, principalmente dos kwaidan.

 

Mas, hoje não estou aqui para falar de um kwaidan, e sim, de um filme de terror japonês ambientado já no começo do século XX, no caso, o filme de Tsukamoto.

 

Gemini é o clássico filme sobre gêmeos, ou seja, no gênero do terror, estamos falando da história do gêmeo bom e do gêmeo mal. Mas, não se engane, este aqui é um grande exemplar do gênero.

 

Na trama, o Dr. Daitokuji Yukio é um bem-sucedido médico na Tokyo de 1910, que tem sua vida virada de cabeça para baixo quando seu irmão gêmeo mata sua família e se apodera de sua vida pessoal e de sua esposa.

 

No fundo, é uma clássica trama de gêmeos que trocam de lugar, mas no fundo, é muito mais do que isso, porque descobrimos que existe um plano de vingança por trás de tudo isso, viso que Sutekichi, o gêmeo malvado, foi abandonado ainda bebê e criado na favela, enquanto Yukio foi criado na riqueza.

 

Quando Sutekichi descobre que existe outro homem igual a ele, dá início ao seu plano de vingança, matando primeiro os pais de seu irmão, para depois se apossar de sua vida e de sua esposa, que, conforme descobrimos, também morava na favela e era esposa de Sutekichi.

 

É um filme com uma trama de vingança bem amarrada, e parece ficar melhor a cada revisão, principalmente porque existem segredos escondidos ao longo da projeção, que parecem surgir toda vez que vemos o filme de novo; pelo menos comigo foi assim, principalmente agora, depois dessa última conferida.

 

Aliada à essa trama de vingança, temos uma técnica muito boa, que mistura câmera de mão, montagem frenética e truques de filmagem, principalmente quando os gêmeos estão juntos, que, apesar de serem poucas cenas, são muito bem dirigidas e enquadradas.

 

O diretor Tsukamoto tem uma grande habilidade para dirigir cenas frenéticas, não sei se isso faz parte do seu estilo de contar histórias, mas aqui, funciona muito bem. As cenas causam um certo desconforto à primeira vista, e não é fácil imaginar como elas devem ter sido filmadas, principalmente as sequências na favela, que fazem um belo contraste com as cenas na casa de Yukio. A favela é filmada com cores quentes, enquanto que a casa de Yukio é filmada com cores frias.

 

Além da técnica exemplar, o elenco também não faz feio, principalmente o ator Masahiro Motoki, que interpreta os gêmeos. Logo na primeira conferida, fica fácil distinguir um do outro, principalmente por causa de suas vestes; Yukio se veste de maneira impecável, enquanto Sutekichi se veste em trapos; além disso, ele tem uma marca de nascença na perna, o que torna mais fácil distinguir os dois, principalmente após Sutekichi assumir a identidade do irmão.

 

A atriz e modelo Ryo também não faz feio, e sua Rin transmite tudo aquilo que o diretor deve ter pedido, a doçura na casa de Yukio, e a maldade na favela. A caracterização da atriz também é muito boa, e combina com as fases da personagem.

 

Além de ser uma trama de vingança, Gemini também é um filme que pode ser interpretado como uma regressão ao estado animalesco, visto que Yukio praticamente se transforma em um animal quando é deixado pelo irmão no poço da propriedade, sendo obrigado a comer comida do chão, além de ficar coberto de sujeira.

 

O que mais pode ser dito, é que Gemini também possui uma conclusão aberta à interpretação, visto que realmente nunca fica evidente qual dos gêmeos venceu no final.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Obras-Primas do Terror: Horror Japonês, com muitos extras.

 

Enfim, Gemini é um filme muito bom. Uma trama de horror e vingança contada de maneira brilhante por Shinya Tsukamoto, graças à sua câmera de mão frenética, montagem rápida e fotografia que contrasta bem os cenários. O elenco também merece destaque, porque estão todos atuando muito bem, principalmente os dois atores principais. Um dos melhores filmes de terror que já vi, e um dos melhores do cinema japonês.


Créditos: Versátil Home Vídeo.

 

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