segunda-feira, 29 de julho de 2019

CANAL LFH.











O 5º episódio do Canal LFH já está no ar, com resenha do livro A Metamorfose, de Kafka.

Acesse e confira:



Para conferir as resenhas, acesse:
ou




Onde comprar:
Edição Exclusiva Amazon:

Amazon:
ou
ou
ou


Agradecimentos:
EDITORA ABRIL





terça-feira, 23 de julho de 2019

A MÁQUINA DE PASSAR ROUPA (Stephen King).


NOTA: 8



A MÁQUINA DE PASSAR ROUPA
A MÁQUINA DE PASSAR ROUPA, presente na coletânea Sombras da Noite, é um dos contos mais bizarros de Stephen King, sem duvida.

Mas, não deixa de ser divertido. Em poucas páginas, King cria uma historia de investigação policial com elementos de slasher e possessão demoníaca. Não sei de onde ele tirou essa ideia, mas o fato é que é bem legal, absurda mesmo. Mas eu gostei.

A leitura foi bem rápida, aterrorizante e principalmente, divertida. King também não nega fogo, e apresenta cenas repletas de violência e sangue, muito sangue. A Máquina faz um enorme estrago nos funcionários da lavanderia, despedaçando-os como se fossem animais no matadouro, e provocando medo nos sobreviventes. Talvez, se fosse com outro autor, a premissa seria diferente, algo como inteligência artificial ou até mesmo extraterrestre, mas King faz uso do método mais absurdo – até porque não há outro modo de descrever – para justificar o motivo de sua máquina ter se tornado faminta por carne humana: possessão demoníaca.

Não me lembro de ter lido alguma historia desse tipo antes, e, talvez para o leitor mais exigente, talvez fosse o cumulo do absurdo. Mas não para mim. Como já disse, eu me diverti muito nessa leitura.

Adorei os métodos que King utiliza para fazer seus dois personagens lutarem contra a máquina, bem como o resultado do confronto. Os dois homens fazem uso dos métodos mais comuns em casos como esses, e não parece ridículo, não. Acho que é o tipo de coisa que qualquer um faria se soubesse que tal objeto está possuído por um espirito maligno. E como King revela, a máquina não é o único objeto inanimado que se alimenta de pessoas. Não...

O fato é que A Máquina de Passar Roupa é bem legal. É uma leitura rápida, de alguns minutos, apenas – minutos esses que passam rápido; mal começou, já acabou. Simples. Vale a pena.

E antes que pensem que essa premissa de objetos possuídos é absurda, vale lembrar que na adaptação de Christine, também de King, John Carpenter utilizou o pretexto de que ela estava possuída por um espirito demoníaco, e funcionou muito bem. E aqui, também.

Não sei em qual momento da vida King encontrava-se quando escreveu a historia, e francamente não importa. Também não sei se ele tentou contar uma historia realmente seria, ou não, e também não importa. Tenho certeza que sua intenção era a melhor possível, e apesar do famoso ditado, ele entrega uma historia assustadora e violenta.

Os personagens da historia são bem simples, pessoas comuns, que encontramos no nosso dia-a-dia. O Guarda Hutton é o típico policial do bem, sempre disposto a ajudar os outros e desvendar o mistério. Cético no inicio, conforme as suas investigações vão avançando, ele começa a se convencer, principalmente quando ouve relatos de sobreviventes, e de seu amigo Jackson, que é um tipo de especialista no assunto. Enfim, personagens bacanas.

Em 1995, foi adaptado para o cinema por Tobe Hooper, em Mangler – O Grito de Terror, estrelado por Robert Englund e Ted Levine, no papel do Guarda Hutton. Eu só vi esse filme uma vez, há muitos anos, no extinto Cine Mistério, da Band; e não foi o filme todo, foi apenas o final, um final bem sangrento, diga-se. Porém, apesar de ter Robert Englund no elenco, e Tobe Hooper na direção, críticos e fãs de Stephen King dizem que é uma das piores adaptações do autor. Não sei dizer.

Enfim, A Máquina de Passar Roupa é bem legal. Um conto aterrorizante, violento e divertido. Uma historia rápida e macabra, que diverte e chega a prender a atenção.

Recomendado.



sábado, 20 de julho de 2019

ZOMBIE (1979). Dir.: Lucio Fulci.


NOTA: 10



ZOMBIE (1979)
ZOMBIE (1979) é a Obra Máxima de Lucio Fulci, o Padrinho do Gore. Mais do que isso, é um filme que merece destaque em todas as listas dos maiores filmes de zumbi de todos os tempos.

Zombie é excelente, sem duvida, um dos melhores do gênero. É difícil dizer qual o melhor momento, mas o fato é que, quando o terror começa, não poupa ninguém.

Como já mencionei anteriormente, desde que resolveu se aventurar no terror, Fulci mostrou-se um mestre no gênero, e neste filme, ele mostrou toda sua força. Isso é fato.

Se parar pra pensar, o filme apresenta uma historia simples, até, mas é nessa simplicidade que está o brilhantismo. Fulci conseguiu fazer coisas espetaculares, dignas de estudo, não só do gênero de horror, mas do cinema em geral. O diretor mostra-se um mestre com a câmera, e seus enquadramentos são maravilhosos, desde a primeira cena.

Não apenas a direção de Fulci merece destaque, como também a edição de Vincenzo Tomassi. Novamente, desde a primeira cena, o filme é um primor, e nesse caso, também não é diferente. Tomassi conseguiu editar as cenas aéreas do veleiro em Nova York muito bem, intercalando com tomadas mais fechadas, e isso continua conforme a cena avança, culminando em um dos momentos mais memoráveis do filme, o surgimento do primeiro zumbi. Já vi muitas sequencias de abertura bem feitas antes, e com certeza, essa é uma delas.

A trilha sonora, composta por Fabio Frizzi e Giorgio Tucci também merece ser mencionada. Em alguns momentos, o tema musical é um tanto diferente para um filme do gênero; na verdade, parece de filme de ação; no entanto, quando surgem os tambores, aí a coisa muda de figura. O tema causa calafrios na espinha, e não fica cansativo; o mesmo vale para os outros temas musicais. É também o tipo de musica que fica na nossa cabeça, e quando toca, rapidamente, nos lembramos do filme.

E claro, como em todo filme de terror, a ambientação contribui. A ilha de Matul é um lugar abandonado, às moscas mesmo. As casas dos nativos estão caindo aos pedaços; pedaços de troncos estão espalhados; caranguejos andam pelas ruas, enfim... o cenário de um apocalipse. Mas de todos, o mais impressionante é a velha igreja, convertida em hospital. O lugar não passa a sensação de conforto, pelo contrario, chega a ser pior que o próprio vilarejo. O engraçado é que a casa do Dr. Menard é toda arrumada, localizada numa parte bacana da ilha... Detalhes que não merecem explicação, conforme mencionarei adiante. O fato é que o aspecto abandonado da ilha contradiz contra a beleza da cidade de Nova York, mostrada no inicio do filme.

Sendo cria do cinema de horror italiano, Zombie contem cenas absurdas, e a melhor delas, sem duvida, é a cena de luta entre um zumbi e um tubarão. Não sei da onde os roteiristas tiraram essa ideia, mas o fato é que é uma cena bem legal de se ver, além de ser visualmente bem filmada. A cena foi filmada por Ramon Bravo, autor e cinegrafista mexicano, que em 1977, foi responsável pelas cenas submarinas de Tintorera, do diretor René Cardona Jr. Como fizera na cópia mexicana de Tubarão, Bravo executou um excelente trabalho, que chega a ser convidativo até. O mesmo vale para a cena de luta entre o zumbi e o tubarão. O zumbi foi interpretado pelo próprio Bravo, que também foi o treinador do tubarão. Isso explica talvez a naturalidade da cena. Sem dúvida, é uma das cenas mais memoráveis do filme. E existe outra, talvez a mais absurda, mas, na minha opinião, não afeta em nada o filme.

Claro, não posso deixar de mencionar os zumbis. Criados pelo Maestro Gianneto de Rossi, esses são os melhores zumbis que já apareceram em um filme. Falo de zumbis putrefatos, com vermes saindo dos buracos dos olhos, andando devagar, com gosma branca e verde escorrendo da boca, roupas maltrapilhas... Enfim, um trabalho de gênio. Talvez, para os mais exigentes, possa parecer estranho que estejam tão bem assim, até porque, são corpos de conquistadores espanhóis do século XVI, mas, pessoalmente, eu não ligo pra isso. Os zumbis são excelentes, e ponto. Difícil dizer qual o mais assustador, mas o melhor é o que ilustra o pôster do filme, e que arranca a garganta de uma das personagens a dentadas. Uma cena brilhante, tanto pela construção, como pelos efeitos de maquiagem. Sério, de Rossi faz um trabalho espetacular, que compete até com os efeitos criados por Tom Savini nos filmes do saudoso George A. Romero. Além dos zumbis, de Rossi nos presenteia com corpos despedaçados, tripas expostas, mordidas e tiros de cair o queixo. Mas, o melhor fica para a cena da lasca. Conforme mostraria no futuro, Fulci tinha “fetiche” por olhos, e na cena da lasca, ele dá uma amostra do seu poder. É uma cena construída lentamente, de forma que o espectador fica tentado a acompanhar, mas ao mesmo tempo, quer tapar os olhos, porque imagina que o final não vai ser bom. E não vai ser bom, mesmo. Uma cena brilhante, inesquecível.

O filme foi escrito por Dardano Sachetti – não creditado – e Elisa Briganti, e como mencionado acima, é brilhante. Não existem falhas na historia, nem furos de roteiro. A única pista dada, mesmo sutilmente, é que os zumbis são trazidos de volta graças ao vodu, o que difere dos zumbis criados por Romero, que voltam graças à radiação. Aqui, os roteiristas aproveitaram a origem dos monstros, que eram trazidos de volta graças à um feitiço vodu, e eram usados para trabalhar em lavouras e plantações. Claro que aqui não é isso que acontece. Os zumbis voltam famintos por carne e a carnificina é grande.

O filme também marca o inicio da parceria entre Fulci e o produtor Fabrizio de Angelis, que trabalhariam juntos em toda a grande fase do diretor. De Angelis, conforme ele mesmo relata, demonstrou interesse em trabalhar com Fulci, mesmo sabendo de seu temperamento; ele também descreveu a rotina de filmagens como tranquila, com todos se relacionando bem entre si, e também como foi gravar a famigerada e até hoje comentada última cena. De Angelis também declarou que ele foi o responsável por vender o filme para os Estados Unidos, conforme era feito naquela época: o produtor negociava com a distribuidora americana, e vendia o filme, por meio de um resumo da historia ou às vezes, apenas pelo titulo. E também, segundo o próprio, ele e a equipe forma processados por Dario Argento, por lançarem o filme com o título Zumbi 2, como se fosse uma continuação do Clássico O Despertar dos Mortos, que Argento produziu junto com Romero no ano anterior. Mas isso acabou resolvido.

Não sei se chegou a ser lançado em VHS por aqui, mas chegou a ser lançado em DVD há alguns anos; mas, mesmo assim, permaneceu raro, até que foi finalmente lançado em DVD, em excelente versão restaurada sem cortes, pela Versátil Home Vídeo, na maravilhosa coleção Zumbis no Cinema Vol.3.

Recentemente, ganhou uma também excelente versão restaurada em 4k, lançada em Bluray pela Blue Underground, que já lançara o filme anteriormente. Essa versão restaurada vem acompanhada com três modelos de capa, todos muito bem feitos.

Zombie é considerado um dos Filmes Mais Assustadores de todos os tempos, ocupando a 98ª posição na lista do Bravo’s 100 Scariest Movie Moments, e a 41ª posição na lista dos 100 Filmes Mais Assustadores da História, criada pela extinta Revista SET em 2009.

Enfim, Zombie é um Clássico. Um dos maiores filmes de zumbis de todos os tempos. Um dos filmes mais assustadores de todos os tempos. A obra máxima de Lucio Fulci. Clássico absoluto, obrigatório.

Altamente recomendado.




Créditos: Versátil Home Vídeo



segunda-feira, 15 de julho de 2019

NOITES DE TERROR (1981). Dir.: Andrea Bianchi.


NOTA: 8.5




NOITES DE TERROR (1981)
NOITES DE TERROR (1981), do diretor Andrea Bianchi, é uma baboseira trash. Mas, é uma baboseira trash muito divertida! É sem dúvida, um dos melhores filmes italianos de zumbis já feitos, e fica melhor a cada revisão.

