quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

SEXTA-FEIRA 13 (1980). Dir.: Sean S. Cunningham.

 

NOTA: 9



Não há a menor duvida que Halloween, A Noite do Terror (1978), de John Carpenter, é o maior e melhor exemplar do gênero Slasher, até porque ele foi o primeiro a introduzir as regras que hoje são obrigatórias no gênero: Não faça sexo; não use drogas; nunca diga “Eu voltarei”, entre outras, sendo a principal, a figura do assassino mascarado que não morre.

 

Pois bem, eis que dois anos depois, outro filme se tornaria um clássico do gênero: SEXTA-FEIRA 13, dirigido por Sean S. Cunningham, e responsável por apresentar um novo ícone do terror: Jason Voorhees, o assassino de Crystal Lake. Mas, vamos com calma. Na verdade, o personagem só daria as caras de fato no filme seguinte, lançado um ano depois. Aqui, o assassino é outra pessoa. Mas, vamos por partes.

 

A ideia para o projeto partiu do diretor Sean S. Cunningham, que até então, era diretor de filmes infantis e de esporte, que não foram bem de bilheteria; além disso, Cunningham também o produtor do ultra-violento Aniversário Macabro (1972), filme de estreia do saudoso Wes Craven. Como seus trabalhos anteriores não deram retorno nas bilheterias, o diretor resolveu investir em outro gênero, então optou por fazer um filme de terror. E o filme que o inspirou foi justamente do filme de John Carpenter.

 

Na verdade, conforme o diretor conta, ele não tinha nem ideia de como fazer um filme de terror, mas mesmo assim, pediu para que a Variety publicasse um anuncio que dizia: “Friday the 13th, The Most Horrifying Film Ever Made!”, sendo que a única coisa que era de fato concreta era o título, novamente inspirado na ideia de uma data comemorativa, a exemplo de Halloween. O próximo a embarcar foi o roteirista Victor Miller, que já trabalhara com o diretor anteriormente. Miller foi ao cinema assistir ao filme de Carpenter, e de lá já descobriu as “regras” para se montar um filme do gênero Slasher.

 

As demais historias de bastidores se divergem. Uma delas diz que o diretor tinha contato com membros da Máfia de Chicago, que o ajudaram a conseguir dinheiro para o filme; outra fala que o diretor teve a ideia para o filme após assistir ao filme Banho de Sangue (1971), do Maestro Mario Bava, que foi exibido em uma sessão dupla com Aniversário Macabro, com o bizarro título de Last House on the Left II, sendo que foi lançado um ano antes do filme de Wes Craven. Na verdade, existem fãs do gênero que dizem que Sexta-Feira 13 é idêntico ao filme de Bava. Eu pessoalmente não acho. Acredito, sim, que Cunningham deva ter se inspirado no filme de Bava, mas não tinha a intenção de copiá-lo quadro a quadro.

 

Bom, seja como for, o fato é que Sexta-Feira 13 é um grande exemplar do Slasher, e também um dos melhores filmes do gênero, a começar pelo próprio roteiro. O roteirista Victor Miller admite que foi inspirado pelo filme de John Carpenter, mas a própria narrativa é bem diferente. Uma coisa que os dois filmes têm em comum é a estrutura. Ambos são mais focados na atmosfera do que nos assassinatos, apostando mais no suspense, deixando o gore para depois. Conforme já disse varias vezes, é o tipo de filme que eu gosto muito, porque investe mais na construção do ambiente e dos personagens, do que nos assassinatos; e temos um grande intervalo entre eles, algo que infelizmente não funciona hoje em dia, com as plateias mais acostumadas com o gore e a violência chocante explicita.

 

E o suspense toma conta do filme do começo ao fim. O diretor e o roteirista não poupam o espectador de cenas angustiantes, que conseguem deixar qualquer um com vontade de roer as unhas ou pular da cadeira. Eu mesmo já vi o filme várias vezes e sempre fico nervoso nessas cenas, principalmente no final, quando o assassino é revelado e começa a caçar a ultima sobrevivente pelo acampamento. Se no filme de John Carpenter isso já funcionou bem, aqui também não é diferente.

 

A direção de Cunningham é segura e experiente. O diretor e o diretor de fotografia fazem um belo trabalho, e seus ângulos e tomadas do acampamento são muito bem feitos, principalmente quando adotam a câmera como POV do assassino. São realmente cenas bem filmadas e enquadradas, e bem editadas, principalmente à noite, quando o acampamento é tomado por uma tempestade. Novamente, é um exemplo de como os filmes de terror eram mais focados nesse aspecto, o da atmosfera.

 

No entanto, apesar de ter sido influenciando por Halloween, Sexta-Feira 13 é diferente em uma coisa: os efeitos especiais. Enquanto o filme de Carpenter não tinha quase nenhuma gota de sangue, aqui a coisa foi bem diferente. Aqui nós temos assassinatos sangrentos, com o gore jorrando na tela. E cada um consegue ser mais cruel que o outro. O responsável pelos efeitos especiais foi o mestre Tom Savini, que já possuía uma carreira no cinema de terror, sendo mais conhecido por ser o colaborador do saudoso George A. Romero nos seus filmes de zumbis. Savini havia trabalhado anteriormente em O Despertar dos Mortos, lançado dois anos antes, e já mostrara seu talento; e aqui não foi diferente. Os efeitos especiais de maquiagem são espetaculares e vão dos mais simples aos mais elaborados. Difícil dizer qual o melhor, mas os meus favoritos são o da fecha e do machado. Uma aula de maquiagem, tudo feito com efeitos práticos.

 

Conforme mencionei acima, a franquia Sexta-Feira 13 foi a responsável por introduzir o personagem Jason Voorhees na cultura pop, transformando-o no maior vilão do cinema Slasher de todos os tempos. No enranto, quem dá as facadas no primeiro Sexta-Feira 13 não é o Jason, e sim, sua mãe, Pamela Voorhees, motivada pela vingança por terem deixado seu filho se afogar no lago no passado. E a Sra. Voorhees, toca o terror, eliminando os jovens um por um com requintes de sadismo e crueldade. É uma personagem excelente, uma das melhores do gênero Slasher, e tudo se deve a interpretação da atriz Betsy Palmer, que na época já não era um rosto tão conhecido no cinema, e, segundo ela mesma diz, estava precisando de dinheiro; inclusive, quando leu o roteiro, a atriz detestou o projeto, mas acabou aceitando o papel.

 

Sexta-Feira 13 foi lançado em 1980, e tornou-se um sucesso de bilheteria. Tornou-se também o primeiro filme Slasher a ser distribuído por um grande estúdio, no caso, a Paramount Pictures, que foi a responsável pela distribuição nos Estados Unidos, enquanto que no exterior, inclusive no Brasil, o filme foi distribuído pela Warner Bros. O sucesso do filme foi o responsável pelo surgimento das sequencias, cujo primeiro filme saiu no ano seguinte. Atualmente, a franquia conta com mais de dez filmes, incluindo o crossover com Freddy Krueger em Freddy X Jason (2003). Há muito tempo, surgiram rumores de um novo filme, mas, devido a uma batalha de direitos, isso não foi possível, uma vez que não se sabe qual estúdio detêm os direitos da franquia, uma vez que em determinado momento, a Paramount largou a franquia. Se haverá um novo filme ou não, acredito que nunca saberemos.

 

Foi lançado em VHS e DVD no Brasil, mas atualmente está fora de catalogo.

 

Enfim, Sexta-Feira 13 é um filme assustador. Uma historia redonda, com uma trama de verdade, simples, mas que consegue assustar. Os efeitos especiais de Tom Savini são um dos destaques do filme. Um dos maiores Slashers de todos os tempos. Um dos Filmes Mais Assustadores de Todos os Tempos. Um Clássico dos Slashers. 







