NOTA: 8
GATO NEGRO é
o encontro entre o escritor Edgar Allan Poe, e o diretor Lucio Fulci.
Lançado em 1981, o filme faz parte da grande fase de
Fulci no horror, que começou com o clássico Zombie (1979), onde o cineasta mostrou que o seu lugar era no
terror.
Gato Negro faz
parte desse período, e pessoalmente, eu o considero um dos filmes mais bizarros
dessa época. Bizarro porque, apesar de ser muito livremente baseado em O Gato Preto, o roteiro foca em uma
trama com elementos paranormais, misturada com trama de serial killer, mas,
nesse caso, o tal serial killer é o gato preto do título.
Parece estranho, mas, também é muito divertido,
porque, os níveis de absurdo fazem o espectador fã de Fulci curtir o longa até
o final da projeção.
Na trama, os habitantes de um vilarejo inglês são
assassinados de maneira misteriosa, e, preocupados com o desaparecimento de um
casal de jovens, recebem a visita de um inspetor da Scotland Yard, que conta
com a ajuda de uma fotografa, que acredita que o responsável pelas mortes é um
gato preto que pertence a um professor.
Parece ser uma trama um tanto simples, não? Bem, na
superfície, até que é, mas, no fundo, ela é bem mais complicada.
É uma trama um tanto complexa em certos momentos,
porque envolve um pouco de paranormalidade, principalmente por causa do
Professor Miles, que possui o dom de se comunicar com os mortos.
Eu vou ser sincero aqui, e dizer que tais habilidades
do professor não servem para praticamente nada, principalmente por causa de uma
cena no cemitério, onde Miles tenta convencer um amigo morto a dizer onde está
um determinado item. Infelizmente, isso nunca é explicado, e nunca mais é
mencionado no roteiro.
Tirando esse problema, eu confesso que me diverti com
Gato Negro, e digo que é um ótimo
filme de animal assassino, além de ser um ótimo filme de Fulci.
Animais assassinos às vezes rendem bons filmes, e
este aqui, felizmente, é um desses casos. E o filme não nega a que veio.
Logo na primeira cena, somos presenteados com um
acidente causado pelo estranho felino, onde o proprietário de um veículo se choca
contra o para-brisa, num espetáculo de gore. A partir daí, prepare-se para não
levar o filme a sério, com o gato matando diversos personagens ao longo da
projeção.
As cenas de morte acontecem em momentos aparentemente
importantes, e de forma quase aleatória, mas, são muito criativas. Falo de
pessoas sufocadas, queimadas e perfuradas por canos de metal. Além disso, não
podemos deixar de presenciar cenas com o felino usando suas garras afiadas.
A maquiagem é muito boa, e aqui, Fulci quase dá uma
pisada no freio no quesito gore, porque não temos corpos mutilados e pessoas
com os olhos arrancados, mas, quando os efeitos aparecem, eles convencem muito
bem. Ao meu ver, isso era algo comum no cinema de terror italiano da época; a
preocupação em criar efeitos convincentes, principalmente nos filmes de Fulci.
Além dos efeitos, temos também a direção afiada de
Fulci, principalmente nas cenas envolvendo o gato. Em determinados momentos,
Fulci faz sua câmera imitar o ponto de vista do animal, ou seja, ela fica
próxima ao chão, e as lentes aparentam ser distorcidas. Em relação aos atores,
Fulci também consegue fazer um bom trabalho, e quase todos estão muito bem em
seus papéis.
E por último, temos as locações inglesas. O filme foi
rodado em três vilarejos no interior da Inglaterra, além dos estúdios em Roma. As
tomadas do vilarejo são muito boas, e chegam até a ser nostálgicas e
convidativas. Nostálgicas porque parece que estamos assistindo a algum filme
britânico dos anos 70.
Outras locações que merecem menção, são a tumba que
aparece no começo do filme, e o próprio cemitério do vilarejo. A tumba é cheia
de teias de aranhas, esqueletos e ossos espalhados; e o cemitério é envolto
pela névoa, e fica mais sinistro durante a noite. Dois cenários perfeitos para
um filme de terror.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home
Vídeo, na coleção Edgar Allan Poe no
Cinema – Vol.2, em versão restaurada com áudio em italiano.
Enfim, Gato Negro é um filme muito bom. Uma história de animal assassino contada com maestria pelo Padrinho do Gore, Lucio Fulci, livremente baseado na clássica história de Edgar Allan Poe. A direção de Fulci é um dos pontos positivos, com sua câmera que simula o ponto de vista do felino; além disso, o filme conta com boas cenas de morte criativas, levemente carregadas no gore. Um filme que faz parte da melhor fase de Fulci no gênero, e um de seus trabalhos mais interessantes.
Créditos: Versátil Home Vídeo. |
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