E o mais legal, é o que filme não tem vergonha nenhuma de se assumir trash, seja pela caracterização dos zumbis, pelas atuações canastronas dos atores, pela direção ou pelo roteiro; o fato é que é um filme trash e ponto. Além de ser um filme trash, é também um dos mais absurdos, principalmente por conta de algumas cenas.

Uma pena que não se fazem mais filmes assim hoje em dia, com essa carga de trasheira, que fazem a gente rir. E não só isso; o filme também tem um clima de interior, com uma belíssima ambientação no casarão em fim de tarde, o que deixa-o ainda mais atraente, pelo menos para mim.

O diretor Bianchi sabe filmar cenas externas, com seus enquadramentos, ele pega muito bem os cenários, de uma forma até convidativa. É sério, desde a primeira vez que vi o filme, fiquei com vontade de conhecer aquele cenário, porque é muito bonito. De verdade.

Mas não é apenas o cenário que é atraente. Os efeitos de maquiagem dos zumbis são excelentes. Os zumbis são putrefatos, com vermes saindo das órbitas, os crânios cheios de terra, roupas maltrapilhas e andar lento. Aquele tipo de caracterização que não dá pra levar a sério, mas que é bem legal, daquele jeito exagerado que os italianos gostavam de fazer.

Os atores também não ficam atrás. São todos um bando de canastrões, fazendo caras e bocas e gestos exagerados na presença dos mortos-vivos. Impossível dizer qual é o “pior”, uma vez que todos exageram nas atuações. O pior é que nenhum dos personagens desperta nosso interesse; eles são simpáticos, cada um a sua maneira, mas não são interessantes, aqueles por quem a gente torce no final do filme. Eles não são assim! Desde que os zumbis surgem, a gente torce por eles, para que eles acabem com os vivos! É sério! O casal de “mocinhos” não convence, são dois completos idiotas; o mesmo vale para os outros.

Mas, tirando esse “detalhe”, é possível se divertir com Noites de Terror, seja pelos fatores já mencionados acima, seja pelo roteiro. Parece que nada faz sentido nesse filme! Para o expectador mais exigente, talvez seja assim mesmo, mas pra mim, não é bem assim. Eu sou do tipo que gosta de preencher os “furos” de um roteiro, até porque, nem sempre as pessoas dizem quais são. Talvez o principal aqui esteja no começo do filme, quando o professor – sempre barbudo, não é? – descobre um desenho num pedaço de pedra em uma caverna próxima, e, quando retorna, disposto a descobrir o restante, os zumbis são despertados. Para o expectador mais exigente, talvez não faça o menor sentido, mas para mim, é assim: o desenho que o professor removeu da parede da caverna mantinha os mortos aprisionados, e, uma vez que foi removido, eles foram libertados. E a tal da “Profecia da Aranha Negra”, descrita no filme, pode estar presente naquelas inscrições na caverna. Enfim, a minha interpretação é essa.

Como mencionado acima, os efeitos especiais são um destaque. Criados por Gino De Rossi – não o Maestro Giannetto de Rossi! – em parceria com Rosario Prestopino, eles são mesmo sensacionais, como já mencionado também. Não dá pra dizer qual zumbi é o melhor, mas, o meu favorito é o que surge por debaixo da terra, quando o casal protagonista está namorando na grama. De verdade, é um dos melhores. Destaco também o primeiro zumbi que aparece, logo no começo do filme, e mata o professor. O mesmo já não pode ser dito no final do filme, quando surge um zumbi com uma mascara de caveira. Por mais que tenham tentado torna-lo convincente, pra mim não funcionou.

Mas não são apenas os zumbis que fazem “a festa”. O filme é repleto de cenas gore, desde o começo. Sério. Eu falo de corpos sendo abertos, com os órgãos expostos, sendo comidos pelos zumbis, e sangue, muito sangue! Não sei como esse filme não foi parar na famigerada lista dos “Videos Nasties”, criada na Inglaterra nos anos 80. É sério, só pela primeira cena verdadeiramente gore, o filme poderia entrar nela sem esforço. Por mais nojentas que elas sejam, são bem divertidas, porque a própria burrice dos personagens contribui para que eles morram. A melhor cena é a cena da foice, onde uma das personagens é decapitada por uma foice gigante. Mais essa! Aqui, os zumbis utilizam armas para entrar na casa: foices, machados, enxadas, toras. Muito legal.

O filme chegou a ser lançado em VHS no Brasil, duas vezes, por duas distribuidoras. Na minha opinião, a mais picareta foi a Poderosa, que lançou com o título A Noite dos Mortos-Vivos, igual ao Clássico do saudoso George A. Romero! A outra, lançou com o título A Noite do Terror, com um zumbi com uma metralhadora na capa! Picaretagem da boa!

Mesmo assim, permaneceu raro durante muitos anos, até ser lançado em DVD pela Versátil Home Vídeo, em versão restaurada sem cortes, com áudio original em italiano, na excelente coleção Zumbis no Cinema 2.

Enfim, Noites de Terror é um filme muito legal. Um dos melhores filmes italianos de zumbis. Uma pérola trash muito divertida.

Recomendado.




Créditos: Versátil Home Vídeo






sábado, 6 de julho de 2019

PELO AMOR E PELA MORTE (1994). Dir.: Michele Soavi.


NOTA: 10


PELO AMOR E PELA MORTE (1994)
O último suspiro do Cinema de Horror Italiano. Assim pode ser definido PELO AMOR E PELA MORTE (1994), do diretor Michele Soavi, discípulo de Dario Argento, em sua quarta excursão na direção.

Além de ser o último filme de terror produzido na Itália, é também um dos filmes de terror mais lindos produzidos na Itália. Desde que estreou na direção, com o excelente O Pássaro Sangrento (1987), Soavi mostrou-se um diretor de mão cheia. Começou como ator em Pavor na Cidade dos Zumbis (1981), de Lucio Fulci, depois, passou a trabalhar com Dario Argento, em Tenebre (1982), como assistente de direção. A partir daí, os dois firmaram uma parceria, que resultou em Demons (1985), de Lamberto Bava, onde trabalhou como ator, Phenomena (1985), também como ator, e por fim, A Catedral (1989) e A Filha do Demônio (1991), agora como diretor. Nessa função, como mencionado acima, Soavi mostrou que tem capacidade, uma vez que seus filmes possuíam um estilo quase poético, belo, mesmo, e aqui não é diferente.

Pelo Amor e Pela Morte é lindo. Uma obra de horror, amor e morte, com toques de humor negro, e também, um dos melhores filmes de zumbis de todos os tempos. Fato. Com roteiro adaptado do livro de Tiziano Sclavi, autor de Dylan Dog, o filme é, sem duvida, um dos melhores do gênero.

Diferente dos zumbis criados por Lucio Fulci, os zumbis de Soavi são mais “limpos”, vamos dizer assim, uma vez que os corpos estão “frescos”, saindo dos túmulos apenas sete dias após o sepultamento. Então, aqui, os cadáveres ainda têm pele, olhos, mãos, são brancos, enfim, estão completos; porém, ainda comem carne humana, o que resulta em mais problemas para o protagonista.

Interpretado pelo ator britânico Rupert Everett, Dellamorte é o típico personagem loser. Alto, magro, sempre de roupas pretas e expressão triste, ele não parece em nada com os típicos heróis do cinema de horror; talvez, seja até um anti-herói. Vive ali, naquele cemitério velho, rodeado de lapides e cruzes, ao lado de seu amigo Gnaghi, um baixinho com mentalidade infantil, alheio à vida, sempre cabisbaixo, enfim... Alguém que se cansou da vida.

Talvez seja um retrato de como era o cinema de horror naquela época. Nos anos 90, o terror passou por um baque. As grandes produções já não existiam mais, eram produzidos filmes de qualidade duvidosa, muitos deles direto para o home vídeo, e o publico já não se interessava pelo gênero. Havia uma explicação para isso, a própria mudança no cenário social, em razão do fim da União Soviética, que o presidente Ronald Reagan jurou destruir em seu mandato. Então, ao que parece, as pessoas esperavam que o mundo iria mudar, que talvez um apocalipse iria surgir, por causa de uma provável guerra, enfim. Então, como nada disso acabou acontecendo, o mundo mergulhou num vazio que acabou refletindo no gênero, até a chegada de Pânico, de Wes Craven, em 1996. As informações mencionadas foram obtidas graças aos comentários de Marcos Brolia, em seu site, 101 Horror Movies.

