domingo, 17 de março de 2019

BLÁCULA, O VAMPIRO NEGRO (1972). Dir.: William Crain.


NOTA: 8.5


BLÁCULA, O VAMPIRO NEGRO (1972)
Por motivos desconhecidos, eu sempre subestimei BLÁCULA, O VAMPIRO NEGRO, talvez por acha-lo trash ou bizarro. Bom, após assistir ao filme, eu vi que estava certo. Blácula é um filme bizarro, mas muito divertido.

Realizado no ciclo do Blaxploitation – filmes feitos por negros para o público negro – este é um dos filmes de vampiro mais memoráveis dos anos 70, super simples e engraçado ao estremo.

A trama é super simples: um príncipe africano é mordido pelo Conde Drácula, enterrado em um caixão e acaba despertando na Los Angeles dos anos 70, causando pânico e transformando todos em vampiros. Mesmo com essa simplicidade, o roteiro consegue divertir e assustar, principalmente nas cenas envolvendo os vampiros. A caracterização das criaturas é super exagerada, com maquiagem carregada e sangue falso. Porém, no quesito de exagero, o Drácula, presente no prologo é bizarro: usa roupas coloridas, barba e bigode! Eu nunca vi um Drácula mais estranho do que esse. Em compensação, o personagem-título é muito bem feito. Interpretado de forma memorável por William Marshall, Blácula é um dos personagens mais icônicos do cinema fantástico dos anos 70: elegante, todo de preto, com uma capa característica e os enormes caninos. Fascinante. Impossível não sentir simpatia por ele.

Outra coisa que chama a atenção é o fato de ser uma produção de baixo orçamento, daquelas muito comuns naquela época. E a falta de orçamento não prejudica o filme em momento nenhum, e fica muito evidente nas cenas em que o protagonista utiliza seus poderes: não há cenas elaboradas, cheias de efeitos especiais; os efeitos limitam-se apenas à transformação em morcego, no melhor estilo de antigamente. As limitações orçamentárias também surgem nas cenas em que os vampiros são destruídos pelos “caçadores”.

Aliás, como em todos os filmes de vampiros, aqui os “heróis” adquirem o conhecimento necessário sobre vampiros muito rápido, após ler vários livros em um único dia! Vale lembrar que isso é muito comum, e aparece em qualquer filme de vampiro. Ou seja, todo boca aberta se considera um Van Helsing após ler um ou mais livros sobre vampiros. Vale lembrar que o Professor adquiriu seus conhecimentos após anos de estudo. Mas isso não deixa de ser divertido.

Como mencionado acima, Blácula foi realizado na época do Blaxploitation. Como não vi muitos filmes dessa época, não posso dar um parecer completo sobre o assunto, mas, algumas características ficam claras: o uso da trilha sonora, a pouca presença de atores brancos e o clima exagerado. Não que esse exagero seja um defeito; pelo contrario, ele diverte ainda mais.

O filme surgiu de forma curiosa, porque seus realizadores tentavam procurar novas formas de expandir o ciclo, que limitava-se aos filmes policiais. Talvez Blácula foi o primeiro, ou então um dos primeiros filmes de terror do ciclo, que também apresentou obras baseadas em O Médico e o Monstro, O Exorcista e o excelente Os Zumbis de Sugar Hill. Um ano depois, o filme ganhou uma sequencia, Scream Blacula Scream, novamente estrelada por William Marshall. Segundo o especialista no gênero, Kim Newman, foi uma tentativa da American Internation Pictures de criar uma franquia, como fizera anteriormente com Dr. Phibes e Conde Yorga.


Seja como for, este é um dos melhores Filmes de Vampiro dos anos 70. Divertido, sangrento e arrepiante. 



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