segunda-feira, 18 de março de 2019

AR FRIO (H.P. Lovecraft).


NOTA: 9


AR FRIO
AR FRIO é um conto fantástico. Uma historia de horror com toques ficção cientifica e mistério.

Escrito por Lovecraft no final dos anos 20, é um de seus melhores trabalhos, e um dos mais arrepiantes. Em poucas paginas, o autor cria uma trama simples, mas repleta de enigmas, que são revelados aos poucos, e de forma chocante.

O que também torna este um texto incrível é que, de certa forma, ele consegue fazer com que o leitor entre naquele lugar junto com o personagem principal – e narrador – e descobrir o que esconde o doutor que está hospedado no andar superior. E a medida que o mistério vai se desenrolando, logo percebemos que o protagonista não deveria ter feito aquilo, mas, infelizmente é tarde demais. De algum modo, ele torna-se cumplice do medico, não apenas no que diz respeito a sua estranha doença, mas também no que vem em seguida, quando a maquina que ele mantem em seu quarto – cujo proposito é macabro – começa a apresentar defeitos. Então, a partir daí, é possível perceber que não há saída.

Durante o tempo em que produziu o texto, Lovecraft passou parte de sua vida em Nova York, acompanhando sua esposa. Conforme relatou, foi uma terrível experiência, uma vez que estava fora de casa, e ajudou a intensificar seus medos, que ele transferiu para o papel, tanto aqui como em Ele, talvez o trabalho que mais reflete seu período na Grande Maçã.

Enfim, Ar Frio é excelente. Contém elementos de horror, talvez, um certo clima de investigação, e principalmente, de ficção cientifica. E tudo isso foi combinado de forma majestosa, culminando num final chocante.

Em 1993, recebeu uma adaptação no filme Necronomicon – O Livro Proibido dos Mortos, excelente antologia baseada nos textos do autor.

Um dos melhores trabalhos de H.P. Lovecraft.



H.P. LOVECRAFT






domingo, 17 de março de 2019

MOBY DICK (Herman Melville).


NOTA: 9


MOBY DICK
Uma batalha. Assim pode ser definida a leitura de MOBY DICK, obra máxima do autor Herman Melville. Após quase dois anos preso a ele, finalmente consegui concluir a leitura.

A leitura de Moby Dick não é fácil, uma vez que é uma obra complexa, composta por diversas camadas, e que, até hoje, recebe inúmeras intepretações.

Em seu texto, Melville conta basicamente uma historia de aventura, onde um grupo de marinheiros embarca num navio para caçar baleias. Parece simples, não? Bem, não é bem assim. A narrativa é lenta, densa e muito detalhada, principalmente quando o autor decide falar sobre a Cetologia, o estudo dos cetáceos. Pode até ser que o leitor desavisado queira pular essa parte do livro e ir direto para a narrativa em si (contada em primeira pessoa pelo protagonista Ismael), mas, infelizmente, não é possível, uma vez que Melville intercala trechos científicos com sua narrativa de ficção, então, é praticamente impossível separar essa parte da historia.

Como mencionado acima, Moby Dick possui diversas interpretações, sendo as mais conhecidas de que trata-se da eterna luta do Bem contra o Mal. E lendo o livro, isso ficou claro para mim em alguns pontos, principalmente no final. Não sei como aqueles que o leram interpretaram, mas, eu concluí que existe, sim, uma luta do Bem contra o Mal, mas, nesse caso, o Bem é a Baleia-Branca Moby Dick, e o Mal, o Capitão Ahab. Pelo menos essa foi a minha visão, uma vez que, desde sua primeira aparição na historia, Ahab deixa claro qual o seu objetivo: vingar-se de Moby Dick por ter-lhe arrancado a perna, e tê-lo colocado sobre um “tronco morto”. Essa também é outra visão sobre a obra: uma historia de obsessão, obsessão de vingança de Ahab, que está disposto a tudo para ter sua vingança, mesmo que custe sua vida e a vida de sua tripulação.

Um detalhe interessante: o próprio Melville fez parte de um navio baleeiro durante parte de sua vida, então, de certa forma, esse pode ser também um relato autobiográfico, uma vez que a jornada dos personagens é descrita com detalhes impressionantes; em certos momentos, cheguei a visualizar as cenas descritas pelo autor, até mesmo a própria Baleia-Branca.

E falando em Moby Dick, ele é, sem duvida, o personagem mais impactante da historia, talvez mais até que os próprios marinheiros. Melville o descreve com paixão, em toda sua gloria, quase como se ele fosse um personagem mítico, bíblico, até – também uma interpretação da obra, se não estou enganado.

O que também torna o texto incrível, é que, durante boa parte da historia, o autor quase não apresenta seu personagem-título, apenas mostra que ele está presente nos diálogos entre Ahab e sua tripulação. Depois disso, ficamos um longo tempo sem ver o nome de Moby Dick; porém, quando ele surge finalmente na historia, é um momento espetacular. Aliás, esse é outro ponto interessante – a ausência da Baleia-Branca. Em diversos momentos, parece que Ahab está vivendo uma fantasia, que aquela baleia existe apenas em sua cabeça, ou então, parece que a baleia está morta. Mas para ele, isso não importa – ele mostra-se decidido a cumprir seu destino, e o destino de Moby Dick, que ele acredita, será morrer por seu arpão.

Sobre a parte da Cetologia, digo o seguinte: é preciso muita paciência para ler, porque o autor descreve com detalhes a anatomia de uma baleia, além de explicar seu nome e também descrever – da forma mais gráfica possível – como os arpoadores içam seu corpo para o navio e o que fazem depois. E como já disse, é impossível separar-se dessa parte da historia.

Enfim, Moby Dick é um livro extraordinário, cansativo às vezes, é verdade, mas, extraordinário. Uma historia de aventura, ação, drama, suspense e emoção, tudo maravilhosamente escrito e executado.


Um livro fascinante. Um Clássico da Literatura Universal.


HERMAN MELVILLE


EVIL DEAD - UMA NOITE ALUCINANTE I - A MORTE DO DEMÔNIO (1981). Dir.: Sam Raimi.


NOTA: 10


EVIL DEAD - UMA NOITE ALUCINANTE I -
A MORTE DO DEMÔNIO (1981)
EVIL DEAD é um Clássico! Não apenas um Clássico do Terror, mas um Clássico do Cinema. Um marco do gore, é um filmes mais assustadores que eu já vi na vida.

Tudo começou em 2002, quando fui à locadora com meu irmão e minha mãe, como era costume nas noites de sexta-feira. Como sempre, fui à seção de filmes de terror e comecei a vasculhar as fitas. Acabei encontrando o VHS e resolvi alugar. Naquela mesma noite, botei no videocassete. O resultado foi uma noite de horror, tão grande que devolvi a fita no dia seguinte. Um tempo depois, aluguei a fita novamente e consegui assistir ao filme, com exceção da cena em que um dos monstros decepa a própria mão com os dentes – cena essa que me assustou da primeira vez. Mais tarde naquele mesmo ano, acabei comprando o DVD, que veio junto com o VHS do segundo filme, numa banca de revista. A experiência foi praticamente a mesma. Hoje em dia, reconheço o valor e a importância desse pequeno filme de horror.

Lançado em 1981, escrito e dirigido por Sam Raimi, não há duvidas de que é um dos maiores filmes de terror de todos os tempos, contando com legiões de fãs no mundo todo.
Com certeza, o que torna Evil Dead tão assustador é a sua simplicidade. Rodado com um orçamento mínimo, praticamente por estudantes de cinema, é a prova de que não se precisa de um orçamento gigantesco para se contar uma boa historia, independente do gênero. Raimi conseguiu grandes feitos, principalmente técnicos, com destaque para a maquiagem dos monstros e truques de câmera, que seriam aprimorados no segundo filme, lançado seis anos depois.

Um detalhe curioso é que na época em que o filme foi lançado, o que estava em vigor no cinema de horror eram os slashers, então, Raimi e sua equipe queriam fazer uma coisa diferente, fora de realidade, como explicou o astro Bruce Campbell, anos mais tarde. E de fato, conseguiram. Filmes sobre possessões demoníacas não eram novidade no cinema na época, porém, eram sempre voltados para o cunho religioso. Até onde eu sei, antes de Evil Dead, não houve nenhum filme sobre possessão demoníaca abordada dessa maneira. E com certeza, nunca houve depois.

Como mencionado acima, o filme, além de ser um marco do horror, é um marco do gore, ou talvez, um dos mais importantes filmes gore do cinema. E falo sério. Desde o momento que o primeiro personagem é possuído pelos demônios, Raimi não nega fogo, e mostra sangue de todas as formas, saindo de todos os lugares, principalmente nos momentos finais. Antes dele, talvez o maior filme gore do cinema tenha sido O Despertar dos Mortos (1978), do saudoso George A. Romero, que logo na abertura, contava com sequencias verdadeiramente sangrentas, criadas pelo mestre Tom Savini. Mas aqui, parece que Raimi foi mais fundo, com o exagero ao máximo, o que contribui para o clima assustador da historia.

Porém, não só de horror vive Evil Dead. Em certos momentos, principalmente no inicio, o diretor pega leve com o espectador, às vezes criando um clima de filme leve, até engraçado. E mesmo depois que a coisa pega fogo, ele apresenta momentos em que nada acontece, o que também ajuda a aumentar o medo e a tensão. E não é sempre que isso dá certo.

Outra coisa que o filme ajudou a fazer, foi popularizar, e por que não, criar o subgênero Cabin in the Woods, onde os personagens vão para uma cabana nas montanhas. Talvez o exemplo mais conhecido depois de Evil Dead seja Cabana do Inferno (2003), primeiro filme dirigido por Eli Roth.

Não sei o que outros cineastas que exploraram esse subgênero fizeram em seus filmes, mas, aqui, Raimi praticamente transforma a cabana em um personagem da historia, talvez um dos personagens mais importantes da historia, uma vez que os outros não podem sair, porque os espíritos demoníacos tomaram todo o ambiente. E o pior é que, de fato, não há lugar para onde eles podem ir, conforme o protagonista Ash e sua irmã descobriram quando tentaram escapar após a polêmica sequencia das árvores – que até hoje, rende discussões. E como eles, de certa forma, também nós nos sentimos presos àquele lugar, ainda mais quando as esperanças de fugir com vida vão diminuindo à medida que todos são possuídos.

