terça-feira, 6 de abril de 2021

DO ALÉM (H.P. Lovecraft).


NOTA: 10



Como já mencionei anteriormente, existem alguns autores que são capazes de contar as historias mais simples em poucas páginas, e H.P. Lovecraft foi um desses autores.

 

Suas narrativas são, em sua maioria, curtas, mas conseguem prender o leitor desde a primeira linha, graças a sua capacidade de escrita, sempre fazendo uso de descrições minuciosas e adjetivos. E DO ALÉM é mais um desses exemplos.

 

Lovecraft conseguiu novamente criar uma historia fascinante e arrepiante em poucas páginas, cuja leitura é rápida mas prazerosa. Escrita antes de seus clássicos como O Chamado de Chutlhu e Nas Montanhas da Loucura, Do Além é uma de suas melhores historias.

 

Diferentemente do que faria no futuro, aqui Lovecraft combina dois gêneros que se relacionam muito bem: o terror e a ficção cientifica. Por que ficção cientifica? Porque estamos falando de uma historia que possui elementos do gênero, como a máquina criada por Crawford Thillinghast, que permite a ele entrar em contato com criaturas de outra dimensão. Não sei para vocês, mas para mim, há um toque de ficção cientifica nessa historia, sim.

 

No entanto, o que mais predomina aqui é o terror. Lovecraft faz questão de descrever situações que beiram ao mais puro terror, como a loucura de Thillinghast após utilizar a máquina, além do mistério por trás do desaparecimento de seus criados, e claro, as próprias criaturas. Tudo escrito com uma habilidade extraordinária.

 

Como mencionado, o texto de Lovecraft é rápido, mas isso não impede de ser uma leitura prazerosa. Pelo contrário, é possível, sim, ler a história e se envolver em sua narrativa, mais de uma vez, inclusive. Uma leitura que vale muito a pena. O texto original em inglês é tão fascinante quanto em português.

 

Em 1986, recebeu uma excelente adaptação para o cinema dirigida por Stuart Gordon e estrelada por Jeffrey Combs, Barbara Crampton e Ken Foree.

 

Enfim, Do Além é fascinante. Uma história arrepiante de horror com toques de ficção cientifica que causa calafrios no leitor. Uma das melhores historias de H.P. Lovecraft. Altamente recomendado.


H.P. LOVECRAFT

 

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Essa resenha corresponde à tradução em português disponível tanto na primeira quanto na segunda edição do livro GRANDES CONTOS DE H.P. LOVECRAFT, lançados pela editora Martin Claret. Ambas as edições possuem o mesmo conteúdo. Também corresponde ao texto original em inglês, disponível no livro H.P. LOVECRAFT – THE COMPLETE FICTION, lançado pela editora Barnes & Nobles.



segunda-feira, 5 de abril de 2021

A NOITE DOS DEMÔNIOS (1972). Dir.: Giorgio Ferroni.

 

NOTA: 10



É incrível a variação que existe nas histórias de vampiros. Desde que surgiram no cinema, tivemos uma variedade incrível do subgênero, passando por grandes obras, clássicos obrigatórios, filmes notáveis, medianos e grandes bombas. Eu mesmo já tive contato com muitos desses filmes e posso dizer que, mesmo já tendo visto praticamente tudo, eu ainda me surpreendo com o que aparece de vez em quando.

 

A NOITE DOS DEMÔNIOS (1972), do diretor italiano Giorgio Ferroni é um dos exemplos de grandes obras do gênero. É um filme belíssimo, que, mesmo sendo contemporâneo, possui um forte aspecto gótico, e esse apenas um dos seus vários atrativos.

 

Esse é o tipo de filme de terror que não precisa ser feio para ser assustador; pelo contrario, um filme de terror pode, sim, ser lindo e ser assustador ao mesmo tempo, e exemplos disso não faltam, principalmente os filmes dirigidos pelo Maestro Mario Bava. Mas, vamos falar sobre este filme aqui.

 

Pois bem, devo dizer que a primeira coisa que me chamou a atenção nele foi justamente o seu aspecto gótico e interiorano, que, conforme comentei anteriormente, é algo que me chama muito a atenção. Eu gosto desse tipo de ambientação e clima num filme; faz com que eu me sinta bem, e deixa o filme ainda mais bonito. Realmente é o tipo de coisa que não vemos muito hoje em dia.

