terça-feira, 8 de outubro de 2024

GATO NEGRO (1981). Dir.: Lucio Fulci.

 

NOTA: 8


GATO NEGRO é o encontro entre o escritor Edgar Allan Poe, e o diretor Lucio Fulci.

 

Lançado em 1981, o filme faz parte da grande fase de Fulci no horror, que começou com o clássico Zombie (1979), onde o cineasta mostrou que o seu lugar era no terror.

 

Gato Negro faz parte desse período, e pessoalmente, eu o considero um dos filmes mais bizarros dessa época. Bizarro porque, apesar de ser muito livremente baseado em O Gato Preto, o roteiro foca em uma trama com elementos paranormais, misturada com trama de serial killer, mas, nesse caso, o tal serial killer é o gato preto do título.

 

Parece estranho, mas, também é muito divertido, porque, os níveis de absurdo fazem o espectador fã de Fulci curtir o longa até o final da projeção.

 

Na trama, os habitantes de um vilarejo inglês são assassinados de maneira misteriosa, e, preocupados com o desaparecimento de um casal de jovens, recebem a visita de um inspetor da Scotland Yard, que conta com a ajuda de uma fotografa, que acredita que o responsável pelas mortes é um gato preto que pertence a um professor.

 

Parece ser uma trama um tanto simples, não? Bem, na superfície, até que é, mas, no fundo, ela é bem mais complicada.

 

É uma trama um tanto complexa em certos momentos, porque envolve um pouco de paranormalidade, principalmente por causa do Professor Miles, que possui o dom de se comunicar com os mortos.

 

Eu vou ser sincero aqui, e dizer que tais habilidades do professor não servem para praticamente nada, principalmente por causa de uma cena no cemitério, onde Miles tenta convencer um amigo morto a dizer onde está um determinado item. Infelizmente, isso nunca é explicado, e nunca mais é mencionado no roteiro.

 

Tirando esse problema, eu confesso que me diverti com Gato Negro, e digo que é um ótimo filme de animal assassino, além de ser um ótimo filme de Fulci.

 

Animais assassinos às vezes rendem bons filmes, e este aqui, felizmente, é um desses casos. E o filme não nega a que veio.

 

Logo na primeira cena, somos presenteados com um acidente causado pelo estranho felino, onde o proprietário de um veículo se choca contra o para-brisa, num espetáculo de gore. A partir daí, prepare-se para não levar o filme a sério, com o gato matando diversos personagens ao longo da projeção.

 

As cenas de morte acontecem em momentos aparentemente importantes, e de forma quase aleatória, mas, são muito criativas. Falo de pessoas sufocadas, queimadas e perfuradas por canos de metal. Além disso, não podemos deixar de presenciar cenas com o felino usando suas garras afiadas.

 

A maquiagem é muito boa, e aqui, Fulci quase dá uma pisada no freio no quesito gore, porque não temos corpos mutilados e pessoas com os olhos arrancados, mas, quando os efeitos aparecem, eles convencem muito bem. Ao meu ver, isso era algo comum no cinema de terror italiano da época; a preocupação em criar efeitos convincentes, principalmente nos filmes de Fulci.

 

Além dos efeitos, temos também a direção afiada de Fulci, principalmente nas cenas envolvendo o gato. Em determinados momentos, Fulci faz sua câmera imitar o ponto de vista do animal, ou seja, ela fica próxima ao chão, e as lentes aparentam ser distorcidas. Em relação aos atores, Fulci também consegue fazer um bom trabalho, e quase todos estão muito bem em seus papéis.

 

E por último, temos as locações inglesas. O filme foi rodado em três vilarejos no interior da Inglaterra, além dos estúdios em Roma. As tomadas do vilarejo são muito boas, e chegam até a ser nostálgicas e convidativas. Nostálgicas porque parece que estamos assistindo a algum filme britânico dos anos 70.

 

Outras locações que merecem menção, são a tumba que aparece no começo do filme, e o próprio cemitério do vilarejo. A tumba é cheia de teias de aranhas, esqueletos e ossos espalhados; e o cemitério é envolto pela névoa, e fica mais sinistro durante a noite. Dois cenários perfeitos para um filme de terror.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Edgar Allan Poe no Cinema – Vol.2, em versão restaurada com áudio em italiano. 

 

Enfim, Gato Negro é um filme muito bom. Uma história de animal assassino contada com maestria pelo Padrinho do Gore, Lucio Fulci, livremente baseado na clássica história de Edgar Allan Poe. A direção de Fulci é um dos pontos positivos, com sua câmera que simula o ponto de vista do felino; além disso, o filme conta com boas cenas de morte criativas, levemente carregadas no gore. Um filme que faz parte da melhor fase de Fulci no gênero, e um de seus trabalhos mais interessantes.


 

Créditos: Versátil Home Vídeo.


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