sexta-feira, 10 de abril de 2020

HELLRAISER (Clive Barker).


NOTA: 10



HELLRAISER
HELLRAISER é um livro assustador, visceral, sangrento e excelente.

Escrito por Clive Barker nos anos 80, é um dos melhores livros de terror que já tive o prazer de ler. Eu havia comprado a minha edição – lançada pela DarkSide Books – em uma Bienal do Livro, há alguns anos, mas não tive a oportunidade de ler. Bem, já corrigi esse erro.

O livro é excelente. Uma obra assustadora e violenta, repleta de sangue e sexo, tudo combinado de maneira brilhante. Mas, na verdade, a historia não é nova para mim.

Eu já havia visto o filme algumas vezes, e realmente, é um clássico do terror. Porem, eu não sabia que o longa era baseado em um livro, achei que era um roteiro original de Barker – mesmo porque isso não é mencionado nos créditos. Só fui descobrir que Pinhead e sua turma surgiram na literatura quando a DarkSide lançou o livro aqui no Brasil, mais detalhes adiante. E não tive duvidas. Eu tinha que adquirir esse livro. Bom, dito e feito.

Conforme mencionei em outras resenhas, existem autores que não precisam escrever um calhamaço de mil páginas para contar uma boa historia; claro, existem aqueles que o fazem, mas ao meu ver, não contam nada – salvo exceções. Hellraiser é um exemplo de livro curto que tem muita historia para contar. E que historia.

Como foi meu primeiro contato com a obra literária de Clive Barker, não sei ao certo como ele aborda seus temas, ou qual a linguagem que ele utiliza para tal, mas, posso dizer o seguinte: Barker é um gênio. Esta é uma das historias de horror mais originais já criadas nos últimos tempos – tanto o livro quanto o filme – e uma das melhores também. Logo no primeiro capitulo, Barker foi ao ponto: apresentou o vilão da historia, contou sobre o que ele gosta e sobre quem ele é, e também apresentou os Cenobitas, os seres que habitam outra dimensão, e podem ser invocados pela Caixa de Lemarchand, um pequeno quebra-cabeça que possui um papel importante na historia. E também Barker não faz cerimonia, e mostra que a historia é visceral e repleta de conotações sexuais, isso já no inicio. A primeira vez que Frank usa a caixa e surge um dos Cenobitas, é apavorante; muito disso vale pela descrição. Barker descreve muito bem as ações e os cenários, e faz a gente que acreditar que tudo aquilo é real, além de tornar fácil a visualização de tudo.

O texto é visceral. Barker escreve as cenas de horror com grande maestria, e não fica difícil para o leitor fazer caretas enquanto lê o livro; caretas de nojo, mesmo. Eu cheguei a fazer algumas durante a leitura. E existe motivo. Não me lembro de ter lido algum livro com cenas de morte e tortura tão pesadas e violentas, muito mais do que os torture-porn da vida; corpos mutilados, ganchos, desmembramentos... Um prato cheio para os fãs do horror. Isso sem falar do conteúdo sexual. Esqueça 50 Tons de Cinza! Assim como o terror é visceral, o sexo, também. As cenas de sexo fazem qualquer livro adulto de hoje parecer historia de criança. Sério. Muito bem escrito.

Quem é fã de Hellraiser sabe que os filmes se resumem a um grupo de personagens: os Cenobitas, liderados pelo inesquecível Pinhead. Pois bem, quem já viu os filmes, sabe que eles foram apresentados no primeiro filme, lançado em 1987. E em toda sua gloria. Aqui, no livro, não tão diferente assim. Como mencionado acima, Barker apresenta um deles logo no primeiro capitulo da historia, mas só reserva espaço para eles brilharem novamente, mais adiante. Mas não tem importância. Mesmo sendo identificados pelo nome, é fácil saber quais Cenobitas estão presentes no livro. Eu acredito que sejam o Pinhead e a Fêmea, com base nos diálogos, muito parecidos com os diálogos do filme.

Os outros personagens também são muito bons, principalmente a Kirsty, que se tornou a “final-girl” do primeiro filme. Bem, assim como no filme, aqui ela está ótima, e poderia ser a protagonista da historia sem esforço, mas, eu acredito que quem protagoniza a historia de fato sejam o Frank e a Julia. Apesar de não aparecer muito, Frank é um personagem perturbador, tanto na forma humana, e quando retornada dimensão dos Cenobitas. Inclusive, eu acredito que ele volta muito pior da dimensão dos Cenobitas. O mesmo não pode ser dito de Rory, seu irmão, que, infelizmente, não é tão interessante, e é quase um personagem apagado. E, ao contrario do filme, aqui, Julia está ótima. Desde que surge pela primeira vez, ela não esconde sua personalidade: amargurada, arrependida de ter se casado com Rory, e completamente devota e submissa a Frank.

Sobre a edição lançada por aqui pela DarkSide, o seguinte. Como sempre, a editora caprichou no lançamento, e fez um trabalho excelente. O acabamento é maravilhoso, com todos os detalhes que remetem ao filme; a tradução está excelente, e a formatação também, e não atrapalha a leitura. Sem duvida, a DarkSide Books é uma editora que respeita e ama seus fãs, e traz sempre produtos de qualidade.

Como todos sabem, Clive Barker acabou adaptando seu livro para o cinema em 1987, um ano depois da publicação original. O filme é, sem dúvida, um Clássico do Terror, que deu origem a um dos personagens mais queridos do gênero: Pinhead.

Enfim, Hellraiser é, sem duvida, um excelente livro de horror. Uma historia visceral de sangue e sexo, combinados de maneira brilhante. Uma historia perturbadora e violenta, mas escrita com maestria. Uma das historias de horror mais originais que já li. Maravilhoso.

Altamente recomendado.





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