segunda-feira, 27 de maio de 2024

UM GRITO DE PAVOR (1961). Dir.: Seth Holt.

 

NOTA: 9


A Hammer Films foi uma das maiores referencias quando o assunto era filmes de terror. Durante duas décadas, o estúdio se especializou em filmes de terror góticos, muitos deles sendo adaptações de grandes obras da literatura, como Drácula e Frankenstein. Mas havia também um outro lado do estúdio.

 

UM GRITO DE PAVOR, lançado em 1961, com direção de Seth Holt, é um exemplo do outro lado do estúdio, visto que o longa é contemporâneo e foi filmado em preto e branco; uma contrapartida às produções tradicionais do estúdio, que eram sempre voltadas para o gótico, e eram coloridas.

 

Mas não se engane. Apesar de estar fora dos padrões, este é um dos melhores e mais criativos filmes do estúdio. E motivos para isso não faltam. É um filme muito bem feito, com ótima direção, um roteiro afiado e um elenco espetacular.

 

Um aviso. Este é um filme em que acontece uma reviravolta chocante, por tanto, tentarei ao máximo conter os spoilers.

 

Aviso dado, vamos lá.

 

Grito de Pavor é um filme muito criativo, porque ao invés de apostar no terror sobrenatural, aposta mais no suspense e no terror psicológico, e isso funciona muito bem, porque mexe com a cabeça do espectador, fazendo-o pensar se tudo o que está acontecendo com a protagonista é real ou não.

 

Na trama, a jovem Penny retorna à propriedade da família, nove anos após sofrer um acidente que a deixou paralitica. No entanto, após sua chegada, coisas estranhas começam a acontecer, e ela acredita que o pai, que pensava estar viajando, está escondido em algum lugar da casa, e que uma trama foi armada para fazê-la parecer louca.

 

É uma trama básica, não é? De fato, até que sim, mas, conforme assistimos ao filme, descobrimos que o buraco é muito mais embaixo, e que as coisas não são o que aparentam. E próximo ao final do filme, acontece uma reviravolta, onde descobrimos que Penny não é quem diz ser.

 

Isso é o máximo que irei contar aqui, porque, acredite, você vai querer assistir a esse filme para descobrir qual é a reviravolta. Eu confesso que sempre me surpreendo quando assisto ao filme, porque, de fato, é uma reviravolta surpreendente. Ao mesmo tempo, este é aquele tipo de filme, que, após saber da reviravolta, quando assistimos a uma segunda, ou terceira, ou quarta vez, somos capazes de pegar um detalhe que estava ali o tempo inteiro.

 

O roteiro de Jimmy Sangster – que depois viria a dirigir alguns filmes para o estúdio – é muito sagaz e as pistas estão lá, basta apenas uma pitada de esforço do espectador.

 

O elenco também é um ponto positivo, com destaque para a atriz Susan Strasberg, que interpreta a protagonista Penny. Sua performance é excelente, e ela passa todos os sentimentos necessários para tornar a personagem convincente e interessante. Os outros atores também estão muito bem, e passam do amigável ao ameaçador com naturalidade. No entanto, quem rouba a cena é o grande Christopher Lee, num papel coadjuvante, mas que entrega tudo que precisa para tornar seu personagem misterioso e cativante ao mesmo tempo.

 

Grito de Pavor é um filme de terror psicológico, então, não espere encontrar cenas envolvendo litros de sangue, ou monstros sobrenaturais. Pelo contrário, temos aqui uma trama focada na realidade, com elementos que mexem com as emoções do espectador, e que vão aumentando à medida que o filme avança.

 

Este é também um daqueles filmes em que nada é o que parece, onde os personagens fazem um jogo contra a protagonista, a fim de obter algum lucro com isso, no caso aqui, é a fortuna da personagem – algo até que comum em tramas como esta. Mas não se engane. Este é um dos melhores exemplos de como é construído o suspense, pois vai construindo tudo aos poucos, sem pressa de fazer o espectador pensar.

 

Por causa de todos os esses motivos citados aqui, Grito de Pavor é um filme brilhante.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na caixa Obras-Primas do Terror 7, em versão restaurada.

 

Enfim, Um Grito de Pavor é um filme excelente. Um filme de terror psicológico, contado de maneira inteligente, aliado a uma direção inspirada e um elenco afiado. Uma trama cheia de surpresas e reviravoltas, que mexe com a cabeça do espectador a cada revisão. Um dos melhores filmes da lendária Hammer. Altamente recomendado.


Créditos: Versátil Home Vídeo.


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