NOTA: 9.5
Desde sua fundação, em 1962, a Amicus tornou-se um
dos maiores estúdios de cinema britânicos de todos os tempos, rivalizando com a
Hammer Films. Porém, ao contrário da Hammer, o estúdio tornou-se especialista
em produzir antologias de horror, apesar de lançar outros filmes, a maioria
voltados para o horror. Ao total, foram sete antologias, todas maravilhosas.
Mas hoje, não estou aqui para falar das antologias da
Amicus, e sim, de NA SOLIDÃO DA NOITE,
precursor do gênero de antologia, lançado em 1945.
O que posso dizer sobre esse filme? Bem, digo o
seguinte: é um dos melhores filmes de terror de todos os tempos, e um dos
melhores que já vi; além de ser um daqueles casos de filmes que ficam melhores
a cada revista.
Conforme mencionado acima, o filme é o precursor do gênero
de antologia, neste caso, contando com cinco histórias de horror. Na verdade,
antes de entrar nas histórias propriamente ditas, o filme até começa de maneira
simples, com o protagonista indo até uma casa de fazenda no interior da Inglaterra.
Quando ele chega lá, começa a falar com os outros personagens a respeito de
seus sonhos e pesadelos, o que intriga a todos ali. Em seguida, eles mesmos
começam a contar suas próprias histórias.
The Hearse Driver:
Um corredor de carro sofre um acidente, e vai parar no hospital, onde é
atendido por uma bela enfermeira. Durante a estadia, ele tem uma estranha visão
de um carro funerário estacionado abaixo de sua janela. Ao sair do hospital,
ele vê o motorista do carro funerário em um ônibus e decide não embarcar. O ônibus
então sofre um acidente e todos os passageiros morrem.
The Christmas Party:
Uma adolescente está comemorando o Natal na casa de um amigo e participa de
um jogo de esconde-esconde com os convidados. Durante a brincadeira, ela
encontra um quarto de criança e conhece um garotinho que tem medo da irmã. Ao reencontrar
os outros convidados, ela descobre que o garotinho está morto desde o século
XIX.
The Haunted Mirror:
Uma mulher compra um espelho para seu noivo. No inicio, tudo parece bem,
mas, aos poucos, o homem é atormentado por estranhas visões relacionadas ao
espelho. A mulher descobre que o objeto pertenceu a um homem que matou a esposa
no século XIX, e precisa correr para impedir que o noivo perca a razão.
The Golfer’s Story:
Dois campeões de golfe conhecem e se apaixonam por uma mulher e resolvem disputa-la
com uma partida. Um deles ganha a partida e o outro se suicida em um lago. Às vésperas
de seu casamento, o vencedor é atormentado pelo fantasma de seu amigo, que
afirma que ele trapaceou no jogo e exige que o amigo assuma o erro.
The
Ventriloquist’s Dummy: Um ventríloquo americano conhece outro em Paris e se
surpreende com seu ato, cuja principal atração é seu boneco Hugo. Ao reencontrá-lo
em Londres, o americano descobre que o ventríloquo possui sérios problemas psicológicos,
e na mesma noite, é atacado por ele, que não pretende entregar seu boneco ao
rival.
Uma antologia básica, não? Sim, no entanto, ao contrário
das que vieram depois, principalmente nos anos 70, aqui, as histórias foram
dirigidas por cinco pessoas diferentes, e cada uma imprimiu seu próprio estilo.
Entre os diretores, temos o brasileiro Alberto Cavalcanti, que dirigiu a
segunda e última historias – a do boneco, a melhor delas.
Além da presença do brasileiro Cavalcanti, é possível
perceber aqui a principal característica das antologias: a diversidade entre as
histórias. A primeira remete primeiramente a um romance, mas logo se transforma
em um terror, com a presença do carro funerário; a segunda é uma história de
fantasma com toques infantis, principalmente pela presença do garotinho; a
terceira foca mais um suspense sobrenatural, além de apresentar elementos de
horror psicológico; a quarta também é uma história de fantasma, mas com uma
veia cômica; e a última, é um suspense psicológico, onde a loucura é o
principal elemento.
Além das histórias narradas pelos personagens, temos também
os interlúdios, com o protagonista interagindo com eles, que culmina na melhor
parte do filme, quando o pesadelo dele se torna realidade, e ele interage com
todas as histórias de uma maneira macabra e assustadora.
Com certeza, o episódio mais lembrado do filme é o último,
The Ventriloquist’s Dummy. Sem dúvida,
é o melhor episódio, com toques de suspense psicológico, com o ventríloquo atormentado
por problemas mentais, que culminam numa personalidade alternativa, que ele usa
em seu boneco Hugo. Falando nele, o boneco é um dos personagens mais
assustadores do cinema – algo comum em bonecos de ventríloquo – e sua aparência
e voz fina são dignas de pesadelos. Algo semelhante aconteceria em Magia Negra (1978), onde o ator Anthony
Hopkins interpretou um ventríloquo domado por seu boneco.
Os demais personagens também são bem interessantes,
cada um à sua maneira, principalmente o protagonista, que se mostra
visivelmente atormentado por seus sonhos recorrentes; os demais apelam à sua
psiquiatra para descobrir o motivo por trás dos sonhos dele e também por trás
de suas próprias histórias, algo que não fica chato conforme os relatos acabam.
Na Solidão da Noite
possui um legado importante entre os fãs de cinema, tendo como fã o diretor
Martin Scorsese, que o elegeu um dos filmes mais assustadores de todos os
tempos. O último episódio inspirou diversas histórias posteriores, entre elas,
um segmento da série Além da Imaginação, além de outros
filmes.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo
na coleção Obras-Primas do Terror.
Enfim, Na Solidão
da Noite é um filme excelente. Uma história de horror composta por cinco
segmentos aterrorizantes, que prendem a atenção do espectador. Cada um dos
cineastas envolvidos deixa sua marca e as histórias ficam únicas por causa
disso. Um dos filmes mais assustadores de todos os tempos, com um grande
legado.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
Acesse também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário