segunda-feira, 16 de setembro de 2024

OS FANTASMAS AINDA SE DIVERTEM (2024). Dir.: Tim Burton.

 

NOTA: 9.5


Beetlejuice está de volta.

 

36 anos após sua primeira aparição em Os Fantasmas se Divertem, o fantasma mais famoso do pedaço está de volta em OS FANTASMAS AINDA SE DIVERTEM, a tão aguardada continuação da comédia dark dirigida por Tim Burton, que retorna na direção também.

 

Só digo uma coisa. Eu amei esse filme! A espera valeu a pena.

 

Beetlejuice 2 é tão assustador, divertido e absurdo quanto o primeiro. Eu me diverti muito com esse filme, e posso dizer que, após cinco anos afastado do cinema, Burton continua um grande cineasta, que sabe imprimir seu toque clássico em seus filmes, e transformá-los em grandes obras.

 

O retorno de Beetlejuice era aguardado por todos nós desde os anos 90, quando Burton foi apresentado a diversas ideias para uma continuação, mas, nenhuma delas foi para frente. Não sei com detalhes quais foram essas ideias, mas digo que, enquanto pensava em como um segundo filme seria, o diretor acabou comandando a continuação de Batman, e o filme foi engavetado. Felizmente, o tempo foi generoso, e Burton entregou um de seus melhores filmes.

 

E não temos apenas o retorno do Suco, como também, de duas personagens do primeiro filme.

 

Na trama, Lydia Deetz retorna à Winter River para o funeral de seu pai, que morreu de forma súbita. Ao seu lado, estão sua madrasta Delia, e também sua filha Astrid. Enquanto se recuperam do baque da morta súbita de Charles, Astrid acaba descobrindo a maquete dos Maitland no sótão da casa, e também descobre sobre Beetlejuice. Ao mesmo tempo, ela conhece um garoto que a leva para o mundo dos mortos. Desesperada, Lydia pede ajuda à Beetlejuice para trazê-la de volta.

 

Essa é a trama de Beetlejuice 2. Eu posso dizer que gostei dela, porque é uma variação da trama do primeiro filme, onde o casal Barbara e Adam recorre ao Suco para expulsar os Deetz de sua casa. Aqui, a coisa é diferente. Os roteiristas fizeram muito bem em mostrar como os personagens evoluíram durante os 36 anos que separam os dois filmes, principalmente Lydia. Aqui, ela se tornou apresentadora de um programa sobre eventos sobrenaturais, ao mesmo tempo que precisa lidar sua filha rancorosa e rebelde. Delia, por outro lado, também apresentou mudanças, mas, se mostra a mesma mulher preocupada com a própria reputação, do que com a família.

 

Eu pessoalmente não achei ruim esse fato, na verdade, até esperava por isso, porque, convenhamos, Delia não poderia apresentar outra personalidade.

 

Quem realmente mudou foi Lydia, que, além de ser uma celebridade, também é uma mulher insegura consigo mesma, e que luta para reconquistar o amor de Astrid, que se revoltou com a mãe após perder o pai.

 

Como não acompanhei nenhuma crítica ou resenha do filme, porque queria ter a minha própria impressão do mesmo, não sei o que as pessoas acharam de Astrid, porque a garota é uma adolescente rebelde, que critica a mãe o tempo todo. Eu confesso que não sabia o que esperar dessa personagem, então, eu digo que fui surpreendido. Astrid é rancorosa, além de cética, mas, no fundo, tem um bom coração.

 

Além das três mulheres da família Deetz, temos também alguns novos personagens, como Rory, o empresário e namorado de Lydia, que acompanha a família na viagem à Winter River, e faz de tudo por ela, inclusive, recuperar seus comprimidos do lixo. O personagem é bem legal, e se mostra apito a ajudar, mas, em determinado momento do filme, suas intenções são reveladas.

 

Ao lado de Rory, temos o fantasma Wolf Jackson, um ex-ator de filmes de espionagem, que se tornou policial no Outro Lado, e possui um papel muito importante na trama, porque ele está atrás de alguém que está sugando a alma dos fantasmas. O personagem é bem divertido, e mostra que, mesmo depois de morto, não deixou seu lado canastrão de lado.

