segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

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NÃO SE DEVE PROFANAR O SONO DOS MORTOS (1974). Dir.: Jorge Grau.

 

NOTA: 9.5



Em 1968, o diretor George A. Romero lançou o seu A Noite dos Mortos-Vivos, que rapidamente se tornou um clássico do gênero de terror e do cinema de zumbis, estabelecendo todas as regras que são utilizadas desde então.

 

Mas hoje não estou aqui para falar do clássico de Romero, e sim, de NÃO SE DEVE PROFANAR O SONO DOS MORTOS, lançado em 1974, e dirigido por Jorge Grau, um dos melhores filmes de zumbi de todos os tempos.

 

Mas o que faz deste um dos melhores filmes de zumbi de todos os tempos? Bem, conforme já mencionei em outras resenhas, a resposta é simples: o filme como um todo.

 

Ao contrário do que estamos acostumados, aqui temos também um exemplo de filme que vai acontecendo aos poucos, como era costume na época, porque realmente as coisas vão acontecendo calmamente, e o principal foco da trama, os zumbis, não aparecem o tempo todo.

 

Então, temos aqui uma história focada nos personagens humanos, no caso, o trio de protagonistas, George; Edna; e o Sargento de polícia. Claro, temos outros personagens, mas o roteiro foca principalmente nos três e nas suas interações, mais detalhes adiante.

 

Na minha opinião, além do roteiro, das atuações, direção e efeitos especiais, o que torna esse filme atraente são os cenários. O longa foi rodado na Inglaterra, Espanha e Itália, e as locações britânicas são maravilhosas, convidativas. O diretor Jorge Grau soube aproveitar os cenários ao máximo, dando destaque para a pequena vila, o hospital e o cemitério, onde acontece a melhor sequência do filme.

 

Além das locações, temos também os efeitos especiais, conforme mencionado acima. Eles foram criados pelo mestre Giannetto de Rossi, um especialista em efeitos sangrentos do cinema de horror italiano, responsável por grandes obras. De Rossi fez grandes coisas aqui, criando absolutamente tudo, desde perfurações, machadadas e órgãos estripados. Difícil dizer qual o melhor, porque todos são maravilhosos.

 

O diretor Jorge Grau também merece menção. Sua direção é competente e segura, e não apela para truques falsos. O diretor conseguiu arrancar grandes coisas com sua câmera, principalmente nas cenas de horror, novamente, sem apelar para truques fajutos.

 

E finalmente, os três atores principais também não fazem feio, com atuações nada exageradas ou caricatas, principalmente nas cenas em que precisam esboçar medo.

 

Bem, já mencionei os quesitos técnicos, agora vou falar sobre os zumbis. Eles são a melhor coisa do filme, e conseguem assustar sem fazer nenhum esforço. Ao contrário dos zumbis apresentados nos filmes posteriores, aqui não temos zumbis putrefatos e caindo aos pedaços; longe disso. Os zumbis aqui estão intactos, mas nem por isso deixam de ser assustadores e sanguinários. E parece que ficam melhores a cada cena, principalmente na cena do cemitério, o auge do filme, na minha opinião. Segundo o diretor Grau, ele pesquisou em livros da polícia como ficam as pessoas depois de mortas, além de usar outras fontes para compor seus mortos-vivos, e o resultado é surpreendente. Me arrisco a dizer que os zumbis de Grau são muito parecidos com os zumbis de Romero.

 

Conforme também mencionei, o filme é carregado de sequências memoráveis, e a melhor delas é a do cemitério, onde o gore corre solto. Assim como todo o filme, a sequência começa contida, mas aos poucos, o terror vai acontecendo, e quando acontece, fica impossível respirar, porque é uma sequência carregada de tensão, principalmente porque os personagens estão encurralados, a mercê dos mortos-vivos. E claro, temos um momento de gore, com um personagem secundário que acaba morto pelos zumbis e despedaçado por eles.

 

Outra sequência que também merece menção é a do hospital, no final do filme. Assim como a do cemitério, aqui temos também uma sequência tensa e carregada no gore, e os efeitos de Giannetto de Rossi são os melhores aqui, conforme já mencionei.

 

Antes de encerrar, vou mencionar os personagens. O casal de protagonistas é simples, e não fazem feio, principalmente quando estão encurralados pelos zumbis. No entanto, o personagem do Sargento é extremamente o oposto deles, absolutamente autoritário, que não respeita ninguém e está disposto a tudo para provar que está certo.

 

Aliás, tenho que mencionar outra coisa. O roteiro é sagaz em promover desencontros entre o Sargento e os eventos envolvendo os zumbis, e a cada revisão, parece que ele vai descobrir a verdade, mas não é isso que acontece.

 

Não Se Deve Profanar o Sono dos Mortos chegou a ser lançado em VHS no Brasil com o título picareta de Zumbi 3, por motivos desconhecidos. Em contrapartida, foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo na coleção Zumbis no Cinema, em versão integral restaurada.

 

Enfim, Não Se Deve Profanar o Sono dos Mortos é um filme excelente. Uma história de zumbis carregada de tensão e gore, aliados a requisitos técnicos dignos de nota, principalmente os efeitos especiais, criados por um mestre na arte. Os cenários ingleses também são o destaque, e tornam o filme mais bonito e convidativo. Um dos melhores filmes de zumbi de todos os tempos. Sangrento. Claustrofóbico. Excelente. Altamente recomendado. 


Créditos: Versátil Home Vídeo


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