terça-feira, 30 de maio de 2023

O CAÇADOR DE BRUXAS (1968). Dir.: Michael Reeves.

 

NOTA: 8.5


Filmes sobre a Caça às Bruxas não são fáceis de assistir, e o principal motivo são as cenas de tortura e execução. Não apenas por causa das cenas de tortura, mas também porque relatam de forma quase realista esse período cruel da Humanidade.

 

O CAÇADOR DE BRUXAS é mais um desses filmes, produzidos durante as décadas de 60 e 70, e um dos melhores deles. Lançado em 1968, com direção de Michael Reeves, o filme conta com o astro Vincent Price em sua melhor atuação.

 

Além de ser um dos melhores filmes da carreira do astro, este é também um dos melhores filmes de terror britânicos dos anos 60.

 

E motivos para isso não faltam. O filme é muito bem feito, bem escrito, bem dirigido e bem atuado. As locações na Inglaterra são maravilhosas e tornam o filme atraente e convidativo.

 

Assim como todos os filmes sobre o tema da caça às bruxas, aqui temos um filme de horror focado no terror real; ou seja, não há presença de criaturas, demônios ou outras coisas do gênero. Ao meu ver, isso torna esses filmes ainda mais assustadores, porque temos a visão de como deve ter sido esse período horrível da História da Humanidade, onde a ignorância e o medo reinavam sobre o bom senso. E aqui não é diferente – mais detalhes à frente.

 

Além de ser um filme extremamente violento, O Caçador de Bruxas também pode ser considerado um filme sobre História, uma vez que conta a historia de Matthew Hopkins, um advogado britânico que se tornou um caçador de bruxas. Segundo relatos, Hopkins percorria o interior da Inglaterra, ao lado de seu assistente, a fim de encontrar e executar pessoas acusadas de bruxaria. Não sei como ele era na realidade, mas aqui, o astro Vincent Price entrega uma excelente performance.

 

O restante do elenco também não faz feio, principalmente os atores Ian Ogilvy, Hillary Dwyer e Robert Russell. Ogilvy e Dwyer interpretam o casal protagonista, ameaçado por Hopkins, e convencem muito bem nos papeis, dando a impressão que são apaixonados um pelo outro, e quando o personagem de Ogilvy decide se vingar de Hopkins, é a mesma coisa. Russel faz o papel do assistente de Hopkins, John Stearne, e consegue arrancar ódio do espectador.

 

Mas não tem jeito. O Caçador de Bruxas pertence ao astro Vincent Price. O ator faz uma interpretação espetacular, encarnando o Mal absoluto. O seu Matthew Hopkins é aquele típico personagem que mete medo no espectador toda vez que aparece em cena, e é verdade. Acho impossível não ter medo do Hopkins de Price, porque ele é o Mal na Terra, usando e abusando de requintes de crueldade para conseguir arrancar confissões de seus acusados. Hopkins não poupa ninguém, e acredita que está fazendo a coisa certa, o que faz dele um dos maiores vilões de todos os tempos.

 

Quem também não faz feio é o diretor Michael Reeves. Sua câmera faz um ótimo trabalho, com seus planos gerais das locações, além de outros planos. Reeves também se mostrou um grande diretor de atores, e não arranca performances caricatas de seu elenco, principalmente dos protagonistas.

 

Como mencionado acima, O Caçador de Bruxas retrata a época da caça às bruxas, que, conforme dito, foi um dos piores períodos da Humanidade. Era uma época onde a ignorância e o medo reinavam sobre o bom senso, e os métodos mais absurdos eram utilizados para conseguir extrair confissões dos acusados. Métodos como tortura, agulhadas e afogamento eram empregados, sem piedade aos acusados, algo que hoje em dia é visto como absurdo. Eu já assisti a alguns filmes sobre esse tema, e sinceramente, o terror real é muito pior do que o terror fantástico, e a ignorância é de provocar raiva no espectador.

