NOTA: 10
Em 1981, o diretor Sam Raimi lançou Evil Dead – Uma Noite Alucinante I – A
Morte do Demônio, que se tornou um dos maiores clássicos do cinema de
horror de todos os tempos.
O primeiro filme de terror a gente não esquece, não
é? Qual foi o primeiro de vocês? O meu foi UMA
NOITE ALUCINANTE 3, que encerra a famosa Trilogia Evil Dead, do diretor Sam
Raimi, com Bruce Campbell no papel de Ash.
Eu devia ter uns 5 anos quando assisti a esse filme
pela primeira vez, provavelmente na TV, e ao invés de me assustar, eu me senti
fascinado pelas coisas que vi na tela, principalmente aqueles esqueletos com
espadas e escudos, lutando contra o castelo inteiro; e juntamente com isso,
algumas outras cenas ficaram na minha cabeça por anos: Ash dentro do poço; o
olho saindo de seu ombro; os esqueletos saindo das tumbas e agarrando-o com as
mãos... Foi o meu primeiro filme de terror, sem duvida. Por isso, tem um lugar
muito especial no meu coração.
Não há duvidas que a Trilogia Evil Dead é conhecida
pelo enredo na cabana nas montanhas, mas, Uma
Noite Alucinante 3 se difere dos demais por levar a trama para o século
XIV, conforme visto no final de Evil
Dead II. Esse é o grande mérito do filme, porque, naquela altura, com
certeza, não havia mais o que fazer com a trilogia, porque apostar na cabana na
floresta e possessão pela terceira vez não seria legal; então, a ação foi
transportada para a Idade Média, e, ao invés de espíritos possessores, temos
aqui o Exército dos Deadites, composto por esqueletos e cadáveres em
decomposição.
Não teria como dar errado, e de fato não deu. E
justamente é o grande atrativo do filme, essa mudança de ares. Talvez até
pareça estranho, principalmente por causa do título original – Army of Darkness – mas para os fãs isso
não incomoda, como é o meu caso. Pelo contrario, é até muito legal ver a
mudança de ares da trilogia a partir desse filme, porque, realmente, não havia
mais para onde ir.
E assim como Evil
Dead II, esse aqui começa com um repeteco dos eventos do filme anterior –
aqui, no caso, tudo precisou ser filmado de novo por questões de direitos
autorais; apenas o final do filme anterior é mostrado – para deixar o
espectador atento e a par do que aconteceu anteriormente. Passado o flashback,
somos levados até o filme de verdade. E novamente, outra atriz interpretou
Linda, aqui no caso, foi a atriz Bridget Fonda. E aqui as mudanças continuam.
A principal, sem duvidas, é no tom da franquia, que, apostava
no terror de verdade, principalmente o primeiro filme. Aqui, temos a alteração
para a comédia de fato, com cenas carregadas no humor negro: Ash e suas versões
minúsculas; a batalha contra os Deadites, entre outras. Pessoalmente, eu não
vejo problemas, porque no filme anterior nós já tivemos uma pitada de humor, e
de certo, seria outra coisa que não teria como mudar. O tom de humor funciona
muito bem, e se tornou uma característica do próprio diretor, e passou também
para a série de TV. As cenas são engraçadas, mas pessoalmente, não são daquelas
cenas de arrancar gargalhadas, mas divertem muito.
Mas, vamos falar também das diferentes versões do
filme. Não sei qual foi o motivo que levou o filme a ter duas versões
diferentes – Versão de Cinema e Versão do Diretor – mas as duas são
maravilhosas, mesmo com suas diferenças. A Versão do Diretor é a mais completa,
com sequencias e diálogos estendidos e alternativos; já a Versão de Cinema
também tem cenas e diálogos alternativos, mas alguns estão incompletos, principalmente
nas sequencias do moinho e da batalha no castelo; e claro, temos os famosos
finais: a Versão do Diretor termina com um final apocalíptico; enquanto que a
Versão de Cinema termina na loja S-Mart. Na minha opinião, as duas versões são
maravilhosas, mas se for para escolher, eu prefiro mais a Versão do Diretor.
Curiosamente, pelo que me lembro, a versão em VHS optou por juntar as duas.
Estranho... Corrijam-me se eu estiver errado.
Independente das versões, é possível ver que aqui
temos um Evil Dead com mais orçamento, visto o cenário do cenário e os demais
efeitos especiais dos monstros. Temos aqui de tudo: marionetes, maquiagem e
fantasias, tudo muito bem feito. Os efeitos dos esqueletos são os melhores e
misturam de tudo isso, sendo o Stop-Motion e as marionetes os principais. Além
dos esqueletos, temos também a presença reduzida os demônios possessores e
novos monstros, além, é claro, da entidade sem rosto que percorre a floresta, e
do vilão principal, aqui, uma versão do Mal do protagonista, também
interpretado por Bruce Campbell. Os efeitos especiais foram criados pela KNB
Effects e por Tony Gardner, nomes conhecidos no gênero do terror.
O vilão principal é um dos atrativos do filme, e de
longe, é muito diferente do que já vimos nos filmes anteriores. Diferente
porque eu pessoalmente não o considero demoníaco o bastante; ao contrario, é um
grande palhaço que garante momentos divertidos.
Conforme mencionado acima, Uma Noite Alucinante 3 tem muitas cenas memoráveis para mim, mas as
minhas favoritas são a marcha dos Deadites ao castelo, acompanhado pelo tema
musical de Danny Elfman; e a ressureição do vilão principal, num super close de
seu rosto.
Antes de encerrar, a Trilogia Evil Dead tem o seu
lugar no hall dos filmes de terror de todos os tempos. Todos – principalmente
os dois primeiros – são altamente avaliados por sites críticos lá fora e os
dois primeiros tem seu lugar na galeria dos filmes de terror mais importantes
de todos os tempos. Graças à trilogia, o diretor Sam Raimi hoje tem status em
Hollywood e como sabemos, conseguiu dirigir a trilogia do Homem-Aranha e o novo
filme do Doutor Estranho. Além da trilogia, temos também a série Ash VS Evil Dead, que se encontra
disponível na Netflix. Talvez ainda esse ano, seja lançado o quarto filme da
franquia, Evil Dead Rise, que não
contará com Sam Raimi na direção e nem Bruce Campbell no elenco, mas ambos
estão envolvidos na equipe de produção.
Foi lançado em Blu-ray no Brasil pela Obras-Primas do
Cinema com as duas versões, na coleção Trilogia
Uma Noite Alucinante, em edição caprichada recheada de material extra.
Atualmente, a coleção está fora de catalogo, mas a distribuidora anunciou o
lançamento da trilogia em DVD ainda nesse ano.
Enfim, Uma
Noite Alucinante 3 é um filme excelente. Divertido, assustador, com cenas
memoráveis e momentos de comédia que mudam o tom da franquia. Novamente, a
direção e o estilo de Sam Raimi são um dos atrativos, além da presença de Bruce
Campbell em papel duplo. Temos aqui novos monstros, além de esqueletos animados
em Stop-Motion carregando espadas. Um filme memorável para mim, que tem um
lugar especial em meu coração. Excelente. Maravilhoso. Altamente recomendado.
Créditos: Obras-Primas do Cinema |
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