NOTA: 8.5
Desde sua fundação, em 1962, a Amicus tornou-se um
dos maiores estúdios de cinema britânicos de todos os tempos, rivalizando com a
Hammer Films. Porém, ao contrário da Hammer, o estúdio tornou-se especialista
em produzir antologias de horror, apesar de lançar outros filmes, a maioria
voltados para o horror. Ao total, foram sete antologias, todas maravilhosas.
Mas hoje, não estou aqui para falar sobre as
antologias do estúdio, e sim, sobre MADHOUSE
– A CASA DO TERROR, produzido em parceria com a American International Pictures.
Este é um dos filmes mais divertidos e criativos do estúdio,
apesar de contar com alguns problemas, mas, mais detalhes adiante.
Com toda certeza, seu maior atrativo é contar com a
presença dos grandes Vincent Price e Peter Cushing no elenco, além do também
grande Robert Quarry.
Se fosse somente pela presença dos dois astros, o
filme já valeria a pena, mas, o longa tem mais atrativos. A começar pela própria
trama, que é repleta de criatividade e metalinguagem, além de apostar no
suspense digno de Giallo, e situações sinistras.
No entanto, apesar da criatividade, a produção deste
filme foi bem problemática.
Os executivos da American Internation Pictures,
aliados com a Amicus Productions, adquiriram os direitos do livro Devilday, do autor Angus Hall, para adaptação.
Mas, no decorrer do caminho, alterações foram feitas no roteiro, além de
surgirem problemas nas gravações. O resultado foi um fracasso de bilheteria,
que culminou no fim das produções de terror da AIP.
Na trama, Price interpreta o ator Paul Toombes,
famoso no gênero terror pela sua interpretação do Dr. Morte, um sádico assassino.
Numa noite de Ano Novo, Paul testemunha a morte de sua noiva e vai parar em uma
instituição psiquiátrica, pois acredita que ele mesmo é o culpado. Anos depois,
ele viaja a Londres, a fim de estrelar uma série de TV do personagem Dr. Morte;
mas, com a sua chegada, mortes misteriosas começam a acontecer.
Pela sinopse, é um típico filme de suspense e terror psicológico,
onde o protagonista é perturbado por um trauma do passado e coisas misteriosas
começam a acontecer ao seu redor, obrigando-o a pensar se ele é o culpado ou não.
Eu mesmo já vi alguns filmes com uma trama
semelhante, e, falando francamente, se for um filme bem-feito, eu gosto muito. Aqui,
felizmente, é um desses casos, porque desde o começo, fica claro que a morte da
noiva de Paul foi um gatilho para prejudicar sua mente. Aproveitando-se dessa situação,
alguém começa a matar as pessoas próximas a ele, a fim de incriminá-lo. E a
identidade do responsável é mantida em segredo até o final, e digo aqui, que é
uma surpresa.
Eu não sei vocês, mas, sempre que eu vejo esse filme,
eu penso que o assassino é outra pessoa, mesmo com as dicas falsas que o
roteiro apresenta ao espectador.
Além de apostar no clima de mistério digno de Giallo –
principalmente por causa dos closes das luvas pretas do assassino –, o roteiro
também aposta na metalinguagem, visto que Paul viaja a Londres para participar
de uma série de TV. Então, temos aqui, cenas que passam nos estúdios de gravação,
além de contar com a presença do diretor e produtores da série. Este é outro
tipo de filme que eu gosto de ver, porque me dá uma ideia de como é uma gravação,
com o trabalho do diretor e dos produtores.
No entanto, apesar de ser bastante criativo, o filme
apresenta alguns problemas. O maior deles é a presença dos pais de uma das vítimas
do assassino, que passam boa parte do filme chantageando Paul, a fim de extorquir
seu dinheiro. Eu não vejo problemas com personagens assim, pelo contrário; o
problema é que os dois não são muito bem escritos e não são bem interpretados.
Outro problema, acontece na sequência do programa de
entrevistas, porque, o assassino está na plateia, mas, a câmera foca em outro
personagem deixando e entrando no estúdio após uma pessoa morrer. Eu acho essas
duas sequências bem problemáticas, principalmente quando o assassino é
revelado.
Como é um filme co-produzido pela AIP, Madhouse tem de fato, cara de ser uma produção
do estúdio, principalmente por causa das presenças de Vincent Price e Robert Quarry,
que atuaram em produções da AIP anteriormente. Aliás, o filme faz uso de
imagens de arquivo dos filmes de Price no Ciclo Edgar Allan Poe, de Roger Corman,
que se passam por filmes do Dr. Morte, um belo exemplo da picaretagem do estúdio.
Antes de encerrar, uma curiosidade bem bacana. Na sequência
da festa à fantasia, tanto Robert Quarry, quanto Peter Cushing aparecem
vestidos de vampiros; só que Cushing está vestido de Drácula, e Quarry está
vestido de Conde Yorga, seu personagem mais famoso na AIP.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Obras-Primas do
Cinema, na caixa Amicus Productions,
em versão remasterizada, com um documentário como extra.
Enfim, Madhouse – A Casa do Terror é um filme muito bom. Uma trama arrepiante, cheia de mistério com uma direção competente. A presença dos astros Vincent Price e Peter Cushing é o grande destaque, e os astros dão um show de atuação, especialmente Price, que transita entre a sanidade e a loucura de maneira ímpar. O roteiro é bem redondo, mas apresenta alguns problemas que chegam a atrapalhar a experiência. Mesmo assim, este é uma das melhores produções da American International Pictures, aqui em parceria com a Amicus. Muito bem recomendado.
Créditos: Obras-Primas do Cinema. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário