quarta-feira, 30 de outubro de 2019

HALLOWEEN (2018). Dir.: David Gordon Green.


NOTA: 9.5



HALLOWEEN (2018)
Michael Myers está de volta. 40 anos depois de sua primeira aparição no cinema, e 20 anos desde a última – porque eu desconsidero completamente tudo que veio depois de Halloween H2O: Vinte Anos Depois, de 1998 – , ele está de volta.

E que retorno! HALLOWEEN é maravilhoso! É muito melhor do que esperava que fosse; é tudo aquilo que os fãs da franquia esperavam, e muito mais. Já na minha primeira conferida, pude ver que o filme cumpriu tudo que prometeu. É assustador, é sangrento, é tenso... Tudo que o filme original era. É um filme feito para os fãs da franquia; e feito com amor.

Tudo nesse filme funciona de maneira brilhante, desde o roteiro, passando pela direção, até as atuações, os efeitos especiais; tudo se encaixa perfeitamente, numa historia magistral, sem nenhum defeito e nenhuma ponta solta.

Devo confessar que, quando soube que um novo filme seria feito, fiquei empolgado, porque, como mencionei acima, desde 1998, Michael Myers e cia. não tiveram o tratamento que mereciam nas telas; pelo contrario, o personagem foi detonado e humilhado por cineastas que nada sabiam de sua mitologia. E isso é tudo que vou dizer a respeito das experiências lamentáveis pelo qual ele passou; não só ele, toda sua turma.

Mas, felizmente, isso foi consertado. O novo filme dá uma repaginada no personagem, mas sem tirar sua essência e sem alterar sua mitologia. Aqui, Michael continua o mesmo, a pura encarnação do Mal, sanguinário, selvagem, implacável. Não apenas o vilão que foi repaginado. Laurie Strode, a sobrevivente do primeiro filme, também foi reescrita. Agora, ao invés da adolescente inocente, virgem, do primeiro filme, aqui, ela se transformou em uma eremita, que vive sozinha em sua casa, afastada da cidade, cercada por armas e armadilhas, que ela mesma construiu, pois sabia que Michael retornaria um dia. Dito e feito. Michael escapou mais uma vez, e está pronto para recomeçar seu reinado de terror.

E da mesma forma que no Original, aqui ele executa sua arte com maestria. Desde o primeiro assassinato, Michael mostra que não está “enferrujado” pelo tempo; pelo contrario, continua uma maquina de matar, sem medo ou remorso. E como sempre, ele se mostra especialista na arte de matar, executando suas vitimas com selvageria e requintes de crueldade, tudo sem o menor remorso. Porém, aqui existe uma diferença. Se, no Clássico de John Carpenter não havia sangue, aqui a coisa é diferente. O sangue corre solto, mas não no estilo “torture-porn”, que infelizmente, tomou o gênero de terror. Pelo contrario, o sangue corre do jeito certo, sem exageros, sem muita sujeira, sem artifícios. E os métodos de Michael? Mais sobre isso adiante.

Esse é aquele tipo de filme que dá gosto de assistir, porque foi feito para os fãs. Não sei os outros, mas eu adoro o Michael Myers de antigamente, uma força da Natureza, o Mal encarnado, o assassino sanguinário; e aqui ele é tudo isso. Mas não é apenas isso que faz desse um filme feito com carinho. Todo o suspense e a tensão, presentes no primeiro filme, também aparecem aqui, desde o começo. Quando eu vi aquela cena de abertura, antes dos créditos iniciais, eu fiquei arrepiado porque é muito bem feita; gostei tanto que voltei umas duas vezes. Não se fazem cenas assim hoje em dia; e quando alguém consegue, é porque tem habilidade, e o diretor David Gordon Green tem.

Mesmo sem nenhuma experiência no gênero, ele se mostrou um excelente diretor de horror, e executou tudo com brilhantismo. Ele não apelou para câmeras tremidas, movimentos rápidos e bruscos; foi tudo feito com a câmera nas posições certas, com os movimentos certos, nos ângulos certos. A fotografia também fez bonito, principalmente nas cenas noturnas. As paletas de cores são ótimas, e combinam com as cenas, e o melhor, dão uma impressão de veracidade. E as cenas noturnas são belíssimas; ao invés da horrível paleta “verde musgo”, muito usada pelo diretor David Fincher, aqui nós temos paletas escuras, pretas, mas que fazem um belo contraste com as luzes das casas e das aboboras nas ruas.

Sobre os créditos iniciais, eu acho que são os melhores da franquia desde o quinto filme. Não apenas pela forma como eles surgem, mas também o que eles representam. Representam o ressurgimento da franquia. Eu vi em algum lugar que a regeneração da abobora na abertura, representa a regeneração da franquia. E é verdade, tanto que a tipologia é a mesma – que não é utilizada desde H2O – e o modo de apresentação do elenco também é o mesmo, além da abobora ser a mesma do primeiro filme e se modificar do mesmo jeito. Se isso também não é uma homenagem, eu não sei o que é.