 

Para fazer companhia aos dois, temos também os ajudantes de cabeça encolhida, os Encolhidos. Eles são muito legais, e passam o filme inteiro fazendo atrapalhadas, além de trabalharem como secretários no Outro Lado, mais ou menos como vimos no primeiro filme, com a fantasma da senhora que cuidava do caso dos Maitland.

 

E por fim, temos Delores, a ex-noiva de Beetlejuice. A personagem já surge mostrando que não está para brincadeira, numa cena hilária, onde ela aparece se reconstruindo, após um pequeno acidente provocado por um faxineiro, numa ponta bem bacana de Danny DeVito. A mulher pode ser definida como uma Morticia Addams com grampos, uma vez que ela se parece muito com a matriarca da Família Addams. Uma adição muito legal ao universo do Outro Lado.

 

E claro que não poderia faltar o nosso querido fantasma mais famoso do pedaço. O Suco mostra que não mudou nada após todos esses anos, mas isso não é um defeito. O personagem não poderia ter sido escrito de outra forma, apelando para piadas de mal gosto e tiradas sagazes, além do humor ácido. E convenhamos que Michael Keaton continua com tudo no papel.

 

A direção de Burton também é um ponto positivo. Conforme mencionei acima, mesmo após cinco anos afastado do cinema, o cineasta mostrou que fazer filmes é sua paixão, e ele não falhou em momento nenhum, seja com seu elenco, seja com sua equipe. Ele conseguiu tirar grandes atuações de seus atores, e todos se mostraram bem à vontade em reprisar seus papéis. Os quesitos técnicos também não ficam atrás, com os enquadramentos e movimentos de câmera criativos, tanto no nosso mundo, quando no Outro Lado.

 

E é claro que o diretor não iria deixar de colocar sua marca no filme. É possível ver a impressão de Burton durante todo o filme, do começo ao fim, e isso fica evidente principalmente em algumas cenas importantes. A melhor delas é a narração que Beetlejuice faz sobre como conheceu Delores. A sequência é filmada como se fosse um filme gótico italiano, uma grande homenagem ao Maestro Mario Bava, devo dizer, porque parece uma sequência extraída direto de A Maldição do Demônio (1960), primeiro filme do cineasta italiano.

 

Além de homenagear um de seus ídolos, Burton fez questão de usar o máximo de efeitos práticos possível; então, temos aqui inúmeros fantasmas criados com maquiagem de verdade, além os Encolhidos, e do verme de areia, que foi todo criado em stop-motion. Eu amei as cenas com o verme, porque não havia outro jeito de criá-los, que não fosse esse.

 

No entanto, o filme tem um pequeno problema. Eu senti que Delores não foi tão bem aproveitada quanto deveria, porque, ela aparece pouco, e sua participação no final foi bem rápida. Eu esperava que a personagem tivesse um papel ainda mais importante no filme, que poderia gerar uma espécie de conflito entre ela, Beetlejuice, e Lydia, mas, infelizmente, não foi o que aconteceu... Nesse ponto, o filme perdeu um ponto.

 

Mas, apesar desse pequeno problema, eu amei assistir a Beetlejuice 2. Foi como revistar velhos amigos, que não via há muito tempo, e pude me divertir com suas nova histórias.

 

Enfim, Os Fantasmas Ainda se Divertem é um filme excelente. Uma comédia de horror contada com grande maestria, com tudo que se pode esperar de um filme de Tim Burton. A direção do cineasta é um dos pontos positivos, e ele se mostra muito capaz de comandar após sua ausência das telas. Os efeitos especiais, a maquiagem e o design de produção também merecem ser mencionados, porque remetem a tudo que tinha no primeiro filme. E o retorno do elenco principal deixa o filme ainda mais delicioso, principalmente o personagem-título, que continua mais atrevido do que nunca. Um dos melhores filmes do diretor Tim Burton.



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