sexta-feira, 23 de julho de 2021

O MACACO (Stephen King).

 

NOTA: 8.5



Que Stephen King é um mestre na arte de contar histórias, todos sabemos disso, e, sinceramente, até agora, não li nenhum livro ou conto de sua autoria que me decepcionou.

 

O MACACO, presente na antologia Tripulação de Esqueletos, é um desses exemplos. É um dos contos mais arrepiantes do Mestre que eu já li. Na verdade, reli.

 

A primeira vez que li essa historia foi na edição da Objetiva, mas foi há muito tempo; e quando peguei o livro para reler algum conto, tive muita dificuldade porque as letras eram muito pequenas, então, comprei a edição da Suma, e essa semana, sentei para ler esse conto.

 

E que leitura. O Macaco é um conto verdadeiramente arrepiante, sobre os nossos pesadelos mais profundos, que sempre voltam para nos assombrar, cedo ou tarde.

 

O autor constrói uma história simples sobre um objeto aparentemente inocente, mas que fundo é um instrumento do terror, que carrega algo de ruim dentro de ruim. Eu já tinha visto a capacidade do Mestre em criar uma história assim em Christine e A Máquina de Lavar Roupa, e aqui, ele se mostra mais uma vez sua habilidade.

 

Mas mais do que uma história de um objeto maldito, O Macaco também é uma história de loucura, e ambiguidade, uma vez que em certos momentos, ficamos na dúvida se o macaco é mesmo um objeto maldito, ou se tudo não passa de imaginação do protagonista, que é assombrado por ele desde criança.

 

E francamente, não vejo objeto melhor para assombrar alguém do que um macaco de corda. Eu sinceramente, morro de medo desses brinquedos, principalmente por causa do seu sorriso sinistro e seus olhos penetrantes. Basta procurar na internet qualquer imagem de um macaco de brinquedo com címbalos, que vão ver o que quero dizer. Essas coisas são assustadoras, e quem já viu Toy Story 3 deve ter ideia do que estou falando...

E em se tratando de uma história de Stephen King, não pode deixar de ter aquele toque especial do autor, e nesse caso, ele não faz questão de esconder que o perigo está nos címbalos do macaco, que a cada toque, algo terrível acontece com alguém relacionado ao protagonista, coisas horríveis mesmo, uma mais assustadora que a outra.

 

E claro, temos também um pequeno toque de loucura, uma vez que, após reencontrar o macaco, o protagonista muda completamente sua personalidade, indo de um pai e marido amorosos, para um pai que agride seu filho mais velho com crueldade. E tal comportamento ameaça a instabilidade de sua família, mas o pior de tudo, é que eles não sabem o motivo de tal mudança.

 

E outra coisa que autor faz bem é o uso de flashbacks para explicar a relação do protagonista com o macaco, além de demonstrar as habilidades malditas com mesmo com as pessoas envolvidas com o protagonista, além de envolve-lo em um jogo de terror psicológico de arrepiar.

 

Enfim, O Macaco é um ótimo conto. Uma história simples, mas assustadora, sobre pesadelos de infância, que sempre conseguem voltar. A escrita de Stephen King é o grande destaque, e o autor consegue contar a história com sua habilidade de sempre, levando ao leitor para dentro da narrativa. Um conto arrepiante, digno de pesadelos. Muito bem recomendado. 



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sexta-feira, 2 de julho de 2021

CANINOS BRANCOS (Jack London).

 

NOTA: 9.5



Eu adoro lobos-cinzentos. São algumas das minhas criaturas favoritas, principalmente por causa de sua beleza. E eu já comentei sobre eles. A primeira vez foi sobre o meu primeiro livro, O Vale dos Lobos, publicado em 2014, pelo Grupo Editorial Scortecci; e a segunda vez foi sobre o filme Lobos (1981), filme de terror que me inspirou a escrever o livro.

 

E aqui estou, mais uma vez, para falar sobre lobos. Mas desta vez, não será uma história de horror. Pelo contrário, é uma história linda: CANINOS BRANCOS, do autor Jack London.

