NOTA: 8.5
Acredito que de todas as criaturas que supostamente não
existem, o zumbi seja a única de que fato é real, visto que nas ilhas do Haiti
existem relatos de pessoas que voltaram dos mortos, graças a um pó especial
criado por alto-sacerdotes do vodu.
Desde que surgiram, foram poucos os filmes de zumbi
que exploraram a origem haitiana da criatura. OS ZUMBIS DE SUGAR HILL é um dos exemplos que abordaram a origem
real dos monstros.
Lançado em 1974, produzido pela American International
Picture, este é um dos exemplares do blaxploitation
são voltados para o terror. Conforme mencionei na resenha de Blácula,
o blaxploitation foi um movimento cinematográfico
voltado para o publico negro, com filmes produzidos e estrelados por negros,
muitos deles voltados para o gênero de ação ou policial.
Sugar Hill vai
pelo lado contrario, e foca principalmente no terror, apesar de conter alguns
elementos de filmes de máfia também.
Eu digo que este é um dos meus filmes de zumbi
favoritos, principalmente por causa da atmosfera e do visual dos zumbis. Eu me
divirto com o filme a cada revisão e as cenas dos zumbis são arrepiantes.
Este é um filme muito bem feito, com uma ótima direção
e um roteiro afiado, que aposta na temática do vodu sem nenhum medo ou tabu. As
cenas que envolvem a religião haitiana são assustadoras, porque os cineastas
conseguiram criar a atmosfera com realismo impressionante, algo também visto em
A
Maldição dos Mortos-Vivos (1988), do saudoso Wes Craven.
Mas no fundo, Sugar
Hill é um filme de vingança, com a protagonista resolvendo se vingar dos
gangsteres que mataram seu namorado; no entanto, ao invés que utilizar métodos convencionais,
Sugar recorre a uma feiticeira vodu e ao Barão Samedi – figura presente nas
lendas vodu – e a um exercito de zumbis para executar sua vingança, executando
os capangas do vilão com requintes de crueldade.
O vilão é interpretado pelo ator Robert Quarry,
figura conhecida nos filmes da A.I.P, famoso por seu papel nos filmes do Conde Yorga.
Eu confesso que, mesmo adorando ver o ator em outros papeis, eu gosto muito
mais da interpretação de Quarry como o Conde Yorga. Seu personagem é muito bom,
e não se importa com ninguém a não ser consigo mesmo. E a vingança de Sugar contra
ele é feita quase como uma vingança de videogame, com os zumbis matando seus
capangas até chegar a ele – eu não jogo videogame, então estou usando uma metáfora
que ouvi anteriormente.
Mas, na minha opinião, o melhor do filme são os
zumbis. Não sei como estava o cinema de zumbis naquela época, mas aqui, temos
um dos melhores visuais dos monstros. Eles estão cobertos de teias de aranha,
com os corpos pintados de branco e olhos vidrados. E como todo zumbi que se
preze, eles se levantam de seus túmulos do cemitério. O visual deles é
arrepiante e provoca calafrios sempre que eles aparecem.
Além do visual maravilhoso dos zumbis, o filme também
passa uma sensação de calor, principalmente nas cenas externas; é possível sentir
o suor dos personagens e quase sentimos calor junto com eles.
Conforme mencionado acima, Sugar Hill invoca o Barão Samedi,
uma figura conhecida na religião vodu. Ao que parece, o personagem é muito
poderoso e é utilizado por alto-sacerdotes da religião. O personagem
aparentemente apareceu em um filme do James Bond e deve ter servido de inspiração
para o vilão da animação A Princesa e o Sapo da Disney.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo
na coleção Zumbis no Cinema 3, em versão
restaurada com um depoimento do diretor como extra.
Enfim, Os Zumbis
de Sugar Hill é um filme muito bom. Um filme de zumbis muito criativo e
assustador, com uma direção inspirada e um roteiro muito bem construído, aliado
a um elenco afiado. Os zumbis são a melhor coisa do filme, com seu visual
arrepiante que provoca calafrios. Um exemplar do gênero terror do movimento blaxploitation. Um dos meus filmes de
zumbis favoritos. Altamente recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo. |
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