NOTA: 9.5
Tubarão, o
Clássico de Steven Spielberg, lançado em 1975, tornou-se o primeiro filme blockbuster da história, arrecadando
mais de US$ 100 milhões em bilheteria. Motivados pelo sucesso do filme, os
executivos da Universal logo se animaram para lançar uma sequência.
Lançado em 1978, TUBARÃO
2 foi dirigido por Jeannot Szwarc, e contou novamente com alguns membros da
equipe e elenco do primeiro filme. Até hoje, é considerado a melhor sequência
do filme de Spielberg, talvez por ainda contar com elementos de tensão e
suspense. E realmente, é uma excelente continuação.
Devo dizer que esse foi um dos últimos filmes da
franquia Tubarão que eu assisti,
porque o meu contato com a franquia se deu da seguinte maneira: o primeiro eu
assisti o Clássico; depois, veio o terceiro filme (1983); em seguida, este
aqui; e por último, o quarto filme (1987). E confesso que fui pego de surpresa.
Sinceramente, como já estava acostumado com os filmes
de tubarão, eu esperava que Tubarão 2 fosse
um filme completamente diferente, com maior presença do vilão e maior número de
mortes. E o que vi foi exatamente o oposto, principalmente no número de mortes,
mas, mais detalhes sobre isso adiante.
Realmente, Tubarão
2 é um ótimo filme, e o principal motivo para isso seja o próprio desenvolvimento
do longa. Os produtores Richard Zanuck e David Brown – que também produziram o
original – tinham várias ideias em mente para o filme, chegando inclusive, a
contar com sugestões do autor Peter Benchley, e até mesmo do próprio Spielberg,
que acabaram abandonando o projeto. Após algumas sugestões, eles perceberam que
o publico iria gostar de rever os personagens e o cenário do filme anterior, então,
eles foram trazidos de volta.
O filme se passa quatro anos após os incidentes do
primeiro filme, então, fomos levados de volta à Amity Island, com o Chefe Brody
e os demais personagens, com adições de outros, principalmente os jovens. De fato,
além dos filhos de Brody, aqui temos um elenco de jovens personagens, cuja
principal atividade é sair para velejar. Além dos jovens, temos também outros
adultos, entre eles, o dono do grupo imobiliário de Amity, que agora assume o
posto de autoridade incrédula.
Sim, aqui temos isso novamente. Na verdade, talvez
para os mais exigentes, Tubarão 2 pode
parecer uma refilmagem malfeita do primeiro filme, uma vez que temos os mesmos
elementos da trama anterior. Na verdade, não é bem assim. Mesmo contando com o
elemento das autoridades incrédulas, o filme é bem diferente do original,
principalmente em se tratando da trama. Aqui, nós temos um pouco mais de
oportunidade de acompanhar a vida na cidade, e como o Chefe Brody exerce sua
função perante todos. No primeiro filme, nós até já tivemos essa oportunidade,
mas aqui, podemos desfrutar um pouco mais. E é muito bom retornar à Amity Island.
Conforme mencionado acima, aqui nós temos o retorno
do Chefe Brody, novamente interpretado por Roy Scheider; e além dele, Lorraine Gary
e Murray Hamilton retornam nos seus respectivos papéis, e também é muito bom
vê-los novamente em cena. E além do elenco, e dos produtores Zanuck e Brown, o
roteirista Carl Cottlieb e o design de produção Joe Alves também retornaram.
O elenco jovem também é um destaque. Muitos dos
jovens atores eram inexperientes e logo no primeiro filme, apresentaram boas
performances. O melhor é que aqueles atores realmente parecem jovens locais,
que gostam de passar o tempo juntos, bebendo cerveja e se divertindo em grupos.
E como em todos os grupos de jovens, nós temos aqui a famosa hierarquia, onde
os perdedores são separados dos demais. No entanto, quando a situação se
agrava, todos se unem para sobreviver à ameaça. Muito legal.
