segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

O EXORCISTA (1973). Dir.: William Friedkin.

 

NOTA: 10



Existem filmes que são atemporais. Isso se refere a todos os filmes de todos os gêneros, inclusive aos filmes de terror.

 

O EXORCISTA, dirigido por William Friedkin, é um desses casos. Desde o seu lançamento, em Dezembro de 1973 – há 50 anos – ,o filme mantem o seu impacto até hoje como o maior filme de terror de todos os tempos.

 

Mas o que eu posso dizer a respeito desse filme, que não tenha sido dito anteriormente por outras pessoas ao longo dos anos?

 

Bom, acho que posso começar pelo obvio, não é? É um filme excelente. Mas por que é um filme excelente? Por vários motivos, principalmente no que diz respeito à técnica.

 

O filme foi dirigido por William Friedkin, um dos grandes nomes da Nova Hollywood, a partir de um roteiro de William Peter Blatty, baseado em seu livro.

 

Friedkin era um diretor milenar e soube empregar suas técnicas na direção do filme e faz isso muito bem. O cineasta fez uso de ângulos e movimentos de câmera criativos para criar as cenas, a partir de câmera na mão e mecanismos até então inéditos no cinema.

 

Além disso, ele soube criar cenas verdadeiramente tensas, aos poucos, até culminar na sequencia do exorcismo, que com certeza é a mais lembrada até hoje.

 

Minha historia com esse filme começou por causa da minha mãe, que assistiu a ele no cinema e se impressionou muito, tanto que ficou com muito medo, por anos. Acredito que a primeira vez que soube desse filme, foi no vídeo de comemoração de 75 anos da Warner Bros., onde foram exibidos diversos clipes de vários filmes do estúdio. Não me lembro o que aconteceu depois, mas eu descobri que a minha mãe havia assistido no cinema e tinha medo dele. Ao longo dos anos, a presença do filme foi proibida em casa, por vários motivos, até que em 2001, quando compramos nosso primeiro aparelho de DVD, a minha mãe alugou esse filme. Eu não consegui assistir a ele por completo, mas a sequencia do exorcismo me assustou muito. Ao longo dos anos, eu consegui assistir a ele por completo, e atualmente, faço isso todo ano, no mês de Outubro.

 

Mas antes de voltar a falar sobre o filme, devo dizer que essa resenha corresponde à chamada Versão que Você Nunca Viu, lançada no ano 2000, com cenas adicionais, que é a que estava disponível no mercado até recentemente.

 

Dado o recado, vamos continuar.

 

Conforme mencionei acima, o diretor William Friedkin constrói a tensão aos poucos, apostando mais no desenvolvimento dos personagens e das cenas, apresentando um pouco de terror, depois voltando a cenas dramáticas, e depois voltando para o terror, até chegar, como eu disse, na sequencia do exorcismo.

 

Ou seja, O Exorcista é contado na técnica slowburn, que é uma técnica que me chama muito a atenção, porque ajuda a criar a tensão com mais maestria e até naturalidade. Não que apresentar o terror nos primeiros cinco minutos não funcione, até funciona, mas depende do filme.

 

Outra coisa que chama a atenção é o elenco. Todos os atores estão muito bem, sem atuações exageradas ou caricatas. Quem merece destaque, com certeza, é a atriz Linda Blair, no papel mais famoso da sua carreira. A jovem atriz passa tudo aquilo que estava presente no roteiro, aliado à direção de Friedkin, e claro, os efeitos especiais de maquiagem. A jovem Regan é uma das personagens mais emblemáticas do cinema de horror de todos os tempos, sem duvida.

 

O roteiro de William Platty também é um ponto positivo. O roteiro possui umas três ou quatro histórias paralelas, que se entrelaçam com maestria, principalmente a trama do Padre Karras, que quase se torna a trama principal, porque, de acordo com o diretor Friedkin, o personagem de Jason Miller era o verdadeiro alvo do demônio; então, tudo que acontece na tela, é apenas um pretexto para atrair Karras e testar sua fé.

