segunda-feira, 13 de maio de 2024

NOTA.

 



Na última quinta-feira (9/mai), o lendário produtor e diretor Roger Corman nos deixou, mas a notícia foi divulgada apenas confirmada no último sábado (11/mai) pelos familiares do cineasta.


Ao longo de sua carreira, Corman foi dos mais produtivos cineastas de todos os tempos, tendo trabalhado em mais de 200 produções.


Além da produtiva carreira, Corman também foi o responsável por revelar diversos nomes do cinema que se tornaram consagrados hoje em dia.


Roger Corman foi um dos grandes nomes do Cinema, e sua contribuição para a Sétima Arte jamais será esquecida.


Fica aqui a homenagem ao grande cineasta ROGER CORMAN.


Descanse em paz. 

quinta-feira, 9 de maio de 2024

DAGON (H.P. Lovecraft).

 

NOTA: 9.5


DAGON é um dos contos mais conhecidos de H.P. Lovecraft.

 

Escrito e publicado no início de carreira do autor, já apresenta uma característica que se tornaria comum em sua bibliografia: a presença de criaturas marinhas ancestrais.

 

É um conto rápido, cuja leitura flui com naturalidade, e não cansa.

 

As descrições que Lovecraft faz do ambiente onde o protagonista está inserido – uma ilha inabitada – são o ponto alto da narrativa, porque fazem com que o leitor mergulhe naquele ambiente sinistro; além disso, a descrição do obelisco que o protagonista encontra na ilha também é muito boa, e fácil de visualizar.

 

Essa é uma das grandes características da obra de Lovecraft; a descrição do ambiente – ou personagem – fica bem melhor no papel, porque, assim, nós podemos dar a imagem que quisermos. Claro, às vezes isso não funciona muito, como foi no caso da leitura de A Sombra Vinda do Tempo, mas, por exemplo, em Cthulhu, isso não atrapalha; e aqui não atrapalhou também, principalmente no final.

 

O fato é que Lovecraft era um escritor de mão cheia, e sabia muito bem apresentar o terror quando achava necessário, utilizando técnicas impares, e aqui não é diferente.

 

O autor passa boa parte da narrativa preparando o terreno, descrevendo o dia-a-dia do protagonista na ilha inabitada, sua rotina pelo local, até que finalmente, ele encontra o obelisco ancestral, e se vê frente à frente com uma criatura tão antiga quanto o próprio homem.

 

Além disso, Lovecraft faz uso de Mitologia, uma vez que seu monstro é inspirado no deus-peixe dos Filisteus. Eu achava que Dagon era uma criação do autor, mas, de acordo com a nota de rodapé presente na edição da DarkSide Books, Dagon faz parte da cultura dos Filisteus. Agora, eu, pessoalmente, quando penso em Dagon, penso nesse conto de Lovecraft.

 

Enfim, Dagon é um conto excelente. Uma narrativa rápida, mas brilhante, escrita com o toque ímpar de Lovecraft, apresentando algumas características que se tornariam clássicas em sua obra. Um conto muito bem escrito, inspirado em Mitologia, além de servir como uma espécie de precursor de seu trabalho mais famoso. Um conto excelente.


H.P. LOVECRAFT

 

terça-feira, 7 de maio de 2024

O BRAÇO DE MAR (Stephen King).

 

NOTA: 8.5


O BRAÇO DE MAR, presente na antologia Tripulação de Esqueletos, é um dos contos mais melancólicos e interessantes de Stephen King.

 

Aqui, o autor criou uma história de fantasmas dramática, sem apelar para o terror, seu gênero de costume, e mesmo assim, escreveu uma história muito boa.

 

A começar pela ambientação. A narrativa se passa em uma ilhota no Maine, e tem como protagonista, uma senhora idosa de 95 anos chamada Stella, que morou na ilha a vida inteira, e que nunca foi ao continente. No entanto, certo dia, durante o inverno mais rigoroso em 50 anos, ela decide ir ao continente, tendo como companhia o fantasma de seu marido.