Por falar nos personagens, dois merecem destaque. O primeiro com certeza é Ash, interpretado por Bruce Campbell. Para quem conhece o personagem hoje, com seu ar de bad boy, com uma motosserra na mão, caçando e despedaçando demônios, vai se surpreender. Aqui ele é apresentado quase como um medroso, sempre gritando e hesitando na hora de matar os monstros. Isso é claramente uma forma de construir o personagem, uma vez que no segundo filme, ele se torna-se aquele Ash J. Williams que todos nós conhecemos e adoramos hoje – e que com certeza, gostaríamos de ser ou então ter ao nosso lado numa briga com os demônios da franquia. Outro que merece destaque é sua irmã, Cheryl. Se no inicio da historia, ela mostra-se uma pessoa insegura com aquela aventura, após ser possuída pelos demônios, torna-se um monstro implacável. Alias, essa sempre foi uma característica da trilogia: mesmo com os outros personagens sendo possuídos, sempre um acaba se tornando o vilão principal. E logo no primeiro filme, a coisa fica feia. A criatura não poupa o personagem principal em momento nenhum, principalmente depois que foge do porão, onde estava presa.

Para finalizar, Evil Dead é um filme cheio de fãs. Desde o seu modesto lançamento, tornou-se um dos mais importantes filmes de todos os tempos, figurando na lista dos “1001 Filmes que Você Precisa Ver Antes de Morrer”, além de receber altas avaliações em sites especializados no gênero e outros. E o reconhecimento passou para suas continuações, que também contam com altas avaliações do publico.

Em 2013, recebeu um remake, que contou com Raimi e Campbell como produtores. Como todo produto do cinema de horror atual, o remake aposta mais no clima pesado e na falta de sustos. Pelo menos, contou com efeitos práticos que conseguem ser convincentes, mas, não superam o original em nada.

Enfim, Evil Dead é um grande filme. Um verdadeiro Clássico do Terror. Um dos Filmes Mais Assustadores de Todos os Tempos. Excelente.






OS RATOS NAS PAREDES (H.P. Lovecraft).


NOTA: 9.5


OS RATOS NAS PAREDES
Escrito por Lovecraft nos anos 20, OS RATOS NAS PAREDES é um dos seus melhores trabalhos, e talvez um dos mais conhecidos fora do Ciclo dos Mitos de Cthulhu, ao lado de A Tumba e Herbert West Reanimator.

Com uma narrativa repleta de tensão e suspense, Lovecraft tem aqui uma historia sufocante, construída aos poucos, mas que consegue prender a atenção e provocar arrepios.
Considerado como uma rara excursão do autor ao terror gótico, Ratos pode, sim, ser considerado como tal, uma vez que apresenta elementos presentes nesse tipo de texto: a família com segredos, a atmosfera e a arquitetura do local da narrativa.

O que também o torna um texto surpreendente é a forma como é construído. Ao invés de revelar logo de cara o terror, Lovecraft primeiro nos leva ao passado da família De La Poer, uma família antiga, cercada de mistérios e segredos obscuros. Nos primeiros parágrafos, o personagem principal narra a historia de seus ancestrais, e não é uma historia boa: assassinatos, loucura, ligações com seres pagãos... Enfim, uma família repleta de esqueletos nos armários. Mas, mesmo sabendo da historia, o protagonista mostra-se determinado a residir no castelo da família, após restaurá-lo. Porém, quase que imediatamente após sua chegada, seus gatos, em especial seu gato preto Nigger-Man, começam a se comportar de forma estranha, o que leva-o a investigar o que está acontecendo. A partir daí, Lovecraft leva seu protagonista ao inferno, de uma certa forma.

As cenas dentro do castelo são aterrorizantes, escritas com riqueza de detalhes, principalmente nos momentos finais da historia. Juro. Confesso que me imaginei naquele lugar junto com os personagens, o que de certa forma, aumentou minha sensação de claustrofobia. De fato, é possível sentir claustrofobia durante a leitura. E o final, é de cair o queixo.

Enfim, OS RATOS NAS PAREDES é um dos melhores textos de H.P. Lovecraft. Uma trama de terror genuína, com todos os elementos necessários para criar medo no leitor.


Um texto brilhante e assustador. Excelente.



H.P. LOVECRAFT

    LOBOS (1981). Dir.: Michael Wadleigh.



    Resenha publicada em homenagem ao ator Albert Finney, que faleceu em Fevereiro.

    NOTA: 10


    LOBOS (1981)
    LOBOS é um filme excelente. Um dos melhores filmes sobre animais assassinos já produzidos.

    Dirigido por Michael Wadleigh, o filme é baseado no livro de estreia do escritor Whitley Strieber, autor de Fome de Viver e do polêmico Comunhão.

    O que o torna um filme brilhante é a sua execução. Toda a trama desenvolve-se lentamente, deixando o terror nas sombras, revelando-o apenas nos momentos finais. Durante boa parte do filme, somos apresentados a uma historia policial clássica, com todos os elementos.

    Mas não apenas a trama policial merece destaque, como também a trama de suspense, construída aos poucos, na base da sugestão. Não sei se o diretor optou por fazê-lo por razões orçamentárias ou de proposito; o caso é que a coisa funciona brilhantemente. Assim como Spielberg fez em Tubarão, Wadleigh faz uso da câmera subjetiva para simular a presença dos lobos na cidade de Nova York; porém, ele o faz com o uso de câmeras especiais, com efeitos infravermelhos, que visualizam o calor das vítimas, por exemplo.

    Outra coisa bem realizada são os truques que o diretor usa para indicar que os animais estão sempre presentes, seja com o personagem especialista, interpretado por Tom Noonan, seja com os personagens indígenas, que constituem um elemento chave da historia. Todos os elementos funcionam e aumentam ainda mais o suspense e a vontade de ver os lobos. E quando eles surgem, – próximo ao final do filme – é possível ver que todos os truques valeram a pena, da mesma forma que no Clássico de Spielberg.