 

Outra coisa que acrescenta ao filme é sua trilha sonora. Assim como muitas da época, quase não temos aqui uma trilha pesada, comum nesse tipo de filme; pelo contrario, aqui a trilha é melancólica, mas muito bonita, o tipo de trilha que pode ser ouvida sozinha, sem precisar do filme. Outros pontos como a fotografia dessaturada, o figurino nostálgico e os efeitos especiais também contribuem para deixar o filme ainda melhor e mais bonito.

 

No entanto, conforme mencionado acima, este é um filme de vampiros. O roteiro é baseado na novela The Family of the Vourdalak, de Alekesy K. Tolstoy, escrita no século XIX. O Vurdalak é um vampiro que faz parte da tradição russa, e, segundo a lenda, tem o costume de sugar o sangue das pessoas que amou em vida. E é exatamente isso que acontece aqui. Tudo começa com uma maldição, que aos poucos, é transmitida aos membros da família, infectando um por um com sede de sangue. Mas não pense em encontrar vampiros com longas presas afiadas. Aqui não temos isso, somente a pele branca como papel e o uso da estaca de madeira no peito como arma. Não espere o uso de crucifixos, alho e morcegos, porque nada disso aparece. Além disso, eles podem andar livremente durante o dia. Mas esse é também um ponto positivo, uma vez que cada um cria vampiros do jeito que quiser, conforme disse o diretor John Landis num episodio da série History of Horror: quando se trata de criaturas de “fantasia” como vampiros e lobisomens e outros, não existem regras. E é verdade. Com isso, os autores podem ser criativos. E temos também a questão da maldição que é passada para os membros da família, aliados à superstição. Como disse em outra resenha, essa questão da superstição me atrai muito por causa do medo que os personagens sentem ao cair da noite.



E novamente, esse é um fator que faz deste um filme assustador. As cenas envolvendo os vampiros são as melhores possíveis, com o medo e tensão sendo construídos aos poucos, sem apelar para jump-scares e sangue em excesso. E aqui os vampiros são o que deveriam ser, criaturas sugadoras de sangue que matam suas vitimas com requintes de crueldade. Não estou dizendo que vampiros não podem ter remorso, do contrario, podem, sim; mas aqui nós não temos essa característica e podemos nos familiarizar com os vampiros tradicionalmente perversos. 

 

Antes de encerrar, devo dar um parecer sobre os efeitos especiais, criados pelo mestre Carlo Rambaldi. Quem está familiarizado com seu trabalho, sabe que ele não brincava em serviço, e foi responsável pelas mais extraordinárias criações do cinema fantástico. Aqui, mais uma vez, ele mostra seu talento ao criar cenas arrepiantes, com direito a corações arrancados, peitos perfurados e rostos derretendo. Um trabalho de mestre que não fica datado.

 

A Noite dos Demônios foi dirigido por Giorgio Ferroni, em sua segunda excursão no gênero. Doze anos antes, ele foi responsável pelo também excelente O Moinho das Mulheres de Pedra, um clássico do terror gótico italiano. Infelizmente, apesar sua considerável filmografia, o diretor só se aventurou no gênero com esses dois filmes, e A Noite dos Demônios foi seu ultimo trabalho na direção.

 

The Family of the Vourdalak foi adaptada para o cinema anteriormente em 1963, no também excelente As Três Máscaras do Terror, antologia dirigida pelo Maestro Mario Bava, no segundo segmento, estrelado por Boris Karloff, interpretando o único vampiro de sua carreira.

 

Foi lançado em DVD no Brasil na excelente coleção Vampiros no Cinema, da Versátil Home Vídeo, em versão original em italiano.

 

Enfim, A Noite dos Demônios é um belíssimo filme de terror. Uma historia de horror com toques interioranos e com forte aspecto gótico, mesmo sendo contemporâneo. Um filme arrepiante que prende a atenção do espectador com suas imagens poéticas e assustadoras. Um dos melhores filmes de vampiro de todos os tempos, e um clássico do terror gótico italiano. Maravilhoso. Excelente. Altamente recomendado. 



Créditos: Versátil Home Vídeo


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