No entanto, além de ser um perdedor completo, não é difícil sentir pena de Dellamorte. Mesmo preso à sua rotina, ele se mostra também um sujeito simpático, sempre disposto a ajudar Gnaghi no serviço, além de tentar ser um bom cidadão, mesmo que nunca visite a cidade, nem veja a cara das outras pessoas. E como todo ser humano, quer também encontrar o amor. E isso acontece, quando uma jovem misteriosa chega ao cemitério. Dellamorte se apaixona por ela a primeira vista, e rapidamente, eles iniciam um breve romance, que termina de forma trágica, o que acaba trazendo consequências para Francesco.

Como todo filme de horror produzido na Itália, Pelo Amor e Pela Morte possui imagens belíssimas. Difícil dizer qual a mais bonita, porém, posso destacar a minha favorita, quando o Anjo da Morte surge para Dellamorte. É uma cena linda, construída com maestria, com uma bela trilha sonora, e em câmera lenta, do jeito que Soavi sabia fazer. A caracterização do Anjo da Morte também não fica atrás: um esqueleto gigante, com sua capa preta, asas negras, e segurando sua foice. Não me lembro de ter visto uma caracterização tão linda e tão perfeita; só perde para as representações da Idade Média.

Além de ser um filme de terror, é também uma comedia de humor negro, e como todo o resto, é brilhante. Não me refiro a humor físico, com os personagens caindo toda hora; falo de momentos onde a comedia surge naturalmente, onde os personagens mostram que não são perfeitos, e podem errar, como todos nós. Isso vale para os vivos e principalmente para os mortos. Os zumbis se mostram tão desastrados, sempre cambaleando e esbarrando uns nos outros, principalmente quando estão juntos.

E claro, pode também ser considerado uma historia de amor, seja pelo paragrafo mencionado anteriormente, seja pelo ajudante Gnaghi com a filha do prefeito, principalmente depois que ela volta dos mortos. Os dois passam o tempo juntos na casinha dele, cantando uma canção fofa, rindo e fazendo declarações de amor, tudo da forma mais inusitada possível, uma vez que a garota está sem o corpo! Ou seja, é apenas uma cabeça com véu de noiva, porque foi enterrada com vestido de noiva! Vai saber o motivo. O importante é que esses são os melhores momentos do filme, e chegam a ofuscar Dellamorte em certo ponto.

Ainda sobre a historia de amor entre Dellamorte e a garota misteriosa, que é apresentada apenas como “Ela”, o seguinte. Ela surge três vezes, em formas diferentes, todas interpretadas pela mesma atriz. É quase como uma fantasia do próprio personagem, como se todas as mulheres bonitas tivessem o mesmo rosto e se apaixonassem por ele imediatamente, a típica ilusão de quem vive em seu próprio mundo. Seja como for, o importante é que é o tipo de coisa que não precisa de explicação, apenas acontece, e com naturalidade.

O mesmo vale para o principal fenômeno apresentado: a ressurreição dos mortos, sete dias após o sepultamento. Conforme o próprio Dellamorte explica no começo do filme, não fica claro se é um fenômeno restrito apenas àquela cidade, ou se está acontecendo em outros lugares, ou por que está acontecendo. Na verdade, não importa também. Aquilo está acontecendo, e pronto.

E como todo o filme, os demais personagens também são estranhos: o policial que visita o cemitério regularmente, Franco, o ex-colega de Dellamorte, o prefeito da cidade, e uma senhorinha que também visita o cemitério. Todos são esquisitos e engraçados, até, cada um com sua esquisitice.

Como mencionado no inicio, o filme é baseado em um livro de Tiziano Sclavi, que tornou-se conhecido por ser o criador de Dylan Dog, o detetive sobrenatural italiano que apareceu em vários gibis produzidos no país. Talvez não seja novidade que o personagem ganhou uma péssima adaptação para o cinema nos anos 2000 – que é bem ruim mesmo. No entanto, o filme de Soavi também pode ser considerado uma tradução do universo de Dylan Dog para o cinema, mesmo que tenha vinho antes do gibi. Talvez, seja a melhor tradução do personagem para o cinema.

Chegou a ser lançado em VHS por aqui, mas permaneceu raro durante anos, até ser lançado em DVD pela Versátil Home Vídeo, em excelente versão restaurada, na maravilhosa coleção Obras-Primas do Terror 2.

