NOTA: 3
Antes de começar, vamos deixar uma coisa clara.
Filmes ruins não são analisados aqui, a não ser que façam parte de uma
franquia, e essa franquia deve estar disponível completa no Brasil. No entanto,
podem ocorrer exceções. Vamos lá.
Em 1984, quando lançou A Hora do Pesadelo, Wes Craven não sabia o quão importante seu
filme seria para o gênero, e o quão popular o seu vilão, o assassino Freddy
Krueger, se tornaria ao longo dos anos. O sucesso do primeiro filme motivou os
donos da New Line a transformar o filme em uma franquia.
A HORA DO
PESADELO 6 – PESADELO FINAL – A MORTE DE FREDDY, lançado em 1991 e dirigido
por Rachel Talalay, veterana na franquia, é a quinta continuação, e
infelizmente, não é melhor delas.
A culpa, devo dizer, não é da direção, porque a
diretora – estreando após anos na produção da franquia – tenta e consegue
apresentar planos bem legais. O elenco também se esforça, principalmente o
elenco jovem – com exceção do falso protagonista; até o astro Robert Englund
tenta tirar leite de pedra, mas não está nos seus melhores dias, o que é uma
pena, porque ele se tornou a cara da franquia... E o visual do vilão não é dos
melhores aqui...
A culpa é do roteiro, escrito por Michael De Luca –
que três anos depois, assinaria o roteiro do excelente À Beira da Loucura, de John Carpenter... – que tenta apresentar uma
trama nova, contando para nós que Freddy tinha um filho perdido, coisa nunca
explorada na franquia, além de tentar explicar a origem dos demônios dos
sonhos. Infelizmente, nada disso funciona.
Fora a ideia de que a cidade de Springwood se tornou
um lugar fantasma, onde somente os adultos vivem, imersos no medo de Freddy.
Desculpe, mas nada disso lembra a Springwood do Clássico de Wes Craven. Para
colaborar, os personagens adultos também são péssimos, com atuações exageradas,
beirando à caricatura...
Pelo menos aqui, ainda temos a questão dos pais que
não se importam com os problemas dos filhos, algo comum na franquia. O pior
caso é o da garota que é abusada pelo padrasto.
No entanto, os maiores problemas desse filme são o
humor negro e a explicação para a origem de Freddy.
Vamos começar pelo humor negro. Ao contrário dos
filmes anteriores, aqui temos um Freddy 100% palhaço, que não faz mais uso da
ameaça e dos métodos criativos para matar as vítimas. Chega a ser constrangedor
ver um dos maiores vilões do cinema fazer papel de palhaço o tempo todo,
literalmente. Fora que aqui, ele não é tão indestrutível quanto nos filmes
anteriores, visto que literalmente apanha de um taco de beisebol até perder a consciência.
O outro problema é a explicação para a origem. Para começar,
eu acho que não havia a menor necessidade de contar a origem do vilão em
flashbacks, visto que na franquia inteira, nós ouvimos sobre quem era Freddy,
quem eram suas vítimas e como ele morreu. Mas aqui, eles resolveram ir mais
além, e inventaram uma infância abusiva, que culminou num casamento fracassado,
onde o vilão matou a esposa na frente da filha... Desculpem, mas não funcionou.
E claro, temos também a bendita filha perdida do
vilão, outro arco no roteiro que não faz o menor sentido, visto que o filme faz
suspense sobre a identidade da mesma, fazendo o péssimo falso protagonista
acreditar que ele mesmo era o filho perdido... Freddy não precisava passar por
isso.
E claro, conforme mencionei acima, o design do vilão não
é dos melhores aqui. Parece que a equipe de maquiagem e caracterização já
estava de saco cheio de criar os efeitos e resolveram fazer tudo do jeito que
deu e entregaram assim. Uma lástima, considerando que o personagem esteve nas mãos
de grandes mestres da maquiagem no passado.
Antes de encerrar, devo destacar a patética derrota
do vilão, rogada a efeitos em 3D, usados para simular o mundo dos sonhos e a
mitologia dos demônios dos sonhos. Mais uma vez, tal artimanha foi simplesmente
jogada no roteiro sem a menor explicação. Se tivessem utilizado isso nas outras
continuações, talvez ficasse melhor, mas aqui não funciona. E no final, Freddy é
derrotado do modo mais idiota possível, diferente dos modos criativos dos
filmes anteriores, com uma banana de dinamite e uma frase de efeito! E os
efeitos em 3D não servem para absolutamente nada.
Pelo menos, o filme tem uma trilha sonora bacana –
principalmente nos créditos de abertura e finais – e uma ponta de Johnny Depp,
numa cena bizarra, mas que surpreende por causa de presença do ator.
A franquia foi lançada em VHS, DVD e Blu-ray no
Brasil ao longo dos anos, mas atualmente, está fora de catálogo.
Enfim, A Hora
do Pesadelo 6 – Pesadelo Final – A Morte de Freddy é o mais fraco da
franquia. Um filme com um roteiro que tenta explicar algumas coisas sobre o
vilão e sobre a própria franquia, mas que infelizmente, falha nesse sentido. O vilão
Freddy está em sua pior forma aqui, tanto na caracterização quanto nas ações,
abusando do humor negro e perdendo o tom de ameaça dos filmes anteriores,
principalmente do Clássico de Wes Craven. A direção de Rachel Talalay pelo
menos faz uso de planos elaborados, mas é só isso. Um filme fraco e uma triste
pré-conclusão para a franquia.
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