NOTA: 9.5
Em 1968, o diretor George A. Romero lançou o seu A Noite dos Mortos-Vivos, que
rapidamente se tornou um clássico do gênero de terror e do cinema de zumbis,
estabelecendo todas as regras que são utilizadas desde então.
Mas hoje não estou aqui para falar do clássico de
Romero, e sim, de NÃO SE DEVE PROFANAR O
SONO DOS MORTOS, lançado em 1974, e dirigido por Jorge Grau, um dos
melhores filmes de zumbi de todos os tempos.
Mas o que faz deste um dos melhores filmes de zumbi
de todos os tempos? Bem, conforme já mencionei em outras resenhas, a resposta é
simples: o filme como um todo.
Ao contrário do que estamos acostumados, aqui temos
também um exemplo de filme que vai acontecendo aos poucos, como era costume na
época, porque realmente as coisas vão acontecendo calmamente, e o principal
foco da trama, os zumbis, não aparecem o tempo todo.
Então, temos aqui uma história focada nos personagens
humanos, no caso, o trio de protagonistas, George; Edna; e o Sargento de
polícia. Claro, temos outros personagens, mas o roteiro foca principalmente nos
três e nas suas interações, mais detalhes adiante.
Na minha opinião, além do roteiro, das atuações,
direção e efeitos especiais, o que torna esse filme atraente são os cenários. O
longa foi rodado na Inglaterra, Espanha e Itália, e as locações britânicas são
maravilhosas, convidativas. O diretor Jorge Grau soube aproveitar os cenários
ao máximo, dando destaque para a pequena vila, o hospital e o cemitério, onde
acontece a melhor sequência do filme.
Além das locações, temos também os efeitos especiais,
conforme mencionado acima. Eles foram criados pelo mestre Giannetto de Rossi,
um especialista em efeitos sangrentos do cinema de horror italiano, responsável
por grandes obras. De Rossi fez grandes coisas aqui, criando absolutamente
tudo, desde perfurações, machadadas e órgãos estripados. Difícil dizer qual o
melhor, porque todos são maravilhosos.
O diretor Jorge Grau também merece menção. Sua
direção é competente e segura, e não apela para truques falsos. O diretor
conseguiu arrancar grandes coisas com sua câmera, principalmente nas cenas de
horror, novamente, sem apelar para truques fajutos.
E finalmente, os três atores principais também não
fazem feio, com atuações nada exageradas ou caricatas, principalmente nas cenas
em que precisam esboçar medo.
Bem, já mencionei os quesitos técnicos, agora vou
falar sobre os zumbis. Eles são a melhor coisa do filme, e conseguem assustar
sem fazer nenhum esforço. Ao contrário dos zumbis apresentados nos filmes
posteriores, aqui não temos zumbis putrefatos e caindo aos pedaços; longe
disso. Os zumbis aqui estão intactos, mas nem por isso deixam de ser
assustadores e sanguinários. E parece que ficam melhores a cada cena,
principalmente na cena do cemitério, o auge do filme, na minha opinião. Segundo
o diretor Grau, ele pesquisou em livros da polícia como ficam as pessoas depois
de mortas, além de usar outras fontes para compor seus mortos-vivos, e o
resultado é surpreendente. Me arrisco a dizer que os zumbis de Grau são muito
parecidos com os zumbis de Romero.
Conforme também mencionei, o filme é carregado de
sequências memoráveis, e a melhor delas é a do cemitério, onde o gore corre
solto. Assim como todo o filme, a sequência começa contida, mas aos poucos, o
terror vai acontecendo, e quando acontece, fica impossível respirar, porque é
uma sequência carregada de tensão, principalmente porque os personagens estão
encurralados, a mercê dos mortos-vivos. E claro, temos um momento de gore, com
um personagem secundário que acaba morto pelos zumbis e despedaçado por eles.
Outra sequência que também merece menção é a do
hospital, no final do filme. Assim como a do cemitério, aqui temos também uma
sequência tensa e carregada no gore, e os efeitos de Giannetto de Rossi são os
melhores aqui, conforme já mencionei.
Antes de encerrar, vou mencionar os personagens. O
casal de protagonistas é simples, e não fazem feio, principalmente quando estão
encurralados pelos zumbis. No entanto, o personagem do Sargento é extremamente
o oposto deles, absolutamente autoritário, que não respeita ninguém e está
disposto a tudo para provar que está certo.
Aliás, tenho que mencionar outra coisa. O roteiro é
sagaz em promover desencontros entre o Sargento e os eventos envolvendo os
zumbis, e a cada revisão, parece que ele vai descobrir a verdade, mas não é
isso que acontece.
Não Se Deve
Profanar o Sono dos Mortos chegou a ser lançado em VHS no Brasil com o
título picareta de Zumbi 3, por
motivos desconhecidos. Em contrapartida, foi lançado em DVD no Brasil pela
Versátil Home Vídeo na coleção Zumbis no
Cinema, em versão integral restaurada.
Enfim, Não Se
Deve Profanar o Sono dos Mortos é um filme excelente. Uma história de
zumbis carregada de tensão e gore, aliados a requisitos técnicos dignos de
nota, principalmente os efeitos especiais, criados por um mestre na arte. Os
cenários ingleses também são o destaque, e tornam o filme mais bonito e
convidativo. Um dos melhores filmes de zumbi de todos os tempos. Sangrento.
Claustrofóbico. Excelente. Altamente recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
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