 

Na verdade, este texto é sobre uma releitura, uma vez que eu já havia lido o livro antes, numa edição da Editora Martin Claret. No entanto, aquela não foi uma leitura muito prazerosa, porque eu resolvi ler cada uma das partes do livro num dia diferente – o livro é dividido em cinco partes. E nessa leitura, eu não me agarrei com firmeza na história.

 

Bom, agora com essa releitura, a coisa foi diferente. Eu pude me prender à leitura no tempo certo, lendo um pouco de cada vez, principalmente porque o livro é composto basicamente por texto, e não contem muitos diálogos.

 

Aliás, preciso dizer que esse é um detalhe que torna a leitura desse livro complicada, uma vez que London faz uso de muito texto para descrever as aventuras de seu personagem-título. Mas ao mesmo tempo que é uma leitura complicada, é também prazerosa e impressionante porque eu quase não leio livros com poucos diálogos e poucos personagens humanos.

 

Isso mesmo, quase não temos personagens humanos nessa história, e faz sentido, porque não é uma história sobre pessoas, mas sim, sobre um lobo.

 

London faz deste livro quase uma biografia do personagem, contando para nós como e onde ele nasceu, passando por sua juventude, até chegar a vida adulta. Se isso não é uma biografia, não sei o que deve ser. E o autor não poupa Caninos Brancos de perrengues, e que perrengues. Existem passagens violentas no livro, que cortam o coração do leitor, e é difícil escolher a pior. Eu confesso que enquanto estava lendo, eu senti um aperto no coração.

 

E as coisas pioram quando ele se torna propriedade de um homem branco que o compra de um cacique. Não vou dizer o que acontece, para não dar spoilers, mas é tão terrível quanto os perrengues que ele enfrenta na floresta e na aldeia dos índios.

 

Mas apesar disso, Caninos Brancos é um grande livro. London se mostrou um excelente autor, e soube contar sua história com total maestria. E o livro contém grandes cenas, todas protagonizadas pelo personagem-título; as melhores, na minha opinião, acontecem no final da história.

 

Antes de encerrar, devo dizer que o motivo que me levou a ler – ou nesse caso, reler – o livro foi a adaptação lançada em 1993 e produzida pela Disney. É um filme excelente, e durante a leitura, eu pude visualizar o ator animal que interpretou o lobo, o cão Jed.

 

Essas são as qualidades que fazem de Caninos Brancos um livro excelente e um grande romance do escritor Jack London.

 

Enfim, esse é um excelente livro. Uma linda história de aventura, ação, drama e amor contada com uma maestria ímpar. O autor Jack London se mostrou um grande contador de histórias e criou um dos maiores romances dos Estados Unidos. Um livro maravilhoso. Altamente recomendado.



JACK LONDON


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O CHICOTE E O CORPO (1963). Dir.: Mario Bava.

 

NOTA: 10



Não há duvidas que Mario Bava era um mestre do cinema de horror, conforme já mencionei em outras resenhas aqui.

 

Bem, hoje, irei falar sobre mais um de seus filmes: O CHICOTE E O CORPO (1963), um dos meus favoritos dele, e que conta com o astro Christopher Lee no elenco.

 

O que dizer sobre esse filme? Bom, devo dizer o óbvio: é um filme maravilhoso, e tudo isso se deve ao próprio Bava. O diretor sabia muito bem como queria contar uma historia e o que deveria usar para isso, e aqui, ele faz isso de sua melhor arma: a criatividade. Bava era extremamente criativo com o uso da câmera e da luz, e graças a isso, foi o responsável pelos mais belos filmes de terror de todos os tempos.

 

O Chicote e o Corpo é um deles, e como mencionei, um dos meus favoritos. É uma verdadeira história de terror gótico, de castelo assombrado, com tudo que tem direito, e que somente o gênero poderia trazer de melhor. E mais, é visualmente deslumbrante. Toda vez que eu assisto ao filme, eu me surpreendo com as imagens colocadas na tela. Eu não me canso de assistir a esse filme. E fica melhor a cada revisão.