 

No fundo, a história é basicamente assim, mas, na verdade, é um conto triste sobre uma mulher triste, que vive sozinha, visto que alguns de seus amigos e familiares já se foram. No entanto, ela ainda tem a companhia do filho e dos bisnetos, e passa o tempo contando histórias do passado da ilha para eles.

 

Mas logo, a solidão da protagonista é abalada pelas visões com seu marido falecido, que surge de vez em quando para ampará-la e para fazer companhia a ela, principalmente no final da história.

 

Ao contrário do que se pode imaginar, O Braço de Mar não é um conto de terror, e sim, um drama fantástico com elementos de suspense, visto que não há nenhum elemento de horror na narrativa.

 

Eu pessoalmente gostei muito desse conto, principalmente por causa da ambientação em uma ilhota do Maine. Durante a leitura, eu consegui imaginar como seria aquele lugar, principalmente aquela vila, onde a protagonista mora. Imagens de um filme canadense, baseado na história real de uma pintora folk, me vieram à mente, além de alguma ideia para um conto de minha autoria. Eu gosto muito dessa sensação quando estou lendo um livro, ou um conto, porque eu acabo, de certa forma, entrando na narrativa e na atmosfera.

 

As aparições do fantasma do marido de Stella também são um dos pontos altos da narrativa, porque, acontecem de maneira natural, com Stella primeiro interagindo com ele com medo, mas depois, acaba se acostumando com aquilo. O mesmo pode ser dito quando outros fantasmas surgem para acompanhá-la em sua jornada ao continente.

 

A sequência da jornada de Stella também merece menção porque é uma sequência tensa, que se passa no inverno mais rigoroso que a ilha está enfrentando, o que dificulta a jornada da protagonista, e a mesma acaba passando por alguns perrengues, antes de se encontrar com o marido e com os demais que já morreram no passado. A partir daí, vira uma sequência muito bonita, com os fantasmas dando apoio a ela em sua jornada.

 

E o final em si também é muito bonito e um pouco triste, com o destino de Stella sendo descrito pelo autor com sua técnica ímpar.

 

Esta, na verdade, é a minha segunda leitura do conto, mas, a primeira na edição da Suma; a primeira vez, foi na edição da Objetiva, mas eu não tive uma leitura agradável, porque a letra era bem pequena; com a edição da Suma, a leitura foi bem melhor e fluiu normalmente.

 

Enfim, O Braço de Mar é um conto muito bom. Uma história dramática com toques fantásticos, que prende o leitor e consegue encantá-lo ao mesmo tempo. Uma história triste e melancólica, cuja leitura é rápida, mas, envolvente. Uma narrativa de fantasmas contada com a maestria ímpar do Mestre Stephen King. Recomendado.


sábado, 4 de maio de 2024

ALUCARDA – A FILHA DAS TREVAS (1977). Dir.: Juan López Moctezuma.

 

NOTA: 10


O cinema de horror mexicano é um dos mais criativos de todos os tempos, com uma longa história.

 

ALUCARDA – A FILHA DAS TREVAS, lançado em 1977, com direção de Juan López Moctezuma, é um dos exemplares dessa leva, um dos melhores, e o meu favorito.

 

É um filme muito bonito, com uma técnica ímpar, aliado a uma direção inspirada e um elenco afiado. Além disso, é o exemplo de filme que fica melhor a cada revisão, e é uma das grandes qualidades do longa.

 

Junto a isso, temos também o carisma da protagonista Tina Romero, que interpreta a personagem-título. Mais detalhes sobre isso adiante.

 

Na essência, Alucarda é um filme sobre satanismo, além de se enquadrar no subgênero do nunsploitation, subgênero do cinema exploitation que se tornou muito popular nos anos 70, conhecido por apresentar tramas apelativas que envolvem freiras. Eu não conheço muitos filmes desse subgênero, mas digo que este é um dos melhores.

 

O roteiro apresenta uma trama aparentemente comum, com a jovem Justine se mudando para um convento no interior do México após a morte de seus pais. Uma vez estabelecida nas imediações da instituição, ela conhece a noviça Alucarda, que tem se torna amiga imediatamente. A partir desse ponto, a trama se encaminha para um enredo de horror, com toques de satanismo, e logo após a introdução de Alucarda, a mesma se torna protagonista do filme.