 

O Caçador de Bruxas teve seus bastidores conturbados por causa das desavenças entre o astro Vincent Price e o diretor Michael Reeves. Segundo informações da internet, o diretor queria o ator Donald Pleasence para interpretar Hopkins, mas devido a ordens da A.I.P., Price acabou sendo escalado. As coisas continuaram ruins entre eles, com direito ao astro chegando bêbado no set, ou caindo literalmente do cavalo em uma cena. No entanto, após assistir ao filme, Price mandou uma carta à Reeves, parabenizando-o pelo seu trabalho. O diretor Michael Reeves acabou falecendo em 1969, vítima de overdose.

 

Antes de encerrar, mais um pouco de informações a respeito de Matthew Hopkins. Tudo que se sabe sobre ele, é que foi um caçador de bruxas britânico, mas existem fatos de sua vida envoltos em mistério, como por exemplo, a data de seu nascimento – dizem que nasceu em 1620 – e sua própria morte.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Caça às Bruxas no Cinema, em versão restaurada, após anos fora de catálogo.

 

Enfim, O Caçador de Bruxas é um filme muito bom. Um longa assustador e violento, que retrata o período da caça às bruxas com fidelidade ímpar. O astro Vincent Price tem a melhor atuação da sua carreira, aqui no papel do advogado caçador de bruxas Matthew Hopkins. Price assusta toda vez que aparece na tela, e os atos de seu personagem arrancam arrepios do espectador. A direção de Michael Reeves também é muito boa, e o diretor arranca ótimas atuações de seu elenco. Um dos filmes mais violentos de todos os tempos, e um dos melhores da década de 60. Altamente recomendado. 


Créditos: Versátil Home Vídeo.

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terça-feira, 23 de maio de 2023

A CASA QUE PINGAVA SANGUE (1971). Dir.: Peter Duffell.


 NOTA: 8.5



Desde sua fundação, em 1962, a Amicus tornou-se um dos maiores estúdios de cinema britânicos de todos os tempos, rivalizando com a Hammer Films. Porém, ao contrário da Hammer, o estúdio tornou-se especialista em produzir antologias de horror, apesar de lançar outros filmes, a maioria voltados para o horror. Ao total, foram sete antologias, todas maravilhosas.

 

A CASA QUE PINGAVA SANGUE, lançado em 1971, é uma delas, e uma das minhas favoritas. Me arrisco a dizer que é a minha favorita, porque foi a primeira que assisti, e toda vez que assisto, o filme fica ainda melhor.

 

O roteiro, escrito por Robert Bloch, a partir de suas histórias, é composto por quatro segmentos, algo muito comum em uma antologia, dividir o filme em segmentos. Além disso, o longa parece se encaixar no gênero de casa assombrada, visto que o principal cenário é uma casa que causa um efeito estranho em seus moradores.

 

Method for Murder: Um escritor e sua esposa se mudam para uma casa no interior da Inglaterra, para que o homem possa se recuperar de um bloqueio criativo. Uma noite, ele tem uma ideia para seu novo livro, e passa a escrevê-lo de forma compulsiva. No entanto, ele também passa a ser atormentado por visões com o vilão da história.

 

Waxworks: Um homem solitário compra a casa a fim de esquecer um amor do passado. Um dia, durante um passeio pela cidade, ele descobre um museu de cera, e, intrigado, decide entrar. Lá dentro, ele se depara com a escultura de uma mulher que se parece muito com a mulher que amou. Quando um amigo vai visita-lo, o mesmo também se torna obcecado pela estranha figura, o que gera terríveis consequências.

 

Sweets to Sweet: Um homem se muda para a casa com sua filha após a morte de sua esposa. Preocupado com o estranho comportamento da filha, o homem contrata uma professora particular, que passa a ensinar a menina. Durante suas leituras, a menina descobre um livro sobre bruxaria e passa a aprender os truques descritos nas páginas.

 

The Cloak: Um temperamental ator se muda para a casa, a fim de concluir as filmagens de seu novo filme. Após uma confusão no set, ele acaba se deparando com um estranho cartão de uma loja de fantasias. Ao chegar lá, ele compra uma antiga capa de vampiro e passa a usá-la no filme. No entanto, a capa logo revela sua verdadeira natureza.