 

É o tipo de filme de terror que os italianos sabiam fazer, com todos os toques góticos e sobrenaturais, misturados com uma pitada de suspense psicológico.

 

A fotografia é o principal destaque do filme. Assim como fizera em seus outros filmes, Bava criou uma obra colorida, onde todas as cores pulsam na tela em tons vivos. Sim, é um filme de terror colorido, do tipo de faz falta hoje em dia. Não se engane, eu gosto de filmes de terror em preto e branco, mas, com filmes de terror coloridos, parece que a coisa é mais diferente. E na versão lançada em DVD pela Versátil, a qualidade é muito melhor do que as outras versões disponíveis.

 

E claro, Bava também foi o responsável pela direção de fotografia e pelos efeitos especiais, e como sempre, mostrou-se muito habilidoso e fez um excelente trabalho, uma vez que ele começou sua carreira no cinema atuando nessas respectivas áreas.

 

Como todo filme de terror gótico, a história é ambientada num castelo, nesse caso, um castelo à beira-mar. Bava soube fazer uso do cenário, sempre destacando seu interior claustrofóbico e seu exterior clássico, com as torres que se destacam ao longe. A praia é também um ótimo cenário, com as ondas quebrando na areia, e completamente deserta.

 

O elenco também é um ponto positivo, com destaque para o grande Christopher Lee, em sua segunda colaboração com Bava. Mesmo com pouca presença em tela, o astro dá um show de atuação no papel de Kurt Menliff, o vilão do filme. O personagem é um verdadeiro sádico, que sente prazer perverso em torturar a esposa do irmão, que foi sua amante, com requintes de crueldade, agredindo-a com o chicote, a fim de despertar seu apetite sexual. Aliás, esse é um ponto que deve ser mencionado. O filme possui um forte tom de erotismo, apesar de não conter cenas de nudez, mas mesmo assim, é possível captar os toques de erotismo e sensualidade.

 

E claro, O Chicote e o Corpo é um excelente filme de fantasmas com toques de suspense. Os italianos sabiam fazer grandes filmes de fantasmas, misturados com outros gêneros, e nesse caso, temos uma mistura de história de fantasma com história de assassinato misterioso, uma vez que temos duas cenas de assassinatos e não sabemos quem é o culpado. Eu acho uma ótima combinação para esse filme, porque prende ainda mais a atenção do espectador.

 

E sendo um filme de fantasmas, temos também o espírito que ronda o castelo e assombra seus familiares, nesse caso, Nevenka, conduzindo-a a episódios de histeria e levando-a a loucura completa. E isso funciona muito bem.

 

Antes de encerrar, devo mencionar o som. Conforme mencionei na resenha de Seis Mulheres para o Assassino (1964), também de Bava, o som é um elemento a parte. E aqui, não é diferente. O áudio em italiano é maravilhoso, e parece ecoar para fora da tela, como se estivéssemos no assistindo no cinema; além disso, o vento é quase um personagem, soprando desde o começo do filme, deixando clara a sua presença. Eu gosto muito de filmes de terror onde o vento pode ser ouvido, para mim passa uma sensação agradável e fantasmagórica. E a trilha sonora de Carlo Rustichelli é maravilhosa, com um ar melancólico que casa muito bem com o filme.

 

Esses são os atrativos que fazem deste um excelente filme de terror italiano, do tipo que somente eles sabiam fazer.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Obras-Primas do Terror, em versão restaurada com áudio em italiano. 

 

Enfim, O Chicote e o Corpo é um filme excelente. Uma historia de fantasmas com elementos eróticos e psicológicos que prendem a atenção do espectador. A direção de Mario Bava é o melhor aspecto do filme, e, aliado a uma fotografia colorida, deixam-no ainda mais bonito, e melhor a cada revisão. O astro Christopher Lee entrega uma excelente atuação. Um verdadeiro espetáculo visual, do jeito que somente Bava sabia fazer. Altamente recomendado.



Créditos: Versátil Home Vídeo

 

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