NOTA: 8.5
O BRAÇO DE MAR,
presente na antologia Tripulação de Esqueletos,
é um dos contos mais melancólicos e interessantes de Stephen King.
Aqui, o autor criou uma história de fantasmas dramática,
sem apelar para o terror, seu gênero de costume, e mesmo assim, escreveu uma
história muito boa.
A começar pela ambientação. A narrativa se passa em
uma ilhota no Maine, e tem como protagonista, uma senhora idosa de 95 anos
chamada Stella, que morou na ilha a vida inteira, e que nunca foi ao
continente. No entanto, certo dia, durante o inverno mais rigoroso em 50 anos,
ela decide ir ao continente, tendo como companhia o fantasma de seu marido.
No fundo, a história é basicamente assim, mas, na
verdade, é um conto triste sobre uma mulher triste, que vive sozinha, visto que
alguns de seus amigos e familiares já se foram. No entanto, ela ainda tem a
companhia do filho e dos bisnetos, e passa o tempo contando histórias do
passado da ilha para eles.
Mas logo, a solidão da protagonista é abalada pelas visões
com seu marido falecido, que surge de vez em quando para ampará-la e para fazer
companhia a ela, principalmente no final da história.
Ao contrário do que se pode imaginar, O Braço de Mar não é um conto de
terror, e sim, um drama fantástico com elementos de suspense, visto que não há
nenhum elemento de horror na narrativa.
Eu pessoalmente gostei muito desse conto,
principalmente por causa da ambientação em uma ilhota do Maine. Durante a
leitura, eu consegui imaginar como seria aquele lugar, principalmente aquela
vila, onde a protagonista mora. Imagens de um filme canadense, baseado na
história real de uma pintora folk, me vieram à mente, além de alguma ideia para
um conto de minha autoria. Eu gosto muito dessa sensação quando estou lendo um
livro, ou um conto, porque eu acabo, de certa forma, entrando na narrativa e na
atmosfera.
As aparições do fantasma do marido de Stella também são
um dos pontos altos da narrativa, porque, acontecem de maneira natural, com Stella
primeiro interagindo com ele com medo, mas depois, acaba se acostumando com
aquilo. O mesmo pode ser dito quando outros fantasmas surgem para acompanhá-la
em sua jornada ao continente.
A sequência da jornada de Stella também merece menção
porque é uma sequência tensa, que se passa no inverno mais rigoroso que a ilha
está enfrentando, o que dificulta a jornada da protagonista, e a mesma acaba
passando por alguns perrengues, antes de se encontrar com o marido e com os
demais que já morreram no passado. A partir daí, vira uma sequência muito
bonita, com os fantasmas dando apoio a ela em sua jornada.
E o final em si também é muito bonito e um pouco
triste, com o destino de Stella sendo descrito pelo autor com sua técnica
ímpar.
Esta, na verdade, é a minha segunda leitura do conto,
mas, a primeira na edição da Suma; a primeira vez, foi na edição da Objetiva,
mas eu não tive uma leitura agradável, porque a letra era bem pequena; com a edição
da Suma, a leitura foi bem melhor e fluiu normalmente.
Enfim, O Braço
de Mar é um conto muito bom. Uma história dramática com toques fantásticos,
que prende o leitor e consegue encantá-lo ao mesmo tempo. Uma história triste e
melancólica, cuja leitura é rápida, mas, envolvente. Uma narrativa de fantasmas
contada com a maestria ímpar do Mestre Stephen King. Recomendado.
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