quarta-feira, 26 de maio de 2021

AS PROFECIAS DO DR. TERROR (1965). Dir.: Freddie Francis.

 

NOTA: 8.5 



Desde sua fundação, em 1962, a Amicus tornou-se um dos maiores estúdios de cinema britânicos de todos os tempos, rivalizando com a Hammer Films. Porém, ao contrário da Hammer, o estúdio tornou-se especialista em produzir antologias de horror, apesar de lançar outros filmes, a maioria voltados para o horror. Ao total, foram sete antologias, todas maravilhosas.

 

AS PROFECIAS DO DR. TERROR foi a primeira delas. Lançado em 1965, foi dirigido por Freddie Francis, e estrelado por Peter Cushing, Christopher Lee e Donald Sutherland. O estúdio se inspirou no Clássico Na Solidão da Noite (1945), a primeira antologia lançada nos cinemas. Dr. Terror é uma das melhores antologias da Amicus e uma das minhas favoritas, e como todo exemplar do gênero, é composto por pequenas histórias, aqui, contadas pelo personagem título, interpretado por Cushing.

 

A primeira, Werewolf, fala sobre um arquiteto que retorna para a antiga casa de sua família, a fim de realizar reformas para o novo proprietário. Durante a reforma, ele descobre o tumulo de um antigo lobisomem, que acreditava estar desaparecido. Quando o lobisomem retorna, o arquiteto precisa correr para enfrenta-lo, antes que ele mate novamente. No entanto, o que ele não imagina é que outro lobisomem está mais próximo do que ele pensa.

 

Na segunda história, Creeping Vine, uma família retorna para sua casa após um período de férias. Rapidamente, o marido descobre que uma trepadeira está agindo de forma estranha, atacando a todos ao seu redor. Ele então recorre aos cientistas para descobrir o que está acontecendo. Quando um deles é morto pela trepadeira, a família se vê presa em sua própria casa, talvez sem a possibilidade de fuga.

 

Em Voodoo, um músico viaja com sua banda até as Antilhas, a fim de fazer um show num clube local. Após o show, o trompetista descobre a respeito de um deus local, e movido pela curiosidade, decide assistir a uma cerimônia, e acaba fascinado pela música tribal, e decide se apropriar dela, apesar dos avisos dos sacerdotes. Durante uma apresentação em Londres, coisas estranhas acontecem no clube, mas o músico não se intimida. No entanto, ele acaba descobrindo as consequências de seu ato.

 

Na história seguinte, Disembodied Hand, um severo crítico de artes é humilhado por um artista durante uma exposição. Tomado pelo ódio, ele o atropela, causando a perda de sua mão, levando-o a depressão e ao suicídio. Porém, o crítico passa a ser perseguido pela mão decepada do artista, o que traz consequências desastrosas.

 

A última história, Vampire, é sobre um médico recém-casado que retorna a Nova Inglaterra com sua esposa. No início, as coisas ocorrem bem, mas, logo um garotinho surge no consultório com estranhas marcas no pescoço, chamando a atenção de outro médico. Nas noites seguintes, novas coisas estranhas acontecem, levando o segundo médico a chegar a uma conclusão: o rapaz se casou com uma vampira. Hesitante, ele decide matá-la, mas não imagina as consequências terríveis de seu ato.

 

Uma antologia básica, não é mesmo? Com histórias curtas, com poucos personagens e que vão direto ao ponto, certo? Isso mesmo. Mas, o que faz desse um filme muito bom é a sua execução. Dr. Terror é um filme muito bem feito, com ótimos atores, um roteiro direto, e momentos verdadeiramente arrepiantes. É aquele tipo de filme que, mesmo sendo simples, consegue alcançar seu objetivo, e o faz muito bem.

 

Eu gosto muito desse tipo de filme, que faz uso de coisas e cenas simples para assustar o espectador, e a Amicus faz isso muito bem. Além disso, mesmo sendo dirigido por um único diretor, cada história apresenta um aspecto diferente, o que deixa o filme ainda mais atraente, e melhor a cada revisão. O diretor Freddie Francis conseguiu criar um filme digno de nota, colorido, divertido e assustador. O diretor é um antigo colaborador da casa, tendo sido responsável pela direção de A Maldição da Caveira (1965), As Torturas do Dr. Diabolo (1967), Contos do Além (1972), As Bonecas da Morte (1966), entre outros filmes do estúdio, além de ser o responsável por Drácula – O Perfil do Diabo (1968) e O Monstro de Frankenstein (1964), da Hammer. Um especialista no gênero.

 

Eu sou um admirador de antologias, justamente por conta da simplicidade. São filmes de longa-metragem, mas que contam com histórias curtas, com poucos personagens, e que conseguem contar muito mais do que um filme próprio. E tudo era feito da forma mais simples, mas real possível, capaz de prender a atenção do espectador, e assustá-lo sem fazer muito esforço. E o mais interessante, é que cada história parece transitar em gêneros diversos, apesar do filme como um todo ser um filme de terror, o que também é muito comum nas antologias, principalmente nas antologias que eu já vi.

 

E claro, contavam com um grande elenco. Aqui, nós temos a dupla de cavalheiros do terror, Christopher Lee e Peter Cushing, além de Michael Gough, e Donald Sutherland, e cada um tem seu próprio mérito, principalmente Cushing, que entrega uma performance arrepiante como o Dr. Terror, o vidente que prevê o futuro dos quatro homens dentro da cabine, futuros terríveis, diga-se de passagem. Dos quatro personagens, o melhor é o Sr. Marsh, o crítico de arte interpretado por Lee, arrogante e cético até o ultimo fio de cabelo, até mesmo quando tem seu futuro revelado pelo doutor. Os outros personagens também são muito bons, cada um com sua peculiaridade.

 

E as histórias? As histórias também são muito boas, cada uma a sua maneira. Como é de praxe nas antologias, temos histórias assustadoras e quase sempre uma história absurda, e aqui não é diferente. As minhas favoritas são a primeira e a última, que falam sobre lobisomens e vampiros, respectivamente. E como acabei de dizer, tudo feito de maneira simples e rápida, mas eficiente.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Obras-Primas do Cinema, na coleção Amicus Productions – Vol.2, em versão remasterizada.

 

Enfim, As Profecias do Dr. Terror é um filme muito bom, que consegue assustar o espectador sem esforço. Uma das melhores antologias de terror, produzidas de maneira simples, mas eficiente, que conta uma ótima direção e um elenco de estrelas. Um clássico da Amicus Productions e um de seus melhores filmes. Altamente recomendado. 


Créditos: Obras-Primas do Cinema


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