domingo, 17 de março de 2019

O MONSTRO DA LAGOA NEGRA (1954). Dir.: Jack Arnold.


Resenha publicada em homenagem à atriz Julia Adams, que faleceu em Fevereiro.

NOTA: 10


O MONSTRO DA LAGOA NEGRA (1954)
Lançado na década de 50, O MONSTRO DA LAGOA NEGRA encerra o ciclo dos Monstros Clássicos da Universal, que começou em 1931, com Drácula, dirigido por Tod Browning e estrelado por Bela Lugosi. Diferente de seus antecessores, o filme não aposta no horror gótico, e, sim, em uma trama de ficção científica ambientada no Rio Amazonas, no Brasil. 

Mas, mesmo apostando na ficção científica, o filme também é um exemplar do gênero de horror, com direito a cenas verdadeiramente assustadoras e clima de tensão onipresente. As cenas envolvendo o Homem-Guelra são as melhores do filme, e, com certeza, as mais memoráveis; aliás, o Monstro é o grande destaque, com seu visual clássico e inigualável. Mesmo depois de quase 70 anos, o design do personagem-título ainda impressiona, e supera toda e qualquer criatura digital do cinema atual.

O que também o torna um dos filmes mais assustadores de todos os tempos, é o clima de suspense, construído de forma eficiente e simples, mas que consegue fazer qualquer um dar um pulo. As cenas submarinas também não ficam atrás, e, mesmo em preto e branco, são maravilhosas e muito bem filmadas.
E, de certa forma, toda essa beleza ajuda na construção e atmosfera, uma vez que alguns momentos, é fácil esquecer que se trata de um filme de terror. E como todo filme de terror, os momentos assustadores enchem a tela, com destaque para a cena em que o Monstro ataca dois mergulhadores embaixo d´água. Uma sequencia muito bem dirigida e sufocante.

Além do protagonista anfíbio, os protagonistas humanos também não ficam atrás, com destaque para o trio de cientistas. Julia Adams está maravilhosa como a estrela Kay Lawrence, que desperta o interesse romântico do Monstro, bem como o dos dois personagens principais, os cientistas David Reed e Mark Williams. Ambos passam o filme inteiro disputando entre si a atenção e o amor da cientista, que mostra-se claramente dividida entre eles.
O filme também se encaixa no perfil clássico da historia da Fera que se apaixona pela Bela, onde também o verdadeiro vilão da historia não é o monstro em si. E aqui, a coisa é mostrada com clareza. Williams é o típico personagem que não se importa com a segurança dos demais, e está disposto a tudo para obter sucesso na expedição. Tudo mesmo.

O MONSTRO DA LAGOA NEGRA foi dirigido por Jack Arnold, e é um de seus filmes mais lembrados, ao lado de Tarântula (1955) e O Incrível Homem que Encolheu (1957), este último baseado em um livro de Richard Matheson. A produção foi marcada por momentos difíceis, principalmente aqueles envolvendo os interpretes do Monstro; os atores tiveram problemas com os trajes de borracha da Criatura, principalmente o ator Ben Chapman, que interpretou o Monstro quando ele estava fora d’água.

Outros pontos memoráveis – talvez os mais memoráveis – sejam a trilha sonora, com seu tema onipresente, composta por Henry Mancini, Hans J. Salter e Herman Stein. O tema toca em praticamente todas as cenas em que o Monstro surge na tela, mesmo que por poucos segundos. Sem dúvida, é um dos temas mais lembrados do cinema de horror. Outro momento inesquecível é a Clássica cena de nado sincronizado, protagonizada por Kay e o Monstro. Com certeza, é a cena que mais define o longa, uma vez que também é uma das mais bonitas. É possível perceber que a protagonista chamou a atenção da Criatura, e ela rapidamente se encanta por ela, demonstrando, inclusive receio de se aproximar. Uma clássica cena de amor.

O filme teve outras duas continuações, a primeira novamente dirigida por Jack Arnold, onde o Monstro escapa de um parque aquático na Florida e toca o terror. Hoje, talvez o filme seja mais lembrado por ser um dos primeiros do astro Clint Eastwood, em uma ponta não-creditada. O terceiro filme mostra o Monstro mais humano, após sofrer uma cirurgia de emergência. Infelizmente, nenhum dos filmes foi lançado no Brasil.

O MONSTRO DA LAGOA NEGRA é um dos filmes de monstros mais lembrados de todos os tempos, ao lado de King Kong e Godzilla. Um dos maiores clássicos do cinema, com certeza, serviu de inspiração para diversos filmes de criaturas, marinhas ou não. O Homem-Guelra, e seus amigos do Ciclo Clássico da Universal, foram homenageados pelo diretor Fred Dekker no seu clássico Deu a Louca nos Monstros (1987), e, por alguma razão, o tema musical do filme está presente no filme Godzilla Vs. King Kong (1962), o que deixou o filme ainda mais divertido.

A melhor homenagem ao filme foi feita por Guillermo del Toro em A Forma da Água (2017). Fã declarado do clássico, del Toro inspirou-se claramente na trama do monstro que se apaixona pela mocinha, e criou uma belíssima história de amor, que levou o merecido Oscar® de Melhor Filme em 2018.

Um Clássico do Cinema. Um filme maravilhoso. Uma obra fantástica.




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