Aliás, o filme presta várias homenagens, não apenas ao primeiro filme, mas também à própria franquia. Por exemplo, a cena dos assassinatos no banheiro, lembra muito a cena do banheiro em H2O; um personagem diz um nome que remete ao segundo filme; a cena da sala de aula é idêntica à cena da sala de aula do primeiro filme; a própria menção do termo “boogey-man”, etc., mas talvez, um dos maiores easter eggs tenha aparecido já no trailer, um easter egg de Halloween III (1983), que não apresenta os personagens do universo criado por Carpenter e Debra Hill. Novamente, é uma prova do quão importante a Franquia Halloween se tornou.

Além de contar com momentos – muitos momentos – de terror, Halloween também tem momentos divertidos. Ou melhor, um momento divertido. Acontece na cena em que uma das amigas da neta de Laurie está cuidando de um garoto enquanto seus pais estão fora. O menino é muito engraçado. Eu dei algumas risadas nessa sequencia, porque é muito boa mesmo. Talvez, tenha servido para quebrar a tensão, porque momentos antes, tivemos algumas cenas de assassinatos.

Agora, sobre Laurie Strode. Conforme mencionado acima, aqui, ela deixou de ser a adolescente tímida do filme original, e se transformou numa eremita. Ela vive isolada em sua casa afastada da cidade, lugar que ela transformou em uma fortaleza, com armas e armadilhas por todos os lados. Não apenas isso; ela também se tornou uma espécie de pária, sendo rejeitada pela filha, de quem perdeu a guarda no passado, teve dois casamentos fracassados, e tornou-se alcóolatra. Além disso, algumas pessoas também a consideram uma louca por acreditar que Michael Myers pode retornar um dia, o que contribuiu para a destruição de sua família. A única pessoa que tenta se aproximar dela é sua neta, a quem ela também tenta proteger. Mas todo esse declínio ajuda na reconstrução da personagem. Não acho que a coisa tivesse o mesmo impacto se Laurie tivesse se tornado uma pessoa que apagou tudo de sua memoria, e vive uma vida normal. Esse declínio é o tipo de coisa que tem que acontecer com alguém como ela. Excelente reconstrução.

Além dos protagonistas, o filme também apresenta um personagem chamado Dr. Sartain, que se torna uma espécie de Dr. Loomis, uma vez que, após o falecimento do medico, ele tomou o caso de Michael para si, pois está determinado a descobrir por que ele se tornou um assassino. Mas, ao contrario de Loomis, Sartain não se mostra tão bonzinho assim, e está disposto a cometer loucuras para provar seu caso. Além dele, temos também um casal de jornalistas que tem quase o mesmo objetivo. Primeiro, eles visitam Michael em Smith’s Grove e tentam motivá-lo, mostrando-lhe sua mascara. Mas, com o fracasso da expedição, eles vão à casa de Laurie, com o objetivo de desvendar o mistério por trás daquela noite de Halloween, há 40 anos. Mas, eles também falham.

O filme tem muitos efeitos práticos, e eles funcionam muito bem. Eu falo de sangue, muito sangue. Michael é implacável nas cenas de assassinato, utilizando o que estiver ao seu alcance para matar, e o faz com requintes de crueldade e selvageria. Pescoços quebrados, queixos deslocados, rostos contra portas, gargantas perfuradas... Tudo que tem direito; e muito bem feito.

E novamente, Michael está perfeito. Um monstro implacável, movido por puro instinto assassino, sem medo ou remorso. Uma maquina de matar indestrutível, com desejo por sangue e carnificina. Seu figurino é praticamente o mesmo do filme original, com detalhe para sua icônica máscara; toda cheia de marcas do tempo, mas intacta, livre de furos ou rasgos. E quando eles finalmente se reencontram, é o melhor momento do filme, sem dúvida! Michael Myers ressurge em toda sua gloria, pronto para retornar a Haddonfield, e reiniciar seu reinado de terror.

Com certeza, Halloween é o retorno digno da franquia aos cinemas, após anos. É uma pena que Michael tenha passado por três experiências lastimáveis, antes de retornar do jeito que deveria. Mas tudo bem, o que importa é que ele está de volta, maior, melhor e mais assustador do que nunca. Recentemente, começaram a sair noticiais sobre duas continuações para o filme, que prometem encerrar definitivamente a historia de Laurie Strode e Michael Myers. A primeira, Halloween Kills, título esse que eu não consigo engolir, será lançada em 2020; a última parte, Halloween Ends, tem lançamento agendado para 2021. Vamos aguardar.

Enfim, Halloween é um filme excelente, que presta varias homenagens ao Clássico de John Carpenter, e à franquia. Maravilhoso. Assustador, sangrento, tenso. Um filme excelente.

Altamente recomendado.









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