NOTA: 9.5
DOM CASMURRO |
Capitu traiu Bentinho?
Essa é a pergunta que todos nós, que já lemos o livro de Machado de
Assis alguma vez na vida, sempre fazemos. Qual o objetivo do autor ao escrever
essa obra? Bem, eu sinceramente não sei. O que eu sei é que até hoje, DOM CASMURRO é motivo de discussões.
Mas é só isso que faz deste um livro fascinante? Não. Na minha segunda
excursão à ele, pude perceber que é muito mais do que um livro aberto a
sugestões. É um dos melhores e mais divertidos livros que já li. A primeira vez
que tive contato com ele foi durante a época da escola, quando resolvi encarar
alguns clássicos da nossa literatura para o Vestibular. Dos poucos livros que
li, a única experiência negativa foi com A
Cidade e as Serras, do autor Eça de Queirós. O resto foi muito bem, e este
aqui é um deles. Eu gostei da experiência, e ao contrario do que possa parecer,
não achei um livro chato e ultrapassado; pelo contrario, foi uma leitura
prazerosa.
E a sensação se repetiu nessa releitura, feita mais de dez anos
depois, inspirada, curiosamente, pela novela Bom Sucesso, da Rede Globo. Curioso, não? Na verdade, eu já tentei
reler o livro em outra ocasião, mas, provavelmente por causa da edição, não
consegui concluir, então deixei de lado. Somente depois de ver o livro sendo
mencionado na novela, é que resolvi dar outra chance a ele, desta vez em outra
edição. E não deu outra.
Eu me diverti muito durante a leitura, principalmente quando Bentinho
relata sua infância ao lado da família. O modo como ele os descreve é muito
engraçado, como se todos fossem personagens de alguma comédia, principalmente o
agregado José Dias, que vive com eles. O sujeito é um verdadeiro cara de pau em
todas as suas ações, e parece não ter vergonha nenhuma. É o tipo de personagem
que a gente se pega rindo quando lê o que ele faz, e foi justamente assim que
me senti; tive vontade de rir sempre que lia alguma linha de diálogo. A mãe de
Bentinho também não fica atrás. Sem duvida, a melhor característica dela é o
fato de não desistir da promessa que fizera quando o filho nasceu: ele iria
para o seminário. É o tipo de insistência que chega a ser engraçada de certa
forma, porque, conforme Bentinho narra, isso o coloca em diversas confusões,
principalmente por causa da sua vizinha, Capitu, que também se torna seu
primeiro e único amor. Não sei as outras pessoas que já leram o livro, mas,
para mim, essa historia não me parece um romance e sim uma comédia romântica
dramática.
A respeito da escrita do autor, digo o seguinte. É um livro muito bem
escrito. Não tive muitos problemas durante a leitura, e consegui visualizar as
cenas sem problemas, principalmente as cenas da infância do protagonista. Ainda
não tive acesso aos outros textos de Machado de Assis, mas imagino que sejam
tão bem escritos quanto este. A leitura do livro também foi rápida.
Bom, vamos à principal questão da obra. Capitu traiu Bentinho, ou tudo
não passou de imaginação dele? Eu sinceramente, não sei responder. Não me
lembro a que conclusão cheguei após a leitura que fiz no passado, mas após essa
releitura, tudo que posso dizer é: não sei a resposta. E olha que, em certo
trecho, há certa “pista” de uma possível traição; mas, mesmo após esse trecho –
e antes dele até – , fica difícil confiar na palavra do Bentinho, porque Capitu
sempre se mostrou muito apaixonada por ele, desde a infância. Fica a dúvida.
Esse também foi o melhor momento da leitura em minha opinião, o namoro
de Capitu e Bentinho. É o típico amor de juventude, onde tudo é maravilhoso e
divertido e novo. Em vários momentos, pareceu que eu tinha voltado à minha própria
juventude e estava vivendo o mesmo tipo de amor – sensação essa que já havia
sentido em Memórias de um Sargento de Milícias, outro clássico da
literatura brasileira, e um dos meus livros favoritos.
Alias, como mencionado acima, a tal promessa da mãe do Bentinho leva o
protagonista a uma serie de confusões, principalmente por causa do romance dele
com Capitu. Em um dos capítulos mais engraçados, ela arma um “plano” para
ajudar Bentinho a fugir da promessa, mas dá tudo errado. E essas confusões vão aumentado
ao longo do livro, o que torna a leitura muito mais prazerosa.
Existem também outras cenas cômicas no livro, como por exemplo, um
sonho onde Bentinho se imagina matando Capitu; ou então, quando ele pondera se
deveria ou não acabar com a própria vida, em virtude de suas desconfianças...
Mas existem também momentos dramáticos, principalmente no final, quando o
personagem conclui sua narrativa, completamente sozinho. Não chegam a ser
momentos dignos de nó na garganta, mas, servem quase como um castigo para
Bentinho, por duvidar da fidelidade da esposa. Talvez.
Mas, a pergunta que fica é: Machado de Assis deixou a resposta
escondida em algum lugar do livro, ou seu objetivo era mesmo fazer o leitor
tirar suas próprias conclusões? Acredito que jamais saberemos.
Enfim, o fato é que Dom
Casmurro é um dos maiores clássicos da literatura brasileira; um livro que
até hoje gera discussões e é motivo de estudos, tanto no Brasil, como no
exterior.
Um livro muito bem escrito. Uma historia romântica e divertida, com
personagens memoráveis. Um clássico da literatura brasileira. Divertido.
Excelente.
Altamente recomendado.
E para concluir, uma ultima pergunta. Capitu traiu Bentinho?
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