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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

O QUE ELES FIZERAM ÀS SUAS FILHAS? (1974). Dir.: Massimo Dallamano.

 


NOTA: 9



Eu já disse varias vezes que o Giallo é um dos meus gêneros favoritos, e desde que surgiu no final dos anos 60, grandes exemplares surgiram. Alguns deles já foram mencionados aqui, todos dirigidos por grandes mestres, e o diretor Massimo Dallamano foi um deles. Ele é o responsável pelo excelente O Que Vocês Fizeram com Solange? (1972), que marcou a estreia da atriz Camille Keaton no cinema. Esse é um dos meus exemplares favoritos do gênero.

 

Dois anos depois, Dallamano retornou ao gênero com O QUE ELES FIZERAM ÀS SUAS FILHAS?, que pode ser encarado como uma espécie de continuação do filme anterior. Eu pessoalmente não vejo dessa forma, eu encaro como outro filme com uma temática parecida. Mas isso não o impede de também ser um grande exemplar do gênero.

 

Mais do que isso, eu diria que é um dos mais brutais exemplares do gênero, não somente pelas cenas de violência, mas também pela forma como ele aborda a polemica questão da prostituição adolescente. Sério, são cenas realmente muito tensas e desconfortáveis. Já as cenas de violência são brutais e não poupam o espectador do sangue. Não é novidade que o gênero Giallo é famoso por suas cenas de morte mirabolantes, com toques até artísticos, dependendo do cineasta, e Dallamano faz questão de mostrar o sangue na tela. Eu confesso que na primeira vez que eu assisti, eu fiquei impressionado com as cenas de violência, principalmente uma que acontece num banheiro.

 

E assim como fez no filme anterior, Dallamano se mostra um especialista no gênero, principalmente quando filma cenas de tensão e suspense. E o filme tem muitas delas, cada uma melhor que a outra, todas envolvendo o assassino. Os movimentos de câmera merecem destaque, com toques rápidos e câmera dentro do carro e na garupa da moto. É muito bom.

 

Outro destaque é a trilha sonora, composta por Stelvio Cipriani, um nome conhecido no gênero, tendo sido responsável pelas trilhas de alguns exemplares do Giallo. É uma trilha muito boa, diferente do tipo que se espera ouvir um filme desses, que geralmente parte para uma coisa mais lírica e bonita. Aqui, não. A musica é quase pesada, principalmente o tema, que depois seria “reaproveitado” pelo compositor no divertido Tentáculos (1977). Quando eu ouvi pela primeira vez, eu na hora me lembrei da música do filme do polvo gigante. Picaretagem ou outra coisa?

 

Outro ponto que merece ser mencionado é o assassino. Como é de praxe no gênero, o assassino veste roupas pretas e luvas de couro também pretas; aqui temos exatamente isso, mas com um diferencial. Ao invés da mascara preta, temos um capacete de motociclista, visto que o assassino faz uso desse veiculo na cena de perseguição. E ao invés do tradicional canivete, a arma escolhida é um cutelo de açougueiro. E o assassino faz estragos com ela. Grandes estragos. A maior prova é na cena em que os policiais estão investigando o apartamento de um suspeito e encontram o banheiro todo ensanguentado. Cena digna de Slasher.

 

Devo ressaltar também que, pela primeira vez – que eu saiba - , temos uma personagem feminina na policia. Geralmente nos Gialli as mulheres são as vitimas do assassino, mas o roteiro optou por algo diferente, e criou uma personagem feminina de fibra, que não abaixa a cabeça para ninguém. É o tipo de coisa que podia aparecer mais no Giallo. Dallamano ganha mais pontos por essa inclusão.

 

Conforme mencionado acima, O Que Eles Fizeram às Suas Filhas? é uma historia que envolve prostituição de adolescentes. É um tema muito difícil de ser abordado, porque envolvem principalmente as adolescentes que entram para esse mundo. E o roteiro não passa pano para o tema. E não apenas estamos falando de prostituição, mas também de estupro e pedofilia, uma vez que as garotas são menores de idade e os agressores são homens mais velhos. E o pior, são homens importantes, que dificilmente serão culpados ou associados a tais crimes. É o tipo de coisa que infelizmente existe na nossa sociedade e que vemos todos os dias nos jornais e noticiários da TV. E mesmo sendo abordado em uma obra de ficção, não deixa de ser um tema perturbador e que merece ser discutido.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo na coleção Giallo Vol.4, em versão restaurada com áudio original em italiano.

 

Enfim, O Que Eles Fizeram às Suas Filhas? é um grande exemplar do gênero Giallo. Um filme violento e perturbador, com cenas de ação de tirar o folego, que conta um roteiro bem amarrado e uma direção segura. Além disso, toca em um assunto difícil de lidar, e faz isso sem o menor pudor, deixando o espectador desconfortável. Mas nada disso é um empecilho para torna-lo um filme excelente. Altamente recomendado. 



Créditos: Versátil Home Vídeo



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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

EDWARD MÃOS-DE-TESOURA (1990). Dir.: Tim Burton.

 

NOTA: 10



O que posso dizer sobre EDWARD MÃOS-DE-TESOURA (1990), obra-prima do diretor Tim Burton? Bom, vou dizer o seguinte: esse é um dos filmes da minha vida. Ponto. Eu amo esse filme.

 

Desde a primeira vez que o assisti, há vinte anos, eu me apaixonei pela historia logo de cara. Na época, eu já era fã declarado do Tim Burton, tendo assistido A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999) e Marte Ataca! (1996) inúmeras vezes. Mas, com Edward Mãos-de-Tesoura, eu posso dizer que a coisa foi bem diferente. Eu confesso que o filme era bem diferente do que eu esperava, se bem que eu não tinha a menor ideia de como o filme era, e rapidamente ele me encantou.

 

O filme é lindo. É um caso em que tudo contribui para deixa-lo lindo, desde o roteiro, passando pela direção, atuações, direção de arte, trilha sonora... Enfim, tudo. E assistindo a ele pela enésima vez, minha opinião não mudou. É o tipo de filme que fica melhor a cada revisão.

 

O roteiro, escrito por Caroline Thompson, a partir de um tratamento escrito em parceria com o diretor, não possui falhas ou furos. Tudo encaminha do jeito certo, para as direções corretas; os diálogos são criveis e os personagens também. A direção madura de Tim Burton também é digna de nota. Em seu quarto filme, o diretor já se mostrou competente e hábil naquilo que ele queria mostrar na tela e no modo como queria mostrar. Outro ponto positivo vai para a direção de arte. As casas da vizinhança no subúrbio ganharam tons pasteis, mas coloridos; mas o principal vai para o castelo de Edward. Situado no alto da colina, o castelo é o perfeito castelo de conto de fadas. Seu interior é todo gótico, cheio de teias de aranha e pó; as janelas e portas são enormes e difíceis de abrir... Enfim, tem tudo aquilo que existe numa historia gótica de verdade. E a trilha sonora... A trilha sonora é um caso à parte.

 

Composta por Danny Elfman, colaborador recorrente do diretor, a trilha é belíssima. Uma verdadeira trilha sonora de conto de fadas, com coro infantil do começo ao fim. É o tipo de musica que podemos ouvir sem precisar assistir ao filme. Maravilhosa.

 

E as atuações? Bem, assim como tudo no filme, o elenco é perfeito. A escolha de Johnny Depp para o papel não poderia ter sido melhor. Difícil imaginar outro ator no papel. Depp trouxe toda a doçura e inocência presentes no roteiro. O visual do personagem também é um destaque, com seu rosto branco como papel, todo vestido de preto. O diretor se inspirou no visual de Cesare, o sonambulo de O Gabinete do Dr. Caligari (1920), um Clássico do Expressionismo Alemão, para compor o visual de Edward. Um visual excelente. O restante do elenco também dá um show. Todos conseguiram passar exatamente aquilo que estava no roteiro, e tornaram os personagens criveis, como se fossem pessoas reais, que vemos todos os dias.

 

O filme marca a última aparição de Vincent Price no cinema. O diretor era fã declarado do ator, tendo assistido a todos os seus filmes de terror na infância, então, ele resolveu prestar uma homenagem ao ídolo. Aqui, o ator interpreta o inventor de Edward, que morreu antes de concluí-lo, o que o deixou com suas mãos de tesoura. A presença do antigo astro dos filmes de terror dá um toque a mais ao filme, tornando-o ainda mais belo; e também não deixa de ser emocionante vê-lo em cena, em sua última aparição. Sem duvida, o momento mais emocionante é a cena da morte do inventor, que precisava ser mostrada. É um cena linda, que causa arrepios e até um nó na garganta. Impossível não se emocionar.


Edward Mãos-de-Tesoura é a clássica historia de alguém solto em um mundo que não conhece. Eu particularmente adoro esse tipo de historia porque eu me identifico com o estranho solto naquele mundo. Tudo é novo para ele, justamente porque ele passou a vida inteira isolado no castelo no alto da colina. Impossível não se emocionar com o fascínio de Edward ao conhecer a vizinhança. Ele de fato para um garotinho empolgado com tudo que vê ao seu redor. Como eu disse, eu gosto muito desse tipo de historia. 


Mas também existe o outro lado, ponto de virada, onde a vizinhança passa e rejeitá-lo. Eu fiquei emocionado na primeira vez que eu assisti, porque eu queria defender o protagonista dos ataques da população e também do vilão, mas infelizmente, não podia. É o tipo de reação que todos nós temos quando assistimos a um filme com uma historia como essa, porque ficamos do lado do protagonista e queremos que tudo acabe bem. E devido à sua ingenuidade, Edward acaba se tornando um alvo fácil para o vilão, que arma um plano, mas ele acaba se prejudicando.

 

Além de tudo isso, o filme é também uma belíssima historia de amor. Quando chega na casa de Peg, a representante da Avon do bairro, Edward vê uma foto de sua filha mais velha, Kim, e se apaixona por ela. Quando os dois finalmente se conhecem, Kim não tem uma boa impressão dele, mas, após tentar salvá-lo quando ele cai na armadilha de seu namorado, passa a enxergá-lo com outros olhos. E claro, a gente torce para que eles fiquem juntos no final, mas, o rumo da historia acaba sendo diferente, e muito melhor.

 

Conforme mencionei no inicio, eu assisti esse filme pela primeira vez há vinte anos, e desde então, não me canso de assistir. Sempre que me dá vontade, eu coloco para rodar e assisto, do começo ao fim. Foi o primeiro filme em DVD que eu ganhei da minha mãe, o que o torna ainda mais especial para mim.

 

Enfim, Edward Mãos-de-Tesoura é um filme belíssimo. Um verdadeiro conto de fadas, com todos os elementos do gênero, e que fica melhor a cada revisão. Um filme impecável. A obra-prima de Tim Burton, e se, duvida, a sua melhor criação. Um filme perfeito.

 

Para conferir a resenha no Canal LFH, acesse o link do canal. 

https://www.youtube.com/channel/UCR5ejd7xqh0SIOeZEpED16w






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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

DRAGÃO VERMELHO (Thomas Harris).

 

NOTA: 9



Não há dúvidas que o Dr. Hannibal Lecter é um dos personagens mais temidos e amados de todos os tempos; talvez, o assassino favorito de todos. Seu auge foi em O Silencio dos Inocentes, segundo livro da Trilogia do personagem criado por Thomas Harris. Porém, antes de entrar na graça do público no livro do meio da trilogia, o personagem deu as caras, ainda que de forma discreta em DRAGÃO VERMELHO, primeiro livro da trilogia. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o livro não é sobre o Dr. Hannibal Lecter, e sim, sobre o ex-agente do FBI, Will Graham, e sua busca pelo assassino conhecido como Fada do Dente.

