terça-feira, 2 de junho de 2020

´SALEM (Stephen King).


NOTA: 10



'SALEM
Acredito que a primeira vez que ouvi falar em Salem’s Lot, segundo livro do autor Stephen King, foi em um documentário sobre a vida do autor, onde o livro foi mencionado pelo título que recebeu por aqui anteriormente, A Hora do Vampiro. A segunda vez foi com a adaptação para TV dirigida por Tobe Hooper.

A existência da adaptação me motivou a querer ler o livro, mas, na época, já não estava mais disponível. Foi só recentemente que adquiri a minha edição, agora lançada pela Editora Suma com o título ‘SALEM, e esse ano, resolvi sentar para ler. Dito e feito.

‘Salem é excelente. É uma das melhores historias de vampiro que já li, e um dos melhores livros de Stephen King, e já é um dos meus favoritos.

Quem conhece Stephen King, sabe que vários de seus livros são dignos de nota, pelo simples fato de serem muito bem escritos. Não há duvidas que o autor é um mestre na arte da escrita, e um excelente contador de historias, e ‘Salem é mais uma prova disso. É um livro maravilhoso, com narrativa envolvente e muito bem amarrada, que prende o leitor desde a primeira página. E, além disso, é muito assustador.

Em minha opinião, a cena mais assustadora é a cena do cemitério, onde um dos personagens é atacado por um dos primeiros vampiros. A cena mais arrepiante é a segunda cena da janela, que acontece com o personagem do garoto. Melhor não dizer mais nada, para não entregar spoilers.

Seja como for, o fato é que todos os personagens do livro são críveis, como se fossem pessoas de verdade. Esse é um dos grandes trunfos do autor, a capacidade de criar personagens que se parecem com as pessoas que vemos no nosso dia-a-dia. E não apenas os personagens, o cenário também.

Meus momentos favoritos são quando o autor descreve para nós a cidade de Jerusalem’s Lot e seus habitantes. Durante a leitura, eu pude me ver dentro daquela cidade, interagindo com as pessoas, de tão realista que é a descrição. É o tipo de coisa que o autor faz com brilhantismo e perfeição.

Como já havia assistido à adaptação de Tobe Hooper, não foi difícil visualizar os personagens conforme apresentados na minissérie, nem algumas cenas do livro que entraram na mesma, duas em especial.

Conforme comentou em um programa de TV, o autor é fã do vampiro clássico, e aqui ele pôde prestar as homenagens; os vampiros aqui presentes dormem em caixões, têm medo de crucifixos, não saem durante o dia, são monstruosos, e devem ser convidados para entrar em um recinto. Mais clássico impossível. Também não foi difícil visualizá-los como foram retratados na minissérie.

Mas o melhor de todos, é o Mr. Barlow, o vilão da historia. Ao contrario da versão apresentada na minissérie de Tobe Hooper, aqui, Barlow é um aristocrata europeu, charmoso, elegante, articulado. Quase um Drácula do século XX. Aliás, não lembro onde foi, mas eu li que o autor Stephen King fez de ‘Salem sua própria versão do livro de Bram Stoker. E funcionou, e muito bem.

Além da excelente adaptação de Tobe Hooper, lançada em 1979, ‘Salem também recebeu outra adaptação, também para TV, em 2004. Na época em que vi pela primeira vez, confesso que achei um ótimo filme, principalmente por causa dos vampiros; mas, hoje em dia, considero um filme bem fraco. Recentemente, foi anunciado que uma nova adaptação, desta vez para o cinema, está em desenvolvimento, com James Wan envolvido. Vamos aguardar.

Enfim, ‘Salem é um livro excelente. Uma historia de horror muito bem contada, e bem amarrada, onde tudo se encaixa. A escrita de Stephen King é magistral, e prende a atenção e envolve o leitor, do começo ao fim. Uma clássica historia de vampiro, com todas as características e homenagens à literatura do gênero. Uma trama arrepiante e sangrenta, com cenas dignas de causar pesadelos. Um dos melhores livros de Stephen King, com certeza. Maravilhoso. Altamente recomendado.




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segunda-feira, 1 de junho de 2020

A MANSÃO DA MEIA-NOITE (1983). Dir.: Pete Walker.


NOTA: 9



A MANSÃO DA MEIA-NOITE (1983)
A MANSÃO DA MEIA-NOITE é um dos melhores filmes de casa mal assombrada que já tive o prazer de conferir.

Lançado em 1983, foi produzido pela extinta Cannon Group, Inc., na época já sob a tutela da dupla Menahem Golan e Yoran Globus, que assumiram as rédeas em 1979. Mas, além de ser um dos melhores filmes de casa mal assombrada, é também o filme que marca a reunião dos quatro astros da segunda fase do horror clássico: Christopher Lee, Peter Cushing, Vincent Price e John Carradine. Se fosse só por isso, o filme já merecia destaque. Mas não é só por isso.