    Como mencionado acima, a trama é construída aos poucos, em slowburn, e isso, para alguns, pode ser um ponto fraco. Mas, pessoalmente, eu gostei da maneira como tudo foi orquestrado; até porque, não sei se o resultado ficaria tão bom se os lobos surgissem logo no começo do filme.

    Não sei como as coisas funcionam em outros filmes de animais assassinos, principalmente cães, mas aqui, a matança causada pelos lobos tem um motivo: a sobrevivência. Como explica o personagem de Eddie Holt, interpretado por Edward James Olmos, ao personagem principal, interpretado por Albert Finney, tudo está acontecendo por causa da destruição causada pelos homens no passado, o que deixou os animais sem lugar para morar, e a beira da extinção, uma pista deixada brevemente pelo personagem de Noonan, anteriormente. Ou seja, os papeis se inverteram.

    Porém, a policia não vê as coisas dessa forma, e, até verem de fato os lobos, acreditam que os crimes são trabalho de um grupo terrorista que está agindo nos Estados Unidos. As sequencias de investigações são muito bem construídas e convincentes. É possível ver que aqueles personagens estão querendo apenas fazer o seu trabalho e garantir a segurança do publico.

    Os aspectos técnicos também contribuem para a eficiência do filme. Não conheço o trabalho de Wadleigh, então, não posso afirmar se os seus outros filmes seguem a mesma linha técnica, mas aqui, tudo funciona. A fotografia de Gerry Fisher está perfeita, captando nos tons sujos e decadentes de Nova York com maestria; as câmeras steadicam também fazem bonito, principalmente nas cenas envolvendo a ponte do Brooklyn, onde os índios se escondem durante a noite e trabalham durante o dia. A trilha sonora é magistral, e garante arrepios na espinha.

    Além de ser um filme de terror policial, LOBOS também é um filme de terror sobrenatural, e isso é mostrado nas sequencias em que Holt passa por uma transformação na praia, e também na sequencia final. O tema da troca de formas na cultura indígena é muito bem explorado no filme, e, como já mencionado, possui um papel chave na trama, uma vez que fica no ar a duvida se os lobos são de fato lobos, ou índios em metamorfose. O aspecto sobrenatural também é sugerido na sequencia do primeiro assassinato, uma vez que a policia imagina que membros de um culto Vodu estão envolvidos no caso, mas isso é logo descartado. Seja como for, o resultado é arrepiante.

    Os animais do título são o verdadeiro destaque. Mesmo com pouca presença, eles enchem a tela com seu ar ameaçador e sua beleza. Eles surgem apenas no final do filme, e o fazem de maneira brilhante. Todos os lobos presentes na historia são negros e a fotografia noturna contribui para o clima de mistério da sequencia em que eles surgem. Eles passam o filme inteiro escondidos em uma igreja em ruinas na parte velha da cidade, e, sinceramente, o ambiente possui um clima gótico que contribui para o ar de mistério e suspense do filme.


    Enfim, LOBOS é um filme de primeira. Um filme de terror com elementos de trama policial e mistério e terror sobrenatural, tudo muito bem amarrado em uma trama redonda e bem construída.




    TERRORES URBANOS (2018).


    NOTAS DOS EPISÓDIOS:

    A LOIRA DO BANHEIRO: 9 | A GANGUE DOS PALHAÇOS: 8 | O QUADRO DO MENINO QUE CHORA: 7.5 | BONECO AMIGÃO: 8 | O HOMEM DO SACO: 8


    TERRORES URBANOS (2018)
    Lançada no inicio de Janeiro, Terrores Urbanos é mais uma das inúmeras produções nacionais voltadas para o gênero de terror. Ao contrario das demais, “Terrores” é uma produção de TV, realizada pela Record.

    Eu admito que não sou consumidor da Record, simplesmente porque não sou fã da programação da emissora; mas, admito que a série me chamou a atenção, por causa do tema: Lendas Urbanas brasileiras. Porém, antes de começar a falar sobre os 5 episódios, vou admitir: não conheço nada sobre as lendas urbanas abordadas na série.

    O primeiro episódio aborda a lenda da Loira do Banheiro, uma menina que morreu no banheiro da escola enquanto matava aula. Na história, uma adolescente, que recebeu a tarefa de ser oradora da turma no final do ano, passa a ser assombrada pelo fantasma de outra garota no banheiro da escola. Intrigada, ela decide descobrir quem é a garota. As consequências são desastrosas e assustadoras – comum em todos os episódios.

    O segundo episódio apresenta a história da Gangue dos Palhaços, que, segundo dizem, sequestra crianças no portão da escola. Aqui, porém, as coisas são diferentes. A moradora de um bairro rico de SP – que mantém a casa sobre vigilância constante, com câmeras de segurança – é ameaçada em sua casa pela tal gangue, que possui alguma relação com a prisão de seu marido, devido a um escândalo. O resultado é uma noite de terror e medo.

    No terceiro episódio, um médico recebe um Quadro com a figura de um Menino Chorando, que, segundo um funcionário da clínica, traz desgraças para quem seu dono. No inicio, o doutor não acredita nas historias; porém, conforme o tempo vai passando, coisas estranhas começam a acontecer: ele passa a ter visões de um garotinho, e seus pacientes começam a morrer de formas horríveis. Com o tempo, ele próprio passa a ser afetado pelo tal quadro.

    O penúltimo episódio conta a história de um boneco amaldiçoado. Um menino ganha de sua avó um Boneco Amigão, que fez muito sucesso nos anos 90. À primeira vista, sua mãe – que acabou de dar a luz – não acha nada de estranho. Mas, as coisas começam a mudar na vida de seu filho. Intrigada, ela decide investigar a historia do boneco e descobre coisas assustadoras sobre ele. Com medo pela vida dos seus filhos, ela tenta, de todas as formas, livrar-se do brinquedo, mas descobre que não é nada fácil afastá-lo de seu filho, uma vez que ele próprio parece afetado pelo boneco.

    O último episódio apresenta a historia do Homem do Saco, que segundo dizem, sequestrava crianças malvadas. Uma vendedora de cosméticos recebe de sua irmã a tarefa de cuidar de sua sobrinha. Inicialmente relutante, devido a uma traumática experiência anterior, ela acaba aceitando. Porém, coisas estranhas começam a acontecer, como o desaparecimento de uma criança do bairro, e seus clientes passam a ter reações alérgicas aos seus produtos; ao mesmo tempo, sua sobrinha começa a comportar-se mal, e passa a atormentá-la com a lenda do Homem do Saco.

    Esteticamente falando, a série foi muito bem feita. A iluminação, edição, direção, elenco e efeitos especiais são muito bons, em especial o elenco, que não se deixa cair no exagero, coisa comum nas produções de entretenimento da emissora. Os atores expressaram o medo de forma autentica, o que ajudou a aumentar a tensão dos episódios. Os roteiros também foram muito bem escritos, redondos, com começo, meio e fim. Seguindo o formato de pequenas historias, no primeiro momento, tudo parece bem, até que, rapidamente, o terror toma conta, de forma discreta no inicio, mas, conforme a historia avança, ele vai crescendo, da melhor forma. Talvez tomando emprestado as técnicas do cinema americano, a série contava muito com jump-scares, mas ao contrario dos filmes de terror atuais, a técnica funcionou. E bem.

    Agora, sobre os efeitos especiais, digo o seguinte. Foram outro dos trunfos da serie, principalmente os truques de maquiagem, com destaque para o primeiro episodio – a maquiagem de fantasma da garota morta era de arrepiar!

    Agora, como copiar o trabalho dos outros não é novidade, os realizadores da série fizeram isso com certeza. Sério. Principalmente nos dois últimos episódios. O tal “Boneco Amigão” foi claramente inspirado no Chucky, tanto no nome quanto na aparência – o sorriso é praticamente idêntico! A própria estrutura do episodio também parece ter sido xerocada, principalmente do primeiro filme da série Brinquedo Assassino: em certo momento, a silhueta do menino correndo pelo corredor lembra, e muito, a cena do primeiro assassinato no filme de 1988. Agora, a piada foi deixada para o último episodio. O tal “Homem do Saco” é cópia escarrada do assassino de Seis Mulheres para o Assassino (1964), do Maestro Mario Bava! Sério! Enquanto assistia ao episodio, eu só pensava que estava assistindo a um Giallo!!!! Tive vontade de rir!!! Em tempo: o segundo episódio me fez lembrar – e muito – Os Estranhos ou a série Uma Noite de Crimes, uma vez que a trama se passa praticamente na casa.

    Em compensação, o medo tomou conta de mim o tempo inteiro. Desde o primeiro episodio. Acho que desde Trilogia do Terror (1968), nunca tive tanto medo numa produção de horror brasileira!

    Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de todos os personagens da série terem problemas. A começar pela protagonista do primeiro episodio: dominada por uma mãe exigente e perfeccionista. A protagonista do primeiro episódio tem problemas psicológicos, sofre nas mãos do filho rebelde – e assustador – e do marido corrupto, pra completar, sofre de Clourofobia (medo de palhaços)! O medico do terceiro episódio perdeu um garotinho para o câncer e ao que parece, passou a perna no antigo sócio. A protagonista do penúltimo episódio tenta, a todo custo, ser a esposa e mãe perfeitas, sofre com a rejeição da sogra, e, tem problemas de amamentação. E por fim, a mocinha do último episodio, perdeu o garotinho de quem tomava conta e vive atormentada pelo peso da culpa. Em suma, todos são vítimas fáceis para o sobrenatural – não que o sobrenatural também não escolha as “pessoas perfeitas”.

    Os coadjuvantes também não ficam atrás. O filho da protagonista do Episódio 2 é assustador, mesmo, e consegue ser pior que os palhaços. O Homem do Saco também não fica atrás.

    E por fim, os episódios são cheios de surpresas, mas, não vou entregar, pra não dar spoilers.


    Enfim, Terrores Urbanos foi uma das melhores séries que assisti nesse começo de ano. Muito boa. Super bem feita. Assustadora.


    O MONSTRO DA LAGOA NEGRA (1954). Dir.: Jack Arnold.


    Resenha publicada em homenagem à atriz Julia Adams, que faleceu em Fevereiro.

    NOTA: 10


    O MONSTRO DA LAGOA NEGRA (1954)
    Lançado na década de 50, O MONSTRO DA LAGOA NEGRA encerra o ciclo dos Monstros Clássicos da Universal, que começou em 1931, com Drácula, dirigido por Tod Browning e estrelado por Bela Lugosi. Diferente de seus antecessores, o filme não aposta no horror gótico, e, sim, em uma trama de ficção científica ambientada no Rio Amazonas, no Brasil. 

    Mas, mesmo apostando na ficção científica, o filme também é um exemplar do gênero de horror, com direito a cenas verdadeiramente assustadoras e clima de tensão onipresente. As cenas envolvendo o Homem-Guelra são as melhores do filme, e, com certeza, as mais memoráveis; aliás, o Monstro é o grande destaque, com seu visual clássico e inigualável. Mesmo depois de quase 70 anos, o design do personagem-título ainda impressiona, e supera toda e qualquer criatura digital do cinema atual.

