NOTA: 8.5
Desde sua fundação, em 1962, a Amicus tornou-se um
dos maiores estúdios de cinema britânicos de todos os tempos, rivalizando com a
Hammer Films. Porém, ao contrário da Hammer, o estúdio tornou-se especialista
em produzir antologias de horror, apesar de lançar outros filmes, a maioria
voltados para o horror. Ao total, foram sete antologias, todas maravilhosas.
AS PROFECIAS
DO DR. TERROR foi a primeira delas. Lançado em 1965, foi dirigido por
Freddie Francis, e estrelado por Peter Cushing, Christopher Lee e Donald
Sutherland. O estúdio se inspirou no Clássico Na Solidão da Noite (1945),
a primeira antologia lançada nos cinemas. Dr.
Terror é uma das melhores antologias da Amicus e uma das minhas favoritas,
e como todo exemplar do gênero, é composto por pequenas histórias, aqui,
contadas pelo personagem título, interpretado por Cushing.
A primeira, Werewolf,
fala sobre um arquiteto que retorna para a antiga casa de sua família, a fim de
realizar reformas para o novo proprietário. Durante a reforma, ele descobre o
tumulo de um antigo lobisomem, que acreditava estar desaparecido. Quando o
lobisomem retorna, o arquiteto precisa correr para enfrenta-lo, antes que ele
mate novamente. No entanto, o que ele não imagina é que outro lobisomem
está mais próximo do que ele pensa.
Na segunda história, Creeping Vine, uma família retorna para sua casa após um período de
férias. Rapidamente, o marido descobre que uma trepadeira está agindo de forma
estranha, atacando a todos ao seu redor. Ele então recorre aos cientistas para
descobrir o que está acontecendo. Quando um deles é morto pela trepadeira, a
família se vê presa em sua própria casa, talvez sem a possibilidade de fuga.
Em Voodoo,
um músico viaja com sua banda até as Antilhas, a fim de fazer um show num clube
local. Após o show, o trompetista descobre a respeito de um deus local, e
movido pela curiosidade, decide assistir a uma cerimônia, e acaba fascinado
pela música tribal, e decide se apropriar dela, apesar dos avisos dos
sacerdotes. Durante uma apresentação em Londres, coisas estranhas acontecem no
clube, mas o músico não se intimida. No entanto, ele acaba descobrindo as
consequências de seu ato.
Na história seguinte, Disembodied Hand, um severo crítico de artes é humilhado por um
artista durante uma exposição. Tomado pelo ódio, ele o atropela, causando a
perda de sua mão, levando-o a depressão e ao suicídio. Porém, o crítico passa a
ser perseguido pela mão decepada do artista, o que traz consequências
desastrosas.
A última história, Vampire, é sobre um
médico recém-casado que retorna a Nova Inglaterra com sua esposa. No início, as
coisas ocorrem bem, mas, logo um garotinho surge no consultório com estranhas
marcas no pescoço, chamando a atenção de outro médico. Nas noites seguintes,
novas coisas estranhas acontecem, levando o segundo médico a chegar a uma
conclusão: o rapaz se casou com uma vampira. Hesitante, ele decide matá-la, mas
não imagina as consequências terríveis de seu ato.
Uma antologia básica, não é mesmo? Com histórias
curtas, com poucos personagens e que vão direto ao ponto, certo? Isso mesmo.
Mas, o que faz desse um filme muito bom é a sua execução. Dr. Terror é um filme muito bem feito, com ótimos atores, um
roteiro direto, e momentos verdadeiramente arrepiantes. É aquele tipo de filme
que, mesmo sendo simples, consegue alcançar seu objetivo, e o faz muito bem.
Eu gosto muito desse tipo de filme, que faz uso de
coisas e cenas simples para assustar o espectador, e a Amicus faz isso muito
bem. Além disso, mesmo sendo dirigido por um único diretor, cada história
apresenta um aspecto diferente, o que deixa o filme ainda mais atraente, e
melhor a cada revisão. O diretor Freddie Francis conseguiu criar um filme digno
de nota, colorido, divertido e assustador. O diretor é um antigo colaborador da
casa, tendo sido responsável pela direção de A Maldição da Caveira (1965),
As
Torturas do Dr. Diabolo (1967), Contos do Além (1972), As
Bonecas da Morte (1966), entre outros filmes do estúdio, além de ser o
responsável por Drácula – O Perfil do Diabo (1968) e O Monstro de Frankenstein (1964),
da Hammer. Um especialista no gênero.
Eu sou um admirador de antologias, justamente por
conta da simplicidade. São filmes de longa-metragem, mas que contam com
histórias curtas, com poucos personagens, e que conseguem contar muito mais do
que um filme próprio. E tudo era feito da forma mais simples, mas real
possível, capaz de prender a atenção do espectador, e assustá-lo sem fazer
muito esforço. E o mais interessante, é que cada história parece transitar em
gêneros diversos, apesar do filme como um todo ser um filme de terror, o que
também é muito comum nas antologias, principalmente nas antologias que eu já
vi.
E claro, contavam com um grande elenco. Aqui, nós
temos a dupla de cavalheiros do terror, Christopher Lee e Peter Cushing, além
de Michael Gough, e Donald Sutherland, e cada um tem seu próprio mérito,
principalmente Cushing, que entrega uma performance arrepiante como o Dr.
Terror, o vidente que prevê o futuro dos quatro homens dentro da cabine,
futuros terríveis, diga-se de passagem. Dos quatro personagens, o melhor é o
Sr. Marsh, o crítico de arte interpretado por Lee, arrogante e cético até o
ultimo fio de cabelo, até mesmo quando tem seu futuro revelado pelo doutor. Os
outros personagens também são muito bons, cada um com sua peculiaridade.
E as histórias? As histórias também são muito boas,
cada uma a sua maneira. Como é de praxe nas antologias, temos histórias
assustadoras e quase sempre uma história absurda, e aqui não é diferente. As
minhas favoritas são a primeira e a última, que falam sobre lobisomens e
vampiros, respectivamente. E como acabei de dizer, tudo feito de maneira
simples e rápida, mas eficiente.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Obras-Primas do
Cinema, na coleção Amicus Productions –
Vol.2, em versão remasterizada.
Enfim, As
Profecias do Dr. Terror é um filme muito bom, que consegue assustar o
espectador sem esforço. Uma das melhores antologias de terror, produzidas de
maneira simples, mas eficiente, que conta uma ótima direção e um elenco de
estrelas. Um clássico da Amicus Productions e um de seus melhores filmes.
Altamente recomendado.
Créditos: Obras-Primas do Cinema |
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