sábado, 26 de outubro de 2024

O HOMEM INVISÍVEL (1933). Dir.: James Whale.

 

NOTA: 9


O Ciclo dos Monstros Clássicos da Universal foi um dos mais importantes de todos os tempos, não apenas para o cinema de horror, mas para o próprio estúdio também, pois, foi graças aos clássicos Drácula (1931) e Frankenstein (1931), que os lucros aumentaram durante a famigerada época da Grande Depressão.

 

O HOMEM INVISÍVEL, lançado em 1933, e dirigido por James Whale, é mais um exemplar desse maravilhoso ciclo, e um dos melhores, também.

 

Aliás, eu me arrisco a dizer que o Ciclo Clássico não tem filmes ruins.

 

Além de ser um dos melhores, este aqui também é a segunda adaptação de uma obra de H.G. Wells para o cinema; a primeira havia sido A Ilha das Almas Selvagens, lançada um ano antes pela Paramount, baseada no livro A Ilha do Dr. Moreau.

 

Mas, segundo os historiadores de cinema, Wells não ficou satisfeito com o resultado da adaptação, e, quando a Universal resolveu adaptar O Homem Invisível, ele pediu que o estúdio tivesse mais cuidado e respeito com o material original.

 

Mas, falarei sobre os detalhes da produção mais para frente.

 

O Homem Invisível é um filme excelente, realizado com excelentes técnicas de direção, e efeitos especiais que até hoje impressionam.

 

Não apenas isso, este é também um dos filmes mais divertidos do Ciclo, graças à direção de James Whale, que imprime seu característico humor camp, que esteve presente no seu filme anterior, o ótimo A Casa Sinistra (1932).

 

Whale entrou no projeto graças à sua influência no estúdio, que se tornou evidente após o sucesso da adaptação da peça Journey’s End, que foi adaptada pelo estúdio no começo dos anos 30, e que possibilitou de Whale dirigisse Frankenstein, lançado em 1931, que impulsionou a carreira de Boris Karloff, e deu início a uma das franquias mais rentáveis da Universal, os filmes de terror.

 

No entanto, a produção de O Homem Invisível não foi fácil, porque o filme passou pelo processo que hoje é conhecido como “Inferno de desenvolvimento”, visto que o roteiro passou por várias pessoas diferentes, que se diferenciavam bastante do romance de Wells. Esse processo demorado continuou até Wells chamar R.C. Sheriff, que havia escrito Journey’s End, para escrever o roteiro, desta vez, parcialmente inspirado no romance de Wells e no romance The Murderer Invisible, cujos direitos foram adquiridos pelo estúdio.

 

Como eu ainda não li o livro de Wells, não sei se o filme ficou próximo do mesmo, mas, eu digo que é um roteiro muito bem escrito, com pequenas peças que vão se encaixando aos poucos, e que mistura elementos de terror e ficção cientifica com um toque especial, além de conter alguns elementos de humor negro, que se tornariam característicos de Whale durante sua curta carreira.

 

Além do roteiro inteligente, o filme conta com um ótimo elenco, liderado pelo ator Claude Rains, que atua de maneira brilhante, principalmente com sua voz impactante. Em momento nenhum, o elenco escolhido por Whale faz feio em suas performances, e cada um atua de acordo com as instruções que devem ter sido passadas pelo diretor, com menção para o colorido elenco de apoio, que conta com atores cômicos.

 

No entanto, eu acredito que o que mais chama atenção em O Homem Invisível são seus efeitos especiais, que, como eu disse, ainda surpreendem e não ofendem o espectador. Os efeitos foram criados por John Fulton, e contavam com o que mais havia de moderno na época. Para as cenas em que o ator não estava presente, foram utilizados cabos especiais, invisíveis na lente da câmera; no entanto, quando Rains estava presente com algumas peças de roupa, o ator foi coberto por um tecido preto, e fotografado contra um fundo da mesma cor, e as cenas foram combinadas na pós-produção. De acordo com os historiadores de cinema, Fulton teve mais dificuldade na cena em que o Homem Invisível está sentado diante de um espelho, tirando suas faixas de gaze. Foi uma sequência difícil porque quatro peças diferentes de filme foram fotografadas e depois combinadas.

 

Como eu disse acima, os efeitos são impressionantes até hoje, e devem ter servido de inspiração para vários técnicos e cineastas futuros, além de ter arrancados suspiros das plateias, que ainda estavam impressionadas pelos efeitos especiais de King Kong, que foi lançado no mesmo ano.

 

No entanto, apesar de gostar muito do filme, eu devo dizer que não sou muito fã desse humor camp do diretor Whale; eu considero muito exagerado em certos pontos, e isso se deve principalmente a alguns dos atores que ele escala para seus filmes; isso ficou evidente para mim em A Casa Sinistra, e me incomodou um pouco. Aqui, também temos um pouco disso, e é um pouco demais.

 

Mas isso não impede O Homem Invisível de ser um grande filme, que merece visto por fãs de cinema.

 

Enfim, O Homem Invisível é um filme excelente. Um filme de terror e ficção cientifica contado com uma maestria inspirada, auxiliada por um elenco inteligente, e por efeitos especiais que impressionam até hoje. Um roteiro muito bem escrito, que combina terror, ficção cientifica e humor negro muito bem, e deixa os elementos quase imperceptíveis. Um dos melhores filmes do Ciclo dos Monstros Clássicos da Universal Studios.



 

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