AVISO.
O LIVROS & FILMES DE HORROR está em recesso.
Novas resenhas a partir de Fevereiro/2024.
Obrigado.
Resenhas de Filmes de Terror e Livros em geral. Filmes de outros gêneros também são resenhados. Livros técnicos não terão resenhas publicadas.
AVISO.
O LIVROS & FILMES DE HORROR está em recesso.
Novas resenhas a partir de Fevereiro/2024.
Obrigado.
NOTA: 7.5
Durante o final da década de 80 e começo da década de
90, o cinema de horror italiano começava a dar seus últimos suspiros, com obras
ruins e de gosto duvidoso; no entanto, alguns cineastas ainda tentavam extrair
o máximo de conseguiam em filmes que até possuíam um certo charme. Michele Soavi
foi um desses cineastas, tendo apresentado ao publico filmes que possuíam um
teor lírico, mas assustadores ao mesmo tempo.
A FILHA DO
DEMÔNIO é um desses exemplos. Lançado em 1991, produzido e co-escrito pelo
mestre Dario Argento, este é um filme um tanto quanto difícil de classificar,
por causa do seu roteiro um tanto elaborado, que às vezes demora um pouco para
engatar e apresentar uma trama concreta.
A começar pelo seu prólogo, ambientado no Norte da Califórnia
em 1970, onde um grupo de hippies é assassinado por um grupo de satanistas no
deserto. Em seguida, somos levados para a Alemanha, onde um homem mata uma
mulher e arranca seu coração, e, antes de ser preso pela policia, comete suicídio.
Após essa introdução, somos apresentados aos seus
protagonistas, um estranho velho que quase é atropelado por Miriam, uma professora
local. A partir daí, uma serie de eventos estranhos começam a acontecer,
principalmente após a morte do velho, eventos que aparentemente não têm nenhuma
relação entre si e com a trama propriamente dita. Ao meu ver, a própria trama
se desenrola próximo ao final do filme, com a volta de personagens que haviam
aparecido anteriormente.
Mas, apesar do roteiro um tanto confuso no início,
como de costume para os demais filmes de Soavi, temos uma técnica muito boa,
apostando em algumas cenas no lirismo e na beleza, além de uma direção de arte
digna de nota, misturado a uma fotografia inspirada, principalmente nas cenas
ambientadas no porão da casa de Miriam, com uma tonalidade azul forte,
misturada com uma luz que vem de uma janela redonda.
Essa é uma característica muito presente nos filmes
de Michele Soavi, talvez inspirado por Argento e por seus antecessores; mas o
fato é que o diretor dá um toque muito pessoal em suas obras, deixando-as
sempre bonitas e fantasiosas.
Um exemplo é uma sequência em que uma chuva de pólen
cai sobre os cenários, começando pela sequência da escola; uma sequência muito
bonita e muito bem feita, e que remete aos filmes anteriores – e futuros – de Soavi.
Ainda sobre essa cena da escola, uma das crianças utiliza uma mascara de
pássaro enquanto espera por seus pais; outro exemplo da técnica de Soavi, além de
ser um indicio da presença de um pássaro em si no filme.
Além da beleza e do lirismo, Soavi faz uso de lentes
grande-angulares em algumas cenas, principalmente na cena em que o velho pinga
um estranho liquido em seus olhos. O take seja a ser um tanto desconfortante,
visto que Soavi faz questão de focar nos olhos do ator Herbert Lom, de maneira
profunda, enquanto ele pinga o liquido em seus olhos. Faz lembrar os takes nos
olhos de Marylin Burns em O Massacre da Serra
Elétrica, mas com um toque a mais.
Conforme mencionado acima, o roteiro não é um dos
grandes pontos do filme, visto que nunca deixa claro o que está acontecendo ou
qual a relação entre alguns eventos, deixando as respostas apenas para os
momentos finais, onde somos apresentados à uma seita de satanistas, entre eles,
o mesmo homem que apareceu no prólogo. Ao invés de explicações, temos uma enxurrada
de eventos sobrenaturais acontecendo, aparentemente todos ligados ao porão da
casa de Miriam. Eu já assisti ao filme algumas vezes e tive algumas
dificuldades para entender o que está acontecendo.
Mas, apesar desse roteiro um tanto confuso, vale uma
conferida, seja pela direção inspirada de Michele Soavi, seja pelo seu elenco,
liderado por Kelly Curtis e Herbert Lom. Os dois atores interpretam muito bem seus
papeis, principalmente Lom, que dá vida ao misterioso velho, que se revela
membro da seita satânica.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo
na coleção Obras-Primas do Terror – Volume
8, com áudio em italiano e em versão restaurada, com um depoimento do
diretor.
Enfim, A Filha
do Demônio é um filme bom. Uma obra fantasiosa e lírica, comandada com
maestria por Michele Soavi, conforme é comum em seus filmes. A fotografia e a direção
de arte também merecem menção, principalmente nas cenas do porão, com uma iluminação
que enche os olhos. O roteiro não é o grande atrativo, mas a direção e a técnica
compensam e valem uma conferida. Recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo. |
NOTA: 10
Existem filmes que são atemporais. Isso se refere a
todos os filmes de todos os gêneros, inclusive aos filmes de terror.
O EXORCISTA,
dirigido por William Friedkin, é um desses casos. Desde o seu lançamento, em
Dezembro de 1973 – há 50 anos – ,o filme mantem o seu impacto até hoje como o
maior filme de terror de todos os tempos.
Mas o que eu posso dizer a respeito desse filme, que
não tenha sido dito anteriormente por outras pessoas ao longo dos anos?
Bom, acho que posso começar pelo obvio, não é? É um
filme excelente. Mas por que é um filme excelente? Por vários motivos,
principalmente no que diz respeito à técnica.
O filme foi dirigido por William Friedkin, um dos
grandes nomes da Nova Hollywood, a partir de um roteiro de William Peter Blatty,
baseado em seu livro.
Friedkin era um diretor milenar e soube empregar suas
técnicas na direção do filme e faz isso muito bem. O cineasta fez uso de
ângulos e movimentos de câmera criativos para criar as cenas, a partir de
câmera na mão e mecanismos até então inéditos no cinema.
Além disso, ele soube criar cenas verdadeiramente
tensas, aos poucos, até culminar na sequencia do exorcismo, que com certeza é a
mais lembrada até hoje.
Minha historia com esse filme começou por causa da
minha mãe, que assistiu a ele no cinema e se impressionou muito, tanto que
ficou com muito medo, por anos. Acredito que a primeira vez que soube desse
filme, foi no vídeo de comemoração de 75 anos da Warner Bros., onde foram
exibidos diversos clipes de vários filmes do estúdio. Não me lembro o que
aconteceu depois, mas eu descobri que a minha mãe havia assistido no cinema e
tinha medo dele. Ao longo dos anos, a presença do filme foi proibida em casa,
por vários motivos, até que em 2001, quando compramos nosso primeiro aparelho
de DVD, a minha mãe alugou esse filme. Eu não consegui assistir a ele por
completo, mas a sequencia do exorcismo me assustou muito. Ao longo dos anos, eu
consegui assistir a ele por completo, e atualmente, faço isso todo ano, no mês
de Outubro.
Mas antes de voltar a falar sobre o filme, devo dizer
que essa resenha corresponde à chamada Versão que Você Nunca Viu, lançada no
ano 2000, com cenas adicionais, que é a que estava disponível no mercado até
recentemente.
Dado o recado, vamos continuar.
Conforme mencionei acima, o diretor William Friedkin
constrói a tensão aos poucos, apostando mais no desenvolvimento dos personagens
e das cenas, apresentando um pouco de terror, depois voltando a cenas
dramáticas, e depois voltando para o terror, até chegar, como eu disse, na
sequencia do exorcismo.
Ou seja, O
Exorcista é contado na técnica slowburn,
que é uma técnica que me chama muito a atenção, porque ajuda a criar a tensão
com mais maestria e até naturalidade. Não que apresentar o terror nos primeiros
cinco minutos não funcione, até funciona, mas depende do filme.
Outra coisa que chama a atenção é o elenco. Todos os
atores estão muito bem, sem atuações exageradas ou caricatas. Quem merece
destaque, com certeza, é a atriz Linda Blair, no papel mais famoso da sua
carreira. A jovem atriz passa tudo aquilo que estava presente no roteiro,
aliado à direção de Friedkin, e claro, os efeitos especiais de maquiagem. A
jovem Regan é uma das personagens mais emblemáticas do cinema de horror de
todos os tempos, sem duvida.
O roteiro de William Platty também é um ponto
positivo. O roteiro possui umas três ou quatro histórias paralelas, que se
entrelaçam com maestria, principalmente a trama do Padre Karras, que quase se
torna a trama principal, porque, de acordo com o diretor Friedkin, o personagem
de Jason Miller era o verdadeiro alvo do demônio; então, tudo que acontece na
tela, é apenas um pretexto para atrair Karras e testar sua fé.