Outra coisa que deve ser mencionada é a direção de
Szwarc. O diretor é muito bom no que faz, principalmente com seus ângulos
elaborados atrás do tubarão; além disso, ele se mostra um ótimo diretor de
atores, visto que seu elenco arranca ótimas performances, conforme mencionado.
Tubarão 2 voltou a contar com John Williams na trilha sonora, e, ao contrário do que muitos devem pensar, o compositor não reaproveitou a trilha do filme de Spielberg; ao contrário, aqui temos uma trilha sonora diferente, com mais tensão e momentos líricos, com direito a harpa. Mas, não se enganem, a trilha sonora do primeiro filme ainda é a melhor de todas.
E claro que não posso encerrar esse texto sem mencionar o tubarão. Segundo o designer de produção, Joe Alves, a equipe de efeitos especiais utilizou os mesmos moldes usados em Bruce para construir o peixe, com algumas diferenças. Claro, temos, por exemplo, a barbatana dorsal com o mesmo design, mas a face do tubarão é diferente, principalmente porque não tem aqueles dois detalhes na mandíbula. E assim como seu antecessor, o animatrônico apresentou problemas ao ser colocado na água, o que causou atrasos na produção. Mas a melhor parte, é a característica marcante do vilão: sua face queimada, cheia de cicatrizes, resultado do seu segundo ataque. Sem duvida, é o visual mais marcante do filme. E também temos tomadas de tubarões reais, novamente cortesia de Ron e Valerie Taylor.
E como mencionado acima, o filme apresentou alguns
problemas nas filmagens, que também envolveram as câmeras utilizadas,
principalmente devido às condições do tempo. Os barcos a vela também trouxeram
problemas, principalmente quando começam a tombar durante o ataque do tubarão.
Outras dificuldades técnicas incluem o uso das câmeras submarinas, na cena do
jet-ski. A ilha artificial também trouxe problemas, visto que acabou se
soltando de seu ponto de apoio e se deslocou em direção à Cuba. E o tubarão
também apresentou dificuldades para funcionar em determinadas cenas.
Tubarão 2 foi
novamente rodado em Martha’s Vineyard, em Massachusetts. No entanto, a equipe
permaneceu na locação durante 3 ou 4 semanas, e foram para a Flórida para
filmar as cenas no mar. E além disso, algumas cenas debaixo d’água foram
rodadas na Califórnia e nos tanques da MGM, e o realismo mais uma vez ficou
evidente.
Para finalizar, Tubarão
2 teve sua contagem de cadáveres reduzida, visto que, segundo Zanuck e Brown,
eles iriam perder seu público-alvo, os adolescentes, que iriam ao cinema para
se divertir. E, após o sucesso do filme, os dois produtores logo se
entusiasmaram para produzir uma nova sequência, o famigerado Tubarão
3 X People 0, que nunca foi produzido, mas chegou a ter um roteiro
escrito por John Hughes e chegou a escalar o diretor Joe Dante para comandá-lo,
mas, como sabemos, o projeto foi abortado.
Tubarão 2 foi
lançado em 16/jun/1978, e tornou-se um sucesso de bilheteria, arrecadando US$
208 milhões de dólares, apesar das críticas mistas. Foi lançado no Brasil em
DVD, mas atualmente, está fora de catálogo.
O sucesso do filme inspirou a produção das próximas sequências,
Tubarão 3, lançado em 1983 e
dirigido por Joe Alves; e Tubarão – A Vingança,
lançado em 1987 e dirigido por Joseph Sargent. No entanto, apesar do sucesso
deste filme, as duas ultimas sequências são consideradas as piores,
principalmente o último filme, que sepultou a franquia, mas não as imitações de
quinta categoria...
Enfim, Tubarão
2 é um filme excelente. Uma sequência digna do primeiro filme, mesmo não contando
com o brilhantismo de seu antecessor, mas mesmo assim, querido por muitos. O retorno
do elenco original, aliados a um roteiro inspirado e uma direção afiada, fazem
desta a melhor sequência do Clássico de Steven Spielberg. Um filme cheio de
tensão e medo. Maravilhoso.
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