 

Mais uma vez, temos uma antologia comum, com seus segmentos simples. No entanto, aqui temos também os interlúdios, focados na investigação do Inspetor Holloway, primeiramente com a polícia, e depois com o corretor de imóveis.

 

 Além de ser uma das melhores antologias da Amicus, A Casa também é mais uma aventura do escritor Robert Bloch no estúdio, tendo participado também outras produções para o estúdio. O roteiro de Bloch é muito bom, principalmente quando se trata dos segmentos, porque, assim como em produções anteriores, o estúdio soube apresentar os mais básicos elementos do terror de forma brilhante e convincente.

 

Junto a isso, temos aqui a presença dos lordes do horror, Christopher Lee e Peter Cushing, trabalhando mais uma vez para o estúdio. Ambos estão muito bem em seus papéis, e mais uma vez, se mostram como grandes nomes do horror que eram. Ao lado deles, temos a estrela Ingrid Pitt, um dos grandes nomes do horror britânico, atuando na última história.

 

O diretor Peter Duffell fez um bom trabalho aqui, criando cenas verdadeiramente assustadoras e tensas, principalmente na primeira e na última histórias. Ambas possuem cenas de tensão, focadas nos personagens, sem o uso de trilha sonora, algo que, conforme já mencionei em outras resenhas, é um ótimo elemento para assustar.

 

A Casa é um típico filme de horror produzido na Inglaterra naquele período, o que faz parte do seu charme, graças às cenas e o clima nostálgico. Esse é o tipo de elemento que me atrai nos filmes desse período, porque eles têm um apelo diferente em relação aos filmes produzidos nos Estados Unidos, por exemplo.

 

O longa é uma antologia, certo? E como todas, sempre tem uma historia que é melhor que as outras. Aqui não é diferente. Na minha opinião, a melhor é The Cloak, a última. Toda vez que assisto a esse segmento, eu gosto mais, porque é uma história verdadeiramente arrepiante, além de focar na metalinguagem, e ser uma releitura das histórias de vampiros. O segmento é muito bom e prende a atenção por causa desses elementos, e por causa do seu final. O final do filme em si, com o Inspetor Holloway enfrentando os vampiros também é muito legal e assustador.

 

Enfim, A Casa que Pingava Sangue é um filme muito divertido. Uma antologia clássica, com seus segmentos brilhantes, cada um com seu charme próprio. Um clima de nostalgia e mistério preenchem o filme e o deixam ainda melhor a cada revisão. A presença de grandes astros do horror britânico também é um destaque, combinado com o roteiro inspirado de Robert Bloch. Uma das melhores antologias da Amicus Productions. 



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quinta-feira, 18 de maio de 2023

SEXTA-FEIRA 13 – PARTE 6 – JASON VIVE (1986). Dir.: Tom McLoughlin.

 

NOTA: 8


Antes de falar sobre o filme, vou deixar um recado. Esta é a ultima resenha a respeito da franquia Sexta-Feira 13, porque é o ultimo filme da franquia que tenho na minha coleção, e também porque os demais não foram lançados no Brasil em mídia física.

 

Bom, dado o recado, vamos lá.

 

Após o desempenho ruim da Parte 5, a Paramount decidiu trazer Jason de volta, e o resultado foi SEXTA-FEIRA 13 – PARTE 6 – JASON VIVE, dirigido por Tom McLoughlin.

 

Na opinião de muitos fãs da franquia, este é o segundo melhor depois do primeiro, talvez pela forma como foi contado. Ao contrário do tom sério dos filmes anteriores, aqui temos um longa conduzido pelo humor negro e pelas situações absurdas no roteiro.

 

Eu pessoalmente não considero esse um dos meus favoritos, mas admito que é muito legal. No entanto, eu ainda prefiro os quatro primeiros.

 

Mas vamos lá. Sexta-Feira 13 – Parte 6 é mais um filme focado no personagem do Tommy Jarvis, que esteve nos dois filmes anteriores, ganhando destaque na franquia como sendo uma espécie de nêmesis do vilão. Aqui, temos o personagem adulto novamente, disposto a provar que Jason está a solta, após ser revivido numa noite de tempestade. No entanto, ninguém acredita nele e somente descobrem a verdade após o assassino surgir diante deles.

