NOTA: 10
Não há duvidas que Mario Bava era um mestre do cinema
de horror, conforme já mencionei em outras resenhas aqui.
Bem, hoje, irei falar sobre mais um de seus filmes: O CHICOTE E O CORPO (1963), um dos meus
favoritos dele, e que conta com o astro Christopher Lee no elenco.
O que dizer sobre esse filme? Bom, devo dizer o
óbvio: é um filme maravilhoso, e tudo isso se deve ao próprio Bava. O diretor
sabia muito bem como queria contar uma historia e o que deveria usar para isso,
e aqui, ele faz isso de sua melhor arma: a criatividade. Bava era extremamente
criativo com o uso da câmera e da luz, e graças a isso, foi o responsável pelos
mais belos filmes de terror de todos os tempos.
O Chicote e o
Corpo é um deles, e como mencionei, um dos meus favoritos. É uma verdadeira
história de terror gótico, de castelo assombrado, com tudo que tem direito, e
que somente o gênero poderia trazer de melhor. E mais, é visualmente
deslumbrante. Toda vez que eu assisto ao filme, eu me surpreendo com as imagens
colocadas na tela. Eu não me canso de assistir a esse filme. E fica melhor a
cada revisão.
É o tipo de filme de terror que os italianos sabiam
fazer, com todos os toques góticos e sobrenaturais, misturados com uma pitada
de suspense psicológico.
A fotografia é o principal destaque do filme. Assim
como fizera em seus outros filmes, Bava criou uma obra colorida, onde todas as
cores pulsam na tela em tons vivos. Sim, é um filme de terror colorido, do tipo
de faz falta hoje em dia. Não se engane, eu gosto de filmes de terror em preto
e branco, mas, com filmes de terror coloridos, parece que a coisa é mais
diferente. E na versão lançada em DVD pela Versátil, a qualidade é muito melhor
do que as outras versões disponíveis.
E claro, Bava também foi o responsável pela direção
de fotografia e pelos efeitos especiais, e como sempre, mostrou-se muito
habilidoso e fez um excelente trabalho, uma vez que ele começou sua carreira no
cinema atuando nessas respectivas áreas.
Como todo filme de terror gótico, a história é
ambientada num castelo, nesse caso, um castelo à beira-mar. Bava soube fazer
uso do cenário, sempre destacando seu interior claustrofóbico e seu exterior
clássico, com as torres que se destacam ao longe. A praia é também um ótimo
cenário, com as ondas quebrando na areia, e completamente deserta.
O elenco também é um ponto positivo, com destaque
para o grande Christopher Lee, em sua segunda colaboração com Bava. Mesmo com
pouca presença em tela, o astro dá um show de atuação no papel de Kurt Menliff,
o vilão do filme. O personagem é um verdadeiro sádico, que sente prazer perverso
em torturar a esposa do irmão, que foi sua amante, com requintes de crueldade, agredindo-a
com o chicote, a fim de despertar seu apetite sexual. Aliás, esse é um ponto
que deve ser mencionado. O filme possui um forte tom de erotismo, apesar de não
conter cenas de nudez, mas mesmo assim, é possível captar os toques de erotismo
e sensualidade.
E claro, O
Chicote e o Corpo é um excelente filme de fantasmas com toques de suspense.
Os italianos sabiam fazer grandes filmes de fantasmas, misturados com outros
gêneros, e nesse caso, temos uma mistura de história de fantasma com história
de assassinato misterioso, uma vez que temos duas cenas de assassinatos e não
sabemos quem é o culpado. Eu acho uma ótima combinação para esse filme, porque
prende ainda mais a atenção do espectador.
E sendo um filme de fantasmas, temos também o
espírito que ronda o castelo e assombra seus familiares, nesse caso, Nevenka,
conduzindo-a a episódios de histeria e levando-a a loucura completa. E isso
funciona muito bem.
Antes de encerrar, devo mencionar o som. Conforme
mencionei na resenha de Seis Mulheres
para o Assassino (1964), também de Bava, o som é um elemento a parte. E
aqui, não é diferente. O áudio em italiano é maravilhoso, e parece ecoar para
fora da tela, como se estivéssemos no assistindo no cinema; além disso, o vento
é quase um personagem, soprando desde o começo do filme, deixando clara a sua
presença. Eu gosto muito de filmes de terror onde o vento pode ser ouvido, para
mim passa uma sensação agradável e fantasmagórica. E a trilha sonora de Carlo
Rustichelli é maravilhosa, com um ar melancólico que casa muito bem com o
filme.
Esses são os atrativos que fazem deste um excelente
filme de terror italiano, do tipo que somente eles sabiam fazer.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home
Vídeo, na coleção Obras-Primas do Terror,
em versão restaurada com áudio em italiano.
Enfim, O Chicote e o Corpo é um filme excelente. Uma historia de fantasmas com elementos eróticos e psicológicos que prendem a atenção do espectador. A direção de Mario Bava é o melhor aspecto do filme, e, aliado a uma fotografia colorida, deixam-no ainda mais bonito, e melhor a cada revisão. O astro Christopher Lee entrega uma excelente atuação. Um verdadeiro espetáculo visual, do jeito que somente Bava sabia fazer. Altamente recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
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