segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

A CASA DO CEMITÉRIO (1981). Dir.: Lucio Fulci.

 

NOTA: 9



Entre 1980 e 1981, o diretor Lucio Fulci realizou a sua Trilogia do Inferno, em parceria com a atriz Catriona MacColl, que também se tornaram um marco em sua filmografia.

 

A CASA DO CEMITÉRIO é o ultimo filme da trilogia, e sem duvida, um dos mais violentos – senão o mais violento – de Fulci, tudo graças aos efeitos especiais, mas não vou falar sobre isso agora.

 

Antes de falar sobre os efeitos, vou falar sobre o filme. O longa é um dos mais estranhos do cineasta, com um clima de horror que predomina a fita desde o começo, com a ambientação sinistra da casa em estilo gótico rodeada por um cemitério.

 

Além disso, o filme é banhado de cenas carregadas no gore característico do diretor, onde o sangue jorra com gosto.

 

O filme é um dos mais estranhos de Fulci porque é uma mistura de vários gêneros, que vão desde casa mal-assombrada, passando pelo gore e chegando a história de crianças fantasmas. Mas isso não impede o longa de ser um dos melhores do diretor.

 

A trama até parece simples: família se muda para uma casa no interior e passa a ser aterrorizada por uma criatura sinistra; mas, conforme acabei de dizer, o roteiro mistura diferentes temas para chegar a tal, graças ao roteirista Dardano Saccheti, que utilizou temas de sua infância e de seu interesse para contar a história.

 

Conforme mencionado acima, o longa marca a terceira parceria de Fulci com a atriz Catriona MacColl, e ela não faz feio. Mais uma vez, a atriz interpreta uma personagem atormentada pelas forças das trevas, e desta vez, faz o que pode para salvar a família. Ao lado dela, temos o ator Paolo Malco, que também entrega uma ótima performance; no entanto, o problema no elenco de personagens, é o filho do casal, um ator mirim bem ruim... O resto do elenco também funciona bem, interpretando aqueles personagens estranhos, comuns no cinema de horror italiano.

 

A ambientação é a melhor coisa do filme, principalmente a casa em estilo gótico rodeada pelo velho cemitério. Desde que aparece em cena pela primeira vez, a casa passa uma sensação de medo e insegurança, principalmente nas cenas noturnas. O cemitério também contribui para isso, porque fica escondido na floresta, cercado de galhos velhos.

 

Conforme mencionado acima, o filme é um dos violentos de Fulci, graças aos efeitos especiais de gore, criados pelo mestre Giannetto de Rossi. Como fez deste que entrou no gênero horror, Fulci não poupa o espectador de cenas sangrentas, desde o começo do filme, em um assassinato duplo. A partir daí, o sangue rola solto, em uma cena mais sangrenta que a anterior, principalmente a cena do morcego, que colocou o longa na famigerada lista dos “Video-Nasties” no Reino Unido. A cena do morcego é a mais exagerada em termos de sangue, porque o mesmo corre em quantidades extremas, passando um pouco do limite, até. Outra cena também carregada de gore é a cena do assassinato da corretora de imóveis, que começa carregada de tensão e termina em um banho de sangue.

 

Além dos efeitos de sangue, temos também os efeitos por trás da criatura que vive no porão da casa, o Dr. Freudstein. A criatura parece um zumbi saído direto do clássico absoluto de Fulci, ao mesmo tempo que se parece também com alguém que sofreu um acidente. O monstro habita o porão da casa da família, que também é uma das melhores ambientações, envolta na escuridão, com cadáveres espalhados por todos os lados.

 

Além das cenas de gore, o filme também é cheio de cenas tensas, graças à direção maestral de Fulci, com a câmera que percorre todos os cômodos da casa, além do uso de lentes distorcidas e zooms e closes nos olhos do elenco.

 

Antes de encerrar, vou deixar uma curiosidade. A locação da casa gótica foi reaproveitada por Umberto Lenzi sete anos depois, no seu Ghosthouse.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Obras-Primas do Terror – Vol.4, em versão integral em dual áudio (Inglês ou Italiano).

 

Enfim, A Casa do Cemitério é um filme excelente. Uma história com clima de horror que predomina a narrativa desde o começo, misturado a uma direção inspirada e efeitos especiais carregados no gore. O diretor Fulci consegue criar tensão e horror na medida certa. Um dos melhores do Padrinho do Gore. Um dos filmes mais assustadores de todos os tempos.


Créditos: Versátil Home Vídeo


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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

AMITYVILLE 3 – O DEMÔNIO (1983). Dir.: Richard Fleischer.

 

NOTA: 8



Não há dúvidas que Amityville é uma das maiores – talvez a maior – franquia de terror do cinema. Ao todo, foram mais de dez filmes, entre as “continuações oficiais” e produções da Asylium. No entanto, a franquia tem apenas quatro filmes, lançados entre 1979 e 2017. Eu pessoalmente não considero os filmes que vieram depois de 1983, porque são todos horríveis e não tem nada a ver com a franquia original; o único que retomou a franquia foi Amityville – O Despertar, que traz a casa de volta.

