NOTA: 9
Não há dúvidas que o Dr. Hannibal Lecter é um dos
personagens mais temidos e amados de todos os tempos; talvez, o assassino
favorito de todos. Seu auge foi em O Silencio dos Inocentes, segundo
livro da Trilogia do personagem criado por Thomas Harris. Porém, antes de
entrar na graça do público no livro do meio da trilogia, o personagem deu as
caras, ainda que de forma discreta em DRAGÃO
VERMELHO, primeiro livro da trilogia. Mas, ao contrário do que muitos
pensam, o livro não é sobre o Dr. Hannibal Lecter, e sim, sobre o ex-agente do
FBI, Will Graham, e sua busca pelo assassino conhecido como Fada do Dente.
Dragão
Vermelho é um livro excelente, uma história policial escrita com maestria,
com uma narrativa repleta de adrenalina, que prende o leitor desde o começo,
tornando impossível abandonar a leitura. E o autor faz isso muito bem.
As cenas descritas por ele são muito intensas, com
detalhes impressionantes do processo de investigação do FBI, além das cenas dos
homicídios, também descritas com riqueza impressionante. Desde a primeira cena,
a ação não para, e o leitor se vê obrigado a continuar a leitura, apenas para
descobrir o desfecho. E existem muitas cenas assim. Uma delas é quando eles
recebem uma carta do assassino para o Dr. Lecter, escrita num papel higiênico.
Todo o processo para descobrir a origem do mesmo, bem como o tipo de material,
é tudo descrito nos mínimos detalhes, como se o próprio autor estivesse lá,
acompanhando todo o processo. É de roer as unhas, principalmente porque,
segundo está no livro, o tempo é curto.
Esse é o outro fator. O tempo. Conforme o autor
descreve, o assassino tem um determinado tempo para agir, de acordo com o
calendário lunar, então, eles precisam agir com rapidez, a fim de impedir que
outras pessoas sejam assassinadas. E a medida que a leitura avança, parece que
o relógio também avança.
Os personagens são um dos pontos positivos da
história. O autor os descreve como pessoas reais, cheias de problemas, falhas e
humanidade; não é difícil simpatizar com eles, principalmente com o
protagonista, o ex-agente Will Graham. Harris deixa claro que o policial possui
uma historia conturbada, com vários traumas do passado, principalmente se
levarmos em conta sua relação com o Dr. Lecter, que ele próprio ajudou a
prender no passado. A cena em que os dois se encontram na cela é angustiante;
dá para sentir o medo do policial e seu desespero para sair dali. E tudo isso
acaba se refletindo na vida pessoal do detetive, a ponto de quase destruir sua
família.
E claro, não dá para falar desse livro sem mencionar
o Dr. Lecter. Mesmo com pouco tempo na narrativa, ele se torna o seu ponto
alto, principalmente se levarmos em conta nossas experiências anteriores com o
personagem, seja nos filmes ou nos demais livros da trilogia. Lecter é
excelente. Um vilão frio e calculista, cujo único passatempo é se divertir a
custas do medo alheio.
Outro personagem de destaque é o assassino, o Sr.
Francis Dolarhyde, também conhecido como Fada do Dente. Harris deixa claro que
o personagem possui algum ou vários traumas de infância, e que tais traumas o
consumiram por inteiro, fazendo-o chegar a completa insanidade. É um personagem
muito bem escrito, e por que não dizer, assustador. Ele não demonstra pudor ao
executar seus crimes, utilizando de métodos bárbaros para atingir seu objetivo,
transformar-se no Grande Dragão Vermelho, personificado pela clássica pintura
de William Blake.
Aqueles que conhecem a historia graças às adaptações
para o cinema, sabem que em certo momento, surge uma personagem feminina, que
se torna uma espécie de interesse romântico e por que não, humano, do
assassino. Pois bem, tais momentos surgem na historia no momento certo,
mostrando que o autor não tem a menor pressa em desenvolver a narrativa e os
personagens, conforme já mencionado. E quando esses momentos acontecem, a gente
rapidamente se lembra de tê-los visto nos filmes, o que torna a leitura ainda
mais rica, na minha opinião.
Pois bem, Dragão
Vermelho é excelente. Uma narrativa policial intrigante e arrepiante, que
prende o leitor desde a primeira página. A escrita de Thomas Harris é
fascinante, digna de nota. Um livro cheio de suspense, mistério e ação, que
pode deixar o leitor com medo de dormir com a luz apagada. Arrepiante.
Assustador. Altamente recomendado.
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