domingo, 17 de março de 2019

MOBY DICK (Herman Melville).


NOTA: 9


MOBY DICK
Uma batalha. Assim pode ser definida a leitura de MOBY DICK, obra máxima do autor Herman Melville. Após quase dois anos preso a ele, finalmente consegui concluir a leitura.

A leitura de Moby Dick não é fácil, uma vez que é uma obra complexa, composta por diversas camadas, e que, até hoje, recebe inúmeras intepretações.

Em seu texto, Melville conta basicamente uma historia de aventura, onde um grupo de marinheiros embarca num navio para caçar baleias. Parece simples, não? Bem, não é bem assim. A narrativa é lenta, densa e muito detalhada, principalmente quando o autor decide falar sobre a Cetologia, o estudo dos cetáceos. Pode até ser que o leitor desavisado queira pular essa parte do livro e ir direto para a narrativa em si (contada em primeira pessoa pelo protagonista Ismael), mas, infelizmente, não é possível, uma vez que Melville intercala trechos científicos com sua narrativa de ficção, então, é praticamente impossível separar essa parte da historia.

Como mencionado acima, Moby Dick possui diversas interpretações, sendo as mais conhecidas de que trata-se da eterna luta do Bem contra o Mal. E lendo o livro, isso ficou claro para mim em alguns pontos, principalmente no final. Não sei como aqueles que o leram interpretaram, mas, eu concluí que existe, sim, uma luta do Bem contra o Mal, mas, nesse caso, o Bem é a Baleia-Branca Moby Dick, e o Mal, o Capitão Ahab. Pelo menos essa foi a minha visão, uma vez que, desde sua primeira aparição na historia, Ahab deixa claro qual o seu objetivo: vingar-se de Moby Dick por ter-lhe arrancado a perna, e tê-lo colocado sobre um “tronco morto”. Essa também é outra visão sobre a obra: uma historia de obsessão, obsessão de vingança de Ahab, que está disposto a tudo para ter sua vingança, mesmo que custe sua vida e a vida de sua tripulação.

Um detalhe interessante: o próprio Melville fez parte de um navio baleeiro durante parte de sua vida, então, de certa forma, esse pode ser também um relato autobiográfico, uma vez que a jornada dos personagens é descrita com detalhes impressionantes; em certos momentos, cheguei a visualizar as cenas descritas pelo autor, até mesmo a própria Baleia-Branca.

E falando em Moby Dick, ele é, sem duvida, o personagem mais impactante da historia, talvez mais até que os próprios marinheiros. Melville o descreve com paixão, em toda sua gloria, quase como se ele fosse um personagem mítico, bíblico, até – também uma interpretação da obra, se não estou enganado.

O que também torna o texto incrível, é que, durante boa parte da historia, o autor quase não apresenta seu personagem-título, apenas mostra que ele está presente nos diálogos entre Ahab e sua tripulação. Depois disso, ficamos um longo tempo sem ver o nome de Moby Dick; porém, quando ele surge finalmente na historia, é um momento espetacular. Aliás, esse é outro ponto interessante – a ausência da Baleia-Branca. Em diversos momentos, parece que Ahab está vivendo uma fantasia, que aquela baleia existe apenas em sua cabeça, ou então, parece que a baleia está morta. Mas para ele, isso não importa – ele mostra-se decidido a cumprir seu destino, e o destino de Moby Dick, que ele acredita, será morrer por seu arpão.

Sobre a parte da Cetologia, digo o seguinte: é preciso muita paciência para ler, porque o autor descreve com detalhes a anatomia de uma baleia, além de explicar seu nome e também descrever – da forma mais gráfica possível – como os arpoadores içam seu corpo para o navio e o que fazem depois. E como já disse, é impossível separar-se dessa parte da historia.

Enfim, Moby Dick é um livro extraordinário, cansativo às vezes, é verdade, mas, extraordinário. Uma historia de aventura, ação, drama, suspense e emoção, tudo maravilhosamente escrito e executado.


Um livro fascinante. Um Clássico da Literatura Universal.


HERMAN MELVILLE


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