NOTA: 8.5
O CASTELO ASSOMBRADO (1963) |
O CASTELO ASSOMBRADO, dirigido
por Roger Corman – que fez aniversário ontem – é a primeira excursão de H.P.
Lovecraft no cinema. Aqui, no caso, a historia adaptada é O Caso de Charles Dexter Ward,
uma das mais conhecidas historias do autor. Porém, O Castelo Assombrado não é considerado como uma adaptação de
Lovecraft, mas, sim, um filme do ciclo Edgar Allan Poe, na qual Corman estava
envolvido naquela época.
A razão para Corman escolher Dexter Ward foi a de que, até então,
ele achava que havia trabalho em muitos filmes baseados em contos de Poe,
então, resolveu escolher outro material. Então, com o aval da AIP (American
International Pictures), escolheu a historia de Lovecraft. Mas, como mencionado
acima, a AIP deu aval para Corman, mas, ao invés de utilizar o título da
historia de Lovecraft, acabaram adotando – talvez por razoes de Marketing ou picaretagem
– o título de um poema de Edgar Allan Poe, The Haunted Palace, inclusive
utilizando o nome de Poe acima do título. Picaretagem ou Marketing? Vai saber.
Bem, mesmo com essa diferença, o fato é que o filme é muito bom.
Realizado na década de 60, possui todos aqueles elementos dos filmes daquela
época: a neblina, o cemitério retorcido, o castelo cheio de teias de aranha...
Enfim, todos os elementos do Terror
Gótico dos anos 60. Além desses elementos, merece destaque também a direção de
arte, a cargo de Daniel Haller, que trabalhou com Corman nos filmes de Poe, e
que, mais tarde, dirigiria duas adaptações da obra de Lovecraft: Morte
Para um Monstro (1965) e O Altar do Diabo (1970),
respectivamente, baseados em A Cor que Caiu do Espaço e O
Horror de Dunwich. O trabalho de Haller é espetacular. Sua recriação da
cidade Arkham é extraordinária, praticamente perfeita. Não sei como ela foi
retratada em outras adaptações, mas aqui, a cidade fictícia criada pelo autor
parece ter saído do papel, literalmente. Quando ela aparece, passa uma sensação
de medo e claustrofobia, sensações que devem ter sido imaginadas por Lovecraft em
seus textos. O castelo de Curwen também é um espetáculo, com seus corredores
empoeirados, paredes cheias de teias de aranhas, e o quadro de seu proprietário
acima da lareira; aliás, esse quadro já serve como garantia de muitos arrepios.
Como todos os filmes de Corman dessa época, O Castelo Assombrado é estrelado por Vincent Price, no papel
principal; aliás, papeis, uma vez que ele interpreta tanto Charles Dexter Ward quanto
seu ancestral, Joseph Curwen, e sua atuação é incrível. Price não tem medo de
parecer exagerado, principalmente quando interpreta o vilão, após seu espirito
possuir o corpo e a alma de Charles Ward. O resto do elenco também merece
destaque, principalmente os atores que interpretam os habitantes de Arkham,
tanto no passado como no presente; é possível ver que aqueles homens são vitimas
da maldição de Curwen e o medo que sentem de seu descendente é real. Debra Paget
também entrega uma ótima atuação como a esposa de Charles Ward; durante todo o
filme, ela mostra-se uma mulher apaixonada pelo marido, e que teme por ele
quando o terror começa a surgir. Corman sempre soube escolher mulheres bonitas
para seus filmes do Poe, e aqui não foi diferente, mesmo não sendo um filme do Ciclo
Edgar Allan Poe. E por fim, Lon Chaney Jr., o eterno Lobisomem da Universal, também
não faz feio em sua interpretação do servo de Curwen.
Mesmo apostando mais no terror psicológico, O Castelo Assombrado possui momentos que são de fato assustadores. O
melhor deles, sem duvida, é quando Charles e sua esposa são encurralados pelos
habitantes amaldiçoados de Arkham nas ruas do vilarejo. É uma cena muito bem
feita, onde o terror é construído aos poucos, e o resultado dificilmente sai da
mente do espectador, e a maquiagem com certeza contribui para isso. Outro é o
enterro de um dos habitantes da cidade, vitima da vingança de Curwen. Uma sequencia
envolta em neblina, sem trilha sonora, com a figura de Curwen à distancia,
observando tudo com seu olhar maligno.
Enfim, O Castelo Assombrado é
um filme belíssimo, do jeito que Roger Corman sabia fazer naquela época, antes
de se envolver com as produções atuais da Asylium.
Um filme muito bem feito, com toques de Terror Gótico, que enchem a
tela de beleza. Bizarramente, nos créditos, o nome de Poe está grifado de
maneira errada (Allen Poe ao invés de Allan Poe!). Permaneceu inédito no Brasil,
até ser lançado em DVD pela Versátil Home Vídeo, na coleção Lovecraft no Cinema Vol.2.
Um ótimo inicio para a carreira cinematográfica de Lovecraft, que
ganhou vida de fato, apenas nos anos 80, com o lançamento de Re-Animator:
A Hora dos Mortos Vivos (1985), dirigido por Stuart Gordon, baseado no
excelente conto Herbert West Reanimator.
Muito bem recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
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