Enfim, Pelo Amor e Pela Morte é um filme excelente. Uma bela historia de horror, amor e morte com toques de humor negro. O ultimo filme de terror produzido na Itália. Um dos Filmes Mais Assustadores de Todos os Tempos. Maravilhoso. 

Altamente recomendado.




Créditos: Versátil Home Vídeo




Agradecimentos: 101 Horror Movies

segunda-feira, 1 de julho de 2019

CANAL LFH.













O terceiro episódio do Canal LFH já está no ar, com a resenha sobre o filme "Prelúdio Para Matar" (1975), do diretor Dario Argento. 

Acesse e confira:



Para conferir a resenha, acesse:
ou


TERROR NAS TREVAS (1981). Dir.: Lucio Fulci.


NOTA: 10


TERROR NAS TREVAS
(1981)
TERROR NAS TREVAS é o meu filme favorito do diretor Lucio Fulci, o Padrinho do Gore. Lançado em 1981, é o filme do meio da chamada Trilogia do Inferno, que começou no ano anterior com Pavor na Cidade dos Zumbis, e foi concluída em A Casa do Cemitério, também de 1981.

Eu posso dizer que já vi esse filme varias vezes, e a cada vez que assisto, ele fica ainda melhor. Escrito por Fulci em parceria com Dardano Sacchetti, o filme apresenta uma trama simples, até, mas que serviu para o diretor mostrar todo o seu talento como Padrinho do Gore, algo que já havia feito antes no Clássico Zombie (1979) e em Pavor na Cidade dos Zumbis. E olha, Fulci não nega fogo.

Desde que resolveu se aventurar no terror, Fulci mostrou-se um mestre na arte de espalhar sangue e tripas, algo que ele fez com maestria em sua curta carreira de filmes bem-sucedidos; sim, porque, como boa parte dos cineastas de horror, ele parou de produzir grandes obras em algum ponto da carreira, e os filmes que vieram depois não eram grandes coisas. Felizmente, esse não é o caso de Terror nas Trevas, que consegue ser, de fato, um filme assustador e até nojento, principalmente nas cenas de gore.

O filme marca sua segunda parceira com a atriz Catriona MacColl, que também foi a protagonista do filme anterior, e também do filme seguinte. Apesar de ser considerada “canastrona”, aqui ela entrega uma boa atuação; sua Liza é a típica mocinha inocente, que não sabe dos perigos que lhe rondam, e que tenta se proteger das forças sobrenaturais. Em outros filmes, uma “heroína” assim seria até dispensável, mas aqui, até que dá pra simpatizar com ela.

Em relação aos outros personagens, o seguinte: o Dr. John McCabe é o típico medico de cinema de horror, cético quanto às forças sobrenaturais, sempre disposto à encontrar uma explicação cientifica para o que está acontecendo. Novamente, seria o caso de mais um personagem que chega a ser duvidoso, mas, seguindo o exemplo da protagonista, dá pra sentir uma leve empatia por ele. E a garota cega Emily, que se torna uma espécie de amiga de Liza, ao avisá-la sobre as forças sobrenaturais que rondam o hotel. Posso dizer que ela é a melhor personagem do filme, e também a mais memorável, com seu vestido azul, longos cabelos loiros, rosto branco como papel e olhos vazados. Desde que surge no filme, ela já impacta o espectador, com seu ar misterioso e até um pouco mórbido. Mas, ao invés de ser uma personagem malvada, ela é um tipo de “fantasma camarada”, uma vez que seu objetivo é simplesmente, alertar Liza dos perigos que ela está correndo. Os demais personagens são bizarros, alguns até sinistros, dignos de provocar medo em qualquer um.

Como fizera antes em seus filmes de terror anteriores, Fulci mostra-se um mestre na arte de fotografar os cenários. As estableshing shots do hotel são incríveis, bem filmadas mesmo, principalmente uma que acontece durante um pôr do sol. Talvez, em um filme de terror qualquer, seriam até dispensadas, ou mal filmadas.

