NOTA: 8.5
Em 1984, quando lançou A Hora do Pesadelo, Wes Craven não sabia o quão importante seu
filme seria para o gênero, e o quão popular o seu vilão, o assassino Freddy
Krueger, se tornaria ao longo dos anos. O sucesso do primeiro filme motivou os
donos da New Line a transformar o filme em uma franquia de sucesso.
Em 1988, a New Line lançou A HORA DO PESADELO 4 – O MESTRE DOS SONHOS, terceira continuação da
franquia, com direção de Renny Harlin.
Aqui, temos outro ótimo filme, com o mesmo clima dos
anteriores, que apresenta pela primeira vez o polêmico humor negro do vilão Freddy
Krueger.
Além do humor negro, temos também o retorno de Kristen
e seus amigos do filme anterior, aqui novamente às voltas com Krueger. Mas,
conforme sabemos – spoilers! – esse
novo filme não é sobre eles, e sim sobre a amiga de Kristen, Alice Johnson, que
se torna o novo alvo do vilão.
Conforme mencionei na resenha do filme anterior, eu
acho esse um grande toque da franquia, pois apresenta para nós a possibilidade
de Krueger ser uma entidade universal, que ameaça os sonhos de outras pessoas,
e não apenas de Nancy Thompson, protagonista do primeiro filme.
Pois bem, aqui temos um novo grupo de adolescentes
atormentados pelo vilão, que precisam unir forças para tentar destruí-lo. Além das
novas vítimas, temos também os adultos que não se importam com os problemas dos
filhos, algo muito comum na franquia.
E assim como nos filmes anteriores, temos aqui uma
direção criativa, com cenários e cenas exuberantes, fantasiosos, outra coisa
muito comum na franquia. O diretor Harlin fez um ótimo trabalho, além de dar um
toque único para a franquia.
Aliás, esse é outro toque. Cada diretor deu o seu
toque único à franquia, mas não perderam a essência da mesma, e o trabalho de Harlin
é um dos melhores.
O roteiro também não fica atrás, com cenas memoráveis
e dignas de nota, como por exemplo, a cena da pizza de almas, a cena da barata
e a derrota de Freddy. Cada uma dessas cenas é bem feita e tem o seu mérito.
O elenco jovem também é um destaque. Nenhum dos jovens
atua de forma caricata e dão seu próprio ar aos personagens. Cada um dos jovens
tem a sua própria característica, o que os torna presas fáceis para o vilão. E temos
aqui grandes cenas de morte, sendo uma delas mencionada acima. Eu pessoalmente
acho esse um dos atrativos da franquia – as formas criativas com que Freddy mata
suas vítimas, chegando a ser melhores do que a dos slashers que vieram depois
dele.
E claro, temos o vilão novamente em forma. Como todos
sabemos, a partir deste aqui, vemos o assassino abusar do humor negro na hora
de se apresentar para as vítimas, algo que para os mais exigentes, pode ser uma
falha, mas para mim, não há problema, visto que Krueger faz uso do humor desde
o primeiro filme, sim! Eu encaro essa tendência como uma arma a mais para o
vilão, além de dar-lhe mais personalidade.
No entanto, apesar de suas qualidades, um dos
problemas do filme é a presença de Kristen Parker, aqui interpretada por Tuesday
Knight, que substituiu Patricia Arquette, que estava grávida na época. Eu sinceramente
acho muito estranho ver a atriz interpretando a personagem, que apesar do seu
esforço, não convence. Talvez, os realizadores pudessem ter escalado outra
atriz, ou então, reescrever o roteiro. Mas, enfim...
Antes de encerrar, quero destacar os efeitos
especiais. Temos aqui talvez, alguns dos melhores efeitos da franquia, visto
que os responsáveis fazem verdadeiros truques de mágica para trazer o roteiro à
vida, principalmente nas cenas de mortes. A melhor delas, sem dúvida, é a cena
da barata, onde uma das personagens vai se transformando num inseto antes de
ser eliminada. Uma cena nojenta, mas, em se tratando de pessoas virando
insetos, teremos sempre A Mosca (1986),
o Clássico absoluto de David Cronenberg, onde Jeff Goldblum se transforma em
mosca. Outra cena memorável, é a cena da pizza de almas, que mistura miniaturas
e cenários em tamanho real. E temos também um exemplo parecido na cena de
derrota de Freddy, onde o técnico Screaming Mad George teve que criar um peito
gigante do vilão para os atores interagirem.
Mas o melhor é a caracterização do vilão, novamente
comandada por Kevin Yagher, com auxílio de Howard Berger, da KNB Effects Group.
Eu pessoalmente gosto muito do trabalho de Yagher na franquia, visto que ele
deu seu próprio ar ao astro, e talvez, um de seus visuais mais memoráveis. E Robert
Englund continua perfeito, numa atuação inspirada.
A Hora do Pesadelo
4 foi lançado em 04/mai/1988 nos EUA e foi um sucesso de bilheteria,
motivando a New Line a produzir uma nova sequência para o ano seguinte. A
franquia foi lançada em VHS, DVD e Blu-ray no Brasil ao longo dos anos, mas
atualmente, está fora de catálogo.
Enfim, A Hora do Pesadelo 4 é um dos melhores da franquia. A direção de Renny Harlin é um dos atrativos do longa, com cenas hipnotizantes e coloridas. Robert Englund entrega uma atuação inspirada no papel do vilão Freddy Krueger, que começa a apresentar os primeiros indícios de humor negro, algo que contribui para deixar o filme ainda melhor. Os efeitos especiais também merecem menção, principalmente nas cenas de mortes. Um longa criativo e divertido.
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