NOTA: 8.5
Desde sua fundação, em 1962, a Amicus tornou-se um
dos maiores estúdios de cinema britânicos de todos os tempos, rivalizando com a
Hammer Films. Porém, ao contrário da Hammer, o estúdio tornou-se especialista
em produzir antologias de horror, apesar de lançar outros filmes, a maioria
voltados para o horror. Ao total, foram sete antologias, todas maravilhosas.
A CASA QUE
PINGAVA SANGUE, lançado em 1971, é uma delas, e uma das minhas favoritas.
Me arrisco a dizer que é a minha favorita, porque foi a primeira que assisti, e
toda vez que assisto, o filme fica ainda melhor.
O roteiro, escrito por Robert Bloch, a partir de suas
histórias, é composto por quatro segmentos, algo muito comum em uma antologia,
dividir o filme em segmentos. Além disso, o longa parece se encaixar no gênero
de casa assombrada, visto que o principal cenário é uma casa que causa um
efeito estranho em seus moradores.
Method for Murder:
Um escritor e sua esposa se mudam para uma casa no interior da Inglaterra,
para que o homem possa se recuperar de um bloqueio criativo. Uma noite, ele tem
uma ideia para seu novo livro, e passa a escrevê-lo de forma compulsiva. No
entanto, ele também passa a ser atormentado por visões com o vilão da história.
Waxworks: Um
homem solitário compra a casa a fim de esquecer um amor do passado. Um dia,
durante um passeio pela cidade, ele descobre um museu de cera, e, intrigado,
decide entrar. Lá dentro, ele se depara com a escultura de uma mulher que se
parece muito com a mulher que amou. Quando um amigo vai visita-lo, o mesmo
também se torna obcecado pela estranha figura, o que gera terríveis
consequências.
Sweets to
Sweet: Um homem se muda para a casa com sua filha após a morte de sua
esposa. Preocupado com o estranho comportamento da filha, o homem contrata uma
professora particular, que passa a ensinar a menina. Durante suas leituras, a
menina descobre um livro sobre bruxaria e passa a aprender os truques descritos
nas páginas.
The Cloak: Um
temperamental ator se muda para a casa, a fim de concluir as filmagens de seu
novo filme. Após uma confusão no set, ele acaba se deparando com um estranho
cartão de uma loja de fantasias. Ao chegar lá, ele compra uma antiga capa de
vampiro e passa a usá-la no filme. No entanto, a capa logo revela sua
verdadeira natureza.
Mais uma vez, temos uma antologia comum, com seus
segmentos simples. No entanto, aqui temos também os interlúdios, focados na
investigação do Inspetor Holloway, primeiramente com a polícia, e depois com o
corretor de imóveis.
Além de ser
uma das melhores antologias da Amicus, A
Casa também é mais uma aventura do escritor Robert Bloch no estúdio, tendo
participado também outras produções para o estúdio. O roteiro de Bloch é muito
bom, principalmente quando se trata dos segmentos, porque, assim como em
produções anteriores, o estúdio soube apresentar os mais básicos elementos do
terror de forma brilhante e convincente.
Junto a isso, temos aqui a presença dos lordes do
horror, Christopher Lee e Peter Cushing, trabalhando mais uma vez para o
estúdio. Ambos estão muito bem em seus papéis, e mais uma vez, se mostram como
grandes nomes do horror que eram. Ao lado deles, temos a estrela Ingrid Pitt, um
dos grandes nomes do horror britânico, atuando na última história.
O diretor Peter Duffell fez um bom trabalho aqui,
criando cenas verdadeiramente assustadoras e tensas, principalmente na primeira
e na última histórias. Ambas possuem cenas de tensão, focadas nos personagens,
sem o uso de trilha sonora, algo que, conforme já mencionei em outras resenhas,
é um ótimo elemento para assustar.
A Casa é
um típico filme de horror produzido na Inglaterra naquele período, o que faz
parte do seu charme, graças às cenas e o clima nostálgico. Esse é o tipo de
elemento que me atrai nos filmes desse período, porque eles têm um apelo
diferente em relação aos filmes produzidos nos Estados Unidos, por exemplo.
O longa é uma antologia, certo? E como todas, sempre
tem uma historia que é melhor que as outras. Aqui não é diferente. Na minha
opinião, a melhor é The Cloak, a
última. Toda vez que assisto a esse segmento, eu gosto mais, porque é uma
história verdadeiramente arrepiante, além de focar na metalinguagem, e ser uma
releitura das histórias de vampiros. O segmento é muito bom e prende a atenção
por causa desses elementos, e por causa do seu final. O final do filme em si,
com o Inspetor Holloway enfrentando os vampiros também é muito legal e
assustador.
Enfim, A Casa
que Pingava Sangue é um filme muito divertido. Uma antologia clássica, com
seus segmentos brilhantes, cada um com seu charme próprio. Um clima de
nostalgia e mistério preenchem o filme e o deixam ainda melhor a cada revisão.
A presença de grandes astros do horror britânico também é um destaque,
combinado com o roteiro inspirado de Robert Bloch. Uma das melhores antologias
da Amicus Productions.
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