NOTA: 10
O DESPERTAR
DOS MORTOS é, sem dúvida, o melhor filme de George A. Romero, além de ser o
melhor filme de zumbis de todos os tempos.
Filme do meio da trilogia dos zumbis, esse filme
apresentou tudo aquilo que hoje é utilizado em mídias sobre apocalipse zumbi.
Algumas regras já haviam sido estabelecidas em A Noite dos Mortos-Vivos, mas, em Despertar, elas foram aumentadas, e
hoje em dia, tornaram-se praticamente obrigatórias.
Isso sem falar que, assim como seu antecessor, é um
filme repleto de comentário social, desta vez, voltado para o consumismo.
Essa era uma característica nos filmes de Romero,
mas, acredito que ficaram ainda mais em evidência dos seus filmes de zumbi,
visto que o cineasta soube fazer isso com maestria, maestria essa que até hoje
é discutida por cinéfilos e cineastas.
Além de tudo isso, Despertar também é um marco do gore, graças aos efeitos especiais
do mestre Tom Savini, mas, mais detalhes sobre isso adiante.
Na trama, o mundo está quase todo devastado pelos
zumbis. Sabendo disso, um grupo de quatro pessoas foge em um helicóptero e
acaba encontrado um shopping center, onde acaba se instalando para escapar do
ataque dos mortos-vivos.
Assim como no anterior, é uma trama simples que
também está carregada de comentários sociais, mas, ao contrário do primeiro
filme, é possível perceber que o orçamento foi um pouco maior aqui.
A grandeza do filme está presente desde os seus
bastidores.
Romero estava com dificuldades de produzir uma continuação
para o primeiro filme, mas acabou recebendo apoio do diretor Dario Argento, que
já era um grande fã do cineasta, e vice-versa. Assim, Romero viajou para a Itália,
onde conseguiu desenvolver o roteiro e conseguiu financiamento para realizar o
filme.
É legal saber que Romero teve apoio de Argento para
fazer o filme, o que formou uma grande amizade entre eles, que se consolidou
ainda mais quando se uniram novamente para dirigir o filme Dois Olhos Satânicos (1990), antologia baseada em dois contos de Edgar
Allan Poe.
Ainda segundo Romero, a ideia para este filme surgiu
quando ele estava em um shopping center em Pittsburg, e imaginou como seria se
uma horda de zumbis invadisse o lugar.
Conforme mencionado acima, a crítica da vez está no consumismo
exagerado, e não deixa de ser verdade, visto que, quando as pessoas vão ao
shopping, elas passam horas no local, olhando para os itens em oferta, e além
disso, quando acontece alguma promoção em alguma loja, não é incomum ver um
grupo de pessoas se formando na porta do estabelecimento, prontas para agarrar
os itens o quanto antes. Eu já vi uma imagem dessas na internet, mas, graças a Deus,
nunca presenciei algo como esse pessoalmente.
Agora que já comentei um pouco a respeito do
comentário social presente no filme, deixe-me falar sobre os personagens.
O roteiro é focado em grupo de quatro pessoas,
formado por dois policias da SWAT, uma repórter de TV e um piloto da emissora. A
interação entre eles é muito boa, e é possível identificá-los rapidamente,
assim que aparecem no filme. Fran se encaixa a princípio no perfil da mocinha
indefesa, visto que ela começa o filme toda fragilizada, mas, conforme a trama
avança, ela se mostra tão forte quanto os homens. Stephen é o seu namorado, e é
o piloto do grupo; no início, ele também se mostra receoso em matar as
criaturas, mas muda de atitude quando percebe que não há outra saída. Peter e Roger
são os agentes da SWAT, e cada um possui sua própria personalidade; Roger é
valente e não tem medo do perigo; Peter, por outro lado, é mais racional, mas
valente, também.
Juntos, os personagens formam um grupo bastante
unido, e se apoiam nas decisões importantes que devem ser tomadas. Além disso,
eles se unem também na hora de tomar o shopping, chegando a construir quase que
uma casa dentro do prédio, no local onde escolheram para se esconder. E na hora
do combate, eles se unem ainda mais, cada um dentro de suas habilidades.
O roteiro de Romero também é muito afiado no que quis
respeito ao ritmo. Logo no começo, fomos brindados com uma confusão no estúdio de
TV, passando para uma guerra no conjunto habitacional de cubanos. Depois desse
início frenético, as coisas começam a andar de forma mais lenta, com os
personagens tomando o shopping, procurando um lugar para se esconder, depois, começam
a tomar as coisas das lojas, até que conseguem se firmar no local. Mas não é só
isso. A trama também se preocupa em explorar as relações entre os quatro,
principalmente entre Fran e Stephen.
Em determinado momento, um grupo de motoqueiros
saqueadores invade o prédio e provoca uma guerra com os quatro, o que leva a
trama de volta à ação, visto que eles também lutam contra os zumbis das formas
mais criativas possíveis.
Conforme mencionado acima, o filme é também um marco
do gore, graças aos excelentes efeitos especiais de Tom Savini. O visual dos
zumbis é básico, até, com uma tonalidade cinza e azulada, mais os efeitos de
morte são o auge. Logo na primeira sequência de ação, no conjunto habitacional
dos cubanos, somos presenteados com uma cabeça explodindo em frente à câmera,
além de cenas de pessoas sendo mordidas. No shopping, a coisa não é muito
diferente, com os zumbis sendo derrotados com tiros na cabeça, mas com efeitos
diversos. No entanto, o melhor acontece quando eles matam os motoqueiros,
arrancando seus órgãos na base da unha, e devorando-os vivos. No entanto, Savini
deixaria o melhor para o filme seguinte da trilogia, Dia dos Mortos (1985), mas isso é assunto para outra resenha.
Despertar dos Mortos
foi financiado por Dario Argento, conforme mencionei, e com isso, acabou
ganhado uma versão remontada pelo cineasta italiano para o mercado europeu, que
recebeu o título de Zombie. Além da versão
editada por Argento, o filme também possui uma versão estendida, com 139
minutos, considerada por muitos como a Versão do Diretor; no entanto, Romero afirmava
que a sua Versão do Diretor era a versão original, com 127 minutos. A versão escolhida
para esta resenha é justamente a Versão do Diretor.
Foi lançado em Blu-ray e DVD no Brasil pela Versátil Home
Vídeo, numa edição que apresenta as três edições, em versões restauradas, com
um disco só de extras. Atualmente, tais edições estão fora de catálogo.
Enfim, O
Despertar dos Mortos é um filme excelente. O filme que apresentou as
principais regras para as mídias posteriores, além de contar com uma direção inspirada,
roteiro afiado, e efeitos especiais bastante criativos. Um filme que se tornou
um marco do gore, e também, o melhor filme de zumbis de todos os tempos, além
de ser o melhor filme do diretor George A. Romero.
Créditos: Versátil Home Vídeo. |
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