 

Mas não vou falar sobre eles. Vou falar sobre o último filme da trilogia original, AMITYVILLE 3 – O DEMÔNIO, lançado em 1983 e novamente produzido por Dino de Laurentiis.

 

Ao contrário dos anteriores, aqui nós temos uma história original envolvendo a Mansão de Amityville, com pouco – ou quase nenhum – foco nos assassinatos cometidos por Ronald DeFeo em 1974.

 

Aqui, acompanhamos John Baxter, um cético repórter que compra a Mansão de Amityville após provar que um casal realiza falsas sessões espiritas. A partir daí, as coisas correm bem para ele, mas não demora muito para as manifestações acontecerem.

 

Amityville 3 foi dirigido por Richard Fleischer, que na época, estava em uma fase diferente da carreira. Aqui ele se mostra um diretor competente, e consegue tirar boas atuações do seu elenco, e cria cenas arrepiantes.

 

O elenco também não faz feio, principalmente o ator Tony Roberts, no papel do protagonista. Ele consegue passar a imagem do homem cético, que acredita somente no que é palpável. Tess Harper e Robert Joy também convencem, principalmente Harper, que interpreta a ex-esposa do protagonista, numa atuação dúbia, porque eu não sei dizer se ela concorda ou não com o divórcio; Joy interpreta o Dr. West, cientista que investiga o paranormal.

 

Devo mencionar também o elenco jovem, com as estreantes Lori Loughlin e – pasmem! – Meg Ryan, nos papeis da filha de Baxter e sua amiga, respectivamente. Em resumo, aqui, como nos outros filmes – principalmente no primeiro – temos personagens que parecem reais.

 

No entanto, o que mais chama a atenção no filme são os efeitos 3D. O longa foi produzido no auge dos efeitos 3D no cinema, onde praticamente todos os cineastas apelavam para o efeito, a fim de chamar o público. Não tenho dúvidas de que, na época, deve ter sido muito chamativo, mas, infelizmente, hoje em dia, é bem datado, principalmente por causa do fato de todos os personagens jogarem coisas na tela o tempo todo; e, conforme mencionei em Tubarão 3, quando o filme é convertido para 2D, a imagem e os efeitos ficam estranhos.

 

Na opinião, além dos efeitos 3D, temos também um pequeno problema relacionado à casa. Em certo momento, é possível ver que as tradicionais janelas foram substituídas por outras em dos lados da casa, e com isso, ao meu ver, a mesma perde parte de sua identidade.

 

Mas, mesmo com esse pequeno problema, é sempre bom ver a Mansão na tela, com suas janelas semelhantes a olhos, que chamam a atenção do espectador; além de sua presença ameaçadora e assustadora. Não há dúvidas que a Mansão se tornou a cara da trilogia.

 

Ao contrário dos dois anteriores, aqui não temos cenas carregadas de terror; ao invés disso, temos cenas levemente tensas, como por exemplo, a cena em que a personagem de Candy Clark percorre a casa com a lanterna, até o porão. É uma sequência tensa, mas não muito assustadora.

 

Realmente, parece que aqui, não temos muitas cenas memoráveis, talvez, apenas os efeitos em 3D. Talvez a mais memorável seja a sequência com a equipe de paranormais investigando a casa, até o momento em que o demônio surge e ataca o Dr. West. Mas nada disso impede o filme de ser divertido.

 

Antes de encerrar, queria deixar minha opinião em relação ao medo que a ex-esposa de Baxter tem em relação à Mansão de Amityville. Em uma cena anterior, ela se consulta com o Dr. West a respeito dos fenômenos que podem acontecer na casa; em outra, ela discute com a filha e a proíbe de visitar o pai na casa. Faltou uma cena do casal discutindo sobre a casa, principalmente após a tragédia que se abate sobre eles. Há um processo de negação por parte de Nancy, mas não há uma conversa entre eles depois disso. Eu achei que faltou isso, porque os dois primeiros filmes focavam em problemas familiares dentro da casa.

 

Amityville 3 foi lançado nos cinemas em 18/nov/1983 e foi um fracasso de bilheteria, o que levou os realizadores a produzirem as demais sequencias somente para a TV ou para o mercado de home vídeo. A franquia retornou oficialmente em 2017 com Amityville – O Despertar, que traz a Mansão de volta.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pelas Obras-Primas do Cinema na coleção Trilogia Terror em Amityville, em versão remasterizada.

 

Enfim, Amityville 3 é um filme muito bom. Um longa bem dirigido e com ótimas atuações, além de momentos de suspense e toques sobrenaturais. Um filme muito divertido, com uma historia original para a Mansão de Amityville. Recomendado.



Créditos: Obras-Primas do Cinema


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