Os efeitos especiais também merecem destaque, criados
pelo mestre Dick Smith. De acordo com o maquiador, ele fez vários testes até
chegar ao resultado que vemos na tela, porque a maquiagem foi um desafio para
ele. Até hoje, os resultados impressionam e assustam, e criaram uma das imagens
mais icônicas do cinema de horror de todos os tempos.
Uma das questões mais pesadas do filme, é a historia
do Padre Karras com sua mãe, sem duvida. É possível perceber que Karras não
aguenta aquela situação, que se tornou um peso enorme para ele, principalmente
porque a mãe está doente e mora sozinha. Toda vez que vejo essa historia no
filme, com base em experiências pessoais, eu sinto que tudo aquilo é muito
pesado para ele.
O Padre Merrin é outro personagem que merece ser
mencionado, graças à interpretação afiada do ator Max von Sydow. A sequencia de
apresentação do personagem, no Norte do Iraque, é muito boa, porque o que a
gente precisa saber sobre ele, que ele é um padre mas também é um arqueólogo, e
que está doente. Uma das melhores, é quando ele encontra a cabeça do demônio
enterrada na terra e sua expressão facial muda na hora; e a cena final desse
prologo, quando ele encontra a estátua do seu antigo inimigo, é muito boa e
muito assustadora, principalmente por causa da imagem do demônio.
A atuação da atriz Ellen Burstyn também é muito boa,
e a atriz passa toda a dor e angustia que estão presentes no roteiro, em
conjunto com a direção de Friedkin. É possível perceber que aquela mãe está
sofrendo com a situação da filha, e não sabe o que fazer. Primeiramente, ela
leva Regan à vários médicos, mas eles não identificam nenhum problema, e
enquanto isso, as manifestações demoníacas continuam; finalmente, após perceber
que não há nada de errado fisicamente com Regan, ela decide procurar um padre
para realizar um exorcismo, reapresentando assim, o Padre Merrin.
O Exorcista faz
parte de uma leva de filmes que são considerados amaldiçoados, por causa de
diversos fatores, acidentes e mortes que ocorreram no set de filmagem, como por
exemplo, o incêndio que aconteceu um dia no set, onde apenas o quarto de Regan
foi poupado, o que obrigou o diretor Friedkin a chamar um padre para abençoar
os sets. Não vou entrar em mais detalhes porque acredito que não se deve mexer
em um vespeiro como esse.
Para encerrar, vou mencionar a grande sequencia do
exorcismo. Ela é, sem dúvida, a melhor sequencia do filme, onde tudo aquilo que
foi apresentado aos poucos levou à ela. O que a torna assustadora é justamente
a técnica de direção de Friedkin. O diretor optou por mantê-la dentro do
quarto, com os padres fazendo o que podem para exorcizar o demônio de Regan, o
que leva à tragédia que todos nós conhecemos. Mas é uma sequencia que
impressiona e assusta é hoje, por causa de tudo que acabei de falar aqui. É uma
das sequencias mais emblemáticas do cinema de horror de todos os tempos.
Foi lançado em Dezembro de 1973 e se tornou um campeão
de bilheteria, tendo sido indicado a 10 Oscars®, mas no entanto, levou apenas
dois, após um boicote armado pelos membros mais velhos da Academia. Além das indicações
ao Oscar®, recebeu também indicações ao Globo de Ouro, tendo levado quatro,
entre eles, o de Melhor Filme Drama. Até hoje, é considerado um dos maiores
filmes de todos os tempos.
Está fora de catalogo há muitos anos, mas lá fora,
foi recentemente lançado em Blu-ray 4k, numa celebração aos 100 anos dos
estúdios Warner.
Enfim, O
Exorcista é um filme excelente. Um filme muito bem feito, com a técnica
milenar e criativa de William Friedkin, aliado a um roteiro afiado e um elenco
inspirado. As atuações são excelentes, e nenhum dos atores está atuando de
forma exagerada e caricata. Os efeitos especiais também são o grande destaque,
principalmente os efeitos de maquiagem de Dick Smith, que criou uma das imagens
mais icônicas do cinema de horror. Sem dúvida, o maior filme de terror de todos
os tempos, e um verdadeiro clássico.
NOTA: 10 LISA E O DIABO é um filme belíssimo. Uma história de horror, fantasia e mistério contada com a maestria do Maestro Mario Ba...