 

Dragão Vermelho é um livro excelente, uma história policial escrita com maestria, com uma narrativa repleta de adrenalina, que prende o leitor desde o começo, tornando impossível abandonar a leitura. E o autor faz isso muito bem.

 

As cenas descritas por ele são muito intensas, com detalhes impressionantes do processo de investigação do FBI, além das cenas dos homicídios, também descritas com riqueza impressionante. Desde a primeira cena, a ação não para, e o leitor se vê obrigado a continuar a leitura, apenas para descobrir o desfecho. E existem muitas cenas assim. Uma delas é quando eles recebem uma carta do assassino para o Dr. Lecter, escrita num papel higiênico. Todo o processo para descobrir a origem do mesmo, bem como o tipo de material, é tudo descrito nos mínimos detalhes, como se o próprio autor estivesse lá, acompanhando todo o processo. É de roer as unhas, principalmente porque, segundo está no livro, o tempo é curto.

 

Esse é o outro fator. O tempo. Conforme o autor descreve, o assassino tem um determinado tempo para agir, de acordo com o calendário lunar, então, eles precisam agir com rapidez, a fim de impedir que outras pessoas sejam assassinadas. E a medida que a leitura avança, parece que o relógio também avança.

 

Os personagens são um dos pontos positivos da história. O autor os descreve como pessoas reais, cheias de problemas, falhas e humanidade; não é difícil simpatizar com eles, principalmente com o protagonista, o ex-agente Will Graham. Harris deixa claro que o policial possui uma historia conturbada, com vários traumas do passado, principalmente se levarmos em conta sua relação com o Dr. Lecter, que ele próprio ajudou a prender no passado. A cena em que os dois se encontram na cela é angustiante; dá para sentir o medo do policial e seu desespero para sair dali. E tudo isso acaba se refletindo na vida pessoal do detetive, a ponto de quase destruir sua família.

 

E claro, não dá para falar desse livro sem mencionar o Dr. Lecter. Mesmo com pouco tempo na narrativa, ele se torna o seu ponto alto, principalmente se levarmos em conta nossas experiências anteriores com o personagem, seja nos filmes ou nos demais livros da trilogia. Lecter é excelente. Um vilão frio e calculista, cujo único passatempo é se divertir a custas do medo alheio.

 

Outro personagem de destaque é o assassino, o Sr. Francis Dolarhyde, também conhecido como Fada do Dente. Harris deixa claro que o personagem possui algum ou vários traumas de infância, e que tais traumas o consumiram por inteiro, fazendo-o chegar a completa insanidade. É um personagem muito bem escrito, e por que não dizer, assustador. Ele não demonstra pudor ao executar seus crimes, utilizando de métodos bárbaros para atingir seu objetivo, transformar-se no Grande Dragão Vermelho, personificado pela clássica pintura de William Blake.

 

Aqueles que conhecem a historia graças às adaptações para o cinema, sabem que em certo momento, surge uma personagem feminina, que se torna uma espécie de interesse romântico e por que não, humano, do assassino. Pois bem, tais momentos surgem na historia no momento certo, mostrando que o autor não tem a menor pressa em desenvolver a narrativa e os personagens, conforme já mencionado. E quando esses momentos acontecem, a gente rapidamente se lembra de tê-los visto nos filmes, o que torna a leitura ainda mais rica, na minha opinião.

 

Pois bem, Dragão Vermelho é excelente. Uma narrativa policial intrigante e arrepiante, que prende o leitor desde a primeira página. A escrita de Thomas Harris é fascinante, digna de nota. Um livro cheio de suspense, mistério e ação, que pode deixar o leitor com medo de dormir com a luz apagada. Arrepiante. Assustador. Altamente recomendado. 


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O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA – O RETORNO (1995). Dir.: Kim Henkel.

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