 

É um roteiro bem amarrado, porque foca na trama de Tommy e sua busca para derrotar o vilão. Além disso, temos de fato a trama de um acampamento funcionando, porque temos crianças que estão realmente acampando no Crystal Lake, que aqui foi renomeado, justamente para tentar apagar a lenda do vilão.

 

Além disso, temos algumas cenas que envolvem um humor negro até que involuntário, com direito a quebras de quarta barreira, principalmente nas cenas envolvendo o coveiro do cemitério. Os personagens também contribuem para esse tom de humor, com tiradas espertas, muitas delas dadas pelos personagens secundários.

 

Uma das mais notáveis é a sequência do jogo de paintball, uma sequência aleatória, que surge do nada, com personagens estúpidos, que estão lá apenas para morrerem nas mãos de Jason. E as cenas de morte dessa sequência são bem criativas, com direito a membros arrancados e um rosto sendo prensado numa arvore com um smile desenhado nela. Nessa cena também é estabelecido como Jason conseguiu sua machete, arrancando-a de um dos jogadores. Na verdade, ao longo da franquia, nós vimos que o vilão conseguiu várias machetes diferentes, mas parece que foi aqui que a machete definitiva do personagem foi conquistada – mesmo que ele não faça uso dela nos demais filmes.

 

Conforme mencionado acima, aqui temos o retorno de Tommy Jarvis, mas também temos outros personagens bem interessantes, como o Xerife Garris, que faz de tudo para conter o protagonista porque não acredita nele; temos também a filha do xerife, que simpatiza com Tommy e decide ajuda-lo; como sempre, temos os monitores do acampamento, sendo todos muito bem estabelecidos e bem escritos. Os demais personagens também não fazem feio.

 

No entanto, o melhor personagem é o vilão. Aqui temos a primeira aparição da versão zumbi de Jason, visto que ele ressuscita de seu tumulo com ajuda de um raio. O vilão está em forma aqui, alto, brutal, implacável, com sua característica máscara de hóquei, luvas de couro e um cinto de utilidades. Essa é a peça do figurino que mais chama a atenção dos fãs, e adiciona um elemento a mais ao personagem.

 

Apesar de sua presença imponente, as cenas de morte são bem reduzidas aqui, principalmente graças aos cortes da MPAA, que era famosa por cortar as cenas mais sangrentas da franquia. A falta de cenas mais elaboradas não exclui as cenas de mortes criativas, principalmente a cena em que uma personagem tem o rosto prensado na lataria do trailer, ou quando Jason quebra um personagem ao meio.

 

E claro, além do roteiro bem amarrado, temos também uma direção criativa. O diretor McLoughlin faz uso de planos mirabolantes para criar cenas de tensão, sempre mostrando o vilão ao fundo do cenário, ou na frente da câmera.

 

E na trilha sonora, temos a presença do cantor Alice Cooper, com três canções, sendo a mais conhecida, He’s Back (The Man Behind the Mask), que toca nos créditos finais.

 

Sexta-Feira 13 – Parte 6 – Jason Vive foi lançado em 01/ago/1986 e obteve um bom resultado nas bilheterias.

 

A franquia foi lançada em VHS e DVD no Brasil ao longo dos anos, mas atualmente está fora de catálogo. Lá fora, a franquia foi lançada em Blu-Ray pela Shout! Factory, em um grande box ilustrado.

 

Enfim, Sexta-Feira 13 – Parte 6 – Jason Vive é um filme bem legal. Um filme com um roteiro bem amarrado, focado no humor negro, com grandes tiradas. Além disso, a direção é criativa e cria cenas de tensão e medo. O vilão Jason é o grande destaque, com um novo visual imponente, brutal e implacável, com a clássica machete e um cinto de utilidades. Um dos mais adorados pelos fãs da franquia. Um filme muito bom.





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O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA – O RETORNO (1995). Dir.: Kim Henkel.

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