 

Além de ser um exemplar dos subgêneros satanismo e nunsploitation, Alucarda é um dos filmes mais profanos que já vi, visto a quantidade de cenas de adoração ao Diabo que estão presentes no longa, com destaque para a cena do Sabá, com vários personagens dançando nus, e com direito à presença de uma figura com cabeça de bode.

 

Eu já mencionei em outras resenhas que tenho um certo receio de assistir a filmes com temática satanista por causa das cenas de adoração, mas aqui é diferente. Eu gosto muito de assistir a esse filme e sempre que penso nele, eu não fico com medo. Eu assisto a esse filme com prazer.

 

O principal motivo para isso é a própria protagonista. Alucarda é a melhor personagem do cinema de horror que eu já vi. Ela é aquele tipo de personagem que sabe seduzir os demais, transitando entre a doçura e a ameaça com naturalidade, de maneira quase imperceptível. Além disso, a performance da atriz Tina Romero contribui para deixá-la ainda melhor e mais assustadora a cada revisão. Sua caracterização também é um ponto positivo. Ela sempre se veste de preto e deixa os cabelos soltos; uma das melhores caracterizações que já vi. Ela não tem medo de se mostrar como uma adoradora do Diabo, e seu grande momento, é a sequência da missa, onde ela e Justine proclamam em alto e bom som sua adoração à Satã. Sua origem é pouco explorada, e francamente, isso não me incomoda, e dá para pensar que sua mãe era uma satanista que se arrependeu e a levou para o convento após seu nascimento. E no final do filme, ela coloca suas garras para fora, expondo todo o seu poder.

 

A ambientação também é um ponto positivo. É um filme de terror gótico com todas as características. O convento é o melhor cenário, porque é um lugar sinistro, semelhante a uma caverna, com pouca iluminação, com imagens de cruzes espalhas pelas paredes e um candelabro sinistro no teto. É difícil de saber quando que a trama se passa durante o dia, visto a falta de luz que penetra no ambiente. É uma ótima ambientação.

 

Agora, deixe-me falar sobre o impacto e a influência que se esse filme tem sobre mim. Eu estou no processo de revisão do meu terceiro livro, que é uma história de vampiro ambientada num convento europeu no século XVIII. Desde o início, Alucarda foi a minha grande inspiração, em especial, a caracterização da protagonista, que me inspirou a criar a vampira do meu livro, uma menina de quinze anos chamada Rubya. Além da personagem-título, a cena dos ciganos também me influenciou muito, principalmente na hora de criar uma cena semelhante. Claro, outros exemplares do subgênero nunsploitation tiveram seu papel, mas, Alucarda foi a minha principal influência.

 

Antes de encerrar, devo dizer que o filme é uma grande obra de arte. A fotografia contribui para isso, deixando o longa com aspecto de pintura. A própria sequência do Sabá lembra uma pintura de Goya, por exemplo; e a primeira aparição de Alucarda é feita como se a personagem fosse um desenho na parede que ganha vida, tudo muito bel iluminado. O diretor Moctezuma e o diretor de fotografia também capricham nos ângulos de câmera, principalmente na sequência da missa, que é parcialmente rodada em planos holandeses.

 

Foi lançado no Brasil em DVD pela Versátil Home Vídeo, na coleção Obras-Primas do Terror 10, dedicada ao horror satanista. Nos extras, há um depoimento do cineasta Guillermo Del Toro, grande fã da obra.

 

Enfim, Alucarda é um filme excelente. Um filme de horror satanista com toques de horror gótico e nunsploitation, contado com maestria ímpar. Os grandes destaques são a fotografia e a direção de arte, que transformam o convento em um ambiente sombrio e sinistro, envolto na escuridão. A personagem-título é a melhor coisa do filme, e sua caracterização é excelente, aliada à performance extraordinária da atriz Tina Romero. Um dos Filmes Mais Assustadores de Todos os Tempos, e um dos meus favoritos.


Créditos: Versátil Home Vídeo.


NOTA.

  Na última quinta-feira (9/mai), o lendário produtor e diretor Roger Corman nos deixou, mas a notícia foi divulgada apenas confirmada no úl...