NOTA: 10
ALIEN, O 8° PASSAGEIRO (1979) |
ALIEN, O 8º PASSAGEIRO é um
Clássico. Sem duvida, 40 anos depois de seu lançamento, ainda é um dos maiores
filmes de horror e ficção científica de todos os tempos, que juntou os dois
gêneros com maestria.
Mas, o que o torna um filme tão grande? Bom, a começar pela própria
história. Sem duvida, é um dos filmes mais tensos e claustrofóbicos já feitos,
e a própria ambientação contribui para isso. E não só isso; Alien é também um dos filmes mais
assustadores de todos os tempos, por esses mesmos motivos e também por contar
um roteiro tão bem amarrado, sem nenhuma ponta solta.
Devo dizer que Alien foi um
filme que me assustou muito quando era pequeno. Minha mãe tinha alugado o VHS,
e estava assistindo e me chamou e ao meu irmão para assistir uma cena; era a
famosa cena da “última ceia”, talvez a cena mais famosa do filme, que pega toda
a tripulação – e o elenco – de surpresa. Só essa cena já foi suficiente para me
assustar; tanto que saí correndo e voltei para o meu quarto. Anos depois, tive
vontade de ver o filme pela primeira vez, e não deu outra. É um filme
excelente.
Alien é perfeito, não há
duvida, seja pelo que já foi mencionado, seja pela direção segura de Ridley
Scott, seja pelo elenco, seja pelo monstro, enfim, não importa. O fato é que é
um desses filmes que devem ser vistos pelos fãs de cinema, independente do
gênero.
Não é só isso. O filme é também um marco nos gêneros de ficção
cientifica e terror, justamente porque conseguiu combinar esses gêneros muito
bem, tudo na medida certa. É possível ver claramente que até os primeiros 20,
30 minutos, trata-se de um filme de ficção-cientifica, justamente por causa da
ambientação, a nave Nostromo, mas é
apenas isso. Mesmo com poucas pistas – ou nenhuma – fica claro que o filme se
passa no futuro, um futuro muito distante, inclusive. Porém, ao invés de
possuir um aspecto limpinho, com a nave toda em ordem, a coisa é diferente. O
interior da nave é sujo, com peças defeituosas; não é uma nave “0 km”, é uma
nave que já possui anos de estrada.
Esse é um dos grandes destaques. O interior da nave é muito bem feito,
com suas maquinas modernas para a época, luzes piscando, equipamentos de
comunicação avançados... parece mesmo que aquela nave existe e que aquele
futuro existe. Mas não é apenas o interior da nave que merece nota. As cenas no
espaço também são muito boas, com a nave surgindo em toda sua grandiosidade,
com a câmera focando nos menores detalhes. Tudo belíssimo.
O elenco também contribui para o excelente desempenho do filme.
Formado principalmente por veteranos, com exceção de Sigourney Weaver e
Veronica Cartwright, é composto por personagens absolutamente realistas. É
possível acreditar que todos ali são pessoas reais, que entendem e sabem o que
estão fazendo ali dentro daquela nave. Nenhum dos atores está caricato, todos
atuam de maneira brilhante.
O roteiro, escrito por Dan O’Bannon, a partir de uma historia que
escreveu em parceria com Ronald Shussett, é um dos mais perfeitos do gênero.
Como já mencionado, durante os primeiros minutos, temos a impressão de que é um
filme de ficção-cientifica; porém, quando o tripulante Kane, interpretado pelo
saudoso John Hurt, é atacado, a coisa muda de figura, e o filme se transforma
em um filme de terror. Boa parte disso deve-se ao fato de esconderem o Alien
durante o filme inteiro. Sério. Assistindo ao filme, eu estimulei que, das duas
horas de duração, ele aparece umas seis vezes, mais ou menos. Claro, ele não é
apresentado logo no início, isso só
acontece mais adiante. Não sei se essa técnica de escondê-lo fazia parte do
roteiro ou se era uma saída encontrada pela equipe, mas, o fato é que funciona.