    O que também o torna um dos filmes mais assustadores de todos os tempos, é o clima de suspense, construído de forma eficiente e simples, mas que consegue fazer qualquer um dar um pulo. As cenas submarinas também não ficam atrás, e, mesmo em preto e branco, são maravilhosas e muito bem filmadas.
    E, de certa forma, toda essa beleza ajuda na construção e atmosfera, uma vez que alguns momentos, é fácil esquecer que se trata de um filme de terror. E como todo filme de terror, os momentos assustadores enchem a tela, com destaque para a cena em que o Monstro ataca dois mergulhadores embaixo d´água. Uma sequencia muito bem dirigida e sufocante.

    Além do protagonista anfíbio, os protagonistas humanos também não ficam atrás, com destaque para o trio de cientistas. Julia Adams está maravilhosa como a estrela Kay Lawrence, que desperta o interesse romântico do Monstro, bem como o dos dois personagens principais, os cientistas David Reed e Mark Williams. Ambos passam o filme inteiro disputando entre si a atenção e o amor da cientista, que mostra-se claramente dividida entre eles.
    O filme também se encaixa no perfil clássico da historia da Fera que se apaixona pela Bela, onde também o verdadeiro vilão da historia não é o monstro em si. E aqui, a coisa é mostrada com clareza. Williams é o típico personagem que não se importa com a segurança dos demais, e está disposto a tudo para obter sucesso na expedição. Tudo mesmo.

    O MONSTRO DA LAGOA NEGRA foi dirigido por Jack Arnold, e é um de seus filmes mais lembrados, ao lado de Tarântula (1955) e O Incrível Homem que Encolheu (1957), este último baseado em um livro de Richard Matheson. A produção foi marcada por momentos difíceis, principalmente aqueles envolvendo os interpretes do Monstro; os atores tiveram problemas com os trajes de borracha da Criatura, principalmente o ator Ben Chapman, que interpretou o Monstro quando ele estava fora d’água.

    Outros pontos memoráveis – talvez os mais memoráveis – sejam a trilha sonora, com seu tema onipresente, composta por Henry Mancini, Hans J. Salter e Herman Stein. O tema toca em praticamente todas as cenas em que o Monstro surge na tela, mesmo que por poucos segundos. Sem dúvida, é um dos temas mais lembrados do cinema de horror. Outro momento inesquecível é a Clássica cena de nado sincronizado, protagonizada por Kay e o Monstro. Com certeza, é a cena que mais define o longa, uma vez que também é uma das mais bonitas. É possível perceber que a protagonista chamou a atenção da Criatura, e ela rapidamente se encanta por ela, demonstrando, inclusive receio de se aproximar. Uma clássica cena de amor.

    O filme teve outras duas continuações, a primeira novamente dirigida por Jack Arnold, onde o Monstro escapa de um parque aquático na Florida e toca o terror. Hoje, talvez o filme seja mais lembrado por ser um dos primeiros do astro Clint Eastwood, em uma ponta não-creditada. O terceiro filme mostra o Monstro mais humano, após sofrer uma cirurgia de emergência. Infelizmente, nenhum dos filmes foi lançado no Brasil.

    O MONSTRO DA LAGOA NEGRA é um dos filmes de monstros mais lembrados de todos os tempos, ao lado de King Kong e Godzilla. Um dos maiores clássicos do cinema, com certeza, serviu de inspiração para diversos filmes de criaturas, marinhas ou não. O Homem-Guelra, e seus amigos do Ciclo Clássico da Universal, foram homenageados pelo diretor Fred Dekker no seu clássico Deu a Louca nos Monstros (1987), e, por alguma razão, o tema musical do filme está presente no filme Godzilla Vs. King Kong (1962), o que deixou o filme ainda mais divertido.

    A melhor homenagem ao filme foi feita por Guillermo del Toro em A Forma da Água (2017). Fã declarado do clássico, del Toro inspirou-se claramente na trama do monstro que se apaixona pela mocinha, e criou uma belíssima história de amor, que levou o merecido Oscar® de Melhor Filme em 2018.

    Um Clássico do Cinema. Um filme maravilhoso. Uma obra fantástica.




    SIREN – PRIMEIRA TEMPORADA (2018).


    NOTA: 10


    SIREN - PRIMEIRA TEMPORADA (2018)
    Das séries de TV que eu vi em 2018, Siren foi a melhor de todas.

    Desde o primeiro episodio, a série mostrou a que veio, com tudo. Apesar da trama básica, a primeira temporada conseguiu prender minha atenção. A primeira coisa que me atraiu foi sua protagonista, Ryn, interpretada pela atriz Eline Powell; com sua cara de anjo, Ryn revela-se um verdadeiro monstro desde o primeiro momento, despedaçando um homem que lhe deu carona para a cidade. Porém, com o passar, ela acaba mudando sua personalidade conforme convive com os protagonistas, e aos poucos, também revela-se como uma criatura órfã, perdida num mundo que não conhece.

    Os personagens humanos também conseguiram me cativar, uma vez que foram retratados com realismo. Todos os personagens humanos da serie mostram o que são: imperfeitos, fracos, mas principalmente, verdadeiros em tudo que fazem.

