NOTA: 10
Em 1984, quando lançou A Hora do Pesadelo, Wes Craven não sabia o quão importante seu
filme seria para o gênero, e o quão popular o seu vilão, o assassino Freddy
Krueger, se tornaria ao longo dos anos. O sucesso do primeiro filme motivou os
donos da New Line a transformar o filme em uma franquia.
Em 1994, Wes Craven lançou O NOVO PESADELO DE WES CRAVEN, também conhecido como O Novo Pesadelo – O Retorno de Freddy Krueger.
Bom, vou ser sincero aqui. Este é o meu filme
favorito da franquia, simplesmente porque foi o que eu mais aluguei na
locadora, no VHS da saudosa América Vídeo. Também foi o meu primeiro contato
com a franquia e com o personagem, por isso tenho um carinho especial por esse
filme.
Além de ser o meu favorito da franquia, este é também
o melhor depois do primeiro, na opinião de muitos fãs do terror e também dos
fãs da própria franquia. Talvez o principal motivo seja o retorno de Craven,
que resgatou o clima de ambiguidade do primeiro filme, além de trazer o vilão
na sua forma maligna, sem o humor negro dos filmes anteriores; fora o novo
design do vilão, que na minha opinião, é o melhor desde o segundo filme.
Aqui, Craven mostra que realmente é o dono da
franquia, com sua direção madura e inspirada, e um roteiro metalinguístico extraordinário,
onde o diretor apresenta uma justificativa para o vilão, transformando-o em uma
entidade maligna que se libertou após o último filme da franquia, e agora, está
a solta no mundo real. Eu confesso que quando assisti a esse filme pela
primeira vez, eu estranhei essa ideia, porque não sabia nada sobre
metalinguagem, então, para mim, era muito estranho ver o próprio diretor do
filme interagindo com os atores e dirigindo o filme dentro do filme. Mas hoje
em dia, eu abraço essa ideia e considero uma grande sacada, até porque, depois
do desastroso filme anterior, não vejo qual caminho satisfatório a franquia poderia
tomar.
Mas, enfim, o fato é que temos aqui uma espécie de
retorno às origens, com várias homenagens à franquia, principalmente ao
primeiro filme, desde o retorno de John Saxon à cena do hospital que repete a
primeira cena de morte do primeiro filme.
O roteiro de Craven é certeiro, porque ao mesmo tempo
que fala de metalinguagem, mistura elementos do filme original, quase
transformando-o em um filme da franquia mesmo, com o retorno de Nancy e dos
demais personagens. Aliás, acho que se fosse um filme metalinguístico, poderia
ser uma sequência direta do original, visto que tanto Nancy quanto o tenente Thompson
retornam. Inclusive, seria muito interessante ver Nancy crescida, casada, sendo
assombrada por Freddy, assim como Heather é assombrada por ele e por um fã
louco ao longo do filme.
Além da questão da metalinguagem, Craven também faz
uso de alguns incidentes que aconteceram, como a presença dos terremotos, que
inclusive, causaram terríveis desastres em L.A. durante as gravações, além da
ideia de um fã louco perseguindo Heather, algo que realmente aconteceu com a
atriz após o primeiro filme. Essa questão do fã louco até teria uma solução nos
primeiros rascunhos do roteiro, mas o diretor optou por não resolve-la.
Como mencionado acima, o filme é recheado de participações
de atores envolvidos na franquia ao longo dos anos. Na cena do funeral, temos
uma ponta de Nick Corri, que interpretou Rod no primeiro filme, além de Tuesday
Knight, que interpretou Kirsten no quarto filme. Temos também uma ponta de Lin Shaye,
aqui como uma enfermeira; além do próprio Robert Shaye. Dizem que Craven cogitou
até chamar Johnny Depp, mas após vê-lo no filme anterior, retirou a proposta. Ao
que parece, o ator ficou chateado ao saber que não iria participar do filme... Seria
legal tê-lo aqui também, talvez interpretando a si mesmo ou outro personagem...
Enfim. Além do elenco, temos também a volta da casa da personagem, algo
recorrente na franquia.
Mas o melhor de tudo, sem dúvida, é o vilão. Aqui, Craven
optou por dar uma nova roupagem a ele, a fim de combinar com a ideia de se
trata de uma entidade. Então, ao invés do rosto deformado, temos uma pele quase
rasgada, com os músculos em evidencia, além de uma nova luva, com detalhes que
lembram uma mão esquelética, desta com cinco garras; e desta vez, juntamente
com seu suéter vermelho e verde, o vilão recebeu também um sobretudo, que
combinou com ele. E conforme mencionado, o vilão perdeu o humor negro. O visual
do vilão foi novamente criado por David Miller, e, conforme mencionei, é o
melhor desde o segundo filme. No começo do filme, temos uma ponta do ator Matt Winston,
filho do saudoso Stan Winston, interpretando um técnico de efeitos especiais,
mais uma sacada do roteiro.
Além de interpretar o vilão, o ator Robert Englund também
interpreta a si mesmo, numa rara presença sem maquiagem, tirando a cena do
talk-show, onde aparece com um visual parecido com o visual do primeiro filme. Nessa
cena, temos também a repetição da clássica frase: “You are all my children now!”,
que o vilão diz no segundo filme, mais um tributo à franquia.
Conforme mencionado na resenha de A Hora do Pesadelo 3, Craven tinha a
ideia de trazer a metalinguagem para aquele filme, mas a ideia foi descartada. Então,
quando foi convidado para fazer um novo filme, ele primeiro assistiu a todos
antes de finalmente apresentar essa ideia. Curioso.
O filme é recheado de cenas que para mim são antológicas,
como a já mencionada cena do hospital, além de cena da rodovia, minha segunda
favorita. Além dessas cenas, eu gosto também do confronto final, que acontece
em um tipo de inferno dos sonhos. A derrota do vilão aqui é minha favorita também.
O Novo Pesadelo
de Wes Craven estreou em 14/ou/1994. Apesar as críticas, não foi um sucesso
de bilheteria, o que enterrou a franquia nos cinemas. Dois anos depois, Wes Craven
ressuscitaria o terror mais uma vez com Pânico,
que trouxe o gênero slasher de volta.
A franquia foi lançada no Brasil em VHS, DVD e Blu-ray
ao longo dos anos, mas atualmente está fora de catálogo.
Enfim, O Novo Pesadelo
de Wes Craven é o melhor filme da franquia depois do primeiro. O retorno de
Wes Craven garante momentos de nostalgia, além de várias homenagens à franquia.
O vilão Freddy Krueger também retorna em nova roupagem, com toques de sadismo e
sem o humor negro. Vários atores também retornam, o que deixa o filme ainda
melhor, além das cenas memoráveis. Meu favorito da franquia. Um filme excelente
e um fechamento digno para a franquia.
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