Sobre o hotel, ele é uma das construções mais arrepiantes já mostradas no cinema de horror. Todo sujo, cheio de teias de aranha, poeira, musgo e outras coisas, não é nada aconselhável para ninguém, nem para passar uma noite. O porão, por exemplo, é inundado, com as paredes caindo aos pedaços, e a escada cheia de teias de aranha. Em outra cena, uma banheira é cheia até a boca com água imunda, e quando uma personagem decide tirar a tampa do ralo, há uma sensação de sujeira, um nojo autentico, do tipo que sentimos quando vemos coisas assim. Mas tudo isso é de certa forma, proposital, uma vez que o lugar passou anos desocupado, apenas com o tempo para lhe fazer companhia.

Como é um filme de terror, o que não faltam são cenas assustadoras. E elas existem aos montes. Impossível dizer qual a melhor, mas, posso destacar a minha favorita, a cena das aranhas. Como quase todas as cenas do filme, ela acontece do nada, em um momento aleatório, mas quando começa, é um espetáculo. Fulci enche a tela com belíssimas tarântulas de joelho vermelho, e marrons, bem como aranhas animatrônicas, que fazem um belo estrago. Elas sobem no rosto de um personagem que foi derrubado no chão, e se banqueteiam, literalmente. Um espetáculo do gore, e sem duvida, uma cena antológica.

Outra característica que Fulci mostra aqui é o seu “fetiche por olhos”, presente desde Zombie. Mas, se no Clássico de zumbis, o cineasta deu apenas uma palha do que é capaz, aqui ele mostra toda sua força, em três cenas de provocar arrepios, uma delas, mencionada acima.  É sério, são momentos que, mesmo rápidos, deixam o espectador arrepiado: olhos arrancados e perfurados, tudo muito bem feito. E os closes nos olhos dos personagens também merecem destaque, principalmente nos olhos vazios de Emily. Quando Fulci foca sua câmera nos olhos dela, a sensação de medo não passa, causando até pequenos calafrios; e sobre os closes nos olhos de Catriona MacColl, eles são lindos de se ver, seja pelo enquadramento, seja porque os olhos da atriz são lindos mesmo.

Os efeitos de maquiagem ficaram a cargo do maestro Giannetto de Rossi, que trabalhou com o diretor anteriormente em Zombie e posteriormente em A Casa do Cemitério. Os efeitos criados por ele são sensacionais, muito bem feitos mesmo, passando a sensação de realidade, seja na já mencionada cena das aranhas, ou na cena do cachorro. A maquiagem dos zumbis também merece destaque. Em momento nenhum, ela dá a impressão de ser falsa, do contrario, é até melhor do que muita maquiagem de terror atual. Sem duvida, De Rossi possui lugar no hall dos grandes mestres da maquiagem do cinema de terror, ao lado de Lon Chaney, Dick Smith, Rick Baker e Tom Savini.

Para os mais exigentes, talvez Terror nas Trevas apresente falhas em sua concepção, principalmente no que diz respeito à narrativa, mas, pessoalmente, eu não vejo assim. Por ser um filme de terror sobrenatural, muita coisa pode ser vista nas entrelinhas, como por exemplo, a cena em que McCabe visita a casa de Emily, e a encontra em ruinas, e na cena seguinte, ela está em ordem: como é um homem que acredita na Ciência, as forças sobrenaturais não se manifestaram para ele, apenas para Liza, que apesar do seu ceticismo, mostrou-se crente das advertências de Emily. A mesma explicação pode ser aplicada nas outras cenas, até mesmo as mais absurdas. Pelo menos, essa é a minha interpretação.

O filme chegou a ser lançado em VHS no Brasil, pelo menos duas vezes, sendo que uma delas adotou o título Terror nas Trevas, a outra adotou outro titulo. Mesmo assim, por anos, permaneceu raro, até que foi lançado em DVD pela Versátil Home Vídeo, em excelente versão restaurada, na excelente coleção Obras-Primas do Terror 2.

Enfim, Terror nas Trevas é um filme excelente. Um dos melhores do diretor Lucio Fulci. Um excelente filme de zumbis. Meu filme favorito do diretor Lucio Fulci.

Altamente recomendado.




Créditos: Versátil Home Vídeo




O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA – O RETORNO (1995). Dir.: Kim Henkel.

  NOTA: 1 Lembram-se do que eu disse no começo da resenha de A Hora do Pesadelo 6 , sobre filmes ruins? Para quem não se lembra, eu disse qu...