 

Os efeitos especiais também merecem destaque, criados pelo mestre Dick Smith. De acordo com o maquiador, ele fez vários testes até chegar ao resultado que vemos na tela, porque a maquiagem foi um desafio para ele. Até hoje, os resultados impressionam e assustam, e criaram uma das imagens mais icônicas do cinema de horror de todos os tempos.

 

Uma das questões mais pesadas do filme, é a historia do Padre Karras com sua mãe, sem duvida. É possível perceber que Karras não aguenta aquela situação, que se tornou um peso enorme para ele, principalmente porque a mãe está doente e mora sozinha. Toda vez que vejo essa historia no filme, com base em experiências pessoais, eu sinto que tudo aquilo é muito pesado para ele.

 

O Padre Merrin é outro personagem que merece ser mencionado, graças à interpretação afiada do ator Max von Sydow. A sequencia de apresentação do personagem, no Norte do Iraque, é muito boa, porque o que a gente precisa saber sobre ele, que ele é um padre mas também é um arqueólogo, e que está doente. Uma das melhores, é quando ele encontra a cabeça do demônio enterrada na terra e sua expressão facial muda na hora; e a cena final desse prologo, quando ele encontra a estátua do seu antigo inimigo, é muito boa e muito assustadora, principalmente por causa da imagem do demônio.

 

A atuação da atriz Ellen Burstyn também é muito boa, e a atriz passa toda a dor e angustia que estão presentes no roteiro, em conjunto com a direção de Friedkin. É possível perceber que aquela mãe está sofrendo com a situação da filha, e não sabe o que fazer. Primeiramente, ela leva Regan à vários médicos, mas eles não identificam nenhum problema, e enquanto isso, as manifestações demoníacas continuam; finalmente, após perceber que não há nada de errado fisicamente com Regan, ela decide procurar um padre para realizar um exorcismo, reapresentando assim, o Padre Merrin.

 

O Exorcista faz parte de uma leva de filmes que são considerados amaldiçoados, por causa de diversos fatores, acidentes e mortes que ocorreram no set de filmagem, como por exemplo, o incêndio que aconteceu um dia no set, onde apenas o quarto de Regan foi poupado, o que obrigou o diretor Friedkin a chamar um padre para abençoar os sets. Não vou entrar em mais detalhes porque acredito que não se deve mexer em um vespeiro como esse.

 

Para encerrar, vou mencionar a grande sequencia do exorcismo. Ela é, sem dúvida, a melhor sequencia do filme, onde tudo aquilo que foi apresentado aos poucos levou à ela. O que a torna assustadora é justamente a técnica de direção de Friedkin. O diretor optou por mantê-la dentro do quarto, com os padres fazendo o que podem para exorcizar o demônio de Regan, o que leva à tragédia que todos nós conhecemos. Mas é uma sequencia que impressiona e assusta é hoje, por causa de tudo que acabei de falar aqui. É uma das sequencias mais emblemáticas do cinema de horror de todos os tempos.

 

Foi lançado em Dezembro de 1973 e se tornou um campeão de bilheteria, tendo sido indicado a 10 Oscars®, mas no entanto, levou apenas dois, após um boicote armado pelos membros mais velhos da Academia. Além das indicações ao Oscar®, recebeu também indicações ao Globo de Ouro, tendo levado quatro, entre eles, o de Melhor Filme Drama. Até hoje, é considerado um dos maiores filmes de todos os tempos.

 

Está fora de catalogo há muitos anos, mas lá fora, foi recentemente lançado em Blu-ray 4k, numa celebração aos 100 anos dos estúdios Warner.

 

Enfim, O Exorcista é um filme excelente. Um filme muito bem feito, com a técnica milenar e criativa de William Friedkin, aliado a um roteiro afiado e um elenco inspirado. As atuações são excelentes, e nenhum dos atores está atuando de forma exagerada e caricata. Os efeitos especiais também são o grande destaque, principalmente os efeitos de maquiagem de Dick Smith, que criou uma das imagens mais icônicas do cinema de horror. Sem dúvida, o maior filme de terror de todos os tempos, e um verdadeiro clássico. 



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