Do meu ponto de vista, o filme pode ser também um dos últimos – senão o último – representantes do Cinema de Terror Gótico, visto que a ambientação contribui para isso.

Outra coisa que também torna este um filme digno de nota é sua narrativa, que foge completamente da narrativa de casa mal assombrada – justamente por não conter nenhum fantasma – e brinca também com narrativa de mistério e assassinato. E todos esses elementos combinados, aliados ao roteiro sagaz, contribuem, e muito, para o excelente desempenho do filme.

Como em todo filme de casa mal assombrada, a ambientação é muito importante, e aqui, todas as características estão presentes. A Mansão é um lugar velho, abandonado, onde as teias de aranha tomaram conta, cobrindo as paredes, as janelas e as escadas; os moveis são cobertos por panos e lençóis, e a poeira parece saltar deles sem a menor dificuldade; e ratos andam pelos cômodos a esmo. Ou seja, o clássico cenário para um filme do gênero, do jeito que acontecia nos filmes de terror de antigamente. Perfeito.

E como representante do Terror Gótico, o clima é cheio de mistério, até mesmo antes do protagonista, o escritor Kenneth Magee, chegar à Mansão para escrever seu livro. A cena da estação de trem é digna de provocar arrepios, principalmente quando uma velha surge e desaparece logo depois. E o mistério perdura a medida que o filme avança, justamente por causa dos personagens que vão entrando na casa, personagens esses, interpretados pelos clássicos Mestres do Terror. O maior mistério da narrativa é a face de um descendente da antiga família que morou na Mansão, cujos atuais representantes, interpretados pelos astros, estão reunindo para um jantar. Tudo o que se sabe é que ele está escondido em algum lugar e está eliminando um por um. É também uma historia de mistério com as mortes acontecendo das maneiras mais assustadoras e inesperadas.

Ainda sobre a ambientação, outra sensação que o filme passa é a claustrofobia, também muito comum no gênero. Mesmo não contando com muitos corredores apertados e quartos selados, a sensação é transmitida, uma vez que os personagens estão presos e não podem sair. É também o tipo de cenário que faz parte do gênero.

E também sobre o roteiro. Além de entregar cenas verdadeiramente assustadoras, existem também algumas cenas que beiram ao cômico, principalmente quando os quatro astros estão juntos em cena; e para finalizar, entrega dois plot-twists eficientes.

Mas nada disso se compara a ver os quatro astros do Terror juntos. De verdade. É muito lindo vê-los juntos no mesmo filme, interagindo como grandes amigos que eram. É impossível separar o melhor, porque todos estão perfeitos em seus papeis, e quando eles surgem, a emoção é ainda maior. Com toda certeza não poderia haver elenco melhor. Os outros atores, principalmente Desi Arnaz Jr. – que, aliás, está idêntico ao pai –, também estão muito bem e entregam performances convincentes. Mas, novamente, os quatro veteranos do terror carregam, e maravilhosamente, o filme nas costas.

O curioso é que a dupla de produtores queria fazer um filme de terror com Bela Lugosi e Boris Karloff, mas não sabiam que ambos já haviam falecido.

No entanto, apesar de ser belíssimo ver os veteranos do horror juntos, é também muito triste, porque, infelizmente, todos já se foram, e levaram consigo, o legado do cinema de horror clássico. John Carradine faleceu em 27/nov/1988; Peter Cushing, em 11/ago/1994; Vincent Price, em 25/out/1993; e Christopher Lee em 7/jun/2015. Eu apenas acompanhei a noticia do falecimento de Christopher Lee, e foi um grande choque, receber a noticia.

É inquestionável a importância de todos eles para o Terror, e cada um, a sua maneira, deixou sua contribuição para o gênero e deixou seu nome gravado para sempre.

Foi lançado em DVD por aqui na coleção Obras-Primas do Terror Vol.7, da Versátil Home Vídeo, em versão restaurada.

Enfim, A Mansão da Meia-Noite é um filme excelente. Um dos melhores filmes de casa mal assombrada, e um dos últimos representantes do Terror Gótico. Uma historia cheia de mistério e pavor, contada de maneira eficiente. Um filme que contou com os quatro veteranos do terror em seu elenco: Christopher Lee, Peter Cushing, Vincent Price e John Carradine. A reunião dos astros é um chamariz para todos os fãs do terror. Assustador. Arrepiante. Divertido. Altamente recomendado.


Créditos: Versátil Home Vídeo



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