NOTA: 10
O que posso dizer sobre EDWARD MÃOS-DE-TESOURA (1990),
obra-prima do diretor Tim Burton? Bom, vou dizer o seguinte: esse é um dos
filmes da minha vida. Ponto. Eu amo esse filme.
Desde a primeira vez que o
assisti, há vinte anos, eu me apaixonei pela historia logo de cara. Na época,
eu já era fã declarado do Tim Burton, tendo assistido A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999) e Marte Ataca! (1996) inúmeras vezes. Mas, com Edward Mãos-de-Tesoura, eu posso dizer que a coisa foi bem
diferente. Eu confesso que o filme era bem diferente do que eu esperava, se bem que eu não tinha a menor ideia de
como o filme era, e rapidamente ele me encantou.
O filme é lindo. É um caso em que
tudo contribui para deixa-lo lindo, desde o roteiro, passando pela direção,
atuações, direção de arte, trilha sonora... Enfim, tudo. E assistindo a ele
pela enésima vez, minha opinião não mudou. É o tipo de filme que fica melhor a
cada revisão.
O roteiro, escrito por Caroline Thompson,
a partir de um tratamento escrito em parceria com o diretor, não possui falhas
ou furos. Tudo encaminha do jeito certo, para as direções corretas; os diálogos
são criveis e os personagens também. A direção madura de Tim Burton também é
digna de nota. Em seu quarto filme, o diretor já se mostrou competente e hábil naquilo
que ele queria mostrar na tela e no modo como queria mostrar. Outro ponto
positivo vai para a direção de arte. As casas da vizinhança no subúrbio ganharam
tons pasteis, mas coloridos; mas o principal vai para o castelo de Edward. Situado
no alto da colina, o castelo é o perfeito castelo de conto de fadas. Seu interior
é todo gótico, cheio de teias de aranha e pó; as janelas e portas são enormes e
difíceis de abrir... Enfim, tem tudo aquilo que existe numa historia gótica de
verdade. E a trilha sonora... A trilha sonora é um caso à parte.
Composta por Danny Elfman,
colaborador recorrente do diretor, a trilha é belíssima. Uma verdadeira trilha
sonora de conto de fadas, com coro infantil do começo ao fim. É o tipo de
musica que podemos ouvir sem precisar assistir ao filme. Maravilhosa.
E as atuações? Bem, assim como
tudo no filme, o elenco é perfeito. A escolha de Johnny Depp para o papel não poderia
ter sido melhor. Difícil imaginar outro ator no papel. Depp trouxe toda a
doçura e inocência presentes no roteiro. O visual do personagem também é um
destaque, com seu rosto branco como papel, todo vestido de preto. O diretor se
inspirou no visual de Cesare, o sonambulo de O Gabinete do Dr. Caligari (1920), um Clássico do Expressionismo Alemão,
para compor o visual de Edward. Um visual excelente. O restante do elenco também
dá um show. Todos conseguiram passar exatamente aquilo que estava no roteiro, e
tornaram os personagens criveis, como se fossem pessoas reais, que vemos todos
os dias.
O filme marca a última aparição de
Vincent Price no cinema. O diretor era fã declarado do ator, tendo assistido a
todos os seus filmes de terror na infância, então, ele resolveu prestar uma
homenagem ao ídolo. Aqui, o ator interpreta o inventor de Edward, que morreu
antes de concluí-lo, o que o deixou com suas mãos de tesoura. A presença do
antigo astro dos filmes de terror dá um toque a mais ao filme, tornando-o ainda
mais belo; e também não deixa de ser emocionante vê-lo em cena, em sua última aparição.
Sem duvida, o momento mais emocionante é a cena da morte do inventor, que
precisava ser mostrada. É um cena linda, que causa arrepios e até um nó na garganta.
Impossível não se emocionar.
Edward Mãos-de-Tesoura é a
clássica historia de alguém solto em um mundo que não conhece. Eu particularmente
adoro esse tipo de historia porque eu me identifico com o estranho solto
naquele mundo. Tudo é novo para ele, justamente porque ele passou a vida
inteira isolado no castelo no alto da colina. Impossível não se emocionar com o
fascínio de Edward ao conhecer a vizinhança. Ele de fato para um garotinho
empolgado com tudo que vê ao seu redor. Como eu disse, eu gosto muito desse
tipo de historia.
Mas também existe o outro lado, ponto de virada, onde a vizinhança passa e rejeitá-lo. Eu fiquei emocionado na primeira vez que eu assisti, porque eu queria defender o protagonista dos ataques da população e também do vilão, mas infelizmente, não podia. É o tipo de reação que todos nós temos quando assistimos a um filme com uma historia como essa, porque ficamos do lado do protagonista e queremos que tudo acabe bem. E devido à sua ingenuidade, Edward acaba se tornando um alvo fácil para o vilão, que arma um plano, mas ele acaba se prejudicando.
Além de tudo isso, o filme é também
uma belíssima historia de amor. Quando chega na casa de Peg, a representante da
Avon do bairro, Edward vê uma foto de sua filha mais velha, Kim, e se apaixona
por ela. Quando os dois finalmente se conhecem, Kim não tem uma boa impressão dele,
mas, após tentar salvá-lo quando ele cai na armadilha de seu namorado, passa a
enxergá-lo com outros olhos. E claro, a gente torce para que eles fiquem juntos
no final, mas, o rumo da historia acaba sendo diferente, e muito melhor.
Conforme mencionei no inicio, eu
assisti esse filme pela primeira vez há vinte anos, e desde então, não me canso
de assistir. Sempre que me dá vontade, eu coloco para rodar e assisto, do
começo ao fim. Foi o primeiro filme em DVD que eu ganhei da minha mãe, o que o
torna ainda mais especial para mim.
Enfim, Edward Mãos-de-Tesoura é um filme belíssimo. Um verdadeiro conto de
fadas, com todos os elementos do gênero, e que fica melhor a cada revisão. Um filme
impecável. A obra-prima de Tim Burton, e se, duvida, a sua melhor criação. Um filme
perfeito.
Para conferir a resenha no Canal LFH,
acesse o link do canal.
https://www.youtube.com/channel/UCR5ejd7xqh0SIOeZEpED16w
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