    Porém, o grande destaque são Ryn e suas companheiras do mar. Desde o anuncio, ficou claro que Siren não iria retratar as sereias como criaturas doces e gentis; ao contrario, elas mostram suas garras e dentes, como verdadeiros monstros marinhos que são. Tal descrição pode não se aplicar tanto a Ryn, mas, sim às outras sereias. Com seus dentes afiadíssimos e nadadeiras com garras, elas estão dispostas a matar todos os seres vivos que encontram. E o visual das criaturas é o melhor possível, digno das criaturas de H.P. Lovecraft.

    Porém, apesar do terror, Siren também se mostra como uma historia de amor, uma vez que Ryn e Ben, o protagonista humano, exibiram, desde a primeira vista, uma forte atração entre si. Se ambos ficarão juntos ou não, não sei, uma vez que a temporada encerrou-se com essa pergunta no ar.

    Como mencionado acima, a série não mostra apenas o lado perverso de Ryn, mas, também, talvez, o seu melhor lado. Uma vez vivendo como humana, ela mostra que sente-se confusa e perdida naquele mundo, um mundo que não entende. Pessoalmente, eu gosto muito de historias com personagens assim, uma vez que são retratados de forma verdadeira, expondo seus medos em relação ao mundo onde estão inseridos.

    Enfim, acompanhar os 10 episódios da primeira temporada de Siren foi muito divertido.

    Uma série cheia de surpresas, terror, suspense e romance. Uma das séries de TV mais fascinantes que já vi nos últimos tempos. A melhor série de TV de 2018.


    Que venha a segunda temporada!


    THE ASSASSINATION OF GIANNI VERSACE: AMERICAN CRIME STORY (2018).


    NOTA: 10


    THE ASSASSINATION OF GIANNI VERSACE:
    AMERICAN CRIME STORY (2018)
    Apesar de não assistir à temporada anterior, devo dizer que esta foi a melhor temporada de American Crime Story.

    Em seus 9 episódios, a série contou de forma verdadeira a história do assassinato do estilista Gianni Versace, ocorrido na Flórida em 1997. Os realizadores não tiveram medo - e nem pudores - ao retratar as vidas de Versace e seu assassino, Andrew Cunanan, até o dia de sua morte.

    Confesso que quando soube que este seria o assunto da nova temporada, achei que iriam retratar, além do homicídio, a caçada à Cunanan, até o desfecho sangrento. Mas, como pude ver, estava enganado. Apesar de retratar o crime de Versace, a temporada, no fundo, contou a história de Andrew Cunanan. Mesmo tendo um certo conhecimento sobre a vida do assassino, graças aos documentários do Discovery Channel, fiquei surpreso ao acompanhar a trajetória de Cunanan até o dia do assassinato de Versace. Em vários momentos, fiquei dividido entre sentir ódio e pena do assassino, uma vez que sua vida inteira era uma grande mentira, criada por ele mesmo.

    Em relação ao elenco, digo apenas o seguinte: todos foram maravilhosos em suas performances. Porém, Édgar Ramirez e Darren Criss forma os que mais brilharam nos papéis de Versace e Cunanan, respectivamente. Ambos se transformaram nos personagens, de uma maneira que eu nunca havia visto. Penélope Cruz também brilhou no papel de Donatella Versace, irmã do estilista. Ao que parece, desde o início, ela foi o destaque da temporada, e realmente, ela se saiu muito bem no papel, mostrando total controle sobre as emoções que a personagem sentia em determinados momentos. E Ricky Martin, também se saiu muito bem no papel do amante de Versace. Apesar de pouca presença, sua atuação foi muito comovente. Os demais atores, nos papéis secundários, também se saíram muito bem. A direção de arte histórica também merece destaque, bem como os roteiros dos episódios.

    Enfim, uma temporada maravilhosa, verdadeira e corajosa. Um grande trunfo da TV em 2018.


    A TUMBA (H.P. Lovecraft)


    Esta resenha corresponde ao texto publicado na primeira e na segunda edição de "Grandes Contos de H.P. Lovecraft", lançado pela Editora Martin Claret. Ambas as edições apresentam o mesmo conteúdo. 


    NOTA: 9.5


    A TUMBA
    Escrito no inicio de carreira de Lovecraft, A TUMBA é talvez um de seus trabalhos mais conhecidos.

    Uma historia arrepiante de fantasmas e horror psicológico, repleta de elementos do terror gótico.

    A historia é narrada por Jervas Dudley, membro de uma família aristocrática da Nova Inglaterra que acaba descobrindo uma tumba misteriosa. Movido por forças desconhecidas, e, possivelmente, sobrenaturais, Dudley sente um desejo quase incontrolável de adentrar no local e descobrir o que há lá dentro. Dentre suas pesquisas sobre o local, ele descobre que a tumba é do descendente de uma família abastada já inexistente. Porém, a medida que seu desejo de adentrar na tumba aumenta, ele acaba fazendo uma descoberta arrepiante sobre si mesmo e sobre a tumba.

    O texto de Lovecraft é ágil, de fácil compreensão, e repleto de elementos associados ao terror gótico. Sua descrição da cripta onde a tumba está localizada é fascinante, e, durante a leitura, eu me imaginei dentro daquele lugar escuro, úmido e assustador. A descrição da tumba do falecido descendente da família abastada é fascinante, e, com certeza, me fez lembrar dos elementos que eu associo ao terror, em especial crânios e ossos humanos.

    O restante da historia também é de uma qualidade impar, quase sempre focada no interior da cripta e na obsessão de seu protagonista em descobrir o que há lá; e de certa forma, o leitor também junta-se a ele nessa expedição ao sobrenatural. Falando em sobrenatural, A Tumba pode ser considerada uma historia de fantasmas, mesmo que sem a presença de um. Como já mencionei, a própria ambientação lembra muito o cenário de uma historia de fantasmas, principalmente as historias de casas mal-assombradas.

