NOTA: 6
Dez anos após sua primeira aparição, Michael Myers está
de volta em HALLOWEEN 4 – O RETORNO DE
MICHAEL MYERS.
E chegamos a Halloween
4, o filme que retoma a linha do tempo que terminou em Halloween II, e que dá início à polêmica Trilogia de Thorn, que, na
opinião de muitos críticos, destruiu a mitologia da franquia, além de não fazer
muito sentido.
Além disso, esse filme também não se iguala ao
primeiro, e nem ao segundo em questões técnicas e de roteiro, mas, mais
detalhes sobre isso mais para frente.
Primeiro, vamos começar dizendo como essa sequência
ganhou a luz do dia.
Depois da recepção fria do filme anterior, o produtor
Moustapha Akkad queria retomar as raízes da franquia, ou seja, queria trazer Michael
de volta. Sendo assim, ele chamou os criadores, John Carpenter e Debra Hill,
para escreverem o roteiro, mas, a ideia deles se distanciou muito do que Akkad tinha
em mente.
Segundo informações da internet, e de um livro que
fala sobre as ideias rejeitadas de continuações para a franquia, o roteiro de Carpenter
e Hill focava nas consequências do massacre de 1978, com a cidade de Haddonfield
abandonando o Halloween, e com uma nova onda de assassinatos acontecendo, o que
despertaria a possibilidade de que um novo Michael Myers estaria surgindo.
No entanto, a Akkad não gostou da proposta e rejeitou
o roteiro, o que levou Carpenter e Hill a abandonarem a franquia, e Akkad a
adquirir os direitos. Então, um novo roteirista foi contratado, e, segundo informações,
ele teve de agir rápido, porque, naquele ano, uma greve de roteiristas estava
prestes a estourar. O roteirista conseguiu finalizar o trabalho em alguns dias,
mas não havia tempo para revisões e reescritas, o que prejudicou o resultado.
O diretor Dwight H. Little também não tinha muita experiência
no cinema, e teve que trabalhar num ritmo acelerado para concluir o filme a
tempo para o lançamento. Posso dizer que ele fez um trabalho decente, apesar de
cometer alguns erros, principalmente na hora de montar o filme.
Assim como o primeiro, Halloween 4 foi rodado na primavera, o que levou os realizadores a
se virar para encontrar folhas secas e abóboras para decorar os cenários. Levando em conta o tempo que tiveram, eu diria
que eles conseguiram se virar muito bem.
Na trama, Michael passa dez anos em um hospital, e
será transferido para Smith’s Grove. No entanto, ele consegue matar os paramédicos
e parte de volta para Haddonfield, com o intuito de matar sua sobrinha. Sabendo
que Michael está à solta novamente, o Dr. Loomis decide ir à caça do assassino.
Passado esse resumo da trama, vamos falar sobre o
filme em si.
Halloween 4 é
um filme que tenta seguir a fórmula criada por Carpenter, além de tentar seguir
também a fórmula dos slashers que estavam em vigor na época. Mas, além disso,
ele se esforça para ser uma continuação, visto que apresenta novos personagens
e situações que não estavam presentes nos filmes anteriores.
Eu vou sincero aqui e dizer que até gosto dos
personagens novos, e eles funcionam bem no filme, principalmente a garotinha Jamie
Lloyd, a filha de Laurie Strode, que, segundo a trama, morreu em um acidente automobilístico,
o que levou Jamie a ser adotada por outra família.
A família de Jamie convence bem, e os atores não fazem
feio em suas performances, assim como boa parte do elenco. A irmã mais velha, Rachel,
se apresenta como uma possível final-girl certinha, que cuida da irmã mais nova
e a leva para pedir doces no Halloween.
O mesmo pode ser dito a respeito dos outros jovens
que compõem o elenco, o namorado de Rachel, e a filha do novo xerife, eles
cumprem bem seus papéis.
No entanto, isso não livra o filme de muitos erros,
principalmente no roteiro. Como eu disse acima, o roteiro foi escrito em poucos
dias antes da greve, portanto, não foi possível fazer uma revisão, ou
reescrevê-lo, o que leva o filme a apresentar situações absurdas, que não fazem
sentido, em sua maioria.
A principal delas, para mim, é quando um dos homens
do xerife informa a ele que descobriu que os demais policiais foram massacrados
na delegacia. Isso não faz o menor sentido, visto que há repórteres na cidade,
e também ocorreu um blackout. Como ele descobriu isso, então? Porque deve ter
ouvido os linchadores comentando entre si? Como, se ele ficou na casa de Jamie o
tempo todo? Eu não engulo essa cena.
Outro erro está na sequência final na caminhonete. De
acordo com a cena, Michael surge por trás do veículo e mata todos os homens. Mas,
como ele apareceu lá, se, na cena anterior, ele foi derrubado por um extintor
de incêndio na escola? Em momento nenhum, ele é visto saindo da escola e se
escondendo debaixo do veículo. Eu não sei como essa cena faz sentido.
Além disso, a montagem às vezes também parece não fazer
sentido, principalmente na sequência de perseguição na escola, porque, parece
que Michael está em vários lugares do prédio ao mesmo tempo, o que deixa a sequência
mais confusa, e parece que a geografia do prédio é confusa.
Quando eu era mais novo, eu admito que não dava importância
para esses problemas, mas, conforme fui ficando mais velho, com um certo senso
crítico, fui percebendo o quão bagunçado é esse filme.
Outro problema apresentado por alguns críticos, é o
visual do vilão. Após sua fuga, fica claro que Michael roubou o macacão de um mecânico,
mas o problema é o visual de sua máscara. É mostrado que Michael a rouba de uma
loja de fantasias, mas, ela não lembra em nada a máscara original, sendo
aparentemente lisa, contando com os olhos negros e expressão facial neutra. Aliás,
essa questão da máscara ficaria mal resolvida ao longo das demais continuações.
As cenas de morte também não são muito inspiradas;
para falar a verdade, eu diria que elas aparentam terem sido censuradas pela
MPAA, o que as deixou incompletas. Mas isso não as impediu de apresentar
problemas, em especial, a cena em que a filha do xerife é empalada na parede
por uma espingarda. Essa é mais uma cena que não faz o menor sentido, além de não
ser nem um pouco prática e inverossímil.
E claro, não podemos deixar que falar do maior
problema do filme – e das duas sequências –, que é a presença do Dr. Loomis. Conforme
vimos em Halloween II, ele provoca
uma explosão no hospital que deixa Michael incapacitado, e que, na teoria,
deveria matá-lo. O fato de Michael sobreviver à explosão pode até ser perdoado,
mas Loomis sobreviver e ficar com uma cicatriz minúscula no rosto e nas mãos
também não é verossímil. Se foi uma condição imposta por Moustapha Akkad,
mostra que realmente ele não estava interessando em coerências.
E a derrota de Michael deixa evidente que o fato dele
ter sobrevivido em Halloween 5
também não faz sentido, principalmente por causa do local onde ele foi
derrotado.
No entanto, apesar dos erros, Halloween 4 tem seus bons momentos, como boas cenas de suspense,
além de contar com uma boa cena de ação na caminhonete, e uma ótima sequência
de créditos iniciais, e uma boa trilha sonora.
Enfim, Halloween 4 é um filme bom. Uma continuação decente para a franquia Halloween, que traz seu principal personagem de volta, além de fazer adições razoáveis ao elenco. Um filme que contêm muitos erros, principalmente no roteiro, mas eles são compensados pela trilha sonora e por um elenco que atua bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário