sexta-feira, 26 de abril de 2019

TORSO (1973). Dir.: Sergio Martino.


NOTA: 9.5


TORSO (1973)
TORSO é o meu Giallo favorito do diretor Sergio Martino. Lançado em 1973, este é o último dos 5 Gialli dirigidos por ele, que começou a se aventurar no gênero em 1971, com o ótimo O Estranho Vício da Senhora Wardh.

Considerado pelo próprio diretor como sua obra-prima, este é também um dos maiores exemplares do gênero, com todos os toques que o tornaram popular nos anos 70 na Itália: a misoginia, a trama enrolada, o assassino motivado por traumas do passado, etc. Porém, além de ser um dos melhores Gialli de todos os tempos, Torso também é considerado como um precursor dos Slashers americanos, uma vez que também apresenta as características que os cineastas americanos adotaram.

O filme apresenta uma trama muito simples, mas que, ao mesmo tempo, é enigmática, uma vez que os suspeitos de serem o assassino vão mudando a cada momento – característica também comum – , o que contribui para o clima de suspense e mistério; e, sinceramente, na primeira vez que assisti ao filme, fiquei em duvidas sobre quem seria o assassino, e quando ele é revelado, só descobri quem era na segunda ou terceira vez que assisti.

E falando no assassino, como em todos os Gialli, aqui ele é o destaque, com seu visual icônico: mascara de esqui cobrindo o rosto, vestes azuis e o lenço vermelho em volta do pescoço, sem contar, claro, as já famosas luvas pretas. E sem duvida, é um dos assassinos mais perversos do gênero, principalmente nos momentos finais, quando utiliza um serrote para acabar com suas vitimas – uma imagem também icônica, e impossível de não associar ao filme.

A sexualidade é outro fator muito presente no filme, o que contribui também para a fúria do assassino. Desde os créditos de abertura, o espectador é brindado com cenas de nudez, e elas percorrem o filme todo, praticamente o tempo inteiro, principalmente quando envolvem as protagonistas. Porém, essa sexualidade não se resume apenas às cenas de nudez, mas também na questão do desejo sexual, muito bem impresso na cena em que as protagonistas chegam ao vilarejo e são “devoradas” pelos homens. Conforme explica o diretor Eli Roth – fã confesso do filme – num depoimento, qualquer um daqueles personagens pode ser um maníaco sexual, e isso é verdade! Tudo isso também foi discutido por Fernando Britto, curador da Versátil Home Vídeo, que lançou o filme em DVD, com o critico Marcelo Miranda.

Como mencionado acima, Torso é o meu Giallo favorito do diretor Martino. Não apenas pela trama, mas também pelo aspecto que o filme passa – um aspecto nostálgico, quase de final de semana, um aspecto que me atrai muito em certos filmes.

Ao longo dos anos, o filme tornou-se objeto de cult nos Estados Unidos, tendo como fãs principais os diretores Quentin Tarantino e Eli Roth, que, conforme também declara em seu depoimento, prestou uma homenagem ao filme em O Albergue 2, ao escalar o ator Luc Merenda, que aqui interpreta um medico, para um pequeno papel.

Em relação ao elenco, as atrizes principais merecem destaque, principalmente Suzy Kendall, que interpreta a protagonista; anteriormente, ela havia estrelado o excelente O Pássaro das Plumas de Cristal (1970), filme de estreia de Dario Argento. Ela entrega uma atuação honesta, principalmente nos momentos finais – os mais assustadores – quando expressa o medo por encontrar-se presa em um ambiente com o assassino. Suas companheiras de elenco também não fazem feio, principalmente a atriz Tina Aumont, com uma atuação autentica.

Uma curiosidade: no seu depoimento sobre o filme, Martino declarou que o título americano (Torso) não tem nenhum significado na Itália, uma vez que os distribuidores não devem ter compreendido o título italiano: I Corpi Presentano Tracce di Violenza Carnale (Os Corpos Apresentaram Traços de Violência Carnal) e optaram por lançá-lo como Torso. Aliás, o filme recebeu outro título fora da Itália: Carnal Violence – uma tradução literal de “Violência Carnal”, talvez inspirado no título italiano.

Enfim, Torso é um Giallo excelente. Um dos melhores de todos os tempos. Um Clássico do gênero.

Permaneceu raro no Brasil, até ser lançado em DVD pela Versátil Home Vídeo, na maravilhosa coleção Giallo Vol.2.

Altamente recomendado. 



Créditos: Versátil Home Vídeo


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