terça-feira, 7 de maio de 2024

O BRAÇO DE MAR (Stephen King).

 

NOTA: 8.5


O BRAÇO DE MAR, presente na antologia Tripulação de Esqueletos, é um dos contos mais melancólicos e interessantes de Stephen King.

 

Aqui, o autor criou uma história de fantasmas dramática, sem apelar para o terror, seu gênero de costume, e mesmo assim, escreveu uma história muito boa.

 

A começar pela ambientação. A narrativa se passa em uma ilhota no Maine, e tem como protagonista, uma senhora idosa de 95 anos chamada Stella, que morou na ilha a vida inteira, e que nunca foi ao continente. No entanto, certo dia, durante o inverno mais rigoroso em 50 anos, ela decide ir ao continente, tendo como companhia o fantasma de seu marido.

 

No fundo, a história é basicamente assim, mas, na verdade, é um conto triste sobre uma mulher triste, que vive sozinha, visto que alguns de seus amigos e familiares já se foram. No entanto, ela ainda tem a companhia do filho e dos bisnetos, e passa o tempo contando histórias do passado da ilha para eles.

 

Mas logo, a solidão da protagonista é abalada pelas visões com seu marido falecido, que surge de vez em quando para ampará-la e para fazer companhia a ela, principalmente no final da história.

 

Ao contrário do que se pode imaginar, O Braço de Mar não é um conto de terror, e sim, um drama fantástico com elementos de suspense, visto que não há nenhum elemento de horror na narrativa.

 

Eu pessoalmente gostei muito desse conto, principalmente por causa da ambientação em uma ilhota do Maine. Durante a leitura, eu consegui imaginar como seria aquele lugar, principalmente aquela vila, onde a protagonista mora. Imagens de um filme canadense, baseado na história real de uma pintora folk, me vieram à mente, além de alguma ideia para um conto de minha autoria. Eu gosto muito dessa sensação quando estou lendo um livro, ou um conto, porque eu acabo, de certa forma, entrando na narrativa e na atmosfera.

 

As aparições do fantasma do marido de Stella também são um dos pontos altos da narrativa, porque, acontecem de maneira natural, com Stella primeiro interagindo com ele com medo, mas depois, acaba se acostumando com aquilo. O mesmo pode ser dito quando outros fantasmas surgem para acompanhá-la em sua jornada ao continente.

 

A sequência da jornada de Stella também merece menção porque é uma sequência tensa, que se passa no inverno mais rigoroso que a ilha está enfrentando, o que dificulta a jornada da protagonista, e a mesma acaba passando por alguns perrengues, antes de se encontrar com o marido e com os demais que já morreram no passado. A partir daí, vira uma sequência muito bonita, com os fantasmas dando apoio a ela em sua jornada.

 

E o final em si também é muito bonito e um pouco triste, com o destino de Stella sendo descrito pelo autor com sua técnica ímpar.

 

Esta, na verdade, é a minha segunda leitura do conto, mas, a primeira na edição da Suma; a primeira vez, foi na edição da Objetiva, mas eu não tive uma leitura agradável, porque a letra era bem pequena; com a edição da Suma, a leitura foi bem melhor e fluiu normalmente.

 

Enfim, O Braço de Mar é um conto muito bom. Uma história dramática com toques fantásticos, que prende o leitor e consegue encantá-lo ao mesmo tempo. Uma história triste e melancólica, cuja leitura é rápida, mas, envolvente. Uma narrativa de fantasmas contada com a maestria ímpar do Mestre Stephen King. Recomendado.


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