NOTA: 9.5
DRÁCULA, O VAMPIRO DA NOITE (1958) |
Além de ser um clássico do terror, essa produção da Hammer Films é uma
das melhores adaptações do livro de Bram Stoker, que fez de Christopher Lee um
astro, e fixou seu lugar no hall dos Mestres do Terror, ao lado do amigo Peter Cushing,
Vincent Price, Bela Lugosi, Boris Karloff e outros. E também, ao lado de Lugosi,
Lee tornou-se o interprete definitivo de Drácula, com seu ar elegante,
aristocrático, sedutor e principalmente, ameaçador, exibindo suas presas
afiadas, banhadas em sangue – apresentadas pela primeira vez neste filme.
Sem duvida, um dos atrativos da produção é o fato de ter sido rodado
em Technicolor, o que ajudou a criar um clima belo e assustador, principalmente
quando envolve o vermelho vivo do sangue, que enche a tela.
O diretor Terence Fisher criou um dos filmes mais assustadores de
todos os tempos, um marco do terro gótico, com todas as características que se
tornariam clássicas no gênero, o cemitério envolto em nevoas, florestas
abandonadas, o castelo cheio de teias de aranha e pó, entre outros. E tudo
funciona muito bem. Desde o primeiro momento, o filme não decepciona, e
conforme a historia avança, a beleza aumenta, bem como o clima de mistério e
horror, digno de provocar arrepios.
Talvez, hoje em dia, para o publico mais exigente, o filme não seja
tão assustador, uma vez que os tempos mudaram, e o gosto do publico mudou. Mas,
para mim, assistir a esse filme, é uma experiência maravilhosa, tanto pelos
motivos mencionados acima, como pelas atuações de Peter Cushing e Christopher Lee.
Há quem diga que Cushing se transformou na personificação definitiva do arqui-inimigo
de Drácula, e, devo dizer que é verdade. Que me perdoem Edward Van Sloan (Drácula de 1931), Anthony Hopkins (Drácula de Bram Stoker) e até mesmo Laurence
Olivier (Drácula de 1979), mas o Van
Helsing de Cushing é excelente. Determinado a sua causa, ele não poupa esforços
para destruir o Vampiro-Mor, mas também mostra-se um homem racional, devotado
tanto à fé quanto à ciência. Já o Drácula de Christopher Lee é a personificação
do Mal. Alto e elegante, seu Drácula consegue tomar conta do filme, mesmo com
sua pouca presença em tela; desde que surge pela primeira vez, envolto em
sombras, é capaz de meter medo no espectador sem nenhum esforço, com seu olhar
frio e expressão neutra; o mesmo acontece quando se transforma numa criatura
sanguinária.
O restante do elenco também convence em suas performances,
principalmente o ator Michael Gough, no papel de Arthur Holmwood, irmão de Lucy,
noiva de Harker. O ator entrega uma atuação notável, sem caricaturas ou
exageros. Melissa Stribling, no papel de Mina, esposa de Arthur, também merece
destaque, com uma atuação convincente.
Como em todas as adaptações cinematográficas, esta teve mudanças em
sua estrutura e narrativa. Talvez a mais notável seja a ocorrida nos
personagens. Enquanto que no livro de Bram Stoker, Jonathan Harker e Mina Murray
são noivos, aqui ela torna-se esposa de Arthur Holmwood, que tornou-se irmão de
Lucy, ao invés de seu pretendente; os demais personagens não são mencionados –
apenas o Dr. Seward, aqui reduzido a uma ponta. A atração de Lucy por crianças,
após ser vampirizada, permaneceu, quando ela toma a filha da governanta como
sua vitima. A cena em que Van Helsing a enfrenta no cemitério é a melhor do
filme, um trabalho maravilhoso de direção e fotografia e direção de arte.
Mas, talvez, o melhor mesmo fique para o ultimo ato, quando Drácula e Van
Helsing finalmente se enfrentam no castelo: uma cena de combate imbatível, com
os dois rivais lutando igualmente, até o momento em que Van Helsing derrota o
vilão, numa cena antológica, que sofreu cortes da censura. Porém, apesar de ser
uma cena memorável, não supera o embate entre Van Helsing e Drácula no filme
1931.
Drácula fez um grande
sucesso na época do seu lançamento, o que possibilitou a Hammer a lançar uma
série de filmes sobre o vilão, com Christopher Lee reprisando o papel em 6
deles. No entanto, mesmo com o sucesso financeiro, o filme não obteve boas
criticas. Hoje em dia, é reconhecido como um clássico do terror.
Enfim, Drácula, O Vampiro da Noite
é um filme excelente. Uma das melhores adaptações do livro de Bram Stoker. Um
belíssimo filme de terror.
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