sábado, 6 de abril de 2019

ASSASSINATOS NA FRATERNIDADE SECRETA (1983). Dir.: Mark Rosman.


NOTA: 8


ASSASSINATOS NA 
FRATERNIDADE SECRETA (1983)
ASSASSINATOS NA FRATERNIDADE SECRETA é um Slasher clássico. Como todos os filmes desse gênero produzidos nessa época, apresenta todos os elementos que estiveram presentes no gênero desde o Clássico Halloween (1978), de John Carpenter. E uma das características era que os produtores e roteiristas sempre inventavam historias que se passavam em fraternidades ou acampamentos. Esse filme segue o primeiro exemplo.

Porém, o que o torna um Slasher singular é a forma como a trama é contada. No inicio do filme, temos a clássica situação em que algo ruim aconteceu a um personagem, o que mais adiante, irá desencadear a onda de assassinatos que o público tanto espera. E de fato, aqui isso acontece, e o diretor não revela de cara o que é, mas é possível perceber que foi muito ruim. Porém, a partir daí, quando a historia de fato começa, tudo parece encaminhar para algo diferente, uma vez que não há praticamente nenhum indicio de que algo ruim aconteceu, a não ser o comportamento da Sra. Slater, dona da casa de fraternidade onde se passa a historia. O tal evento ruim só acontece momentos depois do começo do filme.

Normalmente, é o oposto. O evento ruim acontece no começo do filme, e torna-se o gatilho para os eventos sangrentos que o roteiro apresenta. Aqui, ao que parece, o diretor resolveu colocar dois eventos ruins na trama, sendo que de inicio, não dá pra perceber a ligação entre eles, como aconteceu comigo na primeira vez que assisti ao filme.

Aliás, é bem assim mesmo que o filme funciona. Para quem o assiste pela primeira vez, pode achar estranha a presença de buracos no roteiro, mas, sinceramente, se o espectador fizer um esforço, é possível preencher esses buracos; e foi o que aconteceu comigo. Para mim, isso é que é legal em situações assim – eu mesmo preencho os buracos (se é que eles existem) no roteiro, e tirar minhas próprias conclusões. No entanto, o diretor acabou respondendo uma das minhas duvidas em relação à historia – a presença do assassino na casa.

Bom, vamos então ao que importa nesse tipo de filme, a carnificina. Como em boa parte dos filmes dessa época, ela acontece aos poucos, às vezes de forma aleatória e sem motivo, mas, conforme a historia avança, as mortes começam de fato a fazer sentido. E aqui, é exatamente isso. Durante a festa promovida pelas garotas, o assassino primeiro mata um convidado aleatório – talvez para dar inicio aos homicídios em si, ou então para ele exercitar, não sei. Esse é, na minha opinião, o ponto fraco do roteiro; não havia necessidade de uma morte aleatória, uma vez que o cadáver desaparece e nem é mencionado novamente. Mas, a partir daí, a verdadeira carnificina começa, e de fato, vale a pena esperar. No gênero Slasher, o assassino é sempre criativo na hora de matar suas vitimas, utilizando o que estiver à mão para isso, e nesse filme, não é diferente. E como sempre, depois da primeira, a próxima consegue ser mais legal, e assim por diante. O problema, é que a sanguinolência é implícita – talvez por pretensão do diretor ou porque as cenas foram cortadas e nunca recuperadas – o que pode torna-lo um Slasher “light” em comparação aos seus “irmãos”. Mas isso não o deixa menos interessante e assustador em certos momentos.

Essa também é outra característica: a tensão construída aos poucos, e, dependendo do roteiro e da direção, funciona muito bem. Em certos momentos, principalmente na primeira vez que assisti ao filme, eu senti um arrepio na espinha, e cheguei a pular de susto. E nas outras vezes que assisti ao filme, não foi diferente.

Falando sobre as personagens principais, elas seguem aquela regra estabelecida no gênero: a heroína é a inocente do grupo, que faz o bem; as outras são as rebeldes, algumas vão além, não se preocupando com os outros e nem com o grupo. E em Fraternidade, a coisa não é diferente. A protagonista é boazinha, e não concorda com a brincadeira proposta pela líder do grupo, principalmente quando as coisas saem do controle. A antagonista é o oposto dela, perversa, egoísta, promiscua... e as outras garotas têm personalidades divididas: algumas pensam igual à líder do grupo; outras se preocupam com que pode acontecer, mas procuram não pensar nisso. Infelizmente, dependendo do filme, eu não consigo gostar da protagonista, e nesse filme isso acontece às vezes, principalmente no começo da historia.

Agora, falarei sobre o principal personagem da historia: o Assassino. O assassino é o ponto mais interessante dos Slashers, seja pela sua motivação, seja pela sua revelação no final, ou seja pelos métodos que usa para executar as vitimas. Nesse filme, o diretor faz questão de escondê-lo o tempo todo, às vezes, mostrando apenas sua arma trespassando as personagens. Como de costume, a revelação de quem ele é acontece no final, mas, ao contrario dos demais, aqui, a identidade é revelada por meio de um personagem secundário, ao contrario do que acontece nos demais filmes, onde um dos personagens adolescentes se revela como o assassino. Mas, aqui não é assim. O assassino é alguém alheio às personagens, alguém que elas não conhecem e nunca viram. Mas isso não faz dele menos interessante; pelo contrario. E a clássica fantasia que ele usa, é uma das melhores: UM PALHAÇO MISTURADO COM BOBO DA CORTE! Genial e assustador ao mesmo tempo! O engraçado é que, quando eu e meu irmão vimos essa fantasia no ótimo documentário Going to Pieces – The Rise and Fall of the Slasher Film, ele achou essa fantasia ridícula. Eu adorei; acho que é uma das melhores do gênero.


Enfim, Assassinatos na Fraternidade Secreta é um Slasher bem divertido, com um roteiro bem escrito, ótima direção e edição e clima de suspense de qualidade.

Permaneceu inédito no Brasil por muitos anos, até ser lançado em DVD pela Versátil Home Vídeo, na excelente coleção Slashers Vol.1.


Recomendável. 




Créditos da imagem: Versátil Home Vídeo


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