    Em suas poucas páginas, Lovecraft nos conta uma historia arrepiante, cheia de mistério, sensações estranhas e surpresas de cair o queixo.

    A Tumba é um conto fascinante, perfeito para uma noite de chuva.


    Maravilhoso. Simples. Assustador. Um pequeno clássico de H.P. Lovecraft.


    H.P. LOVECRAFT

    Postagem Especial: DRÁCULA da DarkSide Books



    FIRST EDITION
    Ano passado, eu comprei o livro DRÁCULA, de Bram Stoker, lançado pela DarkSide Books para a Coleção Medo Clássico. 

    Para quem não sabe – o que eu acho impossível – a Coleção Medo Clássico tem como objetivo trazer os Clássicos da Literatura de Horror de volta em edições caprichadas. Desde sua criação, a editora ressuscitou as obras de Mary Shelley (Frankenstein), Edgar Allan Poe e H.P. Lovecraft.

    Com certeza, desde anunciaram a Coleção, uma das obras mais pedidas foi o Clássico de Stoker.

    Bom, dito e feito. 

    A edição de Drácula foi anunciada em julho deste ano, e, esse mês, diversos leitores da DarkSide já possuem os seus. Eu, inclusive.

    Com o capricho de sempre – cortesia da editora – Drácula foi lançado em duas edições: a primeira, batizada de “First Edition”, saiu com a capa amarela, do mesmo modo que a primeira edição do livro. A segunda, batizada de “Dark Edition”, saiu com a capa preta, com um morcego na capa e o título na contra-capa e na lombada. Ambas as edições tiveram as artes inspiradas em edições reais. E, como sempre, o trabalho está magnifico. Os dois livros possuem o mesmo conteúdo, apesar da diferença das capas, o que levou muita gente a não saber qual escolher. Eu pessoalmente escolhi as duas. 

    DARK EDITION
    O conteúdo da edição da Dark é lindo, com uma diagramação excelente, fácil de ler, e ilustrações entre pontos do texto. E como as outras edições da Coleção, veio com material extra, entre eles, o conto O Hóspede de Drácula, rejeitado pelo autor como parte do manuscrito original. Não comentarei sobre os demais extras para não dar spoilers. 

    Enfim, o meu exemplar do Clássico de Stoker chegou. Sem dúvida, uma coisa maravilhosa; talvez o melhor livro que a editora já editou.

    Drácula encontrou seu lar.

    Viva o Conde Drácula! 


    O PILOTO DA NOITE (Stephen King).


    NOTA: 9.5


    O PILOTO DA NOITE
    Vou começar essa resenha dizendo o seguinte: eu descobri a existência desse conto, por causa da adaptação de 1997 – Voo Noturno - o primeiro filme de Stephen King que eu vi na vida, e que me assustou pra caramba.

    Bom, em relação ao conto, tive pouco conhecimento sobre ele, apenas o fato de que era centrado apenas no personagem de Richard Dees, o protagonista antipático. Ou seja, os demais personagens presentes no filme praticamente não existem; o mesmo pode ser dito sobre algumas cenas.

    Também não sabia bem onde o conto poderia ser encontrado – descobri que estava no livro “Pesadelos e Paisagens Noturnas – Vol.01” durante uma visita à Bienal do Livro. O processo para encontra-lo foi parecido com A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça. Passei a procura-lo em todo lugar, fosse em português ou em inglês, mas não encontrei. Até que encontrei os dois livros – “Pesadelos e Paisagens Noturnas “Vol.1” e “Vol.2” e comprei. E nesse feriado, resolvi ler o conto.

    E que leitura!

    De uma simplicidade impar, O Piloto da Noite é assustador. Focado apenas em Dees, o repórter de um jornal sensacionalista, cuja missão é identificar quem é o tal Piloto da Noite, um homem que vai de aeroporto em aeroporto, matando pessoas com requintes de violência. A pedido de seu editor, Dees começa sua caçada num aeroporto no Maine, onde o mecânico local relata que seu amigo e colega de trabalho foi morto pelo tal piloto misterioso. A partir daí, King leva seu personagem aos outros locais do crime, ouvindo relatos dos amigos das vitimas, sempre pensando no produto final: a Edição Especial dedicada ao Piloto da Noite, que sem duvida, será um campeão de vendas. Durante as 40 páginas da historia, Dees passa praticamente o tempo todo no cangote do tal Piloto, que parece estar sempre um passo a sua frente. Basicamente, o repórter chega aos locais pouco tempo após os homicídios, questão de semanas. O encontro final entre Dees e o Piloto da Noite é o melhor momento da historia. Uma cena apavorante, repleta de sugestão e, claro, sangue, muito sangue.

    Confesso que durante toda a leitura – que levou três dias – eu me peguei lembrando das cenas do filme do qual esse conto é baseado, principalmente a primeira entrevista de Dees com o mecânico e o final sangrento. Também comecei a citar os diálogos entre Dees e o Piloto no seu encontro.

    Para finalizar, O Piloto da Noite é um conto assustador, uma pequena mistura de historia de policial com terror.

    Um pequeno texto simples, rápido, mas cheio de tensão, suspense e sangue. Um dos melhores textos do Mestre Stephen King. 




    O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA – O RETORNO (1995). Dir.: Kim Henkel.

      NOTA: 1 Lembram-se do que eu disse no começo da resenha de A Hora do Pesadelo 6 , sobre filmes ruins? Para quem não se lembra, eu disse qu...