NOTA: 10
HELLRAISER |
HELLRAISER é um livro
assustador, visceral, sangrento e excelente.
Escrito por Clive Barker nos anos 80, é um dos melhores livros de
terror que já tive o prazer de ler. Eu havia comprado a minha edição – lançada
pela DarkSide Books – em uma Bienal do Livro, há alguns anos, mas não tive a
oportunidade de ler. Bem, já corrigi esse erro.
O livro é excelente. Uma obra assustadora e violenta, repleta de
sangue e sexo, tudo combinado de maneira brilhante. Mas, na verdade, a historia
não é nova para mim.
Eu já havia visto o filme algumas vezes, e realmente, é um clássico do
terror. Porem, eu não sabia que o longa era baseado em um livro, achei que era
um roteiro original de Barker – mesmo porque isso não é mencionado nos
créditos. Só fui descobrir que Pinhead e sua turma surgiram na literatura
quando a DarkSide lançou o livro aqui no Brasil, mais detalhes adiante. E não
tive duvidas. Eu tinha que adquirir esse livro. Bom, dito e feito.
Conforme mencionei em outras resenhas, existem autores que não
precisam escrever um calhamaço de mil páginas para contar uma boa historia;
claro, existem aqueles que o fazem, mas ao meu ver, não contam nada – salvo
exceções. Hellraiser é um exemplo de
livro curto que tem muita historia para contar. E que historia.
Como foi meu primeiro contato com a obra literária de Clive Barker,
não sei ao certo como ele aborda seus temas, ou qual a linguagem que ele
utiliza para tal, mas, posso dizer o seguinte: Barker é um gênio. Esta é uma
das historias de horror mais originais já criadas nos últimos tempos – tanto o
livro quanto o filme – e uma das melhores também. Logo no primeiro capitulo,
Barker foi ao ponto: apresentou o vilão da historia, contou sobre o que ele
gosta e sobre quem ele é, e também apresentou os Cenobitas, os seres que
habitam outra dimensão, e podem ser invocados pela Caixa de Lemarchand, um
pequeno quebra-cabeça que possui um papel importante na historia. E também
Barker não faz cerimonia, e mostra que a historia é visceral e repleta de
conotações sexuais, isso já no inicio. A primeira vez que Frank usa a caixa e
surge um dos Cenobitas, é apavorante; muito disso vale pela descrição. Barker
descreve muito bem as ações e os cenários, e faz a gente que acreditar que tudo
aquilo é real, além de tornar fácil a visualização de tudo.
O texto é visceral. Barker escreve as cenas de horror com grande
maestria, e não fica difícil para o leitor fazer caretas enquanto lê o livro;
caretas de nojo, mesmo. Eu cheguei a fazer algumas durante a leitura. E existe
motivo. Não me lembro de ter lido algum livro com cenas de morte e tortura tão
pesadas e violentas, muito mais do que os torture-porn
da vida; corpos mutilados, ganchos, desmembramentos... Um prato cheio para
os fãs do horror. Isso sem falar do conteúdo sexual. Esqueça 50 Tons de Cinza! Assim como o terror é
visceral, o sexo, também. As cenas de sexo fazem qualquer livro adulto de hoje
parecer historia de criança. Sério. Muito bem escrito.
Quem é fã de Hellraiser sabe
que os filmes se resumem a um grupo de personagens: os Cenobitas, liderados pelo
inesquecível Pinhead. Pois bem, quem já viu os filmes, sabe que eles foram
apresentados no primeiro filme, lançado em 1987. E em toda sua gloria. Aqui, no
livro, não tão diferente assim. Como mencionado acima, Barker apresenta um
deles logo no primeiro capitulo da historia, mas só reserva espaço para eles
brilharem novamente, mais adiante. Mas não tem importância. Mesmo sendo
identificados pelo nome, é fácil saber quais Cenobitas estão presentes no
livro. Eu acredito que sejam o Pinhead e a Fêmea, com base nos diálogos, muito
parecidos com os diálogos do filme.
Os outros personagens também são muito bons, principalmente a Kirsty,
que se tornou a “final-girl” do primeiro filme. Bem, assim como no filme, aqui
ela está ótima, e poderia ser a protagonista da historia sem esforço, mas, eu
acredito que quem protagoniza a historia de fato sejam o Frank e a Julia.
Apesar de não aparecer muito, Frank é um personagem perturbador, tanto na forma
humana, e quando retornada dimensão dos Cenobitas. Inclusive, eu acredito que
ele volta muito pior da dimensão dos Cenobitas. O mesmo não pode ser dito de
Rory, seu irmão, que, infelizmente, não é tão interessante, e é quase um
personagem apagado. E, ao contrario do filme, aqui, Julia está ótima. Desde que
surge pela primeira vez, ela não esconde sua personalidade: amargurada,
arrependida de ter se casado com Rory, e completamente devota e submissa a
Frank.
Sobre a edição lançada por aqui pela DarkSide, o seguinte. Como
sempre, a editora caprichou no lançamento, e fez um trabalho excelente. O
acabamento é maravilhoso, com todos os detalhes que remetem ao filme; a
tradução está excelente, e a formatação também, e não atrapalha a leitura. Sem
duvida, a DarkSide Books é uma editora que respeita e ama seus fãs, e traz
sempre produtos de qualidade.
Como todos sabem, Clive Barker acabou adaptando seu livro para o
cinema em 1987, um ano depois da publicação original. O filme é, sem dúvida, um
Clássico do Terror, que deu origem a um dos personagens mais queridos do
gênero: Pinhead.
Enfim, Hellraiser é, sem
duvida, um excelente livro de horror. Uma historia visceral de sangue e sexo,
combinados de maneira brilhante. Uma historia perturbadora e violenta, mas
escrita com maestria. Uma das historias de horror mais originais que já li. Maravilhoso.
Altamente recomendado.