segunda-feira, 20 de maio de 2024

UM BALDE DE SANGUE (1959). Dir.: Roger Corman.

 

EM MEMÓRIA DE ROGER CORMAN.


NOTA: 7.5


Roger Corman foi um dos grandes nomes do cinema, tendo trabalhado em mais de 200 produções desde os anos 50. Além disso, também foi o responsável por revelar grandes nomes do cinema que se tornaram consagrados hoje em dia. No último dia 8 de maio, Corman nos deixou aos 98 anos, mas seu legado é eterno.

 

Hoje, vou falar sobre um de seus filmes, o divertido UM BALDE DE SANGUE (1959), com Dick Miller no elenco, interpretando um de seus personagens mais conhecidos, Walter Paisley.

 

Primeiramente, eu devo dizer que este é um dos filmes mais divertidos que já vi, e tudo isso graças à própria técnica de direção de Corman.

 

Para quem não sabe, Corman foi mestre em trabalhar com pequenos orçamentos e prazos reduzidos de filmagem, mas não se enganem; com isso, ele foi capaz de produzir grandes filmes, com destaque para os longas do nobre Ciclo Edgar Allan Poe, composta por uma série de filmes baseados em contos de Edgar Allan Poe, e estrelados por Vincent Price. Mas, Um Balde não faz parte dessa fase de sua carreira.

 

Um Balde faz parte de outra leva de filmes que o cineasta produziu, com menos tempo de duração, realizados com pequenos orçamentos, e geralmente, em preto e branco. Mas isso não o impede de ser um filme capaz de divertir o espectador.

 

O longa conta a história de Walter Paisley, o garçom de um pequeno bar, que tem o sonho de ser artista. Mas as coisas não acontecem exatamente como ele espera, porque acaba fazendo suas esculturas de argila a partir das pessoas que matou, alcançando o status de artista renomado entre os frequentadores do bar.

 

É uma típica história de algum personagem que acaba se metendo em uma situação fora de controle, que começa por acidente, mas acaba desencadeando uma série de infortúnios para ele, e nesse caso, ele acaba levando tudo ao pé da letra, e acaba cometendo crimes.

 

Mesmo sendo um filme de terror, é um filme de terror cômico, visto que as situações em que o protagonista se envolve são muito absurdas e fica difícil dizer qual é a mais absurda. Eu pessoalmente encaro a sequência da serra como a mais absurda, porque acontece quase do nada, em um momento inoportuno.

 

Eu mencionei acima que as técnicas de direção de Corman são o motivo que fazem deste um filme muito divertido, e de fato é verdade. Corman se mostra um grande diretor, principalmente quando trabalha com os atores. A câmera de Corman se move com fluidez pelos cenários, principalmente no cenário do bar, que conta com planos abertos, mas com movimentos e ângulos espertos. A fotografia em preto e branco também funciona, porque combina muito com o filme, além de contribuir com a atmosfera e o aspecto de filme B.

 

O elenco também funciona, e todos os atores entregam ótimas performances, principalmente o ator Dick Miller, no papel do protagonista – anos antes de se tornar ator figurinha nos filmes do diretor Joe Dante. O Walter Paisley daqui – muito diferente das outras versões do personagem – é tímido e inseguro, e quando conquista 15 minutos de fama, muda de maneira brusca, tornando-se confiante, mas sem perder a timidez e a insegurança.

 

Outro personagem que entrega tudo, é o dono do bar onde Paisley trabalha. Ele é completamente louco, com aspecto de bêbado e desnorteado, principalmente quando descobre a verdade sobre as esculturas de Paisley.

 

E o freguês que recita poesias também merece destaque, porque ele é o primeiro a aparecer no filme, e pode levar o espectador a pensar que ele é o protagonista, mas logo o jogo vira. Ele é muito educado, sempre comentando a respeito de sua arte, e quando recita um poema em homenagem a Walter, o filme fica legal.

 

Um Balde é um dos filmes favoritos do diretor Joe Dante, que o levou a escalar Dick Miller para seus filmes quando se tornou cineasta, além de homenagear o protagonista deste filme, batizando alguns personagens de Miller com o nome Walter Paisley, apesar de todos serem diferentes.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo na coleção Obras-Primas do Terror 12, em versão restaurada, que contou com um depoimento de Corman nos extras.

 

Enfim, Um Balde de Sangue é um filme bom. Um filme de terror com toques cômicos, contado com as técnicas singulares de Roger Corman, aliadas a um roteiro bacana, com personagens interessantes, e um enredo cômico. Um dos filmes mais divertidos que já vi, contado com a maestria do lendário Roger Corman.


Créditos: Versátil Home Vídeo.


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