Muito bem.
Alien é um filme
claustrofóbico, não há duvidas. A própria ambientação da nave faz dele um filme
claustrofóbico, porque os personagens não têm para onde correr, depois que o
monstro é solto dentro da nave! Segundo a crítica da TV Guide, Maitland
McDonagh, o filme soluciona o maior problema das historias de casa mal-assombrada:
os personagens não têm para onde fugir! E a própria fotografia também
contribui. Toda a atmosfera e a paleta de cores escuras, deixam o filme ainda
mais claustrofóbico, e a experiência de assisti-lo, mais assustadora. De
verdade. Mesmo tendo assistido algumas vezes, não deixo de me sentir
desconfortável ao assisti-lo.
A ideia para Alien surgiu
após Dan O’Bannon realizar Dark Star (1974), filme de estreia
do amigo John Carpenter. O’Bannon tinha a intenção de fazer outro filme sobre
alienígenas dentro de uma nave, mas desta vez, queria que fosse uma criatura
real. Ronald Shussett entrou em contato com ele após assistir ao filme de
Carpenter. No entanto, eles seguiram caminhos diferentes. O’Bannon foi
trabalhar na adaptação do livro Duna, que viria a ser dirigida por
Alejandro Jodorowsky – mas que nunca aconteceu, como sabemos; Shussett, por
outro lado, estava envolvido na futura adaptação de O Vingador do Futuro, que acabou roteirizada por O’Bannon. Durante
a produção de Jodorowsky, O’Bannon conheceu o artista sueco H.R. Giger, e o
convenceu a se juntar ao projeto, após ver uma de suas obras. O’Bannon e
Shussett ofereceram o projeto a vários estúdios, mesmo não tendo finalizado o
roteiro. Quem demonstrou interesse em produzi-lo foi Roger Corman, mas o
produtor Walter Hill aceitou o desafio e levou a historia para a 20th
Century-Fox. Os executivos, por outro lado, mostraram-se relutantes, pois
temiam que poderia ser mais um filme de monstro espacial de baixo orçamento. O
que motivou a produção do filme, foi o sucesso de Star Wars, lançado pelo
estúdio em 1977. O’Bannon demonstrou interesse em dirigir, mas foi afastado,
dando lugar a Ridley Scott, que chamou a atenção do estúdio após seu trabalho
em Os Duelistas. A Fox cedeu um
orçamento de 8 milhões de dólares. As filmagens aconteceram na Inglaterra, num
período de três meses. Quando foi lançado, o filme tornou-se um sucesso de
critica de bilheteria.
Uma das questões mais comentadas sobre o filme, é o fato de que talvez
fosse o filme que deu a primeira heroína de ação para o cinema, no caso, a
Tenente Ripley, que fez de Sigourney Weaver uma estrela. Durante todo o filme,
fica claro que Ripley é a única que tem calibre para combater o Alien, além de
ser uma personagem forte, que não baixa a cabeça para nada e para ninguém.
Ripley é determinada, passa por cima das ordens do Capitão Dallas quando ele
lhe ordena que Kane seja levado a bordo após ser atacado; mas ela se recusa e
acaba comprando briga com os tripulantes. Ela também não se deixa enganar pelos
mecânicos Parker e Brett, e, após Dallas ser eliminado, ela assume o comando da
nave e sugere explodi-la com o monstro a bordo. Ou seja, é uma personagem
casca-grossa. Agora, se Alien é de
fato, um filme “feminista”, não sei dizer com certeza, mesmo vendo o quão forte
e determinada Ripley é. O debate permanece.
Agora, sobre a Criatura. Como mencionei acima, eu acredito que ela
aparece umas seis vezes no filme inteiro, mas essas 6 vezes são belíssimas. O
Monstro é um ser assustador. Alto, magro, com uma cabeça grande, sangue acido,
uma boca cheia de dentes afiados, um apetite insaciável, é uma das maiores
criaturas do cinema de todos os tempos. Um monstro implacável, que ninguém, absolutamente
ninguém consegue impedir. Desenhado por H.R. Giger, o monstro passou por varias
etapas até atingir sua forma final. Uma das alterações sugeridas por Giger foi
a ausência de olhos; segundo ele, se a criatura não tivesse olhos, ela seria
muito mais perigosa. E funcionou. É muito difícil, na verdade, impossível, imaginá-lo
com olhos hoje em dia. Quem também ajudou em sua confecção, foi o italiano
Carlo Rambaldi, mestre dos efeitos especiais. Rambaldi ficou responsável pela
cabeça do alienígena, que contava com cerca 900 partes moveis, entre elas, a
icônica boca em miniatura que se projeta para frente. Quem o interpretou foi um
estudante de design chamado Bolaji Badejo, que foi descoberto em um bar de
Londres. Em momento nenhum, dá para dizer que o monstro é um homem dentro de
uma roupa, pelo contrário, parece mesmo uma criatura de verdade. E todo o seu
design contribui para deixa-lo ainda mais misterioso, porque ele consegue se
esconder no interior da nave, imitando pedaços da estrutura, ou entrando em
buracos e fendas onde não caberia um ser humano. Ou seja, não se sabe onde ele
está. Um dos maiores monstros do cinema, sem duvida.
Alien tornou-se um sucesso
de bilheteria e agradou críticos do mundo inteiro. Em 1980, Giger, Rambaldi, Brian
Johnson, Nick Allder e Denys Ayling foram premiados com um Oscar® de
Melhores Efeitos Visuais pelo seu trabalho. O filme também foi indicado na
categoria de Melhor Direção de Arte, além de levar o Saturn Awards de Melhor
Filme de Ficção Científica, Melhor Direção e Melhor Atriz Coadjuvante. Em 2002,
foi escolhido pelo National Film Regisrty para preservação. O Alien possui a
14º posição na Lista dos 50 Maiores
Vilões do Cinema do American Film Institute, e Ripley ocupa a 8º posição na
Lista dos 50 Maiores Heróis do Cinema,
pela sequencia Aliens, O Resgate.
O sucesso do filme
motivou a Fox a produzir três continuações: Aliens, O Resgate (1986), dirigido
por James Cameron; Alien³ (1992), de David Fincher; e Alien, A Ressurreição (1997),
de Jean-Pierre Jeunet. Em 2012, Ridley Scott retornou a franquia com o ótimo Prometheus,
prequel estrelada por Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron e Guy
Pierce. Apesar de ser um divisor de criticas, eu gostei muito do filme. Scott
retomou a franquia também em Alien: Convenant, considerado por
muitos como inferior à saga. Tanto Prometheus como Alien: Convenant serviram
como prequels, e tinham como objetivo, contar a historia da franquia anos antes
do primeiro filme, e encerrá-la com outra sequencia, que antecederá diretamente
o primeiro. No entanto, o fracasso de Convenent parece ter abortado os
planos de Ridley Scott para continuar a saga. Veremos. Uma observação: eu gosto
muito de Alien³; na minha opinião, é um filme injustiçado, que foi
prejudicado por problemas de bastidores.
O filme também gerou
uma serie de livros, quadrinhos e jogos de videogame, que expandem seu universo
e contam novas historias, além de contar historias antes de algumas das
sequencias. Ou seja, Alien é uma
franquia lucrativa.
Em 1980, foi lançado um
filme italiano chamado Alien 2: Sulla
Terra, dirigido por Ciro Ippolitto. O filme não possui nenhuma relação com
o filme de Ridley Scott, mas é muito divertido. Dizem que o filme de Cameron
foi batizado de “Aliens” por causa dessa “sequencia” não oficial.
Enfim, Alien, O 8º Passageiro é um clássico.
Um dos maiores filmes de todos os tempos. Uma historia claustrofóbica de horror
que não deixa o espectador respirar. Um dos Filmes Mais Assustadores de Todos
os Tempos. Um filme inesquecível